sábado, 23 de janeiro de 2016

Os Fenícios

Além de serem excelentes navegadores e comerciantes, os fenícios deixaram um alfabeto que serviu de base ao alfabeto latino, que utilizamos hoje.

Origem
Em torno de 3000 a.C., várias tribos nômades se fixaram no Oriente Médio, na região de Canaã, no atual Líbano. Diversas disputas territoriais, empurraram os cananeus para fora de Canaã. No século XIV a.C., as cananeus se fixaram em uma estreita faixa de terra, situada ao norte da atual Palestina, entre o litoral do mar Mediterrâneo e as montanhas, onde hoje é o atual Líbano.
Uma parte do território era muito fértil, onde a população explorava oliveiras, para fabricação de azeite de oliva, a agricultura de trigo e o corte de madeiras nobres, como cedro; a outra parte do território era muito quente e árida, com secas praticamente o ano inteiro.
Os cananeus, eram famosos no mundo antigo, por produzir um corante de tecidos, na cor vermelho escuro, chamado de cor púrpura[1].  Os gregos chamavam a cor púrpura de phoenicia. Por essa razão, Canaã passou a ser conhecida como Phoenicia (Fenícia) os povos cananeus passaram a ser designados como fenícios.

As cidades-Estados fenícias
Como as áreas férteis que permitiam a ocupação humana eram muito estreitas e isoladas por montanhas, as cidades fenícias se desenvolveram de modo independente umas das outras, ao longo da costa ou ilhas do Mar Mediterrâneo. As principais foram as cidades portuárias de Bíblos, Sídon e Tiro.
O isolamento geográfico contribuiu para que os fenícios não formassem um império, mas um grupo de cidades-Estado independentes que rivalizavam entre si e lutavam e contra seus vizinhos poderosos, como os hititas, egípcios, assírios e babilônicos. Cada cidade-Estado tinha seu próprio rei, que era auxiliado por uma assembleia composta, em geral, de ricos comerciantes ou construtores de navios.

Rotas comercias fenícias
Fenícios: grandes comerciantes e navegadores
As cidades-Estados fenícias não possuíam terrar férteis para a agricultura, a principal riqueza natural era a extração de madeireira do cedro. Desta maneira, eram obrigados a estabelecer laços comerciais com demais povos.
Para tanto, compravam diversos produtos em outras regiões. A lã na Mesopotâmia. Cobre, dos habitantes da ilha de Chipre. Na região do atual Marrocos, compravam ouro.  Linho, papiro, aveia, marfim e pedras preciosas compravam do seu principal parceiro comercial, o Egito, e vendiam para eles o cedro.

Os fenícios foram excelentes artesãos, após comprarem as matérias-primas às beneficiavam, em suas cidades-Estados. Produziam além da cor púrpura, tecidos, joias, perfumes, vidro, cerâmica decorada, armas e objetos de madeira.
As altas montanhas criavam dificuldades para os fenícios adentrar o continente e, por isso, eles voltaram seus esforços para o mar. O cedro das florestas possibilitou a construção de navios leves e resistentes, o que tornou os fenícios grandes navegadores do muno antigo. Com o desenvolvimento da navegação, os fenícios conquistaram os mares e tronaram-se conhecidos piratas. Na Antiguidade era comum os marinheiros das embarcações mercantes atacarem outros navios para roubar mercadorias ou para capturara tripulantes e vendê-los como escravos.
A navegação avançada permitiu aos fenícios a se aventurar em lugares cada vez mais distantes. Em torno do ano 1000 a.C., eles cruzaram o mar mediterrâneo e chegar ao Oceano Atlântico. Cruzaram o estreito de Gibraltar[2] e chegaram até uma ilha, conhecida atualmente coo Inglaterra.
Foram fundadas colônias, chamadas de empórios ou feitoria, que mais tarde se transformaram e cidades, na costa da África e na Espanha, voltadas para o comércio e a troca de mercadorias. Nesses locais, eles adquiriam ouro, prata, estanho, cereais e também escravos. Fundaram Creta, Gadir, Tingis e a mais famosa delas, Cártago.

Alfabeto fenício
O alfabeto fenício
A prática comercial dos fenícios os levou a adaptar conhecimentos adquiridos de outros povos às necessidades de seu cotidiano. Um exemplo foi o desenvolvimento de um alfabeto com 22 caracteres representando sons e consoantes da língua fenícia (alfabeto fonético). O alfabeto fenício tornou a escrita mais simples e facilitou atividades ligadas ao comércio, como a confecção de listas de produtos.
A novidade do sistema de escrita alfabético é que cada um dos símbolos estava vinculado a sons, e não a ideias ou objetos. Para um fenício, não era necessário conhecer centenas de símbolos para escrever, como ocorria com as escritas egípcia e suméria.
Por volta do ano 1000 a.C. o alfabeto fenício se difundiu pela região do Mediterrâneo e foi adotado por povos da região. Com a invenção do alfabeto, saber ler e escrever deixou de ser um privilégio dos escribas, tornando acessível para um número maior de pessoas. Mais tarde, foi adaptado pelos gregos, que introduziram as vogais. O sistema de escrita fenícia é o precursor dos alfabetos modernos.

Religião
Baal (deus) e Baalat (deusa) 
Os fenícios eram politeístas. Cada deus representava um interesse ou uma necessidade humana, como a agricultura, a guerra, a lua, as artes. Na língua fenícia, deus era “el” e deus era “elat”. Mas El era também um deus específico, o pais dos deuses.
Cada cidade fenícia tinha seus próprios deuses. As deusas mais importantes eram Astarte, Baalat e Tanit. Baal, que podia significar senhor, era também o nome de vários deuses, dependendo da cidade. Havia também Yarih, deus da lua, Shamash, deus do sol, Reshef, deus da guerra. Ball Hammom era o deus supremo de Cartago, ao qual eram feitos sacrifícios, inclusive de crianças.

Declínio fenício
Entre os séculos VII e V a Fenícia foi ocupada pelos babilônios e persas. No século IV, foi dominada pelos gregos e deixou de existir como unidade política, embora suas colônias continuassem a prosperar economicamente devido ao comércio marítimo. Em 64 a.C., as cidades-Estados foram incorporadas por Roma.



[1] Essa cor era extraída da glândula de um pequeno molusco marinho, chamado múrice, encontrado no litoral da região. Para obter meio litro de tinta, eram necessários 60 mil múrices.
[2] O estreito de Gibraltar é uma estreia faixa de mar, que liga o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, tendo ao Norte a Europa e o ao Sul a África.






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