Antigo Reinado (3200 a.C. à 2040 a.C.)
Após
unificação do reinado egípcio a partir de Menes, governante do Alto Egito, que
dominou o Baixo Egito em 3200 a.C., se tornado o primeiro faraó, deu-se início
ao Antigo Reinado, que duraria até 2040 a.C., juntamente com o período
imperial.
Egito unificado
Deixando
esses dois reinos sob o seu domínio, Menés se transformou no primeiro faraó do
Egito Antigo, colocando todos os nomarcas sob o seu domínio. Além disso, o
processo de unificação transformou a cidade de Tinis na primeira capital do
império. Anos mais tarde, Mênfis (atual Cairo) ocupou essa posição. Em grande
parte desse período, o governo egípcio tinha caráter pacifista ao não entrar em
conflito com outras civilizações próximas.
Conflitos pelo poder
Com
a unificação do Egito, os nomos tornaram-se províncias e os monarcas passaram a
ser funcionários submetidos ao governo centralizado do faraó, alguns monarcas conseguiram ampliar
seus poderes. Contudo, eles não aceitavam a perda de sua autonomia, embora os
faraós continuassem ocupando o trono, na prática, a autoridade nesses nomos era
exercida pelos monarcas locais.
Em
vários momentos, os monarcas combateram a centralização do poder nas mãos do
faraó e procuraram retomar o controle dos nomos. Em muitos casos, os conflitos
entre os monarcas e o faraó levaram à queda de uma dinastia. Por essa razão, no
decorrer da história do Egito antigo, sucederam-se dezenas de dinastias.
No Egito, a forma de governo era considerado um despotismo teocrático, devido ao faraó ser considerado um deus na Terra |
Por
volta de 2700 a.C. a 2140 a.C., o Estado egípcio se desenvolve
consideravelmente e a sua administração centraliza-se na figura do faraó, que
passa a ser venerado como verdadeiro deus. O faraó começava o dia fazendo oração para os deuses,
pedia proteção e força para resolver as questões da administração do Egito. Os
egípcios acreditavam que estes governantes eram filhos diretos do deus Osíris,
portanto agiam como intermediários entre os deuses e a população egípcia.
Tudo
no Egito era patrimônio do faraó. Os impostos arrecadados no Egito
concentravam-se nas mãos do faraó, sendo que era ele quem decidia a forma que
os tributos seriam utilizados. Grande parte deste valor arrecadado ficava com a
própria família do faraó, sendo usado para a construção de palácios,
monumentos, compra de joias, etc. Outra parte era utilizada para pagar
funcionários (escribas, militares, sacerdotes, administradores, etc.) e fazer a
manutenção do reino. Oficialmente,
o faraó era o responsável pelos serviços
sacerdotais em todos os templos do Antigo Egito, porém, outorgava esse
privilégio aos sacerdotes.
Ainda
em vida o faraó começava a construir sua pirâmide, pois está deveria ser o
túmulo para o seu corpo. Como os egípcios acreditavam na vida após a morte, a
pirâmide servia para guardar, em segurança, o corpo mumificado do faraó e seus
tesouros. No sarcófago era colocado também o livro dos mortos, contando todas
as coisas boas que o faraó fez em vida. Esta espécie de biografia era
importante, pois os egípcios acreditavam que Osíris (deus dos mortos) iria
utiliza-la para julgar os mortos.
Um
faraó de destaque no período foi Pepi II, foi corado aos 6 anos de idade e
reinou de 2287 a.C. à 2187 a.C., que entrou para a história pele sua
excentricidade: para impedir que as
moscas pousassem nele, mantinha sempre por perto escravos nus, cujos corpos
eram besuntados com mel.
O calendário
Os sacerdotes eram
encarregados de estudar o movimento dos astros. Eles observaram, por exemplo,
que toda vez que Sirius, a estrela mais brilhante do céu, tornava-se visível,
as águas do Nilo estavam prestes a subir. A partir dessa observação, os sacerdotes
elaboraram, por volta de 2900 a.C., um calendário com a duração de 365 dias,
tendo como ponto de partida a aparição de Sirius no céu. Com esse calendário os
egípcios conseguiram administrar seu estoque de alimentos, sabendo o período
certo de plantar e colher seus produtos agrícolas. O estudo dos astros também
influenciou a construção de templos e pirâmides, erguidos muitas vezes em
perfeito alinhamento com os pontos cardeais.
As pirâmides
As pirâmides, eram os mausoléus dos faraós |
A
maioria das pirâmides foi construída no período do Antigo Reinado. Djoser
inaugura a III dinastia, por volta do
ano 2700 a.C. Seu
conselheiro, o arquiteto Imotep, constrói a pirâmide em degraus de Saqqara, a
primeira tumba real com essa forma arquitetônica.
Elas
eram edificações de pedra que podiam atingir mais de 130 metros de altura, no
interior delas eram construídas várias galerias com armadilhas, com o propósito
de afastar invasores e saqueadores. As armadilhas impediam principalmente o
acesso às câmaras mortuárias, que nas pirâmides mais antigas eram subterrâneas.
Esse
tipo de câmara abrigava os sarcófagos, caixas de madeira ou pedra onde eram
depositados os corpos mumificados do faraó e de seus familiares. Ao lado dos
corpos eram colocados objetos de uso pessoal, que, segundo as crenças egípcias,
seriam utilizados na vida após a morte. Era comum, em muitos casos, serem
enterrados juntamente com o faraó todos os seus criados.
Para
que fosse viável a realização de projetos tão grandiosos, o Estado faraônico
instituía um sistema de servidão coletiva que submetia toda população egípcia
ao trabalho nos campos e nas cidades.
Em
Menfis, entre os anos de 2700 a.C. e 2600 a.C., ocorreu a construção do
complexo arquitetõnico de Gizé, composta da esfinge e das Pirâmides de Gizé,
uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Quéops,
a mais alto e volumosa das pirâmides, que tinha ao ser construída 146 metros de
altura, o equivalente a um prédio de 48 andares. A pirâmide de tamanho médio é
a de Quéfren, e a de tamanho menor é a de Miquerinos. Posicionada a frente da
pirâmide está a esfinge, com cabeça humana e corpo de leão. Esculpida em rocha sólida,
a esfinge possui 72 metros de comprimento e 20 metros de altura e parece estar
ali para resguardar as três pirâmides.
Complexo arquitetônico de Gizé |
Para
construir Quéops, foi utilizado 2.300.000 blocos de pedra, os quais foram cortados
com tal precisão, a ponto de se encaixarem perfeitamente uns com ou outros sem
uso de uma liga, não havendo espaço entre eles nem para uma folha de papel.
Foram utilizados o trabalho de mais de 80.000 trabalhadores, sendo 10.000 fixos
e 70.000 temporários, durante 20 anos.
Inicialmente,
os trabalhadores extraíam das pedreiras os imensos blocos de pedra e os
conduziam até as margens do Nilo; depois, em barcos graciosos, os blocos eram
levados até o local da construção; então eram postos sobre suportes e
amarrados; depois, com uso de cordas e rampas, eram arrastados por centenas de
homens até o seu local final.
A escrita
Hieróglifos |
O
sistema de escrita egípcia surgiu por volta de 3000 a.C., de forma hieroglífica, dedicada ao
uso em textos oficiais ou fins religiosos, em monumentos e templos. No início,
ela era pictográfica (representava objetos por meio de desenhos). Com o tempo,
essa escrita transformou-se, passando a ser ao mesmo tempo ideográfica,
contendo sinais que representavam ideias, e fonética, com sinais que
representavam o som da fala.
Mais
tarde, desenvolveu-se outras duas formas de escrita, mais simples, de forma
cursiva, a hierática e
a demótica. A hierática
era utilizada por funcionários do governo especializados em registrar os
estoques dos armazéns ou os feitos dos faraós. Já a demótica, mais popular, era utilizada
para escrever cartas. Ambas surgiram e se desenvolveram aproximadamente no
mesmo período que a hieroglífica, da qual era derivada.
Organização
social e econômica
O
sistema social no Egito não difere das demais sociedades. Por volta de 2000
a.C., o Egito apresentava uma complexa organização social. Tinha uma classe
privilegiada composta por poucos: a classe diretiva (faraó), altos funcionários
do Estado (burocratas e altos militares), sacerdotes e os grandes comerciantes.
A grande maioria que era dominada pelo primeiro grupo, era quem realmente
gerava riqueza para o reino composta pelos: camponeses, pescadores e artesãos.
Fim
do Antigo Império
Por
volta de 2300 a.C. o próspero quadro que vigorou durante boa parte do Antigo
Império ruiu com uma série de problemas climáticos e convulsões sociais. A
fome, as epidemias e uma série de tensões político-sociais. Entre essas
disputas, está a ação dos nobres e monarcas que se associaram contra o poder do
Faraó. Dessa forma, o poder voltou a se esfacelar, o que facilitou a invasão de
povos asiáticos na região do Delta do Nilo.
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