A Núbia e o Reino de Kush
A
Núbia, corresponde hoje o Norte do atual Sudão, foi berço da civilização na
África. Era uma extensa faixa de terra localizada ao Sul do Egito, entre a
primeira e a sexta catarata do rio Nilo. Servia na Antiguidade como um importante
elo entre os povos da África Central e os Mediterrâneo.
Origem
A
ocupação da Núbia, ocorreu em torno do ano 7000 a.C., por grupos humanos de
caçadores e coletores.
Shaduf |
Economia
Em
torno do ano 4000 a.C., os núbios se dedicaram a criação de ovelhas, cabras e
bois. Por esta época, caravanas de mercadores traziam produtos do centro da
África para o Egito, como ouro, marfim, peles, plumas e pedras semipreciosas.
Por esta razão, os faraós egípcios invadiram e controlaram o território núbio
em diversos momentos.
Por
volta do ano 1000 a.C., a agricultura tornou-se a principal atividade econômica
dos núbios. Desenvolveram as culturas de trigo, cevada, linho, sorgo, abóbora,
lentilha, pepino, algodão, melão e tâmara.
Os
camponeses, inicialmente, retiravam água do rio Nilo, através do shaduf,
artefato utilizado pelos egípcios. Posteriormente, para retirar água do rio
Nilo, foi desenvolvido graças a habilidade dos seus ferreiros e carpinteiros, o
Saqia. Consistia em um dispositivo movido por animais e conectado aduas
rodas-d’água.
A
pecuária continuou sendo praticada, com a inclusão da criação de cavalos e
jumentos. A confecção de utensílios de cerâmica era praticada por alguns
artesãos especializados.
Outra
atividade econômica importante era a mineração. Eram extraídas grandes
quantidades de ouro, os quais eram comercializados com os egípcios. A
metalurgia era realizada, através da extração do minério de ferro. Utilizado na
produção de armas e utensílio de trabalho.
Saqia |
Com
o desenvolvimento da metalurgia, foram confeccionados machados de ferro, os
quais permitiram a ampliar as aéreas agrícolas, com a derrubada das matas. As
enxadas e as foices, trouxeram uma inovação tecnológica, capaz de aumentar a
produção de alimentos gerando excedentes. Os excedentes passaram a ser
comercializados nas cidades núbias e com seus vizinhos, ampliando a importância
comercial Núbia.
Organização política
O
desenvolvimento da metalurgia, também trouxe um aparelhamento do exército.
Armas de ferro, desenvolvidos pelos núbios, melhorou o poderio militar. Com
isso, foi possível resistir aos ataques dos egípcios e garantir sua soberania. Surgiu
assim, o reino de Kush, como era chamado pelos egípcios.
O
reino de Kush, passou a ser administrado por um rei, que inicialmente era
escolhido entre os líderes das comunidades. Após ser escolhido o mais preparado
para ocupar o cargo de rei, eram lançadas sementes ao chão para perguntar ao
deus da cidade se a escolha foi correta. Após a confirmação, era realizada uma
festa e a coroação do novo rei.
O
rei possuía uma guarda permanente para protege-lo e contava com auxílio de
altos funcionários públicos, como o chefe do tesouro, o escriba-mor e o
comandante militar, que o ajudavam a administrar o Estado.
Quando
um sacerdote enviava mensagem dos deuses para o fim de um reinado, o rei era
obrigado a suicidar-se, juntamente com seus altos funcionários públicos, que os
auxiliavam na administração. Após a morte do rei, o poder passava sucessivamente
para seus irmãos, do mais velho, ao mais novo.
O Reino de Kush, era localizado entre a 1º e a 6º catarata do Nilo |
Quando
todos os irmãos já tivessem morrido, o reinado passava para o filho mais velho
do primeiro irmão-rei, e assim sucessivamente.
Assim garantiam que o reino estaria nas mãos de alguém com mais experiência
possível.
O reino de Kush
Durante
sua longa história, o reino de Kush passou por fases de maior ou menor
dependência em relação ao Egito. Esta relação com o Egito, mostrou-se na forte
influência na escrita hieroglífica, na religião e nos hábitos de se vestir.
Por
volta do ano 1000 a.C., foi formado um Estado independente, que os egípcios
chamavam, do Kush. A partir do século IX a.C., desenvolveram-se as cidades de
Kerna, Napata e Méroe, que se tornaram sucessivamente a capital de Kush.
Em
Napata, os mercadores paravam para descansar e se abastecer de suprimentos para
a viagem. Próximo a Napata, havia a um grande templo, nas montanhas de Jabel
Barcal, em homenagem ao deus Amon, sagrado para os cuxitas e egípcios.
Em
770 a.C., os cuxitas invadiram e dominaram o Egito. Seu imperador Kashta,
assumiu o poder como faraó. Teve início, assim, uma dinastia de faraós cuxitas.
Os representantes desta dinastia, utilizavam uma coroa com imagem de duas
serpentes, simbolizando seu domínio sobre dois reinos: Kush e Egito.
O
governante cuxita Taraca, foi enterrado em uma pirâmide construída na atual
cidade de Nuri, próximo das montanhas de Jabel Barcal. A partir de então, a
localidade passou a abrigar uma grande quantidade de pirâmides.
Em
657 a.C., o Egito foi dominado pelos assírios, e os cuxitas foram expulsos. Em
591 a.C., tropas vindas do Egito destruíram Napata. A partir de então a capital
cuxita foi transferida para Meroé. Lá os habitantes desenvolveram sua própria
escrita, a meroíta, formada por 23 caracteres e que corria da esquerda para
direita. As palavras são separadas umas das outras por três pontos.
Sociedade
Apedemek |
As
mudanças políticas e econômicas, nas trouxeram desenvolvimento para a maioria
da população, e sim trouxeram desigualdade social. Os sacerdotes, o rei e altos
funcionários públicos
Passaram
a ser os maiores proprietários de terras, principal símbolo de riqueza. Abaixo
deles, vinham os comerciantes e artesãos. Por último, vinham os camponeses,
donos de pequenos lotes de terras ou que trabalhavam para os grandes
proprietários.
Religião
A
religião tinha uma grande importância na vida dos cuxitas. Eles adotaram vários
deuses egípcios, mas possuíam suas próprias divindades, como Apedemek, deus da
guerra. Os cuxitas, acreditavam que seus sacerdotes tinham a capacidade de
interpretar a vontade dos deuses. Os sacerdotes ficavam encarregados de enviar
mensagens aos reis, determinado o fim de seu reinado.
Fim do reino de Kush
Após
os cuxitas perderem o controle das rotas comerciais, a sociedade de Kush foi
empobrecendo. No ano de 350 d.C., o território Kush foi conquistado pelo reino
de Axum, situado ao Norte da atual Etiópia.
Os
axumitas destruíram a cidade de Meroé, capital do império Kush, fragmentando
o reino. Da derrota de Kush nasceram
três reinos diferentes, o Nobatia, o Makuria e o Alodia, que ficaram todos
sobre influência de Axum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário