segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A Núbia e o Reino de Kush

A Núbia, corresponde hoje o Norte do atual Sudão, foi berço da civilização na África. Era uma extensa faixa de terra localizada ao Sul do Egito, entre a primeira e a sexta catarata do rio Nilo. Servia na Antiguidade como um importante elo entre os povos da África Central e os Mediterrâneo.

Origem
A ocupação da Núbia, ocorreu em torno do ano 7000 a.C., por grupos humanos de caçadores e coletores.

Shaduf
Economia
Em torno do ano 4000 a.C., os núbios se dedicaram a criação de ovelhas, cabras e bois. Por esta época, caravanas de mercadores traziam produtos do centro da África para o Egito, como ouro, marfim, peles, plumas e pedras semipreciosas. Por esta razão, os faraós egípcios invadiram e controlaram o território núbio em diversos momentos.
Por volta do ano 1000 a.C., a agricultura tornou-se a principal atividade econômica dos núbios. Desenvolveram as culturas de trigo, cevada, linho, sorgo, abóbora, lentilha, pepino, algodão, melão e tâmara.
Os camponeses, inicialmente, retiravam água do rio Nilo, através do shaduf, artefato utilizado pelos egípcios. Posteriormente, para retirar água do rio Nilo, foi desenvolvido graças a habilidade dos seus ferreiros e carpinteiros, o Saqia. Consistia em um dispositivo movido por animais e conectado aduas rodas-d’água.
A pecuária continuou sendo praticada, com a inclusão da criação de cavalos e jumentos. A confecção de utensílios de cerâmica era praticada por alguns artesãos especializados.
Outra atividade econômica importante era a mineração. Eram extraídas grandes quantidades de ouro, os quais eram comercializados com os egípcios. A metalurgia era realizada, através da extração do minério de ferro. Utilizado na produção de armas e utensílio de trabalho.
Saqia
Com o desenvolvimento da metalurgia, foram confeccionados machados de ferro, os quais permitiram a ampliar as aéreas agrícolas, com a derrubada das matas. As enxadas e as foices, trouxeram uma inovação tecnológica, capaz de aumentar a produção de alimentos gerando excedentes. Os excedentes passaram a ser comercializados nas cidades núbias e com seus vizinhos, ampliando a importância comercial Núbia.

Organização política
O desenvolvimento da metalurgia, também trouxe um aparelhamento do exército. Armas de ferro, desenvolvidos pelos núbios, melhorou o poderio militar. Com isso, foi possível resistir aos ataques dos egípcios e garantir sua soberania. Surgiu assim, o reino de Kush, como era chamado pelos egípcios.
O reino de Kush, passou a ser administrado por um rei, que inicialmente era escolhido entre os líderes das comunidades. Após ser escolhido o mais preparado para ocupar o cargo de rei, eram lançadas sementes ao chão para perguntar ao deus da cidade se a escolha foi correta. Após a confirmação, era realizada uma festa e a coroação do novo rei.
O rei possuía uma guarda permanente para protege-lo e contava com auxílio de altos funcionários públicos, como o chefe do tesouro, o escriba-mor e o comandante militar, que o ajudavam a administrar o Estado.
Quando um sacerdote enviava mensagem dos deuses para o fim de um reinado, o rei era obrigado a suicidar-se, juntamente com seus altos funcionários públicos, que os auxiliavam na administração. Após a morte do rei, o poder passava sucessivamente para seus irmãos, do mais velho, ao mais novo.
O Reino de Kush, era localizado
entre a 1º e a 6º catarata do Nilo
Quando todos os irmãos já tivessem morrido, o reinado passava para o filho mais velho do primeiro irmão-rei, e assim sucessivamente.  Assim garantiam que o reino estaria nas mãos de alguém com mais experiência possível.

O reino de Kush
Durante sua longa história, o reino de Kush passou por fases de maior ou menor dependência em relação ao Egito. Esta relação com o Egito, mostrou-se na forte influência na escrita hieroglífica, na religião e nos hábitos de se vestir.
Por volta do ano 1000 a.C., foi formado um Estado independente, que os egípcios chamavam, do Kush. A partir do século IX a.C., desenvolveram-se as cidades de Kerna, Napata e Méroe, que se tornaram sucessivamente a capital de Kush.
Em Napata, os mercadores paravam para descansar e se abastecer de suprimentos para a viagem. Próximo a Napata, havia a um grande templo, nas montanhas de Jabel Barcal, em homenagem ao deus Amon, sagrado para os cuxitas e egípcios.
Em 770 a.C., os cuxitas invadiram e dominaram o Egito. Seu imperador Kashta, assumiu o poder como faraó. Teve início, assim, uma dinastia de faraós cuxitas. Os representantes desta dinastia, utilizavam uma coroa com imagem de duas serpentes, simbolizando seu domínio sobre dois reinos: Kush e Egito.
O governante cuxita Taraca, foi enterrado em uma pirâmide construída na atual cidade de Nuri, próximo das montanhas de Jabel Barcal. A partir de então, a localidade passou a abrigar uma grande quantidade de pirâmides.
Em 657 a.C., o Egito foi dominado pelos assírios, e os cuxitas foram expulsos. Em 591 a.C., tropas vindas do Egito destruíram Napata. A partir de então a capital cuxita foi transferida para Meroé. Lá os habitantes desenvolveram sua própria escrita, a meroíta, formada por 23 caracteres e que corria da esquerda para direita. As palavras são separadas umas das outras por três pontos.

Sociedade
Apedemek
As mudanças políticas e econômicas, nas trouxeram desenvolvimento para a maioria da população, e sim trouxeram desigualdade social. Os sacerdotes, o rei e altos funcionários públicos
Passaram a ser os maiores proprietários de terras, principal símbolo de riqueza. Abaixo deles, vinham os comerciantes e artesãos. Por último, vinham os camponeses, donos de pequenos lotes de terras ou que trabalhavam para os grandes proprietários.

Religião
A religião tinha uma grande importância na vida dos cuxitas. Eles adotaram vários deuses egípcios, mas possuíam suas próprias divindades, como Apedemek, deus da guerra. Os cuxitas, acreditavam que seus sacerdotes tinham a capacidade de interpretar a vontade dos deuses. Os sacerdotes ficavam encarregados de enviar mensagens aos reis, determinado o fim de seu reinado.

Fim do reino de Kush

Após os cuxitas perderem o controle das rotas comerciais, a sociedade de Kush foi empobrecendo. No ano de 350 d.C., o território Kush foi conquistado pelo reino de Axum, situado ao Norte da atual Etiópia.

Os axumitas destruíram a cidade de Meroé, capital do império Kush, fragmentando o reino. Da derrota de Kush nasceram três reinos diferentes, o Nobatia, o Makuria e o Alodia, que ficaram todos sobre influência de Axum.





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