A China Antiga
A
civilização chinesa surgiu às margens do Rio Amarelo, a partir da reunião de
aldeias neolíticas. Um longo período de disputas e combates antecedeu a
formação do Império Chinês.
Origem
O
homem habitava a China há quase 2 milhões de anos atrás. Por volta de 7.000
a.C. durante o período Neolítico, o território da atual China foi ocupado por
grupos seminômades de caçadores e coletores. Aproximadamente em 5000 a.C.,
esses humanos passaram a se organizar em tribos, estabelecendo a divisão das
tarefas: alguns praticavam a agricultura e outros a pecuária. Passaram também a
construir casas mais permanentes, o que indica o início de um processo de
sedentarização.
Na
época existiam seis culturas nos vales dos rios Huang-He (Amarelo) e Yang-Tsé
(Azul). O rio Amarelo tem esse nome por causa do loess, um sedimento amarelo
rico em calcário. Nessas terras férteis, a agricultura foi desenvolvida com o
cultivo do arroz e o painço.
As
culturas Yangshao e Longshan
No
Neolítico, o Vale do Rio Amarelo abrigava culturas importantes, como a Yangshao
e Longshan. Em suas aldeias praticavam-se a agricultura e a criação de cães,
porcos, bois, ovelhas e galinhas. As primeiras cidades da região surgiram a
partir de aldeias Longshan, que eram cercadas por muros de terra batida.
Os
artesãos dessas culturas produziam objetos de cerâmica, alguns com desenhos. Os
povos da cultura Yangshao também tinham o costume de usar grandes jarros de
cerâmica para enterrar os mortos.
Eles já dominavam a técnica da produção de seda. O tecido era confeccionado por meio de uma roca de fiar,feita de pedra, de lá saiam os fios, os quais produziam as roupas.
Eles já dominavam a técnica da produção de seda. O tecido era confeccionado por meio de uma roca de fiar,feita de pedra, de lá saiam os fios, os quais produziam as roupas.
Organização e poder
Apesar
da centralização do poder continuavam existindo chefes, geralmente grandes
proprietários de terras, que mantiveram o poder local. Apenas a dinastia Han
(206 a.C. – 220 d.C.) consolidou a centralização do poder e ampliou o território
chinês por meio de guerras externas e maior intercâmbio comercial.
A dinastia Hsia e
Shang
Por
volta de 1800 a.C., numa disputa entre tribos rivais, foi instituída a primeira
dinastia chinesa, Hsia, que durou até cerca de 300 anos. Foi substituída pela
dinastia Shang (1500 a.C.- 1100 a.C.).
O
fundador da dinastia Shang, o rei Chengtang, dominou a região central e o Leste
do vale do Rio Amarelo e fundou a sua capital na cidade de Xibo, onde seus
descendentes governaram por 400 anos.
Xibo
era bastante desenvolvida, com edifícios bem planejados e um eficiente sistema
de defesa, composto por extensas muralhas que defendiam a cidade.
No
período Shang, o comércio e a tecnologia do bronze tiveram grande
desenvolvimento. Além disso, iniciaram-se atividades como a tecelagem da seda e
a produção de cerâmicas brancas esmaltadas.
A dinastia Zhou
No
final do ano 1100 a.C., os Zhou, povo vindo do Oeste, tomaram a capital e
derrotaram os Shang, iniciando uma nova dinastia. Nesta dinastia foi unificado
o território invocando a autoridade conferida pelos deuses. O Mandato do Céu.
Outra forma de reforçar seu poder foi difundir sua língua e escrita.
O
domínio da dinastia Zhou enfraqueceu a partir do século VIII a.C. Os nobres
tornaram-se cada vez mais fortes, e centenas de pequenos reinos surgiram,
desafiando a autoridade do poder central. Entre os séculos V e VII a.C., sete
reinos enfrentaram-se violentamente, período chamado de reinos combatentes.
A dinastia Qin
Em
214 a.C., o período de fragmentação política chegou ao fim com a vitória de Qin
Shi Huang, do reino Qin. Ele anexou territórios dos outros reinos e
proclamou-se imperador dos chineses.
O
imperador criou um estado centralizado, com base em um código de leis que
abrangia todos os aspectos da sociedade chinesa. Para reforçar o poder
imperial, tomou medidas importantes, como a construção de grandes obras de
irrigação e a imposição de uma única moeda e em único sistema de escrita para
toda a China.
O
imperador Qin Shi Huang, iniciou a construção da Grande Muralha. Também mandou
queimae muitos livros e textos contrários ás suas ideias morais e políticas.
Quando morreu foi enterrado em uma tumba monumental. Sua morte deu início a
agitações políticas e revoltas populares. Um de seus líderes rebeldes foi Liu
Panga, que fundou a dinastia Han em 206 a.C.
A dinastia Han
A
dinastia Han restabeleceu o império e expandiu o território para regiões que
hoje correspondem ao Vietnã, às Coreias e à Ásia Central. Para controlar esses
vastos domínios, o imperador contava com o auxílio de funcionários palacianos
escolhidos mediante exames públicos.
Nesse
período, muitos povos e culturas diferentes viviam na China. Para reforçar a
autoridade estatal, o imperador ampliou o exército e impôs um sistema unificado
de pesos e medidas.
Foi
no período Han que se estabeleceu a Rota da Seda, a principal via comercial
entre a china e o Ocidente. A ampliação dos contatos comerciais contribuiu para
o desenvolvimento cultural da China e para o surgimento de uma nobreza urbana e
mercantil.
Organização social
Como
toda civilização, a chinesa também possuía uma hierarquia social.
O
imperador
Os
chineses antigos acreditavam que o imperador tinha a função de manter a
harmonia entre o mundo natural e o sobrenatural. Segundo essa crença, o
imperador mantinha um espécie de contato com o céu, através do qual recebia um
mandato para governar. Por esse contato, ele passava a ser o representante do
céu na Terra e manteria o cargo enquanto permanecesse como um homem de
virtudes.
O
julgamento das virtudes do imperador era atribuição exclusiva de céu e não
estava relacionado com suas ações ou forma de governar. Os chineses acreditavam
que os deuses manifestavam sua insatisfação em relação ao imperador por meio de
sinais: catástrofes naturais, conflitos sociais ou invasões de outros povos.
Com esses recados, os deuses anunciavam o fim do contrato entre o céu e o
imperador: ele podia ser substituído, por outro a qualquer momento, deixando de
ser mandatário do céu.
Essa
crença tornava legítima qualquer tentativa de derrubar o imperador: se um
adversário tentasse tomar seu lugar e não conseguisse, era sinal de que o
imperador ainda tinha o apoio do céu. Se, ao contrário, o adversário tivesse
sucesso, era sinal que o céu desaprovava este imperador.
Altos funcionários
O
imperador nomeava um grande número de funcionários que iriam ajuda-lo na tarefa
de governar o extenso território chinês. Diariamente, o imperador realizava
audiência durante as quais os funcionários relatavam os problemas do reino, e
ele tomava as decisões.
Os
altos funcionários era escolhidos diretamente pelo imperador. Esses homens
tinham como funções: cobrar impostos. Ministrar a justiça, assegurara o
policiamento, estabelecer calendário dos trabalhos, ordenar a construção e
manutenção das estradas, dos canais, das barragens e dos sistemas de irrigação,
estes altos funcionários, detinham um alto poder e foram denominados mandarins.
Além
dos mandarins, havia intelectuais a serviço do governo. Eles eram escolhidos
mediante concursos, dos quais só poderiam participar homens letrados. Poderiam
assumir funções culturais, como os poetas, ou desenvolver estudos científicos e
tecnológicos. A eles deve-se a invenção de instrumentos para facilitar a
navegação, como a bússola e a melhoria das técnicas agrícolas como irrigação e
bombeamento de água e a produção da seda. Tais invenções comprovam a grande
tecnologia desenvolvida pelos chineses, pois todas eles exigiam não só o
domínio dos cálculos e dos princípio da física, como também conhecimentos de
química.
A vida no campo
Havia
um pequeno grupo de pessoas que possuía a maior parte das terras e controlava a
produção agrícola. Mesmo tendo que se submeter ao poder do imperador mantinham
privilégios herdados dos seus ancestrais nobres. Viviam longe da capital do império,
mas tinham prestígio suficiente para influenciar as questões públicas em suas
localidades, constituindo, assim, uma nobreza local.
Porém,
não existiam somente os grandes proprietários rurais. Havia aqueles que
possuíam propriedades de tamanho médio e empregavam um pequeno número de
trabalhadores, e outros que tinham pequenas propriedades, onde trabalhavam
apenas os membros da sua família. Utilizavam instrumentos como o arado puxado
por bois e colocavam os filhos para realizar a semeadura. Esses pequenos
proprietários produziam apenas para a própria subsistência.
Agricultores
sem condições para arrendar terras vendiam o seu trabalho para os grandes
proprietários de terras, em troca de parte da colheita. O camponês assalariado
estava obrigado, de tempos em tempos, a prestar serviços gratuitos em obras
públicas.
A vida na cidade
Alguns
artesãos eram contratados pelo governo para confeccionar os tecidos para a
vestimenta do imperador e de sua família. Havia artesãos que estavam a serviço
dos altos funcionários ou grandes proprietários de terra, bem como pequenos
tecelões, que trabalhavam por conta própria.
Outro
trabalhador, característico era o puxador de carruagens, que transportavam
mercadorias e pessoas, em curtas distâncias, especialmente os homens ricos.
Essa forma de transporte esteve presente até meados do século XX.
Para
as grandes distâncias, era utilizados os barqueiros (a China tem um grande
número de rios navegáveis), que conduzia os barcos movidos a remo, que possuíam
diferentes formatos. Alguns eram dotados de cabines cobertas com esteiras e
serviam para transportar pessoas. Outros, mais simples, eram utilizados para o
transporte de carga e mercadorias.
Havia
diversos tipos de comerciantes que atuavam nos mercados das grandes cidades.
Esse grupo cresceu significativamente com as conquistas dos chineses sobre os
territórios vizinhos.
Moradias chinesas
As
casas da maioria dos chineses ricos eram construídas com adobe ou madeira, com
vários pavimentos. O piso da sala era coberto por tapetes e tecidos com lã
colorida, sobre os quais havia muitas almofadas, que serviam para sentar. Os
quartos tinham as paredes cobertas de tecidos finos bordados.
Alguns
homens pobres das cidades procuravam imitar os ricos. Cobriam o piso de suas
casas com peles de animais e ornamentavam as paredes com tecidos bordados. Suas
casas, porém eram bem menores que as dos ricos, dispondo apenas de um quarto
para toda a família. Para garantir a privacidade, usavam biombos pintados para
separa as camas.
Os
camponeses viviam em suas casas bem mais simples. De modo geral, a estrutura
dessas casas era feita com varas cruzadas, as paredes de barro e o teto de
sapé. Eram formadas por um único bloco subdividido com divisórias de madeira.
Ao fundo ficava a lareira, que servia ao mesmo tempo para cozinhar e aquecer o
ambiente. Os poucos utensílios, jarros, bacias e panelas serviam para preparar
e armazenar seu alimento básico: arroz. Nos dias de festa, completavam a
refeição com carne de porco ou de cachorro.
À
noite, os homens ricos eram os únicos a ter o privilégio de iluminar as casas.
Modeladas em bronze, as lamparinas tinham a forma de figuras humanas, com um
cilindro lateral onde era acesso o fogo. Dispondo de muito tempo livre, os
homens ricos procuravam iluminar suas casas para ampliar as atividades de lazer,
músicas, danças e jogos.
Arte e Cultura
Os
imperadores da dinastia Han recuperam os textos literários, religiosos e
filosóficos, proibidos no período Qin. Iniciou-se um fase de intensa
criatividade, na qual os letrados se voltaram para o estudo das tradições
presentes nos textos que haviam sobrevivido. Além de estudar textos antigos,
esses homens elaboraram textos novos, que valorizavam as crenças populares.
A
expansão do comércio e o maior contato com outras regiões despertaram o gosto
pelas artes. Surgiu, então, uma arte refinada, que refletia uma sociedade
preocupada com o luxo e, ao mesmo tempo, voltada para as crenças do passado.
Espelhos, baixelas de bronze, tapetes, esculturas, peças de terracota (argila
modelada e cozida na forno) e objetos decorativos de laca (resina extraída de
plantas).
A escrita ideográfica
chinesa
Os
primeiros caracteres da escrita chinesa eram desenhos que representavam objetos
relacionados ao cotidiano dos chineses. Lentamente, a escrita perdeu a função
de representar objetos e se transformou em uma escrita ideográfica, onde cada
símbolo ou combinação deles representava uma ideia.
Atividades econômicas
A
agricultura era uma das atividades econômicas mais importantes da China antiga.
Cultivavam-se cevada, arroz, trigo, melão, abóbora, pepino, cebola, alho e
painço. Outras culturas importantes também eram a da amoreira, pois as folhas
serviam de alimento para as criações de bicho-da-seda, e do cânhamo, utilizado
na produção de tecidos.
Bois
cavalos eram criados para o trabalho nos campos e para o transporte. No período
Zhou, o uso de bovinos para arar a terra e da prática da rotação de culturas,
que permitiu o aumento da produção agrícola.
Os
chineses também se destacaram na produção de tecidos de seda e na fabricação de
objetos de madeira, bronze e ferro. Muitas das peças produzidas pelos artesãos
do período Zhou e Han baseavam-se nas técnicas desenvolvidas no antigo período
Shang.
Filosofia e religião
Na
China antiga, religião e filosofia estavam relacionados. As duas principais
correntes filosóficas e religiosas foram o Confucionismo e o Taoísmo.
Confúcio, viveu de 551 a.C. até 479 a.C. |
Confucionismo
O
filósofo Confúcio baseou seu pensamento em dois preceitos: yi,
equidade[1] e o yen, a generosidade. Para
o filósofo, o aperfeiçoamento do indivíduo conduziria ao aprimoramento da
sociedade.
Segundo
Confúcio, a base para uma sociedade ideal está na família. E a família ideal é
a patriarcal, onde os mais jovens obedecem aos mais velhos, os filhos os pais e
a mulher o maridos e aos sogros. A família deveria permanecer unida, sendo
obrigação dos filhos horarem seus pais, mesmo depois de casados, cuidando-os
quando idosos e doentes.
Taoísmo
Símbolo yin e yang |
O
filósofo Lao-tse, fundou a corrente filosófica intitulada de taoísmo. Segundo ele,
o universo é regido por duas forças opostas e complementares: yin,
que representa a noite, frio, a passividade e a feminilidade o yang,
que representa o dia, calor a atividade e a masculinidade. A harmonia do
universo estaria no equilíbrio destas forças, sem o predomínio de uma sobre a
outra, formando assim uma unidade, o tao.
O culto dos
antepassados
Os chineses cultuavam uma infinidade de deuses: o deus dos Mortos, o deus do Céu, os deuses das Montanhas, os dos Quatro Mares, os dos Rios. Cada um deles possuía um templo próprio construído nos arredores das cidades.
A maioria dos chineses antigos estava ligada ao seu grupo familiar: o nome da família era transmitido de pais para filho por muitas gerações. Por causa disso, os ancestrais mais antigos eram cultuados e venerados como se fossem deuses.
A maioria dos chineses antigos estava ligada ao seu grupo familiar: o nome da família era transmitido de pais para filho por muitas gerações. Por causa disso, os ancestrais mais antigos eram cultuados e venerados como se fossem deuses.
Tanto
no campo quanto nas cidades, os chineses mantinham, suas casas um ambiente
reservado ao culto dos antepassados. Apesar de perder a condição de deuses
durante a dinastia Han, os antepassados continuaram sendo reverenciados pelos
chineses, que construíam pequenos altares, onde queimavam o incenso ao lado das
oferendas de comida e bebida.
A Muralha da China
A
Muralha da China, também denominada de Grande Muralha, corresponde a uma
intrigante construção arquitetônica edificada na época da China Imperial com
finalidade militar. O objetivo militar da Muralha da China era de impedir a
entrada de tribos nômades oriundas do Norte (Mongólia e da Manchúria), essa
construção pretendia defender o norte do país contra tais invasores.
A
construção da Muralha foi realizada no decorrer de dois milênios. Teve início
durante o império de Qin Shi Huang e abrangeu muitas dinastias, não é
constituída somente por uma estrutura e sim composta por várias muralhas. A
construção da Muralha teve início no ano 220 a.C. e sua conclusão ocorreu
somente no século XVI, na dinastia Ming.
Muralha da China |
Os
chineses já dominavam diversos assuntos como matemática, astronomia, artes,
cartografia e possuíam domínio pleno em técnicas de engenharias destinadas à
construção de edificações tais como a muralha. Um dos principais, senão o mais
importante, exemplos de aplicação de conhecimentos de engenharia é a Muralha,
imensa construção arquitetônica que possui aproximadamente 8.851,8 quilômetros
de extensão, 7,5 metros de altura e 3,75 metros de largura, é considerada como
uma das mais fantásticas obras construídas pelo homem, hoje é reconhecida como
uma das sete maravilhas do mundo.
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