Os Fenícios
Além
de serem excelentes navegadores e comerciantes, os fenícios deixaram um
alfabeto que serviu de base ao alfabeto latino, que utilizamos hoje.
Origem
Em
torno de 3000 a.C., várias tribos nômades se fixaram no Oriente Médio, na
região de Canaã, no atual Líbano. Diversas disputas territoriais, empurraram os
cananeus para fora de Canaã. No século XIV a.C., as cananeus se fixaram em uma
estreita faixa de terra, situada ao norte da atual Palestina, entre o litoral
do mar Mediterrâneo e as montanhas, onde hoje é o atual Líbano.
Uma
parte do território era muito fértil, onde a população explorava oliveiras,
para fabricação de azeite de oliva, a agricultura de trigo e o corte de
madeiras nobres, como cedro; a outra parte do território era muito quente e
árida, com secas praticamente o ano inteiro.
Os
cananeus, eram famosos no mundo antigo, por produzir um corante de tecidos, na
cor vermelho escuro, chamado de cor púrpura[1]. Os gregos chamavam a cor púrpura de phoenicia. Por essa razão, Canaã passou
a ser conhecida como Phoenicia
(Fenícia) os povos cananeus passaram a ser designados como fenícios.
As cidades-Estados
fenícias
Como
as áreas férteis que permitiam a ocupação humana eram muito estreitas e
isoladas por montanhas, as cidades fenícias se desenvolveram de modo
independente umas das outras, ao longo da costa ou ilhas do Mar Mediterrâneo.
As principais foram as cidades portuárias de Bíblos, Sídon e Tiro.
O
isolamento geográfico contribuiu para que os fenícios não formassem um império,
mas um grupo de cidades-Estado independentes que rivalizavam entre si e lutavam
e contra seus vizinhos poderosos, como os hititas, egípcios, assírios e
babilônicos. Cada cidade-Estado tinha seu próprio rei, que era auxiliado por
uma assembleia composta, em geral, de ricos comerciantes ou construtores de
navios.
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Rotas comercias fenícias |
Fenícios: grandes
comerciantes e navegadores
As
cidades-Estados fenícias não possuíam terrar férteis para a agricultura, a
principal riqueza natural era a extração de madeireira do cedro. Desta maneira,
eram obrigados a estabelecer laços comerciais com demais povos.
Para
tanto, compravam diversos produtos em outras regiões. A lã na Mesopotâmia.
Cobre, dos habitantes da ilha de Chipre. Na região do atual Marrocos, compravam
ouro. Linho, papiro, aveia, marfim e
pedras preciosas compravam do
seu principal parceiro comercial, o Egito, e vendiam para eles o cedro.
Os
fenícios foram excelentes artesãos, após comprarem as matérias-primas às beneficiavam, em
suas cidades-Estados. Produziam além da cor púrpura, tecidos, joias, perfumes,
vidro, cerâmica decorada, armas e objetos de madeira.
As
altas montanhas criavam dificuldades para os fenícios adentrar o continente e,
por isso, eles voltaram seus esforços para o mar. O cedro das florestas
possibilitou a construção de navios leves e resistentes, o que tornou os
fenícios grandes navegadores do muno antigo. Com o desenvolvimento da
navegação, os fenícios conquistaram os mares e tronaram-se conhecidos piratas.
Na Antiguidade era comum os marinheiros das embarcações mercantes atacarem
outros navios para roubar mercadorias ou para capturara tripulantes e vendê-los
como escravos.
A
navegação avançada permitiu aos fenícios a se aventurar em lugares cada vez
mais distantes. Em torno do ano 1000 a.C., eles cruzaram o mar mediterrâneo e
chegar ao Oceano Atlântico. Cruzaram o estreito de Gibraltar[2] e chegaram até uma ilha,
conhecida atualmente coo Inglaterra.
Foram
fundadas colônias, chamadas de empórios ou feitoria, que mais tarde se
transformaram e cidades, na costa da África e na Espanha, voltadas para o
comércio e a troca de mercadorias. Nesses locais, eles adquiriam ouro, prata,
estanho, cereais e também escravos. Fundaram Creta, Gadir, Tingis e a mais
famosa delas, Cártago.
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Alfabeto fenício |
O alfabeto fenício
A
prática comercial dos fenícios os levou a adaptar conhecimentos adquiridos de
outros povos às necessidades de seu cotidiano. Um exemplo foi o desenvolvimento
de um alfabeto com 22 caracteres representando sons e consoantes da língua
fenícia (alfabeto fonético). O alfabeto fenício tornou a escrita mais simples e
facilitou atividades ligadas ao comércio, como a confecção de listas de
produtos.
A
novidade do sistema de escrita alfabético é que cada um dos símbolos estava
vinculado a sons, e não a ideias ou objetos. Para um fenício, não era
necessário conhecer centenas de símbolos para escrever, como ocorria com as
escritas egípcia e suméria.
Por
volta do ano 1000 a.C. o alfabeto fenício se difundiu pela região do
Mediterrâneo e foi adotado por povos da região. Com a invenção do alfabeto,
saber ler e escrever deixou de ser um privilégio dos escribas, tornando
acessível para um número maior de pessoas. Mais tarde, foi adaptado pelos
gregos, que introduziram as vogais. O sistema de escrita fenícia é o precursor
dos alfabetos modernos.
Religião
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Baal (deus) e Baalat (deusa) |
Os
fenícios eram politeístas. Cada deus representava um interesse ou uma
necessidade humana, como a agricultura, a guerra, a lua, as artes. Na língua
fenícia, deus era “el” e deus era “elat”. Mas El era também um deus específico,
o pais dos deuses.
Cada
cidade fenícia tinha seus próprios deuses. As deusas mais importantes eram
Astarte, Baalat e Tanit. Baal, que podia significar senhor, era também o nome
de vários deuses, dependendo da cidade. Havia também Yarih, deus da lua,
Shamash, deus do sol, Reshef, deus da guerra. Ball Hammom era o deus supremo de
Cartago, ao qual eram feitos sacrifícios, inclusive de crianças.
Declínio fenício
Entre
os séculos VII e V a Fenícia foi ocupada pelos babilônios e persas. No século
IV, foi dominada pelos gregos e deixou de existir como unidade política, embora
suas colônias continuassem a prosperar economicamente devido ao comércio
marítimo. Em 64 a.C., as cidades-Estados foram incorporadas por Roma.
[1] Essa cor era extraída
da glândula de um pequeno molusco marinho, chamado múrice, encontrado no
litoral da região. Para obter meio litro de tinta, eram necessários 60 mil
múrices.
[2] O estreito de
Gibraltar é uma estreia faixa de mar, que liga o Mar Mediterrâneo e o Oceano
Atlântico, tendo ao Norte a Europa e o ao Sul a África.
OBG
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