sábado, 23 de janeiro de 2016

Os Persas

Localizados onde hoje é o Irã, os persas construíram, a partir do século VI a.C., um dos maiores impérios da antiguidade e um dos primeiros multiétnicos da história. Seus governantes souberam administrar diversas culturas dentro de seu império, adotando medidas com a finalidade de agregar todas as culturas existentes.

Origem

Por volta de 2000 a.C., grupos humanos de origem indo-europeia, migraram dos territórios da atual Rússia e se instalaram numa região de terras férteis entre a Mesopotâmia, a Índia e o Golfo Pérsico. Esses grupos deram origem a dois povos, os medos e os persas.
Com o tempo, os persas se instalaram no sul do planalto Iraniano, uma região menos fértil, que o norte do planalto, ocupado pelos medos. Devido a isto, não se dedicaram a agricultura, como a maioria dos povos da antiguidade, se especializando nas atividades comerciais. 

O império

Em 550 a.C. sob a liderança do rei Ciro, os exércitos persas derrotaram os medos e, unificaram o planalto do Irã.  Depois de unificar a população do planalto do Irã, os persas iniciaram a ampliação de suas fronteiras. Contando com cerca de 300 mil guerreiros, eles conquistaram os reinos da Lídia e da Babilônia e colônias gregas da Ásia menor.
O Império Persa, foi o maior império que o mundo já teve
Com a morte de Ciro em 530 a.C., Cambises, filho e sucessor, deu continuidade ao processo de ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C., conquistou o Egito – na Batalha de Peleusa – e anexou os territórios da Líbia.
A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa sem nenhum herdeiro direto. Depois de ser realizada uma reunião entre os nobres, Dario I, parente distante de Ciro, foi empossado como novo imperador persa.
Aproveitando da forte cultura militarista do povo persa, Dario I ampliou ainda mais os limites de seu reino, ao conquistar as planícies do rio Indo e a Trácia. O rei persa tentou conquistar a Grécia, contudo sua sequência de conquistas militares, foi interrompida em 490 a.C., quando os gregos venceram a Batalha de Maratona. Depois da tentativa fracassada de conquistar a Grécia por parte de Dário I, os sucessores Xerxes I e seu filho Artaxerxes tentaram novamente conquistar os gregos, mas não obtiveram êxito.

Uma administração eficiente
Ciro, além de ser um grande general, era conhecido por ser um grande administrador. Na Grécia os chamavam de “grande legislador” e os hebreus o chamavam de “o ungido de Deus”. Graças a estas habilidades, Ciro conseguiu estabilidade política sobre os povos conquistados. Isto foi possível mediante uma política de respeito aos costumes das populações conquistadas.
As regiões dominadas pelo império persa podiam manter sua religião e seus costumes. Ciro, também, estabeleceu acordos com a elite local, mantendo os antigos governantes em seus postos, mas exigindo deles lealdade e tributos.
Durante o governo de Dário, foram observadas diversas reformas políticas que fortaleceram a autoridade do imperador. A grande extensão dos domínios persas era um grande entrave para a administração imperial. Dessa forma, o rei Dario I promoveu importantes medidas administrativas:
Dárico, moeda persa
a) Dividiu o império em satrapias: implantando um processo de descentralização administrativa ao dividir os territórios em unidades menores chamadas de satrapias. Em cada uma delas um sátrapa (uma espécie de governante local) era responsável pela arrecadação de impostos e o desenvolvimento das atividades econômicas. Para fiscalizar os sátrapas o rei contava com o apoio de funcionários públicos que serviam como “olhos e ouvidos” do rei;
b) Unificou o sistema financeiro, criando uma moeda única, o dárico: assim, impediu que as satrapias tivessem suas próprias moedas;
c) Criou uma rede de estradas, assim o Império Persa garantiu sua hegemonia por meio da construção de diversas estradas (a Estrada Real, que ligava as cidades de Sadfres e Susa, tinha cerca de 2.700Km de extensão).
Ao mesmo tempo em que a rede de estradas garantia um melhor deslocamento aos exércitos, também servia de apoio no desenvolvimento das atividades comerciais. A cada 25 Km de distância, o que correspondia um dia de viagem, havia postos de descanso para os viajantes. Estes postos, também eram utilizados como sistema de correios, onde um mensageiro, levava a correspondência de um posto a outro. Assim, o poder central obtinha o controle sobre toda a região.

Troca de culturas
A imensidão do Império Persa, permitiu uma troca de culturas e saberes entre os povos administrados por eles. Devidos a isto, as técnicas agrícolas utilizadas no Egito, também foram utilizados pelos povos asiáticos. O arroz, cultivado na Índia, passou a ser plantado no Oriente Médio. O conhecimento hidráulico da Mesopotâmia foi utilizado para levar água das montanhas às regiões desérticas.

Religião

A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter eminentemente politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa entre os persas. O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas encontradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Ao invés disso, acreditava que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal.
Símbolo do zoroatrista, Persépolis, Irã 
Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser melhor compreendido no Zend Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro. Segunda essa obra, Ahura-Mazda era a divindade representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando o poder das trevas. Sem contar com um grande número de seguidores, o zoroastrismo ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia.

Sociedade

A sociedade persa era dividia em três grupos:
a) Os nobres: controlavam a terra e administração do palácio;
b) Os sacerdotes ou magos: respeitados por sua riqueza e sabedoria;
c) Os camponeses: que sobreviviam da agricultura e do pastoreio nas terras dos nobres e do rei.
Os persas tinham no comércio sua principal atividade econômica. Seus laços comerciais atingiam terras tão distantes como Egito, Fenícia, Chipre, Índia e a costa do mar Negro. O artesanato persa era muito valorizado, e era constituído especialmente de tecidos, armas, objetos esmaltados e joias.

Fim do império


Em 332 a.C. Alexandre, o Grande, imperador da Macedônia que já havia tomado a Grécia, aproveitou o momento de fraqueza dos inimigos persas e empreendeu uma grande batalha para dominar todo o território outrora conquistado por eles, suscitando no fim da hegemonia persa no Oriente Médio.







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