Os Hebreus
Os
hebreus têm sua origem na Mesopotâmia, no ano de 2000 a.C. eram um povo nômade,
que teria se deslocado por diferentes regiões da Ásia e da África.
Organizavam-se em grandes grupos familiares, cada uma delas comandadas por um
ancião, chamado de patriarca, por esta razão este período é chamado de
patriarcal. Originalmente os hebreus eram politeístas como os demais povos da
região na época.
Os Hebreus foram dominados pelos egípcios |
1. Origem
Um
período prolongado de seca em Canaã, na região hoje chamado de Oriente Médio,
fez com que os primeiros hebreus se deslocam-se até o Egito para fugir da fome,
que na época era governado pelos hicsos. Após a expulsão dos hicsos, os hebreus
foram acusados de colaborarem com o invasor sendo ali escravizados.
No
ano de 1250 a.C. o povo hebreu, liderados por Moises libertou-se da escravidão
no Egito e teria se estabelecido novamente em Canaã, então habitados por
filisteus, jebuseus, cananeus e vários outros povos.
A posse pela terra
A
posse de Canaã foi lenta e difícil. O sucessor de Moises, Josué, conduziu a
luta contra as alianças de cidades inimigas, ao Sul e ao norte, e as derrotou.
A maior parte das terras de Canaã passou então para o domínio das doze tribos
em que estavam organizados os descendentes de Israel. Com a fixação em Canaã,
os hebreus que se dedicavam a pecuária também passaram a dedicar-se a
agricultura.
Os Hebreus eram divididos em 12 clãs |
Organização social
A
organização social também sofreu transformações. As grandes famílias
agruparam-se em 12 tribos. Cada tribo era composta por famílias que se
consideravam aparentadas (Neftali, Dã, Rúben, Aser, Zabulon, Isacar, Manassés,
Efraim, Benjamim, Gade, Judá e Simeão). Cada tribo era comandada por um
conselho de anciãos, entre os quais se escolhia um líder principal. As terras
eram de propriedade coletiva de cada tribo. Porém algumas famílias de líderes
guerreiros acabavam concentrando para si as terras mais férteis.
2. O período dos juízes
Entre
os anos de 1200 a.C. e 1030 a.C. as 12 tribos formaram uma confederação. Cada
tribo mantinha seu conselho de anciãos, mas era escolhido um líder da
confederação, o juiz (geralmente cada juiz era um ancião da família mais
importante). O juiz atuava quando ocorriam crises, como guerras contra outros
povos e secas prolongadas. Entretanto, nas demais ocasiões, as principais
decisões continuavam a ser tomadas pelos conselhos dos anciãos. Entre os juízes
destacaram-se Sansão e Samuel. Foi nesta época que surgiram os líderes
religiosos pregando a crença em um único deus, unificando as tribos em torno da
religiosidade. Na base desta crença estava a ideia de que os hebreus eram o
povo escolhido por seu Deus, que teria prometido a eles o domínio da terra de
Canaã.
A
época dos juízes foi marcada por duas mudanças interligadas: o desenvolvimento
da agricultura, que permitiu uma produção constante de alimentos, e a criação
de aldeias e cidades, algumas delas com um grande número de habitantes. Essas
mudanças no modo de vida dos hebreus estiveram ligadas à necessidade de
ampliação de obras de interesse coletivo, como a construção de estradas e
poços. Já os frequentes combates contra os outros povos de Canaã se
relacionaram com a maior organização militar.
Sansão se destacou na defesa dos hebreus contra os filisteus |
O grande inimigo: os
filisteus
Os
filisteus eram oriundos da região do Mar Egeu e teria se instalado na Palestina
por volta do século XII a.C. Alí, os filisteus fundaram importantes cidades,
como Gat, Gaza, Askalon, Ashod e Ekron, que se destacavam pela produção de
cerâmica, pela metalurgia refinada e pela fabricação de azeite de oliva de alta
qualidade.
Sansão
foi fundamental na defesa do território contra os filisteus, já que o inimigo
era militarmente superior aos israelitas. Samuel foi o último juiz de Israel e
quem convocou a assembleia para escolha do rei.
3. A centralização política: monarquia
Considerando
as necessidades de reagir contra a invasão dos filisteus, no século XI a.C.
alguns juízes hebreus passaram a defender a centralização nas mãos de um rei.
Assim, um dos juízes, chamado Samuel, escolheu o juiz Saul, em 1030 a.C. para
ser o primeiro rei, dando início a monarquia.
Saul
governou entre 1030 a.C. e 1010 a.C. Nesse período, continuou a existir o
conselho dos anciãos, que era responsável por declarar guerra, firmar tratados
com outros povos e participar da celebração do culto ao deus Iavé.
Durante período monárquico os diversos clãs foram unificados em torno de um rei |
Reinado de Davi, e a
conquista de Jerusalém
Davi
era um harpista na corte do rei Saul, mas se destacou na guerra contra os
filisteus, no qual matou um guerreiro muito poderoso e forte e tamanho
avantajado chamado Golias. Por sua coragem, Davi ganhou fama e despertou a
inveja do rei Saul. O guerreiro acabou se casando com Micol, a filha do
monarca. Com a morte de Saul, Davi se tornou rei, entre os anos de 1010 a.C. a
971 a.C.
Davi
foi um grande administrado conquistou a cidade de Jerusalém, graças a seu
sangrento general Josué, fundada pelos jebuseus[1], transformou-a em capital do
reino. Ele teria levado para esta cidade a Arca da Aliança[2]. Davi também
expandiu as fronteiras por meio de inúmeras guerras, até mesmo contra os
filisteus, e fez alianças com as cidades fenícias.
Davi
além de grande governante, também se destacou na cultura dos hebreus. Além de
músico, também era poeta. Compôs uma série de versos conhecidos como Salmos de
Davi.
A
pós o reinado de Davi, o trono foi ocupado por um de sus filho, Salomão que ficou no poder entre 971 a.C. e 931 a.C.
Foi o auge do poder monárquico em Israel. Salomão, reforçou o exército, ampliou
a centralização do poder e dividiu o território das tribos em 12 províncias,
escolhendo os governantes de cada uma e reforçou a estrutura militar.
O suntuoso templo de Jerusalém, construído por Salomão |
Durante
seu governo, a agricultura continuou a ser uma atividade econômica importante,
mas o comércio e o artesanato tiveram grande crescimento. O rei firmou acordos
comerciais com reinos da Arábia e da África e investiu na mineração e em
oficinas de fundição. O rei ordenou a construção de obras hidráulicas, como
reservatórios para a irrigação, e aquedutos para o abastecimento de água.
A
principal obra de Salomão foi a construção, em Jerusalém, de um grande templo dedicado
a Iavé. Para financiar essas obras o rei
impôs ao reino altos de impostos, além de recrutar parte da população para
trabalhar nessas construções. Apesar de seu grande poder, Salomão também
enfrentou revoltas dos líderes tribais, que não aceitavam a centralização
política em Jerusalém.
Reinado de Roboão,
divisão do reino
Com
a morte de Salomão em 931 a.C., seu filho Roboão assumiu o reino e manteve a
política de altos impostos. Ocorreram lutas intensas entre as 12 tribos. Os
conflitos levaram ao fim da monarquia unificada, com a divisão do reino em 2:
Israel e Judá.
O
reino de Israel incluía as 10 tribos ao norte e tinha como capital Samaria. O
reino de Judá compreendia as tribos do sul e sua capital era Jerusalém. A
partir da divisão do reino em 2, a crença em um deus único, já bastante
difundida, ganhou mais força.
4. Os profetas
Entre
os anos de 900 a.C. e 700 a.C. surgiram nesses reinos vários profetas, que se
diziam inspirados por Deus. Eles previam castigos terríveis para Israel e Judá,
cujas populações teriam se afastado das leis de Iavé. Além disso, criticavam os
reis e seus altos funcionários por viverem no luxo e na riqueza, enquanto a
maioria da população estava mergulhada na pobreza. Essa desigualdade havia
crescido no governo de Salomão e aumentada com a divisão do reino.
Por
suas opiniões os profetas foram perseguidos pelas autoridades políticas e
religiosas. Contudo, conquistaram muitos seguidores, principalmente entre os
trabalhadores do campo e da cidade. Nesse período, alguns líderes locais e seus
familiares usaram seu poder para acumular grandes extensões de terras. Elas
eram arrendadas a agricultores em troca de parte da produção. Com a
concentração das terras nas mãos de grandes proprietários, muitos agricultores
proprietários de Judá e Israel passaram a viver do artesanato. Anteriormente
esta atividade era exercida apenas pelos estrangeiros.
Esses
acontecimentos acabaram gerando conflitos entre os hebreus e contribuíram para
enfraquecer os dois reinos, o que facilitou sua dominação por outros povos.
5. Dominação assíria
Em
722 a.C. o rei assírio Sargão II tomou a Samaria, capital de Israel, deportou a
população para os territórios assírios e levou estrangeiros para ocupar as
terras conquistadas.
Séculos
mais tarde a miscigenação a que foi submetida a população de Israel gerou
atritos entre esse reino e o de Judá. Como o povo das tribos que formavam o
reino de Judá não havia se misturado com outros povos no período, seus
descendentes não consideravam mais a população do reino de Israel como seus
parentes. Passaram a denomina-los de samaritanos, habitantes da Samaria,
capital de Israel. O povo de Judá passou a ser conhecido como judeu.
O hebreus foram dominados pelos babilônios |
6. O Cativeiro da Babilônia
O
reino de Judá resistiu mais tempo ao ataque de outros povos, perdurou até 586 a.C., quando caiu sob domínio babilônico. Os conquistadores , chefiados pelo rei Nabucodonosor, destruíram o templo
de Jerusalém e retiraram os habitantes de suas terras, levando-os como
prisioneiros para escravizá-los na Babilônia.
Quando
os persas conquistaram a Babilônia, em 539 a.C. os hebreus puderam retornar e
reconstruíram o Templo de Jerusalém. Os grupos que voltaram do exílio na
Babilônia passaram a ser chamados de judeus, em referência ao reino de Judá.
A
pós instalarem-se novamente em suas terras, os hebreus consolidaram o
monoteísmo. Os governantes proibiram o culto a outros deuses, fecharam os
santuários locais e concentraram os rituais em louvor a Iavé em Jerusalém. Nos
séculos seguintes, o território ocupado pelos hebreus foi dominado sucessivamente
por persas, macedônios, egípcios e finalmente pelos romanos.
No
ano 70 d.C. os romanos reprimiram uma rebelião dos judeus, destruíram e
saquearam o segundo Templo de Jerusalém, a maior parte dos judeus dispersou-se
então por várias partes dominados pelos romanos. Essa imigração passou à
história com o nome de diáspora judaica. Contudo, os hebreus permaneceram fiéis
ao monoteísmo e acabaram influenciando a religiosidade dos povos que os
dominaram.
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