segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Peste na Europa
Também chamada de peste bubônica, assim ficou conhecida a pandemia que, vinda da China em navios mercantes, entre 1347 e 1350, rapidamente se espalhou para diversos países com consequências desastrosas, reduzindo a população europeia em aproximadamente um terço (cerca de 25 milhões de pessoas).

1. A origem da peste
O causador da peste negra foi uma bactéria chamado Pasturella Pestis (descoberto posteriormente no final do século XIX) presente em roedores tais como ratos e suas pulgas (Xenopsilla cheopis). Estes foram os responsáveis pelo contágio de seres humanos. A peste era extremamente agressiva chegando a matar em três dias.
A peste negra é originária das estepes da Mongólia, onde pulgas hospedeiras da bactéria infectaram diversos redores que entraram em contato com zonas de habitação humana. Na Ásia, os animais de transporte e as peças de roupa dos comerciantes serviam de abrigo para as pulgas infectadas. Nos veículos marítimos, os ratos eram os principais disseminadores dessa poderosa doença. O intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente, reavivado a partir do século XII, explica a chegada da doença na Europa pelos portos mercantis de Gênova e Venesa.
Havia três formas da peste se manifestar:

a) Peste bubônica: a mais comum, que se caracterizava pela inflamação dos gânglios linfáticos do pescoço, virilhas e axilas,
b) Pneumônica: atacava os pulmões;
c) Septicêmica: atacava o sangue, ocasionando hemorragias em diversas partes do corpo.

A doença alastrava-se facilmente entre as pessoas através de espirros e tosse com pus e sangue. O aspecto dos doentes era horrível, os tumores secretavam sangue e pus, a urina, o suor, a saliva e o escarro apresentavam aspecto escurecido (daí o nome peste negra). Há relatos de que as pessoas acometidas pela peste fediam muito. Entre os sintomas é importante ressaltar a febre alta e dores fortíssimas.
Roupa que os médicos medievais utilizavam
A peste negra ficou conhecida na história como uma doença responsável por uma das mais trágicas epidemias que assolaram o mundo Ocidental. Essa doença afligiu tanto o corpo, quanto o imaginário de populações inteiras que sentiam a mudança dos tempos por meio de uma manifestação física. Devido à ignorância das pessoas naquela época, cogitava-se a possibilidade da peste ser um castigo de Deus. Assim como a Aids hoje, a peste negra foi considerada por muitos um castigo divino contra os hábitos pecaminosos da sociedade.
A peste não escolhia vítimas, morriam mulheres, crianças, nobres, clérigos e camponeses. Durante este período a produção agrícola e industrial diminui muito, houve escassez de alimentos e de bens de consumo. Os efetivos militares diminuíram, a nobreza empobreceu e ocorreu a ascensão da burguesia, que detinha a exploração do comércio. Todos estes fatores provocaram grandes mudanças sociais.
O contato humano com a doença desenvolve-se principalmente pela mordida de ratos e pulgas, ou pela transmissão aérea. Em sua variação bubônica, a bactéria cai na corrente sanguínea, ataca o sistema linfático provocando a morte de diversas células, e cria dolorosos inchaços entre as axilas e a virilha. Com o passar do tempo, esses inchaços, conhecidos como bubões, se espalham por todo corpo. Quando ataca o sistema circulatório, o infectado tem uma expectativa de vida de aproximadamente uma semana.
Além de atacar o sistema linfático, essa doença também pode atingir o homem pelas vias aéreas atacando diretamente o sistema respiratório. Essa segunda versão da doença, conhecida como peste pneumônica, tem um efeito ainda mais devastador e encurta a vida do doente em um ou dois dias. Em outros casos, a peste negra também pode atingir o sistema sanguíneo. Desprovida de todo esse conhecimento científico sobre a doença, a Europa medieval explicava e tratava da doença de formas diversas.
Desconhecendo as origens biológicas da doença, muitos culpavam os grupos sociais marginalizados da Baixa Idade Média por terem trazido a doença à Europa. Alguns registros da época acusavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros de terem disseminado os horrores causados pela peste negra. No entanto, as condições de vida e higiene nos ambientes urbanos do século XIV são apontadas como as principais propulsoras da epidemia.

Falta de higiene
Na época, as cidades medievais agrupavam desordeiramente uma grande quantidade de pessoas. O lixo e o esgoto corriam a céu aberto, atraindo insetos e roedores portadores da peste. Os hábitos de higiene pessoal ofereciam grande risco, pois os banhos não faziam parte da rotina das pessoas. Além disso, os aglomerados urbanos contribuíram enormemente para a rápida proliferação da peste. Ao chegar a uma cidade, a doença se instalava durante um período entre quatro e cinco meses.
Depois de ceifar diversas vidas, esses centros urbanos ficavam abandonados. Os que sobreviviam à doença tinham que, posteriormente, enfrentar a falta de alimentos e a crise socioeconômica instalada no local. Por isso, muitas cidades tentavam se precaver da epidemia criando locais de quarentena para os infectados, impedindo a chegada de transeuntes e dificultando o acesso aos perímetros urbanos. Sem muitas opções de tratamento, os doentes se apegavam às orações e rituais que os salvassem da peste negra.
Uma das causas da propagação da peste pela Europa
era a falta de higiene
A intensidade com que a epidemia afetou os centros urbanos europeus era bastante variada. Em casos mais extremos, cerca de metade de uma população inteira não resistia aos efeitos devastadores da epidemia. Estudiosos calculam que cerca de um terço de toda população europeia teria sucumbido ao terror da peste. Ao mesmo tempo em que a peste negra era compreendida como um sinal de desgraça, indicava o colapso de alguns valores e práticas do mundo feudal.
Na Idade Média, como não havia cura, as pessoas usavam vinagre pra tentar se defender, tendo em vista que tanto os ratos quanto as pulgas evitam seu cheiro. O número de mortos era tão grande que eram abertas enormes valas comuns. Com a descoberta dos antibióticos a doença antes tida como mortal, atualmente é facilmente controlada. São usados neste caso estreptomicina, tetraciclinas, clorafenicol, gentamicina e doxiciclina.

A grande fome
Entre 1315 e 1317, a produção agrícola europeia, que já era insuficiente, ficou ainda mais distante das necessidades alimentares da população. O esgotamento do solo, as fortes chuvas que castigaram a Europa em 1314 e 1315 e o clima mais frio foram as principais razões das más colheitas. A epidemia encontrou a população desnutrida e com o sistema imunológico fragilizado.
A falta de mão-de-obra causou a escassez de alimentos
A crise agrícola atingiu todas as camadas sociais. Como consequência das más colheitas, o preço dos cereais, principalmente o trigo aumentou e a população urbana sofreu com o desabastecimento e o aumento do banditismo. Nos campos, os senhores feudais passaram a explorara ainda mais os camponeses.

As consequências da peste negra
Diante do avanço da peste, as pessoas procuravam se isolar. Para isso, as cidades evitavam a entrada de estranhos, especialmente os oriundos das zonas afetadas. Testemunhos da época relatam atitudes de solidariedade. Várias pessoas se ofereciam para cuidar dos doentes ou para enterras os mortos, mesmo sabendo do riso que corriam.
A peste provocou a destruição de comunidades inteiras e um grave desequilíbrio social e econômico. Calcula-se que, até o ano de 1390, a peste tenha vitimado entre 20 e 25 milhões de europeus, o que equivale a um terço da população do continente na época. 
As principais consequências dessa tragédia foram a redução ainda maior da atividade econômica e o desabastecimento, tanto no campo quanto na cidade, promovendo mais miséria. Mesmo depois de a epidemia abrandar, milhares de pessoas continuaram morrendo devido à fome.
O poder da Igreja foi diminuída também, o papa que era infalível e sendo o representante de Deus na Terra, não conseguia com seu poder transcendental acabar com a peste na Europa. Isto contribui para os movimentos de contestação de do poder papal no século XVI.





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