Pós II Guerra
Com
o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o Partido Nazista foi declarado ilegal
e seus líderes presos e julgados por crimes contra a humanidade no Julgamentos
de Nuremberg, ante o Tribunal Militar Internacional (“International Military
Tribunal”- IMT) em 20 de novembro de 1945, na cidade alemã de Nuremberg. As potências vencedoras trataram de refazer a geopolítica mundial a partir de então.
1. As conferencias
para resolver o destino dos vencidos
Com
o fim da guerra, a URSS retomou a defesa da revolução comunista mundial,
submetendo o leste da Europa ao seu comendo, contra a vontade dos demais
aliados. Era o fim da aliança antinazista. Em fevereiro de 1945, os principais
líderes aliados voltaram a se encontrar, na cidade de Yalta, na URSS.
A Conferência de
Yalta
Conferência de Yalta, realizado ainda com a II Guerra em decurso |
Em
Yalta, estava em pauta a organização da Europa do pós-guerra. Apontando os rumos
do que iria ocorrer em grande parte do leste europeu, Stálin reivindicava a
manutenção do governo pró URSS que havia se estabelecido ba Plônia após a
expulsão dos nazistas. Ingleses e norte-americanos queriam que a população
polonesa elegesse um novo governo. Stálin concordou, mas conseguiu que a
definição do quadro europeu fosse adiada até a vitória final sobre o Eixo.
A conferência de
Potsdam
Em
julho a agosto de 1945, quando os líderes aliados se encontraram novamente em
Potsdam, na Alemanha, muita coisa já havia mudado. A Alemanha fora vencida e a
derrota do Japão se aproximava. O presidente dos EUA, agora era Harry Truman,
pois Roosevelt falecera. Churchill fora derrotado nas eleições parlamentares.
Como primeiro ministro inglês compareceu Clement Attlee.
Conferência de Potsdam quase levou a um novo conflito mundial |
Os
participantes foram os vitoriosos aliados, Estados Unidos, Reino Unido, França
e União Soviética, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha,
que se tinha rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de maio.
Os objetivos da conferência incluíram igualmente o estabelecimento da ordem
pós-guerra, assuntos relacionados com tratados de paz.
A
principal decisão desta conferência foi a divisão da Alemanha e da capital
Berlim em quatro zonas de ocupação: inglesa, francesa, norte-americana e
soviética. Apesar do acordo em torna da divisão da Alemanha a Conferência de
Potsdam foi tensa. Nos países do Leste europeu, libertados pelo Exército
Vermelho, os grupos comunistas de resistência ao nazismo iam, aos poucos
conquistado o poder, com o apoio dos soviéticos. Stálin desejava criar uma zona
de proteção entre o Ocidente capitalista e a URSS, facilitando a defesa em caso
de uma nova guerra.
Julgamento de Nuremberg
O Tribunal Militar Internacional (IMT), se instalou em 20 de novembro de 1945, na cidade alemã de Nuremberg a fim de julgar os crimes cometidos pelos nazistas durante a II Guerra Mundial.
Em Nuremberg os nazistas foram julgados por crimes de guerra |
O regulamento do Tribunal Militar Internacional foi elaborado pelas quatro potências vencedoras do conflito (URSS, EUA, Inglaterra e França), em Londres, no mês de agosto de de 1945, sendo julgados pelo Artigo 6º do Ato Constitutivo do IMT pelos seguintes crimes:
(1) Conspiração para cometer os atos constantes nas acusações 2, 3 e 4 definidas a seguir;
(2) Crimes contra a paz – definidos como a participação no planejamento e provocação de guerra em violação a vários tratados internacionais;
(3) Crimes de guerra – definidos como violações das leis e das regras internacionais acordadas para a deflagração de uma guerra;
(4) Crimes contra a humanidade – "ou seja, assassinato, extermínio, escravização, deportação e qualquer outro ato desumano cometido contra quaisquer populações civis, antes ou durante a guerra; ou perseguição baseada em questões políticas, raciais ou religiosas, na execução de ou em conexão com qualquer crime sob a alçada deste Tribunal, estejam ou não violando as leis dos países onde sejam perpetrados".
O Tribunal, ofereceu o amplo direito de defesa aos acusados. Os principais nomes do genocídio humano, como Hitler, Himmler e Goebbells tinham cometido suicídio ao final da guerra e não estavam presentes. Coube ao IMT, julgar os oficias nazistas que foram capturados durante a invasão aliada na Alemanha.
Os
quatro principais promotores do Tribunal Militar Internacional – Robert
H. Jackson (Estados Unidos), Francois de Menthon (França), Roman A. Rudenko
(União Soviética), e Sir Hartley Shawcross (Grã-Bretanha) – apresentaram as
acusações contra 24 oficiais da alta liderança nazista. Os acusados incluíam:
- Hermann Göering, herdeiro indicado por Hitler;
- Rudolf Hess, vice-líder do
Partido Nazista;
- Joachim von Ribbentrop, ministro das relações exteriores;
- Wilhelm Keitel, chefe das forças armadas;
- Wilhelm Frick, ministro do
interior;
- Ernst Kaltenbrunner, chefe das forças de segurança;
- Hans Frank, governador-geral da Polônia ocupada;
- Konstantin von Neurath, governador da
Boêmia e da Morávia;
- Erich Raeder, chefe das forças navais;
- Karl Doenitz, sucessor de Raeder;
- Alfred Jodl, comando das forças armadas;
- Alfred
Rosenberg, ministro dos territórios ocupados do leste;
- Baldur von Schirach, chefe da Juventude Hitleriana;
- Julius Streicher, nazista, editor antissemita
radical;
- Fritz Sauckel, chefe da alocação de trabalhadores escravos;
- Albert
Speer, ministro de armamentos;
- Arthur Seyss-Inquart, comissário para a
Holanda ocupada;
- Martin Bormann, ajudante de Hitler, foi julgado in absentia.
Hermann Göerring suicidou-se com cianureto, momentos antes de sua execução |
Até o dia 01 de outubro de 1946, foram ouvidos mais de duzentos e quarenta depoimentos. Muitos dos ouvidos confessaram os crimes, mas alegaram que estavam apenas "cumprindo ordens de seus superiores". Ao final dos julgamentos, 12 foram sentenciados a pena de morte: Goering,
Ribbentrop, Keitel, Kaltenbrunner, Rosenberg, Frank, Frick, Streicher, Sauckel,
Jodl, SeyssInquart e Bormann; 3 foram condenados à prisão perpétua: Hess, o ministro da fazenda Walther Funk, e
Raeder; 4 receberam penas de 10 a 20 anos de prisão: Doenitz, Schirach,
Speer e Neurath.
As execuções foram realizadas na manhã do dia dia 16 de novembro de 1946. Göering cometeu suicídio pouco antes de sua execução, e Bormann estava desaparecido. Os
outros 10 acusados foram enforcados, seus corpos cremados e suas cinzas colocadas no Rio Isar.
Houveram 3 absolvições: Franz von Papen, opositor aos nazistas ates de assumirem o poder na Alemanha, mas aliou-se após sua ascensão; Hans Fritzsche, homem de confiança de Goebbels e Ministro da Propaganda; Hjalmar Schacht, banqueiro alemão qua ajudou na recuperação econômica da Alemanha na década de 1930, após passou a compor a resistência aos nazistas, participando inclusive de um atentado contra Hitler, sendo mandado a um campo de concentração.
Muitos oficiais nazistas conseguiram fugir e não foram ouvidos. Simon Wiesenthal, o mais famoso "caçador de nazistas", encontrou escondido na Argentina Adolf Eichmann, que ajudou a planejar a deportação de vários judeus para a Alemanha. Eichmann foi levado para Israel, e condenado culpado e executado em 1962.
2. O fim da hegemonia
europeia
Até
os anos de 1930, a Europa comandava os destinos do mundo. Os produtos das
grandes indústrias europeias espalhavam-se pelo planeta, e vastas áreas da
África, Ásia e Oceania estavam sob domínio europeu.
Após a II Guerra Mundial, o mudo mergulhou na bipolarização entre URSS x EUA |
A
destruição causada pele guerra mudou esse quadro. Uma quantidade enorme de
pessoas havia morrido. Inúmeros centros urbanos, plantações, indústrias e
linhas de transporte estavam destruídos. A penúria europeia impedia ainda a
manutenção dos impérios coloniais, que lutavam por sua independência. Era o fim
da hegemonia da Europa no mundo.
O mundo bipolar
O
fim do domínio europeu tornava necessária a criação de uma nova ordem
internacional. Desde 1943, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt
defendia a criação de um organismo internacional que coordenasse ações
conjuntas visando o bem de toda a humanidade.
Essa
organização tornou-se realidade a partir de junho de 1945, quando
representantes de cinquenta países reuniram-se na cidade de São Francisco
(EUA), para fundar a ONU. Contudo os esforços da ONU para manter o mundo em
harmonia, unindo os países em torno de um ideal de paz e progresso, foram
suplantados pelas ambições das duas novas superpotências: EUA e URSS. Surgia
então um sistema bipolar, no qual a hegemonia mundial passou a ser disputada
pelos dois únicos polos de poder capazes de intervir no demais países, economicamente
e militarmente.
3. A ascensão da URSS
A
URSS saiu fortalecida da guerra. Apesar do grande número de mrotos e da
destruição de muitas cidades, fábricas e plantação, o enorme esforço
empreendido para vencer o inimigo nazista fez surgir um novo e diversificado
parque industrial. E o Exército Vermelho, reequipado, torna-se uma das mais
temíveis forças armadas do planeta.
Terminada
a guerra, restava a Stálin decidir o que fazer com tamanho poderio militar. Seu
principal plano era criar, no Leste europeu, uma barreia natural composta de
países comunistas que impedisse uma nova invasão do território soviético, o que
quebrava os compromissos assumidos em Yalta e Potsdam.
O avanço comunista e
a “cortina de ferro”
Em
março de 1946, Winston Chuchill previu que em pouco tempo se formaria uma
“cortina de ferro” na Europa, dividindo o continente entre países socialistas e
capitalistas.
A
previsão foi confirmada: entre 1946 e 1949, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia,
Romênia, Bulgária, Albânia e Iugoslávia tornaram-se socialistas, implantando a
ditadura do proletariado e alinhando-se à URSS. Apenas Tito romperia com
Stálin, em 1948, mantendo a Iugoslávia independente de Moscou, mas sob o regime
socialista.
Os
ideais internacionalistas da revolução socialista, a eclosão em 1946, da guerra
civil entre nacionalistas e comunistas na China e a presença de poderosos
partidos comunistas em países como a França e a Itália punham em risco a
sobrevivência do capitalismo. A situação começava a incomodar não só os EUA,
como também os demais governos de países capitalistas.
4. O intervencionismo
norte-americano
A
reação do mundo capitalista diante do avanço comunistas no pós-guerra foi
comandada pelos EUA.
Poupados
dos bombardeios em suas cidades e da invasão de seu território, os
norte-americanos, que desde a I Guerra já se firmavam como grande potência
mundial, puderam adaptar sua indústria bélica para fabricar bens de consumo,
como aviões comerciais, automóveis e eletrodomésticos. Em poco tempo, a Europa
destruída, que por décadas exportava bens industriais, foi invadida por
produtos norte-americanos.
A
hegemonia norte-americana não se limitava, porém, à economia: ela se
manifestava na política e na cultura.
A “polícia do
capitalismo”
Em
1947 os EUA assumiram explicavelmente seu papel de potência líder do mundo
capitalista. Em março desse ano, o presidente Harry Truman anunciou a
disposição de defender os países capitalistas do perigo comunistas, financiando
governos e exércitos onde se fizesse necessário. Estava lançada a Doutrina
Truman.
Os
alvos imediatos da doutrina era a Grécia e a Turquia. Na Grécia, o antigo grupo
comunista de resistência aos nazistas lutava para tomar o poder. A Turquia, por
sua vez, encontrava-se sob pressão da URSS, que desejava controlar a passagem do
mar Negro, onde se concentrava parte do poder naval soviético, para o
Mediterrâneo.
Noa
anos que se seguiram, a Doutrina Truman embasou intervenções norte-americanas
cada vez mais diretas em inúmeros países.
O Plano Marshall
O
governo Truman acredita igualmente que o combate ao comunismo dependia da
reconstrução dos países que tiveram sua estrutura destruída com a guerra. A
ideia era que, oferecendo empregos, nova infraestrutura e bons salários ao povo
desses países, o capitalismo provaria sua eficácia e os movimentos que
pretendiam eliminá-lo perderiam força.
Em
junho de 1947, o secretário de Estado norte-americano, George Marshall, propôs
um plano de ajuda econômica aos países europeus arrasados pela guerra. O Plano
Marshall permitiu aos norte-americanos emprestar bilhões de dólares à Europa,
reativando a economia e ampliando a influência capitalista no Oeste do
continente.
O capitalismo armado
Em resposta ao bloqueio de Berlim a à consolidação dos governos comunistas do Leste europeu, os EUA propuseram a criação de um organismo, de caráter militar, que protegesse os países capitalistas europeus de qualquer agressão vinda dos países da “cortina de ferro. ”
Em abril de 1949 foi criado o Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar que, na prática, reforçava a hegemonia norte-americana na Europa, Doze países assinaram o tratado: dez europeus, os EUA e o Canadá.
5. Em defesa do
socialismo
A
URSS reagiu prontamente à mudança de política dos EUA, que com a Doutrina Truman,
passou a caracterizá-la como inimiga. A primeira atitude foi impedir que os
países socialistas sob seu comando tomassem empréstimos do Plano Marshall.
Em
seguia a URSS passou a disputar o controle integral de Berlim com os Aliados,
realizando, em junho de 1948, o bloqueio terrestre do lado Ocidental da capital
alemã. Os Aliados abasteceram a cidade de gêneros como alimentos, medicamentos,
combustíveis e roupas por via aérea durante onze meses, até que os soviéticos
desistiram do bloqueio.
Em
janeiro de 1949, a URSS criou um órgão de ajuda e planejamento econômico
voltado para os países socialistas, o Comecon (Conselho Econômico e Assistência
Mútua), que tinha o objetivo de integrar os sistemas produtivos das nações
socialistas, segundo suas potencialidades.
O Pacto
de Varsóvia, surgiu em 1955, como resposta a OTAN, era comandado pela União
Soviética e defendia militarmente os países socialistas. Tendo: URSS, Cuba,
China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Albânia,
Tchecoslováquia e Polônia.
Duas Alemanhas
Muro de Berlim, dividiu fisicamente a Alemanha |
A
disputa entre capitalistas e comunistas impediu a reunificação dos territórios
do antigo Reich. Em maio de 1949 as áreas inglesa, francesa e norte-americana
uniram as zonas que controlavam desde o fim da guerra e restituíram sua
autonomia, transformaram-se na República Federal da Alemanha ou RFA, (em
alemão: Bundesrepublik Deutschland ou BRD) também conhecida como Alemanha
Ocidental, com capital na cidade de Bonn.
Em
outubro de 1949, foi a vez de a parte soviética ganhar autonomia, transformou-se
na República Democrática da Alemanha ou RDA (em alemão Deutsche Demokratische
Republik ou DDR), a Alemanha Oriental, que instalou sua capital pa porção Leste
de Berlim.
A
Alemanha dividida foi, durante décadas, o maior símbolo da disputa de poder
entre EUA e URSS. E na hostilidade mútua, alimentada pelas duas potências,
ficou conhecido como Guerra Fria.
- I Guerra Mundial
- Regimes Totalitários na Europa
-II Guerra Mundial
- Guerra Fria
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