A expansão ultra marina europeia
Algumas cidades italianas detinham o controle quase
absoluto das rotas comerciais. Cidades como Gênova e Veneza abasteciam os
mercados europeus com produtos do Oriente, como especiarias (cravo, canela,
pimenta, gengibre, noz moscada, seda, etc.). Essas mercadorias eram levadas por
terra para o Norte da Europa, em particular para a o Norte da França e os
países Baixos, para serem negociados com grandes mercadores.
No século XIV, no entanto, diante dos conflitos
relacionados a Guerra dos Cem Anos e da disseminação da peste negra, muitas
estradas ficaram perigosos e intransitáveis. Nesse momento, os mercadores
italianos começaram a romper os limites do Mediterrâneo em busca de novas rotas
marítimas.
1. A partilha do mundo entre Portugal e Espanha
A expectativa de conquistas novas terras desencadeou
uma série de conflitos entre Portugal e Espanha. Na segunda metade do século
XV, ambas as nações reivindicam o direito de posse sobre as terras encontradas
ou a encontrar fazendo diversos acordos.
Portugal, que sabia que existia terras além da África,
pressionou a Espanha a assinar o Tratado de Tordesilhas em 1494. Este acordo
foi celebrado entre os reis D. Manuel I, de Portugal, e D. Fernando II da
Espanha, na presença do papa Alexandre VI, em que se comprometiam a
cristianizar as novas terras estendendo o domínio católico para fora da Europa.
Em troca a Igreja reconhecia que todas as terras até 370 léguas a Oeste de Cabo
Verde seriam portuguesas e as terras além desse meridiano, seriam espanholas.
Com a assinatura deste acordo Portugal e Espanha
assumiram o monopólio da oferta de especiarias asiáticas e dos recursos
oriundos da América. Portugal, no entanto, não dispunha de recursos suficientes
para explorara eficazmente o enorme comércio asiático-europeu e perdeu seu
controle nesses mesmo século. Isso fez a coroa decidir-se pela ocupação da
costa brasileira para garantir sua posse.
A Espanha impôs seu domínio na região, através das
guerras de conquista contra os povos americanos existentes até então. Seu
principal motivo para a ocupação foi a exploração de matas preciosos (prata e
ouro).
2. Pioneirismo
português
Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV
e XVI devido a uma série de condições encontradas no país ibérico. Primeiro dos reinos modernos a se formar com o
Rei Afonso I, no ano de 1139, propiciou um certa estabilidade política a
Portugal. Enquanto os demais países europeus estavam em formação, Portugal
firmava-se como reino soberano, desenvolvendo-se internamente.
Situação geográfica privilegiada, voltada para o mar,
garantiu-lhes grande experiência em navegações, ao mesmo tempo que se
preocuparam em desenvolver estudos.
Os
portugueses chegaram a criar até mesmo um centro de estudos: A Escola de
Sagres. Domínio de equipamentos e técnicas de navegação que Portugal tinha
aperfeiçoado as técnicas árabes.
As embarcações
lusas comercializavam em diferentes portos do norte da Europa, como Londres
(Inglaterra) e Antuérpia (Bélgica). A pesca de bacalhau, também propiciou à
Portugal conhecimentos náuticos. Tecnologia superior portuguesa com as s
caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram
desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com
uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e
também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar.
Graças ao comércio ocorreu o aumento do poder econômico dos mercadores
portugueses.
Contato com os texto antigos de viagem que desde o
século XII e XIII voltaram a ser lidos, destacando-se a aventuras de Marco Polo
(descreviam uma longa viagem por mar e terra até a China e desta até o Golfo
Pérsico, por mar, passando pelas costas da Índia, o que mostrava a
possibilidade de fazer tal percurso via mar).
Planejamento das Navegações
Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito
arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito
comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época.
Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros
tinham uma visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar para o
"fim" a caravela poderia cair num grande abismo[1].
Dentro deste contexto, planejar a viagem era de
extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação
como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos
utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também era necessário utilizar um meio de transporte
rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem
naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes
quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros,
soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o
que acontecia durantes as viagens.
A expansão marítima portuguesa
No início do século XIV, os portos portugueses já
haviam adquirido um papel importante no comércio de especiarias e artigos de
luxo trazidos do Oriente. Os comerciantes portugueses, porém, enfrentavam a
concorrência dos mercadores italianos e flamengos, que monopolizavam a rotas
comerciais do Mar Mediterrâneo e a distribuição desses produtos pela Europa.
Os portugueses deram início, então, a busca de novos
entreposto comerciais e rotas para as Índias[2]. Dessa forma, ele poderiam adquiri as mercadorias
diretamente no Oriente, a preços mais baixos.
Além das razões econômicas, a expansão portuguesa
também foi incentivada pelo ideal cruzadista. Em 1415, os portugueses combateram
os muçulmanos e, estabeleceram seu domínio sobre Ceuta, um importante
entreposto comercial no Norte da África. A partir de então, os portugueses
contornaram a África, estabeleceram por toda a costa feitorias e fortificações
militares, dando início ao périplo africano[3].
A procura de um caminho para as Índias
Em 1453, a cidade de Constantinopla foi conquistada
pelos turcos otomanos. O controle turco das rotas que ligavam o Mediterrâneo ao
Oriente obrigou os portugueses a intensificar suas viagens oceânicas, em busca
de uma nova rota comercial.
No reinado de D. João II (1485-1495) os portugueses
alcançaram e cruzaram o extremo Sul africano, denominado de Cabo das Tormentas.
Depois da a travessia de Bartolomeu Dias em direção ao Oceano Índico. Em 1488,
o local foi rebatizado de cabo da Boa Esperança, por estar na rota das Índias. Em
1498, durante o reinado de D. Manuel, Vasco da Gama desembarca em Calicute, na
Índia. Sua viagem durou dez meses e deu a Portugal o controle sobre o comércio
das mercadorias orientais, superando o antigo monopólio italiano.
Viagem de Pedro Álvares Cabral
O próximo passo da Coroa portuguesa foi instalar um
entreposto comercial em Calicute para garantir o comércio de Portugal com o
Oriente. A tarefa coube ao navegador Pedro Álvares Cabral, que partiu de Lisboa
em 6 de março de 1500 em direção às Índias. Entretanto, antes de chegar a seu
destino, Pedro Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao território americano,
no litoral do Nordeste, na atual Bahia do que viria a ser o Brasil em 22 de abril do mesmo ano.
A alta lucratividade do comércio com o Oriente e a
escassez de metais e pedras preciosas nas áreas exploradas inicialmente na
América, levaram a Coroa portuguesa a ter pouco interesse em investir na
ocupação das terras encontradas pela expedição de Cabral.
As possessões portuguesas na Ásia
Depois de estabelecer colônias na África e chegar à
Índia e à América, os navegadores portugueses prosseguiram em suas viagens
marítimas e chegaram ao extremo Oriente. Aportaram em Goa, Cantão, Ilhas
Moloucas, Macau e Japão, onde se estabeleceram em 1557. Formou-se assim um
vasto império ultramarino português.
Dessa forma, já nos primeiros anos do século XVI, a
cidade de Lisboa iria se transformar num dos mais importantes centros
econômicos da Europa.
As feitorias
A Coroa portuguesa estabeleceu feitorias nas diversas
regiões que dominou. Essas instituições existiam desde a idade Média e
funcionavam como representantes do poder português em regiões fora de Portugal,
como as feitorias estabelecidas em Bruges e em Antuérpia.
Na África, os feitores negociavam com as realizas
locais e tiveram papel importante na compra de escravos, marfim e ouro e na
venda de armas de fogo, utensílios de ferro, aguardente e tabaco.
No Índico, além de funcionarem como postos
diplomáticos e centros comerciais, as feitorias eram postos militares de
combate à pirataria. O objetivo era conter o contrabando de mercadorias
orientais de alto valor, como objetos de luxo e especiarias.
2. As navegações espanholas
A Espanha também se destacou[4] nas conquistas marítimas,
lançando-se ao mar quase oitenta anos depois que os portugueses, tornando-se,
ao lado de Portugal, uma grande potência ltramarina. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias
contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho.
Uma série de acontecimentos políticos, decorrentes das
guerras contra os árabes, tornara possível a expansão marítima espanhola. No
entanto foi só com o casamento de Fernando II, do reino de Aragão, com Isabel
I, do reino de Castela, em 1469, que se acelerou o processo de centralização
política, que culminou no anos de 1492, com a tomada de Granada, expulsando
definitivamente os muçulmanos da Península Ibérica. Neste mesmo ano, os reis
católicos financiaram a viagem do Genovês Cristóvão Colombo e iniciou seu
processo expansionista.
O navegador italiano pretendia atingir o Oriente
navegando para o Ocidente, defendendo a ideia que a Terra tinha forma esférica
e possuía mares navegáveis. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas de San
Salvador, na América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente.
Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio, com bases
cartográficas, identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não
conhecido dos europeus.
Outras viagens de Colombo
Bem-sucedido, Colombo retornou à Espanha e reuniu
dezessete navios para refazer a viagem. Mas, de volta às ilhas, crescia nos
homens que o acompanhavam o sentimento de frustação por não encontrarem as tão
sonhadas riquezas. Colombo faria ainda duas outras viagens às terras que encontrara.
Chegou a visitar a costa da América Central, onde teve notícias de um outro
grande oceano – o Pacífico- e de uma rica civilização existente nas
proximidades.
Cristóvão Colombo faleceu pouco depois, em 1506, na
Espanha, aos 55 anos de idade. Morreu só e desacreditado, criticado por
organizar um grande empreendimento que não rendeu à Espanha os lucros
desejados. O reconhecimento e a glória por chegar a um continente vasto e
desconhecido dos europeus viria anos depois. Foi o florentino Américo Vespúcio,
poucos anos depois, quem sugeriu ser aquele um novo continente.
Novas expedições
A repercussão da viagem de Colombo estimulou a Coroa
espanhola a organizar novas expedições. Em 1499, os irmãos Pinzón chegaram ao
Rio Amazonas, depois de alcançarem a costa da atual Guiana. Juan de Solis
percorreu a costa de Honduras. Alonso Ojeda e Juan de la Costa fizeram o
reconhecimento das terras que hoje corresponde a Venezuela. Vasco Balboa
atravessou o Panamá pela selva e chegou ao Pacífico.
Viagem de Fernão de Magalhães
Em 1519, o navegador português Fernão de Magalhães. A
serviço da Espanha, partiu com uma frota de cinco embarcações com o objetivo de
percorrer toda a parte sul do Atlântico em busca de uma passagem para o
Pacífico.
Viajando por uma área até hoje considerada bastante
perigosa por causa das geleiras, Magalhães encontrou passagem por um estreito,
que recebeu seu nome, no extremo sul do continente americano.
A expedição prosseguiu em direção às Filipinas, onde
Fernão foi morto por um nativo. Sebastião Elcano assumiu o comando da frota e,
navegando pelo Índico e novamente pelo Atlântico, retornou à Espanha em 1522,
com apenas 18 sobreviventes de um total de 200 homens. A expedição de Magalhães completara a
primeira volta ao mundo por via marítima, comprovando a esfericidade da Terra.
3. A expansão marítima inglesa, francesa e holandesa
Inglaterra e França só se lançaram à corrida
ultramarina depois de superarem as dificuldades vividas nos dois séculos da
Idade Média (Guerra dos cem anos e Guerra das duas rosas).
Desde o século XV o mundo além-mar já estava dividido
entre espanhóis e portugueses. Os monarcas tanto da França quanto da Inglaterra
contestavam a legitimidade do tratado de Tordesilhas, iniciando um confronto
com o domínio ibérico, tanto por meio da invasão de seus territórios como da
pirataria.
Inglaterra
A Inglaterra conseguiu estabelecer seu domínio sobre a
costa Norte do continente americano por meio de viagens de Giovanni caboto
(John Cabot), patrocinadas pelo rei Henrique VIII. Tal região, porém, não
oferecia grandes vantagens comerciais. No reinado de Elizabeth I, destacou-se o
corsário Francis Drake, que comandava constantes ataques a galeões espanhóis
carregados de ouro e prata vindos da América.
Durante a segunda metade do século XVII, os ingleses
empreenderam a colonização da América do Norte, constituindo as 13 colônias. Na
parte mais setentrional (Norte) na América do norte, a colonização foi bastante
diferente, dos ibéricos e das ingleses nas 13 colônias.
França
Os franceses dirigiram-se para o Norte da América e
compartilharam o território com os ingleses. Fixaram-se especialmente onde hoje
é o Canadá. Em 1534, Jacques Cartier declarou a posse da França sobre a região
do rio São Lourenço e, em 1608, os franceses fundaram a atual cidade de Québec.
Em 1555, os franceses tentaram tomar a baía da
Guanabara dos portugueses. Sob o comando de Nicolau Durand de Villegaignon,
invadiam a região, onde pretendiam fundar a França Antártica. Foram expulsos em
1567 pelas forças lusas. Em 1612, tentaram novamente: desembarcaram no Maranhão
e fundaram a França Equinocial, sendo expulsos em 1615, após perderem São Luís,
em 1614 para os portugueses e seus aliados, os índios Tremembés.
Holanda
Os holandeses só saíram no processo de expansão
marítima europeia na primeira metade do século XVI e ampliaram sua atuação
quando obtiveram sua independência em relação a Espanha, na década de 1580. As
companhias de navegação holandesas haviam enriquecido com o comércio de bens
manufaturados daquela região, além do pescado e de cereais provenientes do Mar
Báltico. Assim, empreenderam longas viagens marítimas para aumentar seu
comércio e participar das grandes rotas comerciais.
Durante 24 anos estiveram em Pernambuco. As chamadas
invasões holandesas no Nordeste da América Portuguesa estiveram vinculas a
união Ibérica (1580-1640) e à guerra de independência que as Províncias Unidas
dos países baixos moveram contra a Espanha.
Seu papel mais importante foi o de financiar a empresa
colonial portuguesa no Brasil e o comércio de especiarias do Oriente. A Holanda
recebia parcela significativa de lucros do comércio colonial português,
controlava vastas áreas e atuava no comércio de especiarias e no tráfico de
escravos africanos. Dessa forma, passou a ocupar, no início do século XVII, a
posição de grande potência naval europeia.
Além disso, o país estabeleceu seu domínio comercial
sobre diversos territórios na África (Região do cabo da Boa Esperança) e na
Ásia (Java, Ceilão e Nova Guiné). Na américa, os holandeses fundaram Nova
Amsterdã (Nova Iorque hoje).
[1] O espírito aventureiro dos marinheiros juntamente com o espírito
cruzadista estimulavam estas pessoas a lançaram-se em auto mar.
[2] Nome dado aos europeus às terras do Oriente, entre elas a Índia, China
e Japão.
[3] Vigem de contorno ao longo da costa africana, instalando possessões e
entrepostos portugueses que acabaram facilitando o estabelecimento do caminho
rumo às Índias.
[4] Mas vale ressaltar que a Espanha não tinha tradição de navegação que
Portugal já possuía.
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