Os regimes totalitários na Europa
Na Europa do pós-guerra, a insatisfação popular era
grande. Havia em alguns países desemprego, a carestia e a inflação. Os anos
1930 foram marcados pela forte intervenção do Estado na economia em virtude da
crise de 1929. Essa intervenção criou condições, em alguns casos, para que o
Estado controlasse todos os setores da vida social, política, cultural e
econômica. Com ascensão de governos militaristas e autoritários, sobretudo na
Europa.
1. A crise italiana e o fascismo[1]
A Itália que havia terminado a I Guerra Mundial ao
lado dos vencedores, mas o sentimento era de derrota. Sentiu-se prejudicada,
porque havia se endividado economicamente e perdido muitos saldados no
conflito. França e Inglaterra haviam prometido redistribuir o mercado colonial
africano e asiático, porém isso não foi cumprido, o que desagradou enormemente
à Itália.
A crise dos EUA fizera com que, na Itália, muitas
pessoas questionassem os regimes democráticos e a liberdade econômica. E o
clima de frustação e de desorganização social e econômica permitiu que
movimentos antiliberais emergissem.
Um desses movimentos foi o socialismo, que pregava a
necessidade de uma revolução baseada nas conquistas ocorridas na URSS.
Outra tendência política era o fascismo. Os fascistas
eram conservadores e ultranacionalistas. Contrários aso socialismo e a qualquer
outra manifestação de esquerda, defendiam a centralização do poder como único
modo de superar a crise econômica.
A Marcha sobre Roma
Em 1919, em Milão, Benito Mussolini[2] fundou o Partido Fascista.
Os fascistas conseguiram o apoio da burguesia italiana, pois prometiam
reorganizar o capitalismo. Em 1922, Mussolini, diante da crise econômica e política
italiana, fez o assalto ao poder. Com os camisas negras, marchou sobre Roma
exigindo o poder. O rei Vítor Emanuel III cedeu à pressão e o líder fascista
tornou-se primeiro ministro.
No poder, os fascistas estabeleceram uma estrutura
corporativa que vinculava os sindicatos ao estado, o que permitia o controle de
manifestações de oposição e greves.
Nas escolas, os livros didáticos passaram a ser
definidos pelo governo. Os professores eram obrigados a jurara fidelidade ao
regime. Em 1928, as transmissões de rádio tornaram-se monopólio estatal. A
economia e os níveis de emprego melhoraram, mas os salários se ativeram baixos,
embora os lucros dos empresários tivessem crescido.
O fascismo foi de certa forma o resultado de um
sentimento geral de ansiedade e medo dentro da classe média na Itália do
pós-guerra, que surgiu no seguimento da convergência de pressões
inter-relacionadas de ordem económica, política e cultural.
O fascismo procurou estabelecer um novo sistema
político e económico que combinava o corporativismo, o totalitarismo,
nacionalismo e anticomunismo num estado voltado a unir todas as classes num
sistema capitalista no qual o estado detinha o controle da organização de
indústrias vitais. Sob a bandeira do nacionalismo e poder estatal, o Fascismo
parecia buscar o glorioso passado romano.
O feito político mais duradouro deste regime foi
talvez o Tratado de Latrão de Fevereiro de 1929 entre o estado italiano e a
Santa Sé, pelo qual ao Papado foi concedida a soberania sobre a Cidade do
Vaticano e recebeu a garantia do livre exercício do Catolicismo como a única
religião do estado em toda a Itália e o apoio do clero italiano aos fascistas.
2. A crise alemã e o nazismo
A derrota alemã na 1ª Guerra e a humilhação decorrente
do Tratado de Versalhes foi marcado por altos índices de desemprego, inflação e
falências. Além disso o estado precisou recorrer ao capital estrangeiro para
reconstruir a nação e quitar as dívidas decorrentes do Tratado.
Com o fim do Império alemão, foi criada a república de
Weimar. Seus representantes assinaram o Tratado e por isso foram criticados
pelos nacionalistas alemães. Com o aumento da crise econômica, crescia a
insatisfação.
Na Alemanha também surgiu movimentos políticos que
pretendiam tomar o poder e contornar a crise. Em 1919, um levante de esquerda
foi reprimido. Nesse mesmo ano, foi o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão:
Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP), mais conhecido como
Partido Nazista[3],
de tendência conservadora e nacionalista.
O programa nazista
Os nazistas creditavam à democracia e ao liberalismo a
culpa pela crise alemã. Segundo eles, a divisão da sociedade em partidos
políticos e em instituições livres atrasavam a tomada de decisões do estado.
Era necessário uma reorganização do estado para recuperar o que fora perdido
com o Tratado de Versalhes.
A chegada ao poder
Adolf Hitler tornou-se o chefe do partido em 29 de
julho de 1921 e mudou seu nome para Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães (o NSDAP) e adotou a suástica ou “Hakenkreuz” (“cruz
curva”) como símbolo do Partido usado na bandeira, distintivos e braçadeiras.
Um grupo paramilitar chamado de Seção de Assalto (Sturmabteilung, a SA) foi
fundada naquele mesmo ano, e começou uma política de expansão do partido
nazista através da intimidação e ataques violentos a outros partidos políticos.
O desastre para o partido nazista aconteceu em 1923,
quando os nazistas tentaram tomar o poder do governo da Baviera em um golpe,
conhecido como o “Putsch de Munique” ou “da cervejaria”, que foi esmagado pelas
autoridades de Munique. Hitler e seus conselheiros foram julgados e presos por
traição.
Entre 1923 e 1925, Hitler escreveu seu Livro Mein
Kampf (Minha Luta), Hitler fundamenta o nazismo: o nacionalismo exacerbado, a
superioridade da raça branca ariana (antissemitismo), o totalitarismo, o
anticomunismo e o princípio do espaço vital (Lebensraun) – o domínio de
territórios necessários para o desenvolvimento alemão.
Hitler acusava os judeus de serem responsáveis pela de
cadência dos alemães. Os judeus eram considerados uma “raça” inferior que
deveria ser exterminado para a pureza racial alemã (descendente da “raça”
ariana) fosse preservada. Para os arianos pudessem se desenvolver, era
necessário um espaço vital, ou seja, era preciso expandir o território alemão.
Em seguida à liberação de Hitler, em 1925, o NSDAP foi
refundado. As eleições de 1932 da República de Weimar, fizeram com que o
Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) fosse o de maior
representação no Reichstag. Com a maioria nazista no Reichstag (o Parlamento
alemão), Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha. No poder, ele revogou a
Constituição e extinguiu o cargo de presidente e os partidos políticos alemães,
assumiu o poder e autoproclamou-se Führer (Líder) do Terceiro Reich. Os
movimentos sindicais foram silenciados e Hitler conduziu a economia alemã com o
objetivo de reconquistar os territórios perdidos na I Guerra Mundial.
3. O stalinismo na União Soviética
Em Uma das preocupações de Stálin, quando assumiu o
poder em 1924, era reprimir qualquer oposição ao seu governo. Para isto criou
um forte aparato repressivo formado pelo exército e por uma polícia secreta.
Stálin abandonou a NEP e criou outro programa com
objetivo de modernizar o país e aumentar os níveis de produtividade agrícola,
industrial e tecnológica. Esse programa era chamado de Plano Quinquenal e
consistia em projetos de aceleração econômica com duração de cinco anos.
Entre 1928 e 1950, Stálin colocou em prática o
programa. Priorizou-se o desenvolvimento agrícola e da indústria de base
(siderurgia, energia, metalurgia). O Estado passou a controlar a produção
agrícola, obrigando os agricultores a trabalhar em terras coletivas.
Repressão e expurgos
A execução do Plano quinquenal alavancou a economia
russa, embora o nível de crescimento tenha sido maior na indústria do que na
agricultura. Stálin beneficiou-se da crise do capitalismo de 1929, os
resultados sociais, no entanto, foram desastrosos.
O Primeiro Plano Quinquenal previa a coletivização das
propriedades agrícolas com a formação de fazendas cooperativas e coletivas.
Milhares de pequenos proprietários, que haviam organizado sua produção na época
do NEP, tiveram de se adaptar ás novas regras.
Muitos camponeses se recusaram a trabalhar para o
governo, pois eles eram proibidos de estocar alimentos e não poderiam controlar
a produção. Esses trabalhadores preferiam abater seus animais e não realizar
colheita. O Estado respondeu deportando os trabalhadores e cometendo
assassinatos.
Stálin promoveu ainda os chamados expurgos dentro do
partido Comunista e no Exército Vermelho. Centenas de líderes revolucionários,
que manifestaram divergências (entre eles Trotsky), em relação aos projetos do
governo, foram presos, julgados e presos ou executados.
4. Salazar e Franco
Portugal e Espanha foram palco de uma amostra do que
viria ser a influência alemã nazista na Europa.
Portugal
Em Portugal, no ano de 1926, um golpe militar depôs a
república parlamentaristas. Durante o novo governo destacou-se a atuação de
Antônio de Oliveira Salazar, Ministro da fazenda. Sua política econômica de
inspiração fascista aproximou-o da burguesia e das camadas populares,
projetando-o à presidência em 1932. Um ano depois, Salazar consolidava o regime
totalitário no país propondo o fechamento dos partidos de oposição, a proibição
de greves e de manifestações populares, a prisão e a perseguição daqueles que
criticassem o regime.
Espanha
A Espanha atravessava, entre 1936 e 1939, uma
sangrenta guerra civil que matou aproximadamente 1 milhão de pessoas e
implantou uma ditadura nos moldes fascistas.
As origens do conflito estão relacionadas ao processo
de transformação provocados pela industrialização espanhola nas primeiras
décadas do século XX, com a formação de uma burguesia liberal que ansiava a
controlar o governo central. Por causa
das pressões sociais que reivindicavam a modernização da estrutura política, o
rei Alfonso XIII abdicou em 1931. Foi instalada a república, que se
caracterizou por conceder autonomia às províncias industrializadas e criticar o
clero. Foi criado a partido Falange, de tendência fascista, que ameaçava o país
com seu projeto conservador.
Inicialmente, o crescimento da falange foi contido
pela aliança entre os setores de esquerda e os liberais que conseguiram vencer
as eleições de 1936 apresentando um programa de reformas sociais.
No entanto, em meados de 1936, tropas lideradas pelo
general Francisco Franco abandonaram o Marrocos espanhol (Norte da África) e
tentaram tomar o poder. Dividida, a população das principais cidades
industriais manteve-se fiel ao governo, enquanto os rebeldes eram apoiados pela
Falange, pelos latifundiários, por grande parte do clero e por setores da
classe média que temiam as propostas socialistas e comunistas.
As duas facções em luta receberam Ajuda internacional:
de um lado, das tropas governistas da URSS, de outro as tropas fascistas dos
países do Eixo e Portugal
Em 1939, o geral Franco ocupou Madri, conseguindo
derrotar os republicanos e implantar seu governo totalitário.
[1] O fascismo é uma doutrina totalitária desenvolvida por
Benito Mussolini na Itália, a partir de 1919, durante seu governo (1922–1943 e
1943–1945). A expressão Fascismo deriva de fascio, que nos tempos do Império
Romano era um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de
varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo.
[2] Benito Mussolini, jornalista e agitador político
italiano, fundou o partido fascista, originário de um movimento paramilitar que
ele mesmo criara para combater as agitações e as greves organizadas pelos
socialistas e outros movimentos de esquerda, o Fasci di Combattimento
(Esquadras de Combate) ou Squadres (Esquadras) a milícia armada conhecida como
camisas negras. Atacando adversários comunistas, ganharam apoio da elite e da
classe média.
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