quinta-feira, 23 de julho de 2015

Unificação Alemã e Italiana
Alemanha e Itália foram os últimos países europeus a unificarem seus vários Estados independentes.

1. A unificação italiana
Os habitantes da Península Itálica apelavam para a unidade nacional dos italianos que desde o fim do Império Romano estavam divididos em vários principados autônomos. Imbuída de forte sentimento nacionalista despertado pelas divisões impostas pelo Congresso de Viena, grande parte da região Norte da península achava-se sob o domínio do Império Austríaco, enquanto os Estados do centro pertenciam ao papado. Os estados do Sul constituíam o reino das Duas Sicílias, sujeitados à família dos Bourbon, portanto a influência direta da França.
A liderança do processo coube ao reino nortista do Piemonte-Sardenha, então independente, industrializado e governado por Vítor Emanuel II, liderados pelo conde Camilo Cavour ministro de Emanuel, iniciaram o processo pela unificação a partir do reino do Piemonte-Sardenha, Estado italiano independente, industrializado e progressista. O conde de Cavour foi protagonista do movimento denominado Risorgimento, que pregava o “ressurgir da Itália”, unida e forte
Em 1860, os “camisas vermelhas” republicanos liderados por Giuzzeppe Garibaldi com as forças populares republicanas, conquistaram os Estados Pontifícios, libertaram a Sicília e o Sul da Itália, governados pelo monarca absolutista da família Bourbon, Francisco II.
Com a ajuda de Napoleão III, o Piemonte anexou vários territórios italianos ao norte que estavam sob tutela do império Austro-Húngaro. Entretanto os nacionalistas atacaram os territórios pontifícios, o que levou o imperador francês a ficar ao lado do papa.
Contudo a conquista da cidade de Roma era fundamental para os unificadores, que, em 1870, tinham a maior parte da região Norte e do Sul sob seus comando. Aproveitando a fragilidade das forças de defesa em Roma dos franceses, que durante a Guerra Franco-Prussiana, quando a França abandonou Roma para enfrentar os alemães, as forças de unificação invadiram Roma, transformando-a na capital italiana. Em 1871, Vitor Emanuel, transferira-se para Roma completando o processo de unificação.

Questão Romana
O papa Pio IX (1846-1878), entretanto não aceitou a submissão da Igreja Católica a um Estado Laico, originando a Questão Romana. Essa divergência durou até 1929, quando o ditador Benito Mussolini assinou o Tratado de Latrão com a Igreja, criando dentro de Roma em Estado autônomo, chamado de Vaticano.

2. A unificação alemã
Até meados do século XIX, a Alemanha não compreendia uma nação unificada. O Congresso de Viena formou no que hoje compreende a atual Alemanha a Confederação Germânica (Deutscher Bund), que era composta por 39 Estados soberanos, tendo na liderança o império Austríaco de sistema absolutista, que se contrapunha à Prússia, mais desenvolvida comercial e industrialmente.
O primeiro passo para a Unificação da Alemanha foi a criação, em 1834, do Zollverein, a união alfandegária entre os Estados da Confederação Germânica, trazendo enormes vantagens apara a Prússia e desagradando a Áustria, que não conseguia competir com sua economia agrária a ascensão industrial prussiana.
A Prússia iniciou a partir de 1860 a aplicação de um plano de modernização militar sustentado pela aliança entre a alta burguesia com os grandes proprietários e aristocratas – os junkers. Paralelamente à unificação econômica, o rei prussiano, o Kaiser[1] Guilherme I, nomeou Otto von Bismarck, em 1862, para o cargo de chanceler, com a incumbência de concretizar a unificação política alemã sob comando prussiano.
Tendo à frente o chanceler Otto Von Bismarck, a Prússia tinha uma estratégia de diplomacia aliada ao exaltar o espírito nacionalista alemão através de sua participação em guerras. A primeira delas foi a Guerra dos Ducados contra a Dinamarca (1864). Se aliou a Áustria onde a Prússia lutou para anexar os ducados de Schleswig e de Holstein de população alemã, até então pertencente à Dinamarca. A pós ganhar a guerra, criou dificuldades com a Áustria para dividir os ducados. A Áustria, então declarou guerra à Prússia.
Os Estados do norte organizaram-se na Confederação Germânica do Norte sob a liderança do kaiser Guilherme I, de quem Bismarck era ministro, aniquilaram as tropas austríacas no ano de 1866. O governo austríaco não teve outra opção senão assinar a paz que lhe foi imposta. Contudo, alguns governantes recusaram-se a perder sua autonomia, o que impediu a completa unificação alemã.
Outro empecilho à unificação completa da Alemanha era Napoleão III, que se opunha à emergência de uma grande potência nas fronteiras da França. Em 1870, a declaração de guerra de Napoleão III alterou essa situação: diante da ameaça francesa, todos os Estados alemães se uniram.
Os soldados prussianos prenderam o imperador francês e seus 100 mil soldados. Cercaram a cidade de paris e a bombardearam. Decorridos alguns meses, o governo francês foi obrigado a assinar o Tratado de Frankfurt, que lhe impunha uma pesada indenização, além de obrigá-lo a ceder à Alemanha os territórios da Alsácia e da Lorena, ricas em minério de ferro e carvão, fundamentais para o desenvolvimento industrial.
Vitorioso na Guerra Franco-Prussiana, vencida pela Prússia, Bismarck fez proclamar Guilherme I imperador da Alemanha, em uma pomposa cerimônia realizada no palácio de Versalhes (França), humilhando os franceses derrotados o que possibilitou a criação do Segundo Reich[2] alemão, completando o processo de unificação alemão.
Com a unificação, a Alemanha cresceu vertiginosamente, a ponto de, em 1900, superar a Inglaterra na produção de aço. O desenvolvimento industrial alemão colocou em risco a hegemonia britânica mundial, causando sucessivos atritos. A Alemanha logo exigiu uma revisão colonial no mundo. Era a era dos Impérios.



[1] Kaiser = imperador. A palavra deriva do latim Cesar, título recebido pelo imperador na Roma Antiga. Desde 962, título do imperador do sacro Império germânico, da Áustria ente os anos de 1804-1918 e da Alemanha entre os anos de 1871-1918.
[2] A palavra Reinch, em alemão, quer dizer Estado e foi usado para denominar o Sacro Império Romano Germânico (Primeiro Reich). Surgido em 962, como uma continuidade do Império Romano no Ocidente, o império foi desmantelado no início do século XIX, com as conquistas napoleônicas. O segundo Reich foi criado por Bismarck, em 1871, e desmantelado ao final da I Guerra Mundial, em 1818, quando o regime alemão se tornou republicano. A pós a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, instaurou-se na Alemanha o Terceiro Reich que durou até 1945.

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