Unificação Alemã e Italiana
Alemanha e Itália foram os últimos países europeus a unificarem seus vários Estados independentes.
1. A unificação italiana
Os
habitantes da Península Itálica apelavam para a unidade nacional dos italianos
que desde o fim do Império Romano estavam divididos em vários principados
autônomos. Imbuída de
forte sentimento nacionalista despertado pelas divisões impostas pelo Congresso
de Viena, grande parte da região Norte da península achava-se sob o domínio do
Império Austríaco, enquanto os Estados do centro pertenciam ao papado. Os
estados do Sul constituíam o reino das Duas Sicílias, sujeitados à família dos
Bourbon, portanto a influência direta da França.
A
liderança do processo coube ao reino nortista do Piemonte-Sardenha, então
independente, industrializado e governado por Vítor Emanuel II, liderados pelo
conde Camilo Cavour ministro de Emanuel, iniciaram o processo pela unificação a
partir do reino do Piemonte-Sardenha, Estado italiano independente, industrializado
e progressista. O conde de Cavour foi protagonista do movimento denominado
Risorgimento, que pregava o “ressurgir da Itália”, unida e forte
Em
1860, os “camisas vermelhas” republicanos liderados por Giuzzeppe Garibaldi com
as forças populares republicanas, conquistaram os Estados Pontifícios,
libertaram a Sicília e o Sul da Itália, governados pelo monarca absolutista da
família Bourbon, Francisco II.
Com
a ajuda de Napoleão III, o Piemonte anexou vários territórios italianos ao
norte que estavam sob tutela do império Austro-Húngaro. Entretanto os
nacionalistas atacaram os territórios pontifícios, o que levou o imperador
francês a ficar ao lado do papa.
Contudo
a conquista da cidade de Roma era fundamental para os unificadores, que, em
1870, tinham a maior parte da região Norte e do Sul sob seus comando.
Aproveitando a fragilidade das forças de defesa em Roma dos franceses, que
durante a Guerra Franco-Prussiana, quando a França abandonou Roma para
enfrentar os alemães, as forças de unificação invadiram Roma, transformando-a
na capital italiana. Em 1871, Vitor Emanuel, transferira-se para Roma
completando o processo de unificação.
Questão Romana
O
papa Pio IX (1846-1878), entretanto não aceitou a submissão da Igreja Católica
a um Estado Laico, originando a Questão Romana. Essa divergência durou até
1929, quando o ditador Benito Mussolini assinou o Tratado de Latrão com a
Igreja, criando dentro de Roma em Estado autônomo, chamado de Vaticano.
2. A unificação alemã
Até
meados do século XIX, a Alemanha não compreendia uma nação unificada. O
Congresso de Viena formou no que hoje compreende a atual Alemanha a Confederação
Germânica (Deutscher Bund), que era composta por 39 Estados soberanos, tendo na
liderança o império Austríaco de sistema absolutista, que se contrapunha à
Prússia, mais desenvolvida comercial e industrialmente.
O
primeiro passo para a Unificação da Alemanha foi a criação, em 1834, do
Zollverein, a união alfandegária entre os Estados da Confederação Germânica,
trazendo enormes vantagens apara a Prússia e desagradando a Áustria, que não
conseguia competir com sua economia agrária a ascensão industrial prussiana.
A
Prússia iniciou a partir de 1860 a aplicação de um plano de modernização
militar sustentado pela aliança entre a alta burguesia com os grandes proprietários
e aristocratas – os junkers. Paralelamente à unificação econômica, o rei
prussiano, o Kaiser[1]
Guilherme I, nomeou Otto von Bismarck, em 1862, para o cargo de chanceler, com
a incumbência de concretizar a unificação política alemã sob comando prussiano.
Tendo
à frente o chanceler Otto Von Bismarck, a Prússia tinha uma estratégia de
diplomacia aliada ao exaltar o espírito nacionalista alemão através de sua
participação em guerras. A primeira delas foi a Guerra dos Ducados contra a
Dinamarca (1864). Se
aliou a Áustria onde a Prússia lutou para anexar os ducados de Schleswig e de
Holstein de população alemã, até então pertencente à Dinamarca. A pós ganhar a
guerra, criou dificuldades com a Áustria para dividir os ducados. A Áustria,
então declarou guerra à Prússia.
Os
Estados do norte organizaram-se na Confederação Germânica do Norte sob a
liderança do kaiser Guilherme I, de quem Bismarck era ministro, aniquilaram as
tropas austríacas no ano de 1866. O governo austríaco não teve outra opção
senão assinar a paz que lhe foi imposta. Contudo, alguns governantes
recusaram-se a perder sua autonomia, o que impediu a completa unificação alemã.
Outro
empecilho à unificação completa da Alemanha era Napoleão III, que se opunha à
emergência de uma grande potência nas fronteiras da França. Em 1870, a declaração
de guerra de Napoleão III alterou essa situação: diante da ameaça francesa,
todos os Estados alemães se uniram.
Os
soldados prussianos prenderam o imperador francês e seus 100 mil soldados.
Cercaram a cidade de paris e a bombardearam. Decorridos alguns meses, o governo
francês foi obrigado a assinar o Tratado de Frankfurt, que lhe impunha uma
pesada indenização, além de obrigá-lo a ceder à Alemanha os territórios da
Alsácia e da Lorena, ricas em minério de ferro e carvão, fundamentais para o
desenvolvimento industrial.
Vitorioso
na Guerra Franco-Prussiana, vencida pela Prússia, Bismarck fez proclamar
Guilherme I imperador da Alemanha, em uma pomposa cerimônia realizada no
palácio de Versalhes (França), humilhando os franceses derrotados o que
possibilitou a criação do Segundo Reich[2] alemão, completando o
processo de unificação alemão.
Com a unificação, a
Alemanha cresceu vertiginosamente, a ponto de, em 1900, superar a Inglaterra na
produção de aço. O desenvolvimento industrial alemão colocou em risco a
hegemonia britânica mundial, causando sucessivos atritos. A Alemanha logo
exigiu uma revisão colonial no mundo. Era a era dos Impérios.
[1] Kaiser =
imperador. A palavra deriva do latim Cesar, título recebido pelo imperador na
Roma Antiga. Desde 962, título do imperador do sacro Império germânico, da
Áustria ente os anos de 1804-1918 e da Alemanha entre os anos de 1871-1918.
[2] A palavra Reinch,
em alemão, quer dizer Estado e foi usado para denominar o Sacro Império Romano
Germânico (Primeiro Reich). Surgido em 962, como uma continuidade do Império
Romano no Ocidente, o império foi desmantelado no início do século XIX, com as
conquistas napoleônicas. O segundo Reich foi criado por Bismarck, em 1871, e
desmantelado ao final da I Guerra Mundial, em 1818, quando o regime alemão se
tornou republicano. A pós a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, instaurou-se
na Alemanha o Terceiro Reich que durou até 1945.
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