O Espaço Industrial
O
espaço industrial existente atualmente é devido a fatores que ocorreram durante
os séculos.
1. A Revolução
Industrial
A
Revolução industrial constitui em um conjunto de mudanças tecnológicas com
profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciado na
Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século
XIX.
I Revolução
Industrial
A
I Revolução Industrial ocorrida entre os anos 1760-1850, foi marcada pela
substituição de manufatura pela maquinofatura. Nesta primeira fase
desenvolveu-se inteiramente na Inglaterra, tendo a indústria têxtil como
principal produto e a queima de carvão mineral como fonte de energia para as
máquinas.
II Revolução
Industrial
Na
segunda metade do século XIX (1860), a indústria foi desenvolvida em outros
países como os EUA, França, Alemanha e Japão, sendo conhecidos por terem uma
industrialização tardia. Foram descobertas novas fontes de energia, como a
eletricidade e o petróleo. A siderurgia, a metalurgia e a indústria de
automóveis passaram a adquiri grande importância.
As
novidades da II Revolução Industrial em relação há anterior foram: a
transformação do ferro em aço, a invenção do dínamo, do motor a combustão
interna, do telefone e do primeiro gerador elétrico.
A localização
industrial das I e II Revoluções Industriais
A
maioria dos grandes parques industriais que existem hoje é devido a proximidade
das matérias primas para a produção ou fonte de energia das I e II Revoluções
Industriais. Como o principal objeto das indústrias é o lucro, estar perto
destes recursos, economizaria no frete, que é o grande vilão dos preços finais
dos produtos.
O
carvão mineral, no século XIX, representava a fonte de energia básica tanto nas
indústrias de base (produzem matéria-prima e máquinas para outras indústrias),
como nas indústrias de bens de consumo (produtos para o mercado consumidos).
Desta forma as grandes bacias carboníferas tornaram-se os grandes polos
indústrias.
Economia de
aglomeração
O
entorno destas regiões fabris tornaram-se extremamente populosos, fazendo que
outras indústrias se instalassem no local, de olho da proximidade de um mercado
consumidor, força de trabalho, e, aproveitando-se da infraestrutura já
existentes (portos, rodovia e ferrovias). Estes fatores contribuíram para o
Regime Fordista de produção (trabalho em série).
III Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica
Conhecida
também como a indústria de alta tecnologia ou indústria de ponta (informática,
telecomunicações, biotecnologia e química, aeronáutica, aeroespacial e bélica,
apresenta forte expansão nos EUA, Japão e Europa.
As
indústrias de ponta têm se caracterizado por instalaram-se nos subúrbios
afastados dos núcleos metropolitanos ou em cidades interioranas de seus países,
próximos de Universidades, fazendo surgir os Tecnopolos[1].
Just-in-time
Terceira
Revolução Industrial fez surgir novos processos de produção e grandes mudanças
nas relações de trabalho dentro das empresas capitalistas. Um método mais ágil
e flexível, foi desenvolvido, adaptado ao mercado, que prioriza o controle de
qualidade, conhecido por just-in-time.
2. Desconcentração
industrial
Atualmente,
muitas indústrias tradicionais preferem fugir das regiões industrias
tradicionais em razão da economia de aglomeração: preços dos imóveis,
sindicatos fortes (leis trabalhistas rígidas), congestionamento das estradas,
preços elevados de impostos, poluição do ar, violência urbana e a falta de
energia. Para tanto, indústrias tradicionais vêm buscando desde o final da II
Guerra mundial novos locais para se instalarem devido à procura de maior
lucratividade.
Esta
descentralização é resultado da industrialização tardia de áreas dos
continentes asiáticos e latino-americanos. Indústrias que utilizavam mão de
obra intensiva, como por exemplo, a indústria têxtil, procura estas novas
áreas, onde os salários são mais baixos. Índia, China, Paquistão e Indonésia
são os maiores produtores mundiais da indústria têxtil.
As
indústrias que permaneceram nos países desenvolvidos, vem investindo em novas
tecnologias, tais como fibras químicas, tornando-se cada vez mais intensivas em
capital e especializando-se em produtos de maior valor agregado. Além disto, é
destes países que vem os estilistas e são sedes das grandes marcas que ditam a
moda.
Este
tipo de modelo ocorre também com a indústria de informática, em que nos países
desenvolvidos ocorre as pesquisas tecnológica, e nos países subdesenvolvidos
ocorre a produção.
As
indústrias transnacionais, já que são uma empresa de um país, mas suas ações
ultrapassam as fronteiras dos países. Neste modelo de empresas, ela passa a ser
global, aproveitando toda a vantagem que o espaço mundial oferece, compra
diversas parte do produto final em diversas partes do planeta, diminuindo assim
os custos, e aumentando os lucros.
Para
os Brasil, são atraídas as multinacionais e transnacionais devido à dimensão do
seu território, posição estratégica quanto ao continente e, pelo seu mercado
interno.
A
maior parte das antigas regiões industriais formadas em torno das bacias
carboníferas da Europa e dos EUA, vem diminuindo suas atividades produtivas,
causando desemprego.
3. Cenários regionais
Os
EUA, UE e Japão, são as principais potências industriais da atualidade, devido
a herança das antigas aglomerações industrias. A China e a CEI, vem se firmando
como grandes exportadores de produtos industrializados, integrando-se ao
mercado mundial a partir de trajetórias diferentes.
EUA: a reorganização
territorial da indústria
O
processo de industrialização nos EUA não foi uniforme. A industrialização
ocorreu na porção Nordeste do país, região de Nova Inglaterra. Somente após a
Guerra Civil Americana, que o eixo industrial passou a se deslocar para o
interior e sul do país, em direção das bacias carboníferas dos Montes Apaches e
da região dos Grandes Lagos. Surgindo no local no final do século XIX uma
estrutura industrializada. Este polo industrial recebeu o nome de
“Manufacturing Belt”, ou Cinturão fabril no Nordeste e na Região dos Lagos.
Nesta região desenvolveu-se a indústria pesada de bens de produção e a
automobilística, baseados no carvão e minério de ferro. A navegação através do
Rio São Lourenço ligava a região ao Oceano Atlântico.
Após
a II Guerra a supremacia da “Manufacturing Belt” foi abalada, pois um volume
grande de investimentos foi deslocado para o Oeste e Sul do país, originando o “Sun
Belt”, o Cinturão do Sol. Toda a indústria pesada buscaram estas novas áreas,
mas foia indústria de alta tecnologia que cresceu mais nesta região, em
especial na Califórnia no vale do Silício, onde a Universidade de Stanfort
forma grande quadro de cientistas.
União Europeia
A
Europa foi o berço das primeiras grandes aglomerações industriais do planeta.
Na pioneira Grã-Bretanha, foi polarizada pelos complexos siderúrgicos nas
reservas de hulha[2]
do Black Country (Birmingham), do pais de Gales e do Sul da Escócia.
Na
Alemanha, o vale do rio Ruhr tornou-se a maior região siderúrgica da Europa. A
hulha de Ruhr e de reservas menores da Bélgica, também abasteciam as indústrias
francesas através da bacia do Rio Reno. Porém esta região era palco de disputa
entre francês e alemães desde o século XIX até a II Guerra. No pós-guerra, o
tratado da Comunidade Europeia de Carvão e Aço (CECA) transformou a disputa em
colaboração ativa, unificando fretes e tarifas de toda a bacia do Rio Reno.
Contudo,
cada país ainda dispunha de moeda e leis próprias e um mercado nacional o qual
as empresas traçavam suas estratégias. Não existe uma indústria europeia e sim
uma indústria alemã, francesa, inglesa. Ao contrário dos EUA, em que a
indústria se deu no interior de um único pais unificado regulado pela mesma
moeda.
A
integração econômica ocorrida em janeiro de 1999 com a adoção do Euro, a moeda
única da Europa, abriu caminho para uma profunda reorganização espacial da
indústria europeia. As empresas a partir de então traçavam estratégias a afim
de atender todo o mercado europeus, ocorreram muitas fusões entre as gigantes
empresas.
Principais polos
industrias europeus
a)
Alemanha: principal potência econômica as
EU, conta com o complexo industrial do Reno-Ruhr (Colônia, Düsseldorf, Frankfurt)
continua ocupando lugar de destaque, mas existem outros polos industrias
importantes da indústria mecânica, química e eletrônica.
b)
França: os principais centros industrias
desses mesmo setores espalham-se no centro-norte do país, destacando-se a
região de paris, Alsácia-Lorena e Lion.
c)
Grã-Bretanha: as velhas regiões carboníferas vêm
enfrentando uma crise social e econômica. Grande parte dos novos investimentos
ocorre na região de Londres, com as indústrias química e mecânica.
d)
Itália: os centros importantes indústrias
ligadas à siderurgia e às indústrias mecânicas e siderúrgicas situam-se em
Turim, Milão e Gênova, ao norte do país.
Japão
A
expansão industrial japonesa ocorreu nas cidades da Costa do Pacífico no final
do século XIX. Apesar de não ter reservas de carvão e de ferro, o Japão tem uma
indústria siderúrgica forte, mas dependente das importações destas matérias
primas, que chegam ao país através de seus portos. Ao redor dos polos
siderúrgicos, desenvolveu-se grandes distritos industrias.
No
pós-guerra, desenvolveu-se novos e importantes polos petroquímicos foram
construídos junto aos portos. Desenvolveu-se a indústria de bens de consumo nas
regiões de Tóquio, Yokohama, Osaka, Nagoya, Kobe e Kyoto.
No
final da década de 1970, muitas empresas procuram outras regiões fora das
regiões tradicionais japonesas (em outros países da Ásia e/ou interior do país)
a fim de fugir do alto custo dos preços dos imóveis. O próprio governo japonês
incentivou a ida das grandes empresas para o interior do arquipélago. Houve
investimento público em infraestrutura portuária, transporte e
telecomunicações. Com isso a ilha de Hokkaido, Honshu e as cidades portuárias
de Kyushu e Shikoku transformaram-se em polos industriais.
China
A
política de liberalização econômica em 1978 abriu ao país para os investimentos
estrangeiros e, assim, tornou-se uma potência exportadora. As vantagens
concedidas pelo governo às companhias transnacionais com a criação da Zonas
Econômicas Especiais (ZEEs)[3],
em 1984 juntamente com a farta mão de obra barata, contribuiu para desenvolver
as indústrias que necessitam de mão de obra intensiva, como o setor têxtil e de
brinquedo.
Comunidade dos
Estados Independentes (CEI)
Na
antiga URSS, o processo de industrialização foi marcado pelo controle estatal
sobre os meios de produção e pelo planejamento centralizado. Nesse caso, as
estratégias de localização industrial não derivaram de fatores econômicos, e
sim por escolhas políticas.
Ao
contrário dos EUA e dos países europeus, a indústria soviética não se
desenvolveu ao redor das regiões onde se extraía as riquezas minerais (possui
muitas reservas de petróleo e carvão e minérios nos Montes Urais, na Ásia Central
e na Sibéria Ocidental). Esta dispersão estratégica, deu-se a fim de proteger a
indústria da URSS caso houvesse uma guerra.
Com
o fim da URSS em 1991, o parque industrial estava fragmentado nos vários países
independentes e na Rússia ao longo da Ferrovia Transiberiana. Porém com a
integração ao mercado mundial, a indústria apresentou uma crise de
concorrência, pois estava defasada tecnologicamente. Com as privatizações das
estatais ocorreu o fechamento de unidades, com queda de produção, PIB e aumento
de desemprego.
Hoje
a economia russa é basicamente movida pela exportação de produtos primários, e
riquezas naturais como petróleo e gás natural. Porém, devido a esta oferta de
energia, favorece a instalação de indústrias pesadas (siderurgia) no país.
[1] Os Tecnopolos são regiões
que concentram indústrias de alta tecnologia centros de pesquisa e
desenvolvimento nos quais são criadas as inovações técnicas, e universidades
que garantem a formação contínua de novos pesquisadores.
[2] A hulha é um estágio da formação do carvão. Inicialmente, a
decomposição de restos vegetais em ambientes de pântano dá origem à trufa, com
baixo teor calórico. Depois, forma-se o linhito, material escuro, com baixo
percentual de carbono. A hulha, de cor preta e com teor de carbono por volta de
80%, pode ser transformada em oque ou carvão metalúrgico, de cor preta e com
elevada dureza, com 90% a 96% de teor de carbono.
[3] As ZEEs são polos econômicos, com uma legislação diferenciada do resto
do país, situam-se em cidades do litoral sudeste ou nos polos urbanos dos vales
dos rios Yang-Tsé e Huang-Ho. Estes polos, ainda recebem investimentos do
governo em educação (mão de obra especializada e em pesquisa.
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