sábado, 11 de julho de 2015

O Espaço Industrial

O espaço industrial existente atualmente é devido a fatores que ocorreram durante os séculos.

1. A Revolução Industrial
A Revolução industrial constitui em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciado na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.

I Revolução Industrial
A I Revolução Industrial ocorrida entre os anos 1760-1850, foi marcada pela substituição de manufatura pela maquinofatura. Nesta primeira fase desenvolveu-se inteiramente na Inglaterra, tendo a indústria têxtil como principal produto e a queima de carvão mineral como fonte de energia para as máquinas.

II Revolução Industrial
Na segunda metade do século XIX (1860), a indústria foi desenvolvida em outros países como os EUA, França, Alemanha e Japão, sendo conhecidos por terem uma industrialização tardia. Foram descobertas novas fontes de energia, como a eletricidade e o petróleo. A siderurgia, a metalurgia e a indústria de automóveis passaram a adquiri grande importância.
As novidades da II Revolução Industrial em relação há anterior foram: a transformação do ferro em aço, a invenção do dínamo, do motor a combustão interna, do telefone e do primeiro gerador elétrico.

A localização industrial das I e II Revoluções Industriais
A maioria dos grandes parques industriais que existem hoje é devido a proximidade das matérias primas para a produção ou fonte de energia das I e II Revoluções Industriais. Como o principal objeto das indústrias é o lucro, estar perto destes recursos, economizaria no frete, que é o grande vilão dos preços finais dos produtos.
O carvão mineral, no século XIX, representava a fonte de energia básica tanto nas indústrias de base (produzem matéria-prima e máquinas para outras indústrias), como nas indústrias de bens de consumo (produtos para o mercado consumidos). Desta forma as grandes bacias carboníferas tornaram-se os grandes polos indústrias.

Economia de aglomeração
O entorno destas regiões fabris tornaram-se extremamente populosos, fazendo que outras indústrias se instalassem no local, de olho da proximidade de um mercado consumidor, força de trabalho, e, aproveitando-se da infraestrutura já existentes (portos, rodovia e ferrovias). Estes fatores contribuíram para o Regime Fordista de produção (trabalho em série).

 III Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica
Conhecida também como a indústria de alta tecnologia ou indústria de ponta (informática, telecomunicações, biotecnologia e química, aeronáutica, aeroespacial e bélica, apresenta forte expansão nos EUA, Japão e Europa.
As indústrias de ponta têm se caracterizado por instalaram-se nos subúrbios afastados dos núcleos metropolitanos ou em cidades interioranas de seus países, próximos de Universidades, fazendo surgir os Tecnopolos[1].

Just-in-time
Terceira Revolução Industrial fez surgir novos processos de produção e grandes mudanças nas relações de trabalho dentro das empresas capitalistas. Um método mais ágil e flexível, foi desenvolvido, adaptado ao mercado, que prioriza o controle de qualidade, conhecido por just-in-time.

2. Desconcentração industrial
Atualmente, muitas indústrias tradicionais preferem fugir das regiões industrias tradicionais em razão da economia de aglomeração: preços dos imóveis, sindicatos fortes (leis trabalhistas rígidas), congestionamento das estradas, preços elevados de impostos, poluição do ar, violência urbana e a falta de energia. Para tanto, indústrias tradicionais vêm buscando desde o final da II Guerra mundial novos locais para se instalarem devido à procura de maior lucratividade.
Esta descentralização é resultado da industrialização tardia de áreas dos continentes asiáticos e latino-americanos. Indústrias que utilizavam mão de obra intensiva, como por exemplo, a indústria têxtil, procura estas novas áreas, onde os salários são mais baixos. Índia, China, Paquistão e Indonésia são os maiores produtores mundiais da indústria têxtil.
As indústrias que permaneceram nos países desenvolvidos, vem investindo em novas tecnologias, tais como fibras químicas, tornando-se cada vez mais intensivas em capital e especializando-se em produtos de maior valor agregado. Além disto, é destes países que vem os estilistas e são sedes das grandes marcas que ditam a moda.
Este tipo de modelo ocorre também com a indústria de informática, em que nos países desenvolvidos ocorre as pesquisas tecnológica, e nos países subdesenvolvidos ocorre a produção.
As indústrias transnacionais, já que são uma empresa de um país, mas suas ações ultrapassam as fronteiras dos países. Neste modelo de empresas, ela passa a ser global, aproveitando toda a vantagem que o espaço mundial oferece, compra diversas parte do produto final em diversas partes do planeta, diminuindo assim os custos, e aumentando os lucros.
Para os Brasil, são atraídas as multinacionais e transnacionais devido à dimensão do seu território, posição estratégica quanto ao continente e, pelo seu mercado interno.
A maior parte das antigas regiões industriais formadas em torno das bacias carboníferas da Europa e dos EUA, vem diminuindo suas atividades produtivas, causando desemprego.

3. Cenários regionais
Os EUA, UE e Japão, são as principais potências industriais da atualidade, devido a herança das antigas aglomerações industrias. A China e a CEI, vem se firmando como grandes exportadores de produtos industrializados, integrando-se ao mercado mundial a partir de trajetórias diferentes.

EUA: a reorganização territorial da indústria
O processo de industrialização nos EUA não foi uniforme. A industrialização ocorreu na porção Nordeste do país, região de Nova Inglaterra. Somente após a Guerra Civil Americana, que o eixo industrial passou a se deslocar para o interior e sul do país, em direção das bacias carboníferas dos Montes Apaches e da região dos Grandes Lagos. Surgindo no local no final do século XIX uma estrutura industrializada. Este polo industrial recebeu o nome de “Manufacturing Belt”, ou Cinturão fabril no Nordeste e na Região dos Lagos. Nesta região desenvolveu-se a indústria pesada de bens de produção e a automobilística, baseados no carvão e minério de ferro. A navegação através do Rio São Lourenço ligava a região ao Oceano Atlântico.
Após a II Guerra a supremacia da “Manufacturing Belt” foi abalada, pois um volume grande de investimentos foi deslocado para o Oeste e Sul do país, originando o “Sun Belt”, o Cinturão do Sol. Toda a indústria pesada buscaram estas novas áreas, mas foia indústria de alta tecnologia que cresceu mais nesta região, em especial na Califórnia no vale do Silício, onde a Universidade de Stanfort forma grande quadro de cientistas.

União Europeia
A Europa foi o berço das primeiras grandes aglomerações industriais do planeta. Na pioneira Grã-Bretanha, foi polarizada pelos complexos siderúrgicos nas reservas de hulha[2] do Black Country (Birmingham), do pais de Gales e do Sul da Escócia.
Na Alemanha, o vale do rio Ruhr tornou-se a maior região siderúrgica da Europa. A hulha de Ruhr e de reservas menores da Bélgica, também abasteciam as indústrias francesas através da bacia do Rio Reno. Porém esta região era palco de disputa entre francês e alemães desde o século XIX até a II Guerra. No pós-guerra, o tratado da Comunidade Europeia de Carvão e Aço (CECA) transformou a disputa em colaboração ativa, unificando fretes e tarifas de toda a bacia do Rio Reno.
Contudo, cada país ainda dispunha de moeda e leis próprias e um mercado nacional o qual as empresas traçavam suas estratégias. Não existe uma indústria europeia e sim uma indústria alemã, francesa, inglesa. Ao contrário dos EUA, em que a indústria se deu no interior de um único pais unificado regulado pela mesma moeda.
A integração econômica ocorrida em janeiro de 1999 com a adoção do Euro, a moeda única da Europa, abriu caminho para uma profunda reorganização espacial da indústria europeia. As empresas a partir de então traçavam estratégias a afim de atender todo o mercado europeus, ocorreram muitas fusões entre as gigantes empresas.
Principais polos industrias europeus
a)      Alemanha: principal potência econômica as EU, conta com o complexo industrial do Reno-Ruhr (Colônia, Düsseldorf, Frankfurt) continua ocupando lugar de destaque, mas existem outros polos industrias importantes da indústria mecânica, química e eletrônica.
b)      França: os principais centros industrias desses mesmo setores espalham-se no centro-norte do país, destacando-se a região de paris, Alsácia-Lorena e Lion.
c)      Grã-Bretanha: as velhas regiões carboníferas vêm enfrentando uma crise social e econômica. Grande parte dos novos investimentos ocorre na região de Londres, com as indústrias química e mecânica.
d)      Itália: os centros importantes indústrias ligadas à siderurgia e às indústrias mecânicas e siderúrgicas situam-se em Turim, Milão e Gênova, ao norte do país.
Japão
A expansão industrial japonesa ocorreu nas cidades da Costa do Pacífico no final do século XIX. Apesar de não ter reservas de carvão e de ferro, o Japão tem uma indústria siderúrgica forte, mas dependente das importações destas matérias primas, que chegam ao país através de seus portos. Ao redor dos polos siderúrgicos, desenvolveu-se grandes distritos industrias.
No pós-guerra, desenvolveu-se novos e importantes polos petroquímicos foram construídos junto aos portos. Desenvolveu-se a indústria de bens de consumo nas regiões de Tóquio, Yokohama, Osaka, Nagoya, Kobe e Kyoto.
No final da década de 1970, muitas empresas procuram outras regiões fora das regiões tradicionais japonesas (em outros países da Ásia e/ou interior do país) a fim de fugir do alto custo dos preços dos imóveis. O próprio governo japonês incentivou a ida das grandes empresas para o interior do arquipélago. Houve investimento público em infraestrutura portuária, transporte e telecomunicações. Com isso a ilha de Hokkaido, Honshu e as cidades portuárias de Kyushu e Shikoku transformaram-se em polos industriais.

China
A política de liberalização econômica em 1978 abriu ao país para os investimentos estrangeiros e, assim, tornou-se uma potência exportadora. As vantagens concedidas pelo governo às companhias transnacionais com a criação da Zonas Econômicas Especiais (ZEEs)[3], em 1984 juntamente com a farta mão de obra barata, contribuiu para desenvolver as indústrias que necessitam de mão de obra intensiva, como o setor têxtil e de brinquedo.

Comunidade dos Estados Independentes (CEI)
Na antiga URSS, o processo de industrialização foi marcado pelo controle estatal sobre os meios de produção e pelo planejamento centralizado. Nesse caso, as estratégias de localização industrial não derivaram de fatores econômicos, e sim por escolhas políticas.
Ao contrário dos EUA e dos países europeus, a indústria soviética não se desenvolveu ao redor das regiões onde se extraía as riquezas minerais (possui muitas reservas de petróleo e carvão e minérios nos Montes Urais, na Ásia Central e na Sibéria Ocidental). Esta dispersão estratégica, deu-se a fim de proteger a indústria da URSS caso houvesse uma guerra.
Com o fim da URSS em 1991, o parque industrial estava fragmentado nos vários países independentes e na Rússia ao longo da Ferrovia Transiberiana. Porém com a integração ao mercado mundial, a indústria apresentou uma crise de concorrência, pois estava defasada tecnologicamente. Com as privatizações das estatais ocorreu o fechamento de unidades, com queda de produção, PIB e aumento de desemprego.
Hoje a economia russa é basicamente movida pela exportação de produtos primários, e riquezas naturais como petróleo e gás natural. Porém, devido a esta oferta de energia, favorece a instalação de indústrias pesadas (siderurgia) no país.



[1] Os Tecnopolos são regiões que concentram indústrias de alta tecnologia centros de pesquisa e desenvolvimento nos quais são criadas as inovações técnicas, e universidades que garantem a formação contínua de novos pesquisadores.
[2] A hulha é um estágio da formação do carvão. Inicialmente, a decomposição de restos vegetais em ambientes de pântano dá origem à trufa, com baixo teor calórico. Depois, forma-se o linhito, material escuro, com baixo percentual de carbono. A hulha, de cor preta e com teor de carbono por volta de 80%, pode ser transformada em oque ou carvão metalúrgico, de cor preta e com elevada dureza, com 90% a 96% de teor de carbono.
[3] As ZEEs são polos econômicos, com uma legislação diferenciada do resto do país, situam-se em cidades do litoral sudeste ou nos polos urbanos dos vales dos rios Yang-Tsé e Huang-Ho. Estes polos, ainda recebem investimentos do governo em educação (mão de obra especializada e em pesquisa.

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