Energia
e ambiente global
Energia
corresponde à capacidade de produzir trabalho ou executar ação. Isso significa
que todo o corpo precisa de energia para se movimentar. À medida que a
capacidade produtiva das sociedades foi se ampliando, houve um inevitável
aumento do consumo de energia. Para suprir tais necessidades, novas fontes
começaram a ser buscadas e desenvolvidas.
1. Energia e ciclos industriais
A
Revolução industrial trouxe com ela uma inovação tecnológica em geração de
energia. Até o século XVIII, a evolução do consumo e o aprimoramento de novas
tecnologias de geração de energia foram lentos e descontínuos. Somente com a
revolução Industrial, trouxe alterações neste panorama.
Energia hidráulica
Á
pioneira na geração de energia. O ciclo hidráulico, é baseado no giro de
turbinas hidráulicas ou de moinhos de água permitia acionar equipamentos, foi
utilizado pelos homens durante muitos séculos.
Energia mineral
O
ciclo do carvão mineral foi introduzido durante a I fase da Revolução
Industrial, consistia na geração de energia a partir do calor extraído da
queima de carvão.
Nas
primeiras décadas do século XX, foi disseminado os motores que funcionavam por
meio de combustão interna (também chamados de motores por explosão). Com ele, o
petróleo se consolidou como um dos principais geradores de energia desde então
nos países industrializados. Além de servir de combustível para automóveis,
aviões e tratores, ele é utilizado como fonte de energia nas usinas
termelétricas e como matéria prima para diversas indústrias químicas.
O
gás natural, que já foi descartado como um subproduto desnecessário na produção
de petróleo, agora é considerado um recurso muito valioso.
Energia elétrica
Em
meados do século XIX, a invenção dos geradores elétricos possibilitou a
produção de eletricidade em grande escala. Essa forma de energia operou
importantes transformações no processos produtivos e na vida cotidiana das
populações das sociedades industrializadas, que passaram a utilizar dezenas de
eletrodomésticos.
Desde
a década de 1970, a produção e o consumo da energia nuclear vem crescendo de
maneira significativa nos países desenvolvidos.
Combustíveis sólidos
Nos
países mais pobres, os chamados combustíveis sólidos, fontes de energia
tradicionais como a lenha, ainda são largamente utilizados.
Consumo de energia no mundo
De
acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de energia per
capta no mundo em 2005 foi de cerca de 1,8 tonelada de petróleo (TEP), unidade
de energia que corresponde à queima de uma tonelada de petróleo bruto. Mas esse
número tem um significado restrito. Os EUA, com menos de 300 milhões de
habitantes, consumiram 4 vezes mais energia que o continente africano inteiro, onde
há cerca de 890 milhões de pessoas.
A
AIE publicou que em 2007 as fontes primárias de energia se consistiam em
petróleo (36,0%), carvão mineral (27,4%), gás natural (23,0%), acumulando um
total de 86,4% como principais fontes de energia primária no mundo. Outras
fontes de energia, em 2006, incluiu a energia hidrelétrica (6,3%) e energia
nuclear (8,5%).3 O consumo de energia mundial foi e está crescendo 2,3% ao ano.
Efeitos no meio ambiente
A
queima do petróleo, carvão e em menor escala o gás natural libera gases
poluentes na atmosfera, entre eles os gases de efeito estufa, diretamente
associados ao aquecimento global.
Diversos
outros problemas ambientais estão associados à produção e ao consumo de
energia. No caso do carvão, os impactos ambientais começam já nos procedimentos
de extração, com a devastação da cobertura vegetal. O petróleo também pode
gerar desastres ambientais, como por exemplo, quando ocorrem vazamentos nos
navios de transporte. A construção de grandes usinas hidrelétricas, por sua vez,
resulta na inundação de vastas áreas, causando alterações profundas nos
ecossistemas e deslocamento de populações.
A
energia nuclear não produz emissões atmosféricas e é uma opção eficiente na
geração de energia: com muito pouco urânio enriquecido, obtém-se grande
quantidade de energia. Porém, a geração de energia nuclear traz com ela o
problema do lixo atômico. O resíduo gerado com alto poder de contaminação, não
tem uma solução para seu descarte. Atualmente se faz o descarte através de
containers que são lançados no fundo do mar, onde ficarão por centenas de
milhares de anos.
Além
do lixo atômico, outro problema é a poluição térmica, causada pelas centrais
nucleares: a água superaquecida pelos reatores transfere calor para os rios,
mares e depósitos subterrâneos pelos quais circula, comprometendo os
ecossistemas.
Não
é por acaso que os países que mais consomem energia, figuram ente os maiores
geradores de gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), um dos principais
responsáveis pelo efeito estufa.
2. As fontes e as formas de energia
Os
recursos energéticos estão distribuídos de forma desigual no mundo. Nem sempre
os maiores produtores de energia são os maiores produtores.
Carvão mineral
O
carvão mineral formou-se pelo longo processo de soterramento de florestas
localizadas em regiões lacustres[1] ou pantanosas. A matéria
orgânica depositada por essas florestas formou depósitos de turfa[2] que mais tarde deram
origem a grandes jazidas carboníferas, que em geral estão em reservas
subterrâneas (cerca de 75%). A China e os EUA são os maiores produtores
mundiais de carvão, seguidos por Índia, Austrália, Rússia e África do Sul.
Petróleo
O “óleo de pedra” é um
hidrocarboneto[3]
formada pelo acúmulo e pela decomposição de material orgânico (restos de
plantas, animais e microrganismos), depositados no fundo dos mares e oceanos.
Esses depósitos formam camadas que sofrem ao longo do tempo a ação de
bactérias, pressões e calor, transformando esse material orgânico em petróleo.
As jazidas de petróleo mais antigas têm aproximadamente 500 milhões de anos e
as mais recentes, 2 milhões de anos.
Atualmente, o mundo depende do
petróleo, mas ele está concentrado em apenas algumas regiões do planeta. Apesar
de sua origem marinha, o petróleo também é encontrado no interior dos
continentes.
A maior parte das jazidas
encontra-se no Oriente Médio (64%), que exporta a maior parte da sua produção.
A Arábia saudita possui 20% das reservas comprovadas no mundo. O Oriente Médio
é o maior produtor mundial, com mais de 30% do total. Na Europa: Rússia, Reino
Unido e Noruega; na África: Nigéria, Angola, Líbia, Sudão; na Ásia: China e
Cazaquistão; na América: EUA, México e Venezuela.
Gás
natural
O gás natural também é um
hidrocarboneto e ocorre frequentemente associado ao petróleo. Por ser menos
denso, em geral ocupa a parte superior dos depósitos petrolíferos. Quando o
petróleo migra através das rochas ou quando não está armazenado em quantidade
suficiente, ocorrem os “poços secos”, nos quais existem apenas gás natural.
É a fonte de energia que está em
expansão atualmente. Em 1973 o seu uso representava 16% do consumo energético
mundial, em 2005 já era de 21% sua utilização. No mesmo período o petróleo
recuou de 46% para 35%.
A Arábia Saudita é o maior produtor
mundial com 12,9% total mundial produzido. Os EUA são os maiores importadores,
apesar de ter 8% da produção mundial.
Biocombustíveis
É uma forma de energia renovável, e
causa impactos ambientais menores que os fósseis. É produzido a partir de
biomassa, o principal exemplo é o etanol, obtido da cana-de-açúcar e de outros
vegetais como o milho e beterraba.
O Brasil ocupa uma posição
privilegiada neste setor, além de ser o pioneiro no seu desenvolvimento também
é o maior exportador mundial de etanol, mas não é o maior produtor. Desde 2006
os EUA vêm investindo em pesquisas científicas no setor, passando a ser o maior
produtor mundial de etanol.
A
geração de eletricidade
A geração de eletricidade se dá
pelas usinas termelétricas, termonucleares, térmica ou luminosa, eólica e
hidrelétrica.
a)
termelétricas: por meio da queima de combustíveis
fósseis, em que o carvão e o petróleo são usados para vaporizar certa
quantidade de água. O vapor aciona uma turbina. Ligada a um gerador de
eletricidade.
b) termonucleares: a produção do calor necessário
para transformar água em vapor realiza-se por meio da fissão nuclear[4], que ocorre no interior
dos reatores.
c) térmica: é captada por painéis solares,
formados por células fotovoltáicas, e transformada em energia elétrica ou
mecânica. A energia solar também é utilizada, principalmente em residências,
para o aquecimento da água. É pouco
utilizada, os países
que mais produzem energia solar são: Japão, Estados Unidos e Alemanha.
d) eólica[5]:
é gerada pelo vento, grandes turbinas (aerogeradores),
em formato de cata-vento, são colocadas em locais abertos e com boa quantidade
de vento. Através de um gerador, o movimento destas turbinas gera energia
elétrica.
e) hidrelétrica: a eletricidade é obtida por meio
do aproveitamento das águas dos rios. A força hidráulica movimenta uma turbina,
que aciona o gerador responsável pela transformação de energia hidráulica e
elétrica.
3. As mudanças climáticas globais
As
mudanças climáticas são alterações que ocorrem no clima geral do planeta Terra.
Estas alterações são verificadas através de registros científicos nos valores
médios ou desvios da média, apurados durante o passar dos anos.
Fatores geradores
As
mudanças climáticas são produzidas em diferentes escalas de tempo em um ou
vários fatores meteorológicos como, por exemplo: temperaturas máximas e
mínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperaturas dos oceanos,
nebulosidade, umidade relativa do ar, etc.
As
mudanças climáticas são provocadas por fenômenos naturais ou por ações dos
seres humanos. Neste último caso, as mudanças climáticas têm sido provocadas a
partir da Revolução Industrial (século XVIII), momento em que aumentou
significativamente a poluição do ar.
Aquecimento global
Quando
falamos em mudança climática e em aquecimento global, estamos nos referindo ao
incremento, além do nível normal, da capacidade da atmosfera em reter calor.
Isso vem acontecendo devido a um progressivo aumento na concentração dos gases
de efeito estufa na atmosfera nos últimos 150 anos. Tal aumento tem sido
provocado pelas atividades do homem que produzem emissões excessivas de
poluentes para a atmosfera. Esse aumento no efeito estufa poderá ter
consequências sérias para a vida na Terra no futuro próximo, como veremos
adiante.
Entre
os gases do efeito estufa que estão aumentando de concentração, o dióxido de
carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso são os mais importantes. Devido à
quantidade com que é emitido, o CO2 é o gás que tem maior contribuição para o
aquecimento global. Em 2004, o CO2 representou 77% das emissões antropogênicas
globais de gases de efeito estufa. (1) O tempo de permanência deste gás na
atmosfera é, no mínimo, de cem anos. Isto significa que as emissões de hoje têm
efeitos de longa duração, podendo resultar em impactos no regime climático ao
longo de vários séculos.
A
quantidade de metano emitida para a atmosfera é bem menor, mas seu “poder
estufa” (potencial de aquecimento) é vinte vezes superior ao do CO2. No caso do
óxido nitroso e dos clorofluorcarbonos, suas concentrações na atmosfera são
ainda menores. No entanto, o “poder estufa” desses gases é 310 e até 7.100
vezes maior do que aquele do CO2, respectivamente. Como visto acima, todos os
gases de efeito estufa são importantes no processo de aquecimento da terra, mas
nesta cartilha a ênfase será dada ao CO2, por ser este o gás emitido em maior
quantidade para a atmosfera.
Atualmente
as mudanças climáticas têm sido alvo de diversas discussões e pesquisas
científicas. Os climatologistas verificaram que, nas últimas décadas, ocorreu
um significativo aumento da temperatura mundial, fenômeno conhecido como
aquecimento global. Este fenômeno, gerado pelo aumento da poluição do ar, tem
provocado o derretimento de gelo das calotas polares e o aumento no nível de
água dos oceanos. O processo de desertificação também tem aumentado nas últimas
décadas em função das mudanças climáticas.
Protocolo de Kyoto
Em
1988 em Toronto (Canadá), ocorreu a 1ª reunião entre governantes e cientistas
sobre as mudanças climáticas. Esta reunião descreveu os tristes impactos que
tais mudanças causam ao nosso planeta. Dois anos depois, o IPCC informa e
adverte sobre a importância de reduzir a emissão do principal gás do efeito
estufa (CO2 – Dióxido de Carbono). Em 1995, o IPCC novamente faz um alerta aos
cientistas comunicando que os primeiros sinais das mudanças climáticas já são
evidentes. No ano de 1997, é assinado o Protocolo de Kyoto (na cidade Kioto,
Japão) e em 29 de abril de 1998, o Brasil assina o documento. O acordo
estabelece aos países industrializados a redução das emissões de dióxido de
carbono (CO2, gás carbônico) e outros gases do efeito estufa (gases que
contribuem para o aquecimento global), ou seja, o protocolo impõe uma meta de
redução desses gases na atmosfera.
Apenas
as nações ricas são obrigadas a reduzir suas emissões, as outras (em
desenvolvimento) como Brasil, China e Índia, embora sejam grandes poluentes,
podem participar do acordo, mas não são obrigados a nada.
Isso
não significa que elas não devem se importar; pelo contrário, o mundo inteiro
tem responsabilidade no combate ao aquecimento, mas a ideia é que os países que
mais lançaram gases na atmosfera têm maior obrigação de reduzir as emissões. Aqueles
que conseguirem um resultado satisfatório, receberão os chamados “Créditos de
Carbono”, que valem dinheiro.
O
Brasil embora não tenha muitos deveres no acordo, só sai ganhando com esse
protocolo, pois qualquer projeto elaborado aqui com a finalidade de diminuir o
efeito estufa pode se transformar em crédito de carbono. Se por acaso algum
país rico não conseguir ou tiver dificuldade de atingir a meta, ele poderá
comprar esse crédito do Brasil.
O
álcool da cana-de-açúcar polui menos que os combustíveis fósseis (gasolina,
diesel) e é um substituto dos combustíveis provenientes do petróleo (o Brasil é
um grande produtor de álcool); além disso, nosso país possui grandes projetos
de reflorestamento aumentando a quantidade de árvores que absorvem o dióxido de
carbono.
O
documento conta com a participação de centenas de países; porém, infelizmente,
o sucesso do acordo não é total, pois os Estados Unidos (maior emissor de gases
estufa na atmosfera) recusa-se a assinar o documento, bem como alguns outros
países, como a Austrália.
O
presidente George W. Bush alega que não existem provas suficientes que liguem o
aquecimento global à poluição industrial e além disso, ele diz que a economia
de seu país seria prejudicada, já que são dependentes de combustíveis fósseis
(o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis contribuem para a emissão
desses gases no ar). Em vez de diminuir as emissões, os EUA optaram por
desenvolver tecnologias menos poluentes.
O Ciclo de Carbono
O
carbono é um elemento básico na composição dos organismos, tornando-o
indispensável para a vida no planeta. Este elemento é estocado na atmosfera,
nos oceanos, solos, rochas sedimentares e está presente nos combustíveis
fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Contudo, o carbono não fica
fixo em nenhum desses estoques. Existe uma série de interações por meio das
quais ocorre a transferência de carbono de um estoque para outro (fluxos), como
mostra a figura abaixo. Muitos organismos nos ecossistemas terrestres e nos
oceanos, como as plantas, absorvem o carbono encontrado na atmosfera na forma de
dióxido de carbono (CO2). Esta absorção se dá através do processo de
fotossíntese. Por outro lado, os vários organismos, tanto plantas como animais,
emitem carbono para a atmosfera mediante o processo de respiração.
Existe
ainda o intercâmbio de carbono entre os oceanos e a atmosfera por meio da
difusão. A liberação de carbono via queima de combustíveis fósseis e mudanças
no uso da terra (desmatamentos e queimadas, principalmente) imposta pelo homem
alteram os fluxos naturais entre os estoques de carbono e tem um papel
fundamental na mudança do clima do planeta. As emissões anuais de carbono pela
queima de combustíveis fósseis e mudanças de uso do solo foram de
aproximadamente 9,9 bilhões de toneladas em 2008(2). Lembrando que 1 tonelada
de carbono é igual a 3,67 toneladas de CO2.
Na
figura abaixo mostra o ciclo de carbono global, está representado em preto o
seu fluxo “natural” para o período pré-industrial (em bilhões de toneladas
anuais de carbono) e, em cinza, os fluxos provocados por intervenção humana.
[1] Relativo a lago.
Que vive nas águas ou à margem de um lago: planta lacustre. Habitação lacustre,
a construída sobre esteios ou colunas, nos tempos pré-históricos, acima da
superfície dos lagos ou lagunas.
[2] A turfa é um
material de origem vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas,
geralmente em regiões pantanosas. É formado principalmente por Sphagnum
(esfagno, espécie de musgo) e Hypnum, mas também de juncos, árvores, etc. Sob
condições geológicas adequadas, transformam-se em carvão. É utilizada como
combustível para aquecimento doméstico.
Na formação do carvão mineral, a turfa é a fase (e tipo de carvão
mineral) menos rico em carbono (cerca de 60 %).
Em todo o mundo, a turfa é utilizada para absorver e encapsular
hidrocarbonetos, sendo um dos mais avançados produtos do mundo para prevenir e
combater derramamentos de derivados de petróleo e similares com
hidrocarbonetos.
[3] O hidrocarboneto é
um composto químico constituído essencialmente por átomos de carbono e de
hidrogénio.
[4] A fissão nuclear é
um tipo de ração na qual um núcleo atômico se dividido em partes menores,
emitindo nêutrons e liberando grande quantidade de energia.
[5] Regiões com ventos
frequentes de 15 km/h são ideais para a instalação de aerogeradores. A geração
de energia eólica no mundo aumentou cerca de 1000% nos últimos dez anos. Até o final de 2013, o mundo produziu cerca
de 300 GW de energia elétrica através de usinas eólicas. Os países que mais
geram energia eólica são: 1º China (62,7 mil megawatts), 2º EUA (46,9 mil
megawatts), 3º Alemanha (29 mil megawatts), 4º Espanha (21,6 mil megawatts), 5º
Índia (16 mil megawatts), 6º França (6,8 mil megawatts), 7º Itália (6,7 mil
megawatts).
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