sexta-feira, 31 de julho de 2015

Os Climas no Brasil
Clima corresponde ao conjunto de variações do tempo de uma determinada localidade. Para estabelecer o clima de um lugar é necessário analisar os fenômenos atmosféricos durante um período de, aproximadamente, 30 anos. O clima está diretamente relacionado à formação vegetal.

1. Características do clima brasileiro
No território brasileiro ocorre uma grande diversidade climática, pois o país apresenta grande extensão territorial com diferenças de relevo, altitude e dinâmica das massas de ar e das correntes marítimas, todos esses fatores influenciam no clima de uma região.
A maior parte da área do Brasil está localizada na Zona Intertropical, ou seja, nas zonas de baixas latitudes, com climas quentes e úmidos. O Brasil ocupa uma área de 8,5 milhões de km². Desse total, cerca de 90% está localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Daí o termo país tropical. Algumas características do clima tropical estão presentes em grande parte do território brasileiro: temperatura média elevada, muita chuva durante o ano e formações vegetais típicas, como florestas fechadas e cerrados. Isso não quer dizer que o clima do Brasil é uniforme. Outro fator interessante do clima brasileiro se refere à amplitude térmica (diferença entre as médias anuais de temperatura máximas e mínimas), conforme se aproxima da linha do Equador, a amplitude térmica é menor.
Inicialmente, o Brasil é um dos únicos países no mundo a apresentar a chamada floresta equatorial (ao lado do Congo, na África), circunscrita ao clima equatorial. Este clima prevalece na região da Floresta Amazônica, apresentando características como temperaturas médias que oscilam entre 24 e 26 C e índice pluviométrico de médias superiores a 2.500 mm/ano (o mais alto índice referente ao regime de chuvas do território brasileiro). A vegetação da área compreendida por este tipo de clima corresponde à chamada floresta equatorial (hiléia amazônica).
Outro fator que influencia o clima brasileiro é a latitude, uma vez que o território brasileiro, apresenta variação latitudinal de cerca de 40°. Quanto maior a latitude, menor as temperaturas e maior a amplitude térmica na região (vice-versa). Assim as cidades mais próximas a Linha do Equador (região norte do Brasil), possuem amplitudes térmicas menores e temperaturas mais altas do que as cidades localizadas no sul e sudeste do país. O mapa ao lado permite visualizar a diferenças de temperaturas em 3 cidades de latitudes distintas no Brasil.
Outro fator importante na formação do clima brasileiro é a continentalidade. Quanto menor a distância em relação ao mar, menor a amplitude térmica e maior a pluviosidade (maritimidade). Como o Brasil é um país de grande extensão continental, as regiões afastadas do oceano, sofrem o processo inverso, ou seja, possuem maior amplitude térmica e baixa pluviosidade. Desta forma, os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e interior do território brasileiro apresentam alta variação de temperatura.
Também as correntes marítimas influenciam a formação do clima brasileiro, uma vez que o Brasil sofre a influência de duas correntes quentes: a Corrente do Brasil na região sul e a Corrente do Golfo no norte. Ambas contribuem para a formação de climas quentes e alta pluviosidade.
Entretanto, são as massas de ar que constituem o principal elemento determinante dos climas brasileiros, pois podem mudar bruscamente o tempo nas áreas que atuam. O Brasil sofre a influência de praticamente todas as massas de ar que atuam na América do Sul, exceto as que têm origem no Oceano Pacífico, tendo em vista que a Cordilheira dos Andes faz uma barreira impedindo sua entrada no oeste do país.

Massas de ar
Por ter 93% de seu território na Zona Tropical e estar localizado no hemisfério sul, onde as massa líquidas (oceanos e mares) ocupam maior espaço que as massa sólidas (continentes), o Brasil é influenciado predominantemente pelas massas de ar quente e úmida (Massa Equatorial Continental (mEc), Massa Equatorial Atlântica (mEa) e a Massa Tropical Atlântica (mTa) e seca (Massa Tropical Continental (mTc)) No entanto, durante o inverno o país sofre bastante com a presença de uma massa fria e úmida, a Massa Polar Atlântica (mPa).

Massa Equatorial Continental: é originária da Amazônia ocidental, área de baixa latitude e muitos rios, sendo uma massa de ar quente, úmido e instável. É a que mais exerce influência no Brasil atingindo todas as regiões durante o verão, provocando alta pluviosidade e umidade. No inverno esta massa de ar recua sua atuação, ficando restrita ao oeste da Amazônia.

Massa Tropical Atlântica: de ar quente e úmido origina-se no Atlântico sul. Formadora dos ventos alísios sudeste, atua na longa faixa litorânea brasileira que se estende da região sul ao nordeste do país. No inverno quando se encontra com a Massa Polar Atlântica, provoca chuvas frontais[1] no nordeste e chuvas orográficas[2] no sudeste do Brasil.

Massa Equatorial Atlântica: também quente e úmida, origina-se próximo ao Arquipélago de Açores na África, sendo responsável pela formação dos ventos alísios de nordeste, atuando principalmente durante a primavera e o verão no litoral das regiões Norte e Nordeste.

Massa Tropical Continental: tem sua origem na depressão do Chaco no Paraguai, isto é, uma zona de altas temperaturas e pouca umidade. É a única massa de ar no Brasil que é quente e seca. Atua na região Centro-Oeste e no oeste das regiões Sul e Sudeste onde ocorrem longos períodos de tempo quente e seco.

Massa Polar Atlântica: por se originar no Oceano Atlântico ao sul da Argentina, num local de latitudes médias, é uma massa de ar, fria e úmida. Atua principalmente no inverno, dividindo-se em três ramos separados pelo relevo brasileiro. Os dois primeiros ramos referem-se ao corredor de planícies interiores brasileiras, subindo o primeiro pelo Vale do Rio Paraná atingindo a Região Sul e traz ventos frios como o Minuano e o Pampeiro, causando a formação de granizo, geada e neve nas serras catarinenses e gaúchas. O segundo ramo em razão das baixas altitudes do Brasil central, permite o avanço da massa de ar frio e úmido até a Amazônia, Mato Grosso, Rondônia e Acre, causando o fenômeno conhecido como friagem, derrubando as temperaturas na Região Norte e Centro-Oeste. E por último o terceiro ramo refere-se ao avanço da massa de ar pelo litoral brasileiro, do Sul ao Nordeste, provocando chuvas frontais durante o inverno nordestino.

Características dos ventos
Os ventos sopram sempre dos centros de baixas pressões para os de altas pressões em decorrência das diferenças de altitude e de pressão atmosférica. A movimentação das massas de ar atmosféricas caracterizando o chamado efeito de “circulação geral da atmosfera”. Nesta circulação geral da atmosfera são gerados sistemas de ventos conhecidos como “estes polares”, “ventos de oeste” e “ventos alísios”.
O vento está intimamente associado as variações da pressão atmosférica[3], vejamos. Se o ar mais quente (baixa pressão) sobe, o ar mais frio (alta pressão) desce e virá para ocupar o lugar do ar que subiu. A estes movimentos verticais se originam os movimentos horizontais e que simplesmente chamamos de vento.
Assim sendo, quanto maior for à diferença da pressão atmosférica para um determinado ponto mais intenso deverá ser o vento que atuará sobre este ponto.
As unidades mais usadas para a determinação da velocidade do vento são o quilômetro por hora, metro por segundo e nó por hora e a direção é dada pela rosa dos ventos (Norte, Sul, Leste e Oeste) ou em graus de 0 a 360. Os instrumentos utilizados são o anemômetro ou barógrafo.

Temperatura
A temperatura é determinada por meio de graus, que podem ser Celsius (°C) e Fahrenheit (F), sendo que primeira forma é a mais utilizada. Utiliza-se o termômetro de mercúrio e de álcool e o termógrafo.
Aqui novamente a pressão atmosférica está influenciando nas variações. Quanto mais alta a pressão maiores as condições de frio e quanto mais baixa a pressão maiores as condições de calor, sempre respeitando as regras colocadas na introdução.

Precipitação
O termo precipitação se refere a queda de umidade ao solo na forma de líquido (chuvisco, garoa, chuva) ou de sólido (neve, granizo), mas a  forma mais comum entre nós é a chuva e também a mais importante para o desenvolvimento da vida.
Aqui também se faz presente a atuação da pressão atmosférica, pois se temos baixa pressão (calor) e umidade, o ar e umidade subirão por evaporação, esse ar aquecido ao chegar ao alto irá se condensar e se transformar em nuvens e que mais tarde poderão ser nuvens de chuva que precipitará.
A unidade mais utilizada para a chuva é o milímetro (mm) e isso quer dizer que um milímetro (mm) de chuva corresponde a um litro de água precipitada por metro quadrado de área do solo. Os instrumentos utilizados são o pluviômetro e o pluviógrafo.

Monções
O aquecimento e arrefecimento sazonais de vastas regiões continentais temem como conseqüência a inversão das correntes atmosféricas, as quais se dirigem de terra para o mar na estação mais fria, e invertendo o sentido do seu deslocamento, passando a soprar do mar para terra, na estação quente. As monções podem ser de verão ou de sudoeste e de inverno ou de nordeste.

2. Critérios utilizados no Brasil para classificar os diferentes tipos de clima
O critério utilizado no Brasil para classificar os diferentes tipos de clima foi a origem, a natureza e, principalmente, a movimentação das massas de ar existentes no país (equatoriais, tropicais e polares). Conforme análises climáticas realizadas no território brasileiro, foi possível estabelecer seis tipos de climas diferentes, são eles:

Equatorial – Presente na Amazônia, ao norte de Mato Grosso e a oeste do Maranhão, sofre ação direta das massas de ar equatorial continental e equatorial atlântica, de ar quente e úmido. Apresenta temperaturas médias elevadas (de 25 °C a 27 °C), chuvas durante todo o ano e reduzida amplitude térmica (inferior a 3 °C).

Tropical – Clima do Brasil central, também presente na porção oriental do Maranhão, extensa parte do território do Piauí e na porção ocidental da Bahia e de Minas Gerais. Encontrado também no extremo norte do país, em Roraima. Caracteriza-se por temperatura elevada (18 °C a 28 °C), com amplitude térmica de 5 °C a 7 °C, e estações bem definidas (uma chuvosa e outra seca). A estação de chuva ocorre no verão; no inverno ocorre a redução da umidade relativa em razão do período da estação seca. O índice pluviométrico é de cerca de 1,5 mil milímetros anuais.

Tropical de Altitude – É encontrado nas partes mais elevadas, acima de 800 metros, do planalto Atlântico do Sudeste. Abrange principalmente os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Está sob influência da massa de ar tropical atlântica, que provoca chuvas no período do verão. Apresenta temperatura amena, entre 18 °C e 22 °C, e amplitude térmica anual entre 7 °C e 9 °C. No inverno, as geadas ocorrem com certa frequência, em virtude da ação das frentes frias originadas do choque entre as massas tropical e polar.

Tropical Atlântico – Conhecido também como tropical úmido, compreende a faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao Paraná. Sofre a ação direta da massa tropical atlântica, que, por ser quente e úmida, provoca chuvas intensas. A temperatura varia de 18 °C a 26 °C, apresenta amplitude térmica maior à medida que se avança em direção ao Sul. No Nordeste, a maior concentração de chuva se dá no inverno. No Sudeste, no verão. O índice pluviométrico médio é alto, de 2 mil milímetros anuais.

Subtropical – Ocorre nas latitudes abaixo do trópico de Capricórnio. Está presente no sul do estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul e na maior parte do estado paranaense, de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É influenciado pela massa polar atlântica, possui temperatura média anual de 18 °C e amplitude térmica elevada (10 °C). Recebe influência, principalmente no inverno, das massas de ar frias vindas da Antártida. As chuvas não são muito intensas, mil milímetros anuais, porém, ocorrem de forma bem distribuída na região. Nessa região climática do Brasil são comuns as geadas e nevadas. O verão é muito quente e a temperatura pode ultrapassar os 30 °C. O inverno, bastante frio, apresenta temperaturas mais baixas do país, inferiores a 0 °C. 
Semiárido – Ocorre no interior do Nordeste, na região conhecida como Polígono das Secas, corresponde a quase todo o sertão nordestino e aos vales médio e inferior do rio São Francisco. Caracteriza-se por temperaturas elevadas (média de 27 °C) e chuvas escassas e mal distribuídas, em torno de 700 milímetros anuais. Há períodos em que a massa equatorial atlântica (superúmida) chega ao litoral norte da região Nordeste e atinge o sertão, causando chuvas intensas nos meses de fevereiro, março e abril.



[1] Chuva frontal: na zona de contato entre duas massas de ar (frente) de características diferentes, uma quente e outra fria, ocorre a condensação do vapor e a precipitação da água na forma de chuva. A área de abrangência (em quilômetros quadrados) e o volume de água precipitada estão relacionados com a intensidade das massas, variável no correr do ano, ou seja, quando duas massas de ar ou frentes se encontram uma quente e outra fria, então chove!
[2] Chuva orográfica - tipo de chuva muito comum no litoral, onde a encosta da Serra do Mar torna-se um obstáculo natural para a umidade oriunda do Oceano Atlântico. Como a umidade não consegue transpor a Cordilheira Atlântica, esta fica contida, acumulando-se, elevando-se até se resfriar em grandes altitudes na crista da serra e se condensar. Assim, chove muito mais no sopé da Serra do Mar e no litoral do que no interior do Estado. É conhecida também por chuva de relevo ou chuva de montanha.
[3] Quanto maior forem os gradientes de temperatura e pressão mais fortes os ventos serão, devido às velocidades do vento da corrente de jato polar variar em diferentes lugares. Então, a corrente de jato polar muda sua localização (no inverno e no verão), dependendo das diferenças de temperaturas.

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