Os Climas no Brasil
Clima corresponde ao conjunto de variações do tempo de
uma determinada localidade. Para estabelecer o clima de um lugar é necessário
analisar os fenômenos atmosféricos durante um período de, aproximadamente, 30
anos. O clima está diretamente relacionado à formação vegetal.
1. Características do clima brasileiro
No território brasileiro ocorre uma grande diversidade
climática, pois o país apresenta grande extensão territorial com diferenças de
relevo, altitude e dinâmica das massas de ar e das correntes marítimas, todos
esses fatores influenciam no clima de uma região.
A maior parte da área do Brasil está localizada na
Zona Intertropical, ou seja, nas zonas de baixas latitudes, com climas quentes
e úmidos. O Brasil ocupa uma área de 8,5 milhões de km². Desse total, cerca de
90% está localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Daí o termo país
tropical. Algumas características do clima tropical estão presentes em grande
parte do território brasileiro: temperatura média elevada, muita chuva durante
o ano e formações vegetais típicas, como florestas fechadas e cerrados. Isso
não quer dizer que o clima do Brasil é uniforme. Outro fator interessante do
clima brasileiro se refere à amplitude térmica (diferença entre as médias
anuais de temperatura máximas e mínimas), conforme se aproxima da linha do
Equador, a amplitude térmica é menor.
Inicialmente, o Brasil é um dos únicos países no mundo
a apresentar a chamada floresta equatorial (ao lado do Congo, na África),
circunscrita ao clima equatorial. Este clima prevalece na região da Floresta
Amazônica, apresentando características como temperaturas médias que oscilam
entre 24 e 26 C e índice pluviométrico de médias superiores a 2.500 mm/ano (o
mais alto índice referente ao regime de chuvas do território brasileiro). A
vegetação da área compreendida por este tipo de clima corresponde à chamada
floresta equatorial (hiléia amazônica).
Outro fator que influencia o clima brasileiro é a
latitude, uma vez que o território brasileiro, apresenta variação latitudinal
de cerca de 40°. Quanto maior a latitude, menor as temperaturas e maior a
amplitude térmica na região (vice-versa). Assim as cidades mais próximas a
Linha do Equador (região norte do Brasil), possuem amplitudes térmicas menores
e temperaturas mais altas do que as cidades localizadas no sul e sudeste do
país. O mapa ao lado permite visualizar a diferenças de temperaturas em 3
cidades de latitudes distintas no Brasil.
Outro fator importante na formação do clima brasileiro
é a continentalidade. Quanto menor a distância em relação ao mar, menor a
amplitude térmica e maior a pluviosidade (maritimidade). Como o Brasil é um
país de grande extensão continental, as regiões afastadas do oceano, sofrem o
processo inverso, ou seja, possuem maior amplitude térmica e baixa pluviosidade.
Desta forma, os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás
e interior do território brasileiro apresentam alta variação de temperatura.
Também as correntes marítimas influenciam a formação
do clima brasileiro, uma vez que o Brasil sofre a influência de duas correntes
quentes: a Corrente do Brasil na região sul e a Corrente do Golfo no norte.
Ambas contribuem para a formação de climas quentes e alta pluviosidade.
Entretanto, são as massas de ar que constituem o
principal elemento determinante dos climas brasileiros, pois podem mudar
bruscamente o tempo nas áreas que atuam. O Brasil sofre a influência de
praticamente todas as massas de ar que atuam na América do Sul, exceto as que
têm origem no Oceano Pacífico, tendo em vista que a Cordilheira dos Andes faz
uma barreira impedindo sua entrada no oeste do país.
Massas de ar
Por ter 93% de seu território na Zona Tropical e estar
localizado no hemisfério sul, onde as massa líquidas (oceanos e mares) ocupam
maior espaço que as massa sólidas (continentes), o Brasil é influenciado
predominantemente pelas massas de ar quente e úmida (Massa Equatorial
Continental (mEc), Massa Equatorial Atlântica (mEa) e a Massa Tropical
Atlântica (mTa) e seca (Massa Tropical Continental (mTc)) No entanto, durante o
inverno o país sofre bastante com a presença de uma massa fria e úmida, a Massa
Polar Atlântica (mPa).
Massa Equatorial Continental: é originária da Amazônia ocidental, área de baixa
latitude e muitos rios, sendo uma massa de ar quente, úmido e instável. É a que
mais exerce influência no Brasil atingindo todas as regiões durante o verão,
provocando alta pluviosidade e umidade. No inverno esta massa de ar recua sua
atuação, ficando restrita ao oeste da Amazônia.
Massa Tropical Atlântica: de ar quente e úmido origina-se no Atlântico sul.
Formadora dos ventos alísios sudeste, atua na longa faixa litorânea brasileira
que se estende da região sul ao nordeste do país. No inverno quando se encontra
com a Massa Polar Atlântica, provoca chuvas frontais[1] no nordeste e chuvas
orográficas[2]
no sudeste do Brasil.
Massa Equatorial Atlântica: também quente e úmida, origina-se próximo ao
Arquipélago de Açores na África, sendo responsável pela formação dos ventos
alísios de nordeste, atuando principalmente durante a primavera e o verão no
litoral das regiões Norte e Nordeste.
Massa Tropical Continental: tem sua origem na depressão do Chaco no Paraguai,
isto é, uma zona de altas temperaturas e pouca umidade. É a única massa de ar
no Brasil que é quente e seca. Atua na região Centro-Oeste e no oeste das
regiões Sul e Sudeste onde ocorrem longos períodos de tempo quente e seco.
Massa Polar Atlântica: por se originar no Oceano Atlântico ao sul da
Argentina, num local de latitudes médias, é uma massa de ar, fria e úmida. Atua
principalmente no inverno, dividindo-se em três ramos separados pelo relevo
brasileiro. Os dois primeiros ramos referem-se ao corredor de planícies
interiores brasileiras, subindo o primeiro pelo Vale do Rio Paraná atingindo a
Região Sul e traz ventos frios como o Minuano e o Pampeiro, causando a formação
de granizo, geada e neve nas serras catarinenses e gaúchas. O segundo ramo em
razão das baixas altitudes do Brasil central, permite o avanço da massa de ar
frio e úmido até a Amazônia, Mato Grosso, Rondônia e Acre, causando o fenômeno
conhecido como friagem, derrubando as temperaturas na Região Norte e
Centro-Oeste. E por último o terceiro ramo refere-se ao avanço da massa de ar
pelo litoral brasileiro, do Sul ao Nordeste, provocando chuvas frontais durante
o inverno nordestino.
Características dos ventos
Os ventos sopram sempre dos centros de baixas pressões
para os de altas pressões em decorrência das diferenças de altitude e de
pressão atmosférica. A movimentação das massas de ar atmosféricas
caracterizando o chamado efeito de “circulação geral da atmosfera”. Nesta
circulação geral da atmosfera são gerados sistemas de ventos conhecidos como
“estes polares”, “ventos de oeste” e “ventos alísios”.
O vento está intimamente associado as variações da
pressão atmosférica[3],
vejamos. Se o ar mais quente (baixa pressão) sobe, o ar mais frio (alta
pressão) desce e virá para ocupar o lugar do ar que subiu. A estes movimentos
verticais se originam os movimentos horizontais e que simplesmente chamamos de
vento.
Assim sendo, quanto maior for à diferença da pressão
atmosférica para um determinado ponto mais intenso deverá ser o vento que
atuará sobre este ponto.
As unidades mais usadas para a determinação da
velocidade do vento são o quilômetro por hora, metro por segundo e nó por hora
e a direção é dada pela rosa dos ventos (Norte, Sul, Leste e Oeste) ou em graus
de 0 a 360. Os instrumentos utilizados são o anemômetro ou barógrafo.
Temperatura
A temperatura é determinada por meio de graus, que
podem ser Celsius (°C) e Fahrenheit (F), sendo que primeira forma é a mais
utilizada. Utiliza-se o termômetro de mercúrio e de álcool e o termógrafo.
Aqui novamente a pressão atmosférica está
influenciando nas variações. Quanto mais alta a pressão maiores as condições de
frio e quanto mais baixa a pressão maiores as condições de calor, sempre
respeitando as regras colocadas na introdução.
Precipitação
O termo precipitação se refere a queda de umidade ao
solo na forma de líquido (chuvisco, garoa, chuva) ou de sólido (neve, granizo),
mas a forma mais comum entre nós é a
chuva e também a mais importante para o desenvolvimento da vida.
Aqui também se faz presente a atuação da pressão
atmosférica, pois se temos baixa pressão (calor) e umidade, o ar e umidade
subirão por evaporação, esse ar aquecido ao chegar ao alto irá se condensar e
se transformar em nuvens e que mais tarde poderão ser nuvens de chuva que
precipitará.
A unidade mais utilizada para a chuva é o milímetro
(mm) e isso quer dizer que um milímetro (mm) de chuva corresponde a um litro de
água precipitada por metro quadrado de área do solo. Os instrumentos utilizados
são o pluviômetro e o pluviógrafo.
Monções
O aquecimento e arrefecimento sazonais de vastas
regiões continentais temem como conseqüência a inversão das correntes
atmosféricas, as quais se dirigem de terra para o mar na estação mais fria, e
invertendo o sentido do seu deslocamento, passando a soprar do mar para terra,
na estação quente. As monções podem ser de verão ou de sudoeste e de inverno ou
de nordeste.
2. Critérios utilizados no Brasil para classificar os diferentes tipos
de clima
O critério utilizado no Brasil para classificar os
diferentes tipos de clima foi a origem, a natureza e, principalmente, a
movimentação das massas de ar existentes no país (equatoriais, tropicais e
polares). Conforme análises climáticas realizadas no território brasileiro, foi
possível estabelecer seis tipos de climas diferentes, são eles:
Equatorial – Presente na Amazônia, ao norte de Mato Grosso e a
oeste do Maranhão, sofre ação direta das massas de ar equatorial continental e
equatorial atlântica, de ar quente e úmido. Apresenta temperaturas médias
elevadas (de 25 °C a 27 °C), chuvas durante todo o ano e reduzida amplitude
térmica (inferior a 3 °C).
Tropical – Clima do Brasil central, também presente na porção
oriental do Maranhão, extensa parte do território do Piauí e na porção
ocidental da Bahia e de Minas Gerais. Encontrado também no extremo norte do
país, em Roraima. Caracteriza-se por temperatura elevada (18 °C a 28 °C), com
amplitude térmica de 5 °C a 7 °C, e estações bem definidas (uma chuvosa e outra
seca). A estação de chuva ocorre no verão; no inverno ocorre a redução da
umidade relativa em razão do período da estação seca. O índice pluviométrico é
de cerca de 1,5 mil milímetros anuais.
Tropical de Altitude – É encontrado nas partes mais elevadas, acima de 800
metros, do planalto Atlântico do Sudeste. Abrange principalmente os estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Está sob influência da
massa de ar tropical atlântica, que provoca chuvas no período do verão.
Apresenta temperatura amena, entre 18 °C e 22 °C, e amplitude térmica anual
entre 7 °C e 9 °C. No inverno, as geadas ocorrem com certa frequência, em
virtude da ação das frentes frias originadas do choque entre as massas tropical
e polar.
Tropical Atlântico – Conhecido também como tropical úmido, compreende a
faixa litorânea do Rio Grande do Norte ao Paraná. Sofre a ação direta da massa
tropical atlântica, que, por ser quente e úmida, provoca chuvas intensas. A
temperatura varia de 18 °C a 26 °C, apresenta amplitude térmica maior à medida
que se avança em direção ao Sul. No Nordeste, a maior concentração de chuva se
dá no inverno. No Sudeste, no verão. O índice pluviométrico médio é alto, de 2
mil milímetros anuais.
Subtropical – Ocorre nas latitudes abaixo do trópico de
Capricórnio. Está presente no sul do estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul e
na maior parte do estado paranaense, de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É
influenciado pela massa polar atlântica, possui temperatura média anual de 18
°C e amplitude térmica elevada (10 °C). Recebe influência, principalmente no
inverno, das massas de ar frias vindas da Antártida. As chuvas não são muito
intensas, mil milímetros anuais, porém, ocorrem de forma bem distribuída na
região. Nessa região climática do Brasil são comuns as geadas e nevadas. O
verão é muito quente e a temperatura pode ultrapassar os 30 °C. O inverno,
bastante frio, apresenta temperaturas mais baixas do país, inferiores a 0
°C.
Semiárido – Ocorre no interior do Nordeste, na região conhecida
como Polígono das Secas, corresponde a quase todo o sertão nordestino e aos
vales médio e inferior do rio São Francisco. Caracteriza-se por temperaturas
elevadas (média de 27 °C) e chuvas escassas e mal distribuídas, em torno de 700
milímetros anuais. Há períodos em que a massa equatorial atlântica (superúmida)
chega ao litoral norte da região Nordeste e atinge o sertão, causando chuvas
intensas nos meses de fevereiro, março e abril.
[1] Chuva frontal: na zona de contato entre duas massas de ar (frente) de
características diferentes, uma quente e outra fria, ocorre a condensação do
vapor e a precipitação da água na forma de chuva. A área de abrangência (em
quilômetros quadrados) e o volume de água precipitada estão relacionados com a
intensidade das massas, variável no correr do ano, ou seja, quando duas massas
de ar ou frentes se encontram uma quente e outra fria, então chove!
[2] Chuva orográfica - tipo de chuva muito comum no litoral, onde a encosta
da Serra do Mar torna-se um obstáculo natural para a umidade oriunda do Oceano
Atlântico. Como a umidade não consegue transpor a Cordilheira Atlântica, esta
fica contida, acumulando-se, elevando-se até se resfriar em grandes altitudes
na crista da serra e se condensar. Assim, chove muito mais no sopé da Serra do
Mar e no litoral do que no interior do Estado. É conhecida também por chuva de
relevo ou chuva de montanha.
[3] Quanto maior forem os gradientes de temperatura e
pressão mais fortes os ventos serão, devido às velocidades do vento da corrente
de jato polar variar em diferentes lugares. Então, a corrente de jato polar
muda sua localização (no inverno e no verão), dependendo das diferenças de
temperaturas.
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