domingo, 12 de julho de 2015

Movimento Operário no século XIX

Com o surgimento da industrialização as relações socioeconômicas mudaram drasticamente. O mundo saiu de um sistema agropecuário que vinha desde a pré-história, para, tornar-se um mundo industrializado. Surgiram as classes sócias. A classe mais explorada, a operária, reagiu à exploração capitalista organizando greves e formando sindicatos.

1. Novos grupos sociais
A sociedade que se organizou em torno da industrialização dividiu-se basicamente em duas camadas: burguesia e o proletariado.

Burguesia
A burguesia é a classe social constituída de proprietários das fábricas, das máquinas, dos bancos, do comércio, das redes de transporte e das empresas agrícolas. A origem do termo é o burgo, aglomerado urbano da Idade Média onde os habitantes se dedicavam aos comércio e ao artesanato. A partir do século XVIII, a burguesia impôs cada vez mais seu domínio sobre toda a sociedade.

Proletariado
O trabalhador operário surgiu com a Revolução Industrial e que vive do salário que recebe. Como o mundo capitalista surgido a partir de então, está centrado na venda, e como o operário não tem meios para sobreviver por conta própria, o que o ele vende, é sua força de trabalho para o dono do capital, o capitalista dono da fábrica, em troca de um salário que lhe permite sobreviver. O salário, paga apenas uma parte do tempo do trabalho do operário nas fábricas. O restante é apropriado pelo capitalista.
A concentração de trabalhadores tornou-se tão intensa e a disciplina das fábricas os fazia parecer tão iguais que os burgueses, de forma pejorativa, passaram a denominar massa o conjunto dos trabalhadores urbanos das sociedades industrializadas.

2. A organização da classe operária
No início do século XVIII, os tecelões ingleses organizaram as primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes, com a intenção de obter aumento de salários. No entanto, só com a grande indústria fabril sugiram associações fortes e organizadas, que passaram a representar uma ameaça aos capitalistas.
Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais diferentes formas, das quais se destacam:

Movimento Ludista (1811-1812)
A vida dos operários no início da industrialização era exatamente difícil. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé com apenas uma hora de almoço. Não havia garantias trabalhistas algumas. A mecanização do trabalho causou a dispensa de muitos trabalhadores.
Em 1811 surgiu o movimento ludista, uma forma radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os ludistas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os ludistas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas".

A formação dos sindicatos ingleses
A associação de trabalhadores remonta às corporações de ofício da Idade Média, quando mestres de uma mesma atividade profissional ser reuniam para proteger a produção da concorrência de outras cidades. Com as transformações produzidas pela Revolução Industrial, os operários também passaram a se reunir em associações, chamadas de trade unions, ou sindicatos, como passaram a ser chamados.
Com o advento da Revolução Industrial, os mestres artesãos e os profissionais das antigas oficinas foram incorporadas ao trabalho nas indústrias. Como em geral a oferta de trabalhadores era maior do que de vagas, os proprietários podiam controlar livremente os salários dos operários. Diante dessa situação, as trade unions se organizavam em busca de melhores condições de trabalho e de salários.
Em 1799, as associações trabalhistas na Inglaterra foram proibidas, e seu funcionamento foi considerado crime. Mesmo assim muitos continuaram na clandestinidade. Apenas em 1824, deixou de ser ilegal seu funcionamento, e, em 1871 essas associações foram efetivamente legalizadas.

Movimento Cartista (1837-1848)
O movimento "cartista", organizado pela "Associação dos Operários" em 1838, elaborou um documento, a Carta do Povo que foi enviada ao parlamento inglês, que exigia entre outras coisas: direitos políticos, como o estabelecimento do sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do voto censitário.
A petição foi levada para a assembleia de trabalhadores em todo o país e recebeu mais de 1 milhão de assinaturas. A recusa do parlamento em aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações prisões. O mais grava incidente ocorreu quando uma coluna de mineiros entrou em confronto com os soldados, resultando em 10 mortos e dezenas de feridos.
Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma segunda petição, bem mais radical exigindo melhores condições de trabalho como: particularmente a limitação de oito horas para a jornada de trabalho, a regulamentação do trabalho feminino, a extinção do trabalho infantil, a folga semanal, o salário mínimo. A nova petição recebeu cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da população masculina da época.

Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores. As lei trabalhistas do século XIX e início do XX melhoraram as condições de trabalho nas fábricas e minas, além de fortalecer as lutas dos trabalhadores de outros países.

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