Movimento Operário no século XIX
Com o surgimento da industrialização as relações
socioeconômicas mudaram drasticamente. O mundo saiu de um sistema agropecuário
que vinha desde a pré-história, para, tornar-se um mundo industrializado.
Surgiram as classes sócias. A classe mais explorada, a operária, reagiu à
exploração capitalista organizando greves e formando sindicatos.
1. Novos grupos sociais
A sociedade que se organizou em torno da
industrialização dividiu-se basicamente em duas camadas: burguesia e o
proletariado.
Burguesia
A burguesia é a classe social constituída de
proprietários das fábricas, das máquinas, dos bancos, do comércio, das redes de
transporte e das empresas agrícolas. A origem do termo é o burgo, aglomerado
urbano da Idade Média onde os habitantes se dedicavam aos comércio e ao
artesanato. A partir do século XVIII, a burguesia impôs cada vez mais seu
domínio sobre toda a sociedade.
Proletariado
O trabalhador operário surgiu com a Revolução
Industrial e que vive do salário que recebe. Como o mundo capitalista surgido a
partir de então, está centrado na venda, e como o operário não tem meios para
sobreviver por conta própria, o que o ele vende, é sua força de trabalho para o
dono do capital, o capitalista dono da fábrica, em troca de um salário que lhe
permite sobreviver. O salário, paga apenas uma parte do tempo do trabalho do
operário nas fábricas. O restante é apropriado pelo capitalista.
A concentração de trabalhadores tornou-se tão intensa
e a disciplina das fábricas os fazia parecer tão iguais que os burgueses, de
forma pejorativa, passaram a denominar massa o conjunto dos trabalhadores
urbanos das sociedades industrializadas.
2. A organização da classe operária
No início do século XVIII, os tecelões ingleses
organizaram as primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos,
convertidos em trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos
clubes, com a intenção de obter aumento de salários. No entanto, só com a
grande indústria fabril sugiram associações fortes e organizadas, que passaram
a representar uma ameaça aos capitalistas.
Alguns trabalhadores, indignados com sua situação,
reagiam das mais diferentes formas, das quais se destacam:
Movimento Ludista (1811-1812)
A vida dos operários no início da industrialização era
exatamente difícil. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé com apenas
uma hora de almoço. Não havia garantias trabalhistas algumas. A mecanização do
trabalho causou a dispensa de muitos trabalhadores.
Em 1811 surgiu o movimento ludista, uma forma radical
de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os ludistas
chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram
máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens,
tiravam seus trabalhos. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram
condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os ludistas ficaram lembrados
como "os quebradores de máquinas".
A formação dos sindicatos ingleses
A associação de trabalhadores remonta às corporações
de ofício da Idade Média, quando mestres de uma mesma atividade profissional
ser reuniam para proteger a produção da concorrência de outras cidades. Com as
transformações produzidas pela Revolução Industrial, os operários também
passaram a se reunir em associações, chamadas de trade unions, ou sindicatos,
como passaram a ser chamados.
Com o advento da Revolução Industrial, os mestres
artesãos e os profissionais das antigas oficinas foram incorporadas ao trabalho
nas indústrias. Como em geral a oferta de trabalhadores era maior do que de
vagas, os proprietários podiam controlar livremente os salários dos operários.
Diante dessa situação, as trade unions se organizavam em busca de melhores
condições de trabalho e de salários.
Em 1799, as associações trabalhistas na Inglaterra
foram proibidas, e seu funcionamento foi considerado crime. Mesmo assim muitos
continuaram na clandestinidade. Apenas em 1824, deixou de ser ilegal seu
funcionamento, e, em 1871 essas associações foram efetivamente legalizadas.
Movimento Cartista (1837-1848)
O movimento "cartista", organizado pela
"Associação dos Operários"
em
1838, elaborou um documento, a Carta do
Povo que foi enviada
ao parlamento inglês, que exigia entre outras coisas: direitos políticos, como
o estabelecimento do sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e
extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do
voto censitário.
A petição foi levada para a assembleia de
trabalhadores em todo o país e recebeu mais de 1 milhão de assinaturas. A
recusa do parlamento em aprovar a carta desencadeou uma onda de greves,
manifestações prisões. O mais grava incidente ocorreu quando uma coluna de
mineiros entrou em confronto com os soldados, resultando em 10 mortos e dezenas
de feridos.
Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma
segunda petição, bem mais radical exigindo
melhores condições de trabalho como: particularmente a limitação de oito horas
para a jornada de trabalho, a regulamentação do trabalho feminino, a extinção
do trabalho infantil, a folga semanal, o salário mínimo. A nova petição recebeu
cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da população masculina da
época.
Esse movimento se destacou por sua organização, e por
sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os
trabalhadores. As lei trabalhistas do século XIX e início do XX melhoraram as
condições de trabalho nas fábricas e minas, além de fortalecer as lutas dos
trabalhadores de outros países.
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