Independência na América Espanhola
Durante o século XIX, na porção hispânica da América,
ocorreu diversas revoltas e guerras iniciando o processo de independência dos
diversos territórios. O apoio inglês e dos EUA foram decisivos para a
emancipação latino-americana, interessada na ampliação de mercados para seus
produtos industrializados.
1. Revolução também na América
Os acontecimentos na Europa com Napoleão,
influenciaram os rumos do continente americano. As tropas de napoleão Bonaparte
difundiam as ideias liberais da Revolução Francesa e pregavam o fim dos
privilégios comerciais das metrópoles, alimentando a insatisfação de alguns
países europeus com o domínio colonial.
A Inglaterra, isolada com o Bloqueio
Continental passou a incentivar a liberdade comercial com o continente
americano. O governo inglês, aliado com seus comerciantes e empresários
desejavam escoar a produção industrial e passaram ase dedicar nas áreas de
colonização espanhola e portuguesa fossem livres para comprara as mercadorias
industrializadas de seu país.
Em 1808, as colônias espanholas na América,
foram diretamente afetadas quando as tropas napoleônicas ocuparam a Espanha, derrubando
o rei espanhol. Como governante da Espanha, Napoleão nomeou seu irmão, José
Bonaparte.
Na Espanha, foi organizado um movimento de
espanhóis contra a invasão francesa. Foi criado as juntas de governo, que
tinham a função de exercer o poder na ausência do rei.
Essa forma de organização estendeu-se as
colônias espanholas no continente americano. Com o tempo, as juntas de governo
na América hispânica passaram a reivindicar maior autonomia, levando muitas
colônias espanholas a entrar em guerra contra o governo metropolitano pela
independência.
A organização política e administrativas na colônia
No final do século XVIII, os domínios espanhóis na
América encontravam-se divididos em quatro vice-reinados e três capitanias
gerais:
a) Vice-Reinado
da Nova Espanha: deu origem ao
México em 1821;
b) Vice-Reinado
da Nova Granada: deu origem ao Equador em 1830, a Venezuela em 1831, a
Colômbia em 1830 e o Panamá em 1903;
c) Vice-Reinado
do Peru: deu origem ao Peru em1821;
d) Vice-Reinado
do Rio da Prata: deu origem a
Bolívia em 1825, a Argentina em 1816, ao Paraguai em 1811 e ao Uruguai em 1828;
e) Capitania
Geral da Guatemala: deu origem
a Guatemala em 1821, a Honduras em 1821, a El Salvador em 1821, a Nicarágua em
1821 e a Costa Rica em 1821;
f) Capitania Geral
de Cuba: deu origem a Cuba em 1898, a República Dominicana em 1844 e a
Porto Rico em 1898;
g) Capitania
Geral do Chile: deu origem ao Chile em 1818.
A organização social da colônia
A população nativa ou os nascidos na América, ficaram
de fora da administração colonial. Na colônia espanhola havia diferenças entre
os diversos grupos sociais; chapetones, criollos, mestiços, índios e africanos.
a) Chapetones: eram os espanhóis, tinham os mais altos cargos administrativos,
possuíam terras exploravam tanto mestiços e escravos, eles tinham direito de
retornarem para a Espanha;
b) Criollos: descendentes brancos dos espanhóis. Possuíam terras,
exploravam mestiços e escravos, tinham funções administrativas secundárias
(cabildos- espécie de câmaras municipais), não tinham direito de irem estudar
ou morar na Espanha;
c) Mestiços: nascidos entre o casamento de um espanhol e uma índia.
Eram trabalhadores livres, que prestavam serviços aos chapetones e criollos.
d) Índios: eram “semi-escravos”, explorados pelos chapetones e crillos na “mita”- trabalho forçado
nas minas e na “encomienda” trabalho forçado nas lavouras;
e) africanos: eram escravizados na colônia.
Economia Colonial
A mineração com as jazidas de prata e ouro, que já se
encontravam parcialmente esgotada. Contudo a agricultura e pecuária era bem desenvolvida,
a pecuária especialmente ao sul da colônia.
2. As guerras de independência na América do Sul
Aproveitando-se da fragilidade espanhola na colônia,
entre 1810 e 1815, os criollos lideraram vários levantes na tentativa de
independência[1]
nas capitanias da Venezuela e do Chile e nos vice-reinados do rio da Prata e da
Nova Espanha. Era um movimento elitista e urbano. Contudo tinha fragilidades na
organização, pois não possuía um exército próprio, já que grande parte das
tropas era fiel à metrópole.
Cada setor social via a independência de acordo com
suas perspectivas. Para criollos e chapetones, a independência representaria a
liberdade política e econômica. Conquistado essa liberdade, as elites
americanas poderiam redigir suas próprias leia, além de escolher seus parceiros
de acordo com seus interesses. Para os indígenas e boa parte dos mestiços,
liberdade significava o fim dos tributos coloniais e a perspectiva de melhores
condições de vida e trabalho.
Independência da Argentina, Chile e Peru
As províncias unidas do Rio da Prata, atual Argentina,
proclamaram formalmente sua independência em julho de1816, concretizando o
processo com os êxitos militares de San Martín. Mas grande parte das áreas
meridional e centro-ocidental da América do Sul, como o Chile e o Peru
encontrava-se sob domínio espanhol, representando uma ameaça ao jovem país da
Bacia do Rio da Prata.
A partir da Argentina, José de San Martín, governador
da província de Mendonza na atual Argentina, uniu-se as forças rebeldes que
combatiam o governo espanhol no Chile. Comandando 5 mil homens no chamado
Exército dos Andes, marchou para o Norte, libertando o Chile. Dirigindo-se para
o Peru, principal centro de resistência espanhola, acompanhado pelo mercenário
inglês Lord Cochrane, San Martín alcançou e libertou Lima. Em 1821 entrava em
Lima para declarar a independência.
Uruguai
As terras onde hoje é o Uruguai sempre foi algo de
disputas entre portugueses e espanhóis, e após a independência da América Ibérica,
esta disputa teve continuidade entre o Brasil e a Argentina. Em 1811, a Banda
Oriental do vice-Reino do Rio da Prata foi invadida por tropas
luso-brasileiros. Para livrar a região, o general José Gervásio Artigas uniu-se
aos revolucionários de Buenos Aires. Cercou Montevidéu, expulsando os
invasores. Em 1818, as tropas de Artigas também expulsaram os espanhóis da
cidade, onde o líder revolucionário instalou um governo independente.
Em seu governo Artigas, promulgou uma lei que previa o
confisco de terras e sua distribuição entre índios, negros livres e criollos
pobres. Porém, o governo independente não durou muito, dois anos depois D. João
VI investiu novamente na região e, em 1821, a banda Oriental foi anexada ao
Brasil com o nome de província Cisplatina.
Independência da Colômbia, Equador e Venezuela
No norte da América do Sul, a guerra pela
independência era conduzida pelo venezuelano Simón Bolívar. Em 1819, após
combater os espanhóis, Bolívar proclamou na região do Vice-Reinado da Nova
Granada a independência, dando origem a Colômbia, Equador e Venezuela. Três
anos depois, um dos seus generais, Antônio de Sucre, libertou o Alto Peru,
nascia ali um novo país, a Bolívia
Dois Projetos e o Sonho Bolivariano
José de San Martín desejava uma América (espanhola) unida, mas sob um monarca europeu. Simóm Bolívar desejava, também, uma América unida, mas através de
uma confederação capaz de integrar uma faixa de terra que se estendia da
Guatemala até a Bolívia. Não incluindo o México, a área do rio da Prata e o
Brasil, pois temia que estas áreas colocassem em risco a hegemonia venezuelana.
O principal temos de Simóm Bolívar, no entanto, se
dirigia contra as supôs pretensões o Império do Brasil em o continente
americano, que, segundo ele, ameaçava avançar sobre terras vizinhas, antes e
depois da sua independência. O sonho de Bolívar não se realizou. As lutas pela
independência dividiram a ainda mais a América hispânica.
3. A independência do México
A guerra de independência foi declarada em 16 de
setembro de 1810, pelo padre Miguel Hidalgo. Indígenas, mestiços e
trabalhadores pobres insurgiram-se sob o lema “Independência e Liberdade” com o episódio conhecido como “Grito de Dolores”
(quando Miguel Hidalgo convocou a população para se juntar-se à luta, com o
grito “Viva a Virgem de Guadalupe! Morte ao mau governo! Viva Fernando VII! ”).
O movimento tinha alto cunho social e isto preocupou
os chapetones e criollos. Ao passo que que a revolta progredia, os rebeldes
tomavam as propriedades, ameaçando os privilégios da elite. O medo de um caos
social, levou as elites a se unirem em torno da Coroa espanhola. Em março de
1811, a revolta foi sufocada. Hidalgo, foi julgado pela Santa Inquisição e
condenado à morte, acusado de heresias e traição, sendo fuzilado meses depois, esquartejado
e sua cabeça exposta publicamente em Guanajuato.
Um ano após, ao sul da região, explodiu outro
movimento libertador, liderado pelo sacerdote José Maria Morelos. O padre
chegou a elaborara o primeiro projeto constitucional do México e convocou uma
assembleia constitucional, com representantes de todas as províncias, para
decidir os rumos do movimento. A revolta foi sufocada violentamente, e Morelos
foi morto em 22 de dezembro de 1815.
Liberdade
Em 1821 as elites, sob a liderança de Augustín de Itúrbide, com medo de novos levantes
populares se anteciparam e declararam a independência do México. Em 24 de
agosto de 1821, foi assinado o Tratado de Córdoba, no qual reconhecia o México
como nação independente. Logo depois, Itúrbide proclamou-se imperador e
governou o México até 1823, quando foi deposto por um golpe militar, e o país
passou a ser uma república.
4. A independência da América Central
Em 15 de setembro de 1821, a Capitania Geral da
Guatemala, declarou independência da Espanha. Contudo a liberdade durou pouco
tempo, pois foi anexada por Itúrbide ao Império do México. Quando a monarquia
mexicana caiu, a região rompeu com o governo do México e formou as Províncias
Unidas da América Central.
Como as demais regiões da América espanhola, a
tentativa união não durou muito. Em 1838, as Províncias Unidas da América Central
dividiram-se em vários países: Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e
Costa Rica.
5. Guerra hispano-americana
Os últimos domínios espanhóis na América foram
perdidos com a guerra entre Espanha e EUA. No final do século XIX, Cuba e Porto
Rico era o que restava de colônia da Espanha na América.
Em 1898, sob a liderança de José Martí, contra o
domínio espanhol em Cuba iniciou-se a guerra de independência da ilha contra a
Espanha. Logo em seguida, os EUA se envolvera no conflito, pois se interessaram
economicamente com a ilha. Então os EUA entraram no conflito e declararam
guerra a Espanha. Os espanhóis foram vencidos pelos norte-americanos, aceitou a
declaração de Independência de Cuba em 1898 e cedeu Porto Rico aos EUA.
[1] Embora acabassem com o pacto colonial e obtivessem sua
liberdade política, os novos Estados latinos assumiam uma nova forma de
dependência econômica, agora com os interesses do desenvolvimento capitalista,
sobretudo o inglês, fornecendo matérias-primas à Inglaterra e consumindo seus
produtos manufaturados.
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