domingo, 2 de agosto de 2015

A China Antiga

A civilização chinesa surgiu às margens do Rio Amarelo, a partir da reunião de aldeias neolíticas. Um longo período de disputas e combates antecedeu a formação do Império Chinês.

1. Origens
O homem habitava a China há quase 2 milhões de anos atrás. Por volta de 7.000 a.C. durante o período Neolítico, o território da atual China foi ocupado por grupos seminômades de caçadores e coletores. Aproximadamente em 5000 a.C., esses humanos passaram a se organizar em tribos, estabelecendo a divisão das tarefas: alguns praticavam a agricultura e outros a pecuária. Passaram também a construir casas mais permanentes, o que indica o início de um processo de sedentarização.
Na época existiam seis culturas nos vales dos rios Huang-He (Amarelo) e Yang-Tsé (Azul). O rio Amarelo tem esse nome por causa do loess, um sedimento amarelo rico em calcário. Nessas terras férteis, a agricultura foi desenvolvida com o cultivo do arroz e o painço.
As culturas Yangshao e Longshan
No Neolítico, o Vale do Rio Amarelo abrigava culturas importantes, como a Yangshao e Longshan. Em suas aldeias praticavam-se a agricultura e a criação de cães, porcos, bois, ovelhas e galinhas. As primeiras cidades da região surgiram a partir de aldeias Longshan, que eram cercadas por muros de terra batida.
Os artesãos dessas culturas produziam objetos de cerâmica, alguns com desenhos. Os povos da cultura Yangshao também tinham o costume de usar grandes jarros de cerâmica para enterrar os mortos.

2. A organização do poder
Apesar da centralização do poder continuavam existindo chefes, geralmente grandes proprietários de terras, que mantiveram o poder local. Apenas a dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) consolidou a centralização do poder e ampliou o território chinês por meio de guerras externas e maior intercâmbio comercial.

A dinastia Hsia e Shang
Por volta de 1800 a.C., numa disputa entre tribos rivais, foi instituída a primeira dinastia chinesa, Hsia, que durou até cerca de 300 anos. Foi substituída pela dinastia Shang (1500 a.C.- 1100 a.C.).
O fundador da dinastia Shang, o rei Chengtang, dominou a região central e o Leste do vale do Rio Amarelo e fundou a sua capital na cidade de Xibo, onde seus descendentes governaram por 400 anos.
Xibo era bastante desenvolvida, com edifícios bem planejados e um eficiente sistema de defesa, composto por extensas muralhas que defendiam a cidade.
No período Shang, o comércio e a tecnologia do bronze tiveram grande desenvolvimento. Além disso, iniciaram-se atividades como a tecelagem da seda e a produção de cerâmicas brancas esmaltadas.
A dinastia Zhou
No final do ano 1100 a.C., os Zhou, povo vindo do Oeste, tomaram a capital e derrotaram os Shang, iniciando uma nova dinastia. Nesta dinastia foi unificado o território invocando a autoridade conferida pelos deuses. O Mandato do Céu. Outra forma de reforçar seu poder foi difundir sua língua e escrita.
O domínio da dinastia Zhou enfraqueceu a partir do século VIII a.C. Os nobres tornaram-se cada vez mais fortes, e centenas de pequenos reinos surgiram, desafiando a autoridade do poder central. Entre os século V e VII a.C., sete reinos enfrentaram-se violentamente, período chamado de reinos combatentes.

A dinastia Qin
Em 214 a.C., o período de fragmentação política chegou ao fim com a vitória de Qin Shi Huang, do reino Qin. Ele anexou territórios dos outros reinos e proclamou-se imperador dos chineses.
O imperador criou um estado centralizado, com base em um código de leis que abrangia todos os aspectos da sociedade chinesa. Para reforçar o poder imperial, tomou medidas importantes, como a construção de grandes obras de irrigação e a imposição de uma única moeda e em único sistema de escrita para toda a China.
O imperador Qin Shi Huang, iniciou a construção da Grande Muralha. Também mandou queimae muitos livros e textos contrários ás suas ideias morais e políticas. Quando morreu foi enterrado em uma tumba monumental. Sua morte deu início a agitações políticas e revoltas populares. Um de seus líderes rebeldes foi Liu Panga, que fundou a dinastia Han em 206 a.C.

A dinastia Han
A dinastia Han restabeleceu o império e expandiu o território para regiões que hoje correspondem ao Vietnã, às Coreias e à Ásia Central. Para controlar esses vastos domínios, o imperador contava com o auxílio de funcionários palacianos escolhidos mediante exames públicos.
Nesse período, muitos povos e culturas diferentes viviam na China. Para reforçar a autoridade estatal, o imperador ampliou o exército e impôs um sistema unificado de pesos e medidas.
Foi no período Han que se estabeleceu a Rota da Seda, a principal via comercial entre a china e o Ocidente. A ampliação dos contatos comerciais contribuiu para o desenvolvimento cultural da China e para o surgimento de uma nobreza urbana e mercantil.

3. Organização social
Como toda civilização, a chinesa também possuía uma hierarquia social.
O imperador
Os chineses antigos acreditavam que o imperador tinha a função de manter a harmonia entre o mundo natural e o sobrenatural. Segundo essa crença, o imperador mantinha um espécie de contato com o céu, através do qual recebia um mandato para governar. Por esse contato, ele passava a ser o representante do céu na Terra e manteria o cargo enquanto permanecesse como um homem de virtudes.
O julgamento das virtudes do imperador era atribuição exclusiva de céu e não estava relacionado com suas ações ou forma de governar. Os chineses acreditavam que os deuses manifestavam sua insatisfação em relação ao imperador por meio de sinais: catástrofes naturais, conflitos sociais ou invasões de outros povos. Com esses recados, os deuses anunciavam o fim do contrato entre o céu e o imperador: ele podia ser substituído, por outro a qualquer momento, deixando de ser mandatário do céu.
Essa crença tornava legítima qualquer tentativa de derrubar o imperador: se um adversário tentasse tomar seu lugar e não conseguisse, era sinal de que o imperador ainda tinha o apoio do céu. Se, ao contrário, o adversário tivesse sucesso, era sinal que o céu desaprovava este imperador.

Altos funcionários
O imperador nomeava um grande número de funcionários que iriam ajuda-lo na tarefa de governar o extenso território chinês. Diariamente, o imperador realizava audiência durante as quais os funcionários relatavam os problemas do reino, e ele tomava as decisões.
Os altos funcionários era escolhidos diretamente pelo imperador. Esses homens tinham como funções: cobrar impostos. Ministrar a justiça, assegurara o policiamento, estabelecer calendário dos trabalhos, ordenar a construção e manutenção das estradas, dos canais, das barragens e dos sistemas de irrigação, estes altos funcionários, detinham um alto poder e foram denominados mandarins.
Além dos mandarins, havia intelectuais a serviço do governo. Eles eram escolhidos mediante concursos, dos quais só poderiam participar homens letrados. Poderiam assumir funções culturais, como os poetas, ou desenvolver estudos científicos e tecnológicos. A eles deve-se a invenção de instrumentos para facilitar a navegação, como a bússola e a melhoria das técnicas agrícolas como irrigação e bombeamento de água e a produção da seda. Tais invenções comprovam a grande tecnologia desenvolvida pelos chineses, pois todas eles exigiam não só o domínio dos cálculos e dos princípio da física, como também conhecimentos de química.

A vida no campo
Havia um pequeno grupo de pessoas que possuía a maior parte das terras e controlava a produção agrícola. Mesmo tendo que se submeter ao poder do imperador mantinham privilégios herdados dos seus ancestrais nobres. Viviam longe da capital do império, mas tinham prestígio suficiente para influenciar as questões públicas em suas localidades, constituindo, assim, uma nobreza local.
Porém, não existiam somente os grandes proprietários rurais. Havia aqueles que possuíam propriedades de tamanho médio e empregavam um pequeno número de trabalhadores, e outros que tinham pequenas propriedades, onde trabalhavam apenas os membros da sua família. Utilizavam instrumentos como o arado puxado por bois e colocavam os filhos para realizar a semeadura. Esses pequenos proprietários produziam apenas para a própria subsistência.
Agricultores sem condições para arrendar terras vendiam o seu trabalho para os grandes proprietários de terras, em troca de parte da colheita. O camponês assalariado estava obrigado, de tempos em tempos, a prestar serviços gratuitos em obras públicas.

A vida na cidade
Alguns artesãos eram contratados pelo governo para confeccionar os tecidos para a vestimenta do imperador e de sua família. Havia artesãos que estavam a serviço dos altos funcionários ou grandes proprietários de terra, bem como pequenos tecelões, que trabalhavam por conta própria.
Outro trabalhador, característico era o puxador de carruagens, que transportavam mercadorias e pessoas, em curtas distâncias, especialmente os homens ricos. Essa forma de transporte esteve presente até meados do século XX.
Para as grandes distâncias, era utilizados os barqueiros (a China tem um grande número de rios navegáveis), que conduzia os barcos movidos a remo, que possuíam diferentes formatos. Alguns eram dotados de cabines cobertas com esteiras e serviam para transportar pessoas. Outros, mais simples, eram utilizados para o transporte de carga e mercadorias.
Havia diversos tipos de comerciantes que atuavam nos mercados das grandes cidades. Esse grupo cresceu significativamente com as conquistas dos chineses sobre os territórios vizinhos.

Moradias chinesas
As casas da maioria dos chineses ricos eram construídas com adobe ou madeira, com vários pavimentos. O piso da sala era coberto por tapetes e tecidos com lã colorida, sobre os quais havia muitas almofadas, que serviam para sentar. Os quartos tinham as paredes cobertas de tecidos finos bordados.
Alguns homens pobres das cidades procuravam imitar os ricos. Cobriam o piso de suas casas com peles de animais e ornamentavam as paredes com tecidos bordados. Suas casas, porém eram bem menores que as dos ricos, dispondo apenas de um quarto para toda a família. Para garantir a privacidade, usavam biombos pintados para separa as camas.
Os camponeses viviam em suas casas bem mais simples. De modo geral, a estrutura dessas casas era feita com varas cruzadas, as paredes de barro e o teto de sapé. Eram formadas por um único bloco subdividido com divisórias de madeira. Ao fundo ficava a lareira, que servia ao mesmo tempo para cozinhar e aquecer o ambiente. Os poucos utensílios, jarros, bacias e panelas serviam para preparar e armazenar seu alimento básico: arroz. Nos dias de festa, completavam a refeição com carne de porco ou de cachorro.
À noite, os homens ricos eram os únicos a ter o privilégio de iluminar as casas. Modeladas em bronze, as lamparinas tinham a forma de figuras humanas, com um cilindro lateral onde era acesso o fogo. Dispondo de muito tempo livre, os homens ricos procuravam iluminar suas casas para ampliar as atividades de lazer, músicas, danças e jogos.

4. Arte e Cultura
Os imperadores da dinastia Han recuperam os textos literários, religiosos e filosóficos, proibidos no período Qin. Iniciou-se um fase de intensa criatividade, na qual os letrados se voltaram para o estudo das tradições presentes nos textos que haviam sobrevivido. Além de estudar textos antigos, esses homens elaboraram textos novos, que valorizavam as crenças populares.
A expansão do comércio e o maior contato com outras regiões despertaram o gosto pelas artes. Surgiu, então, uma arte refinada, que refletia uma sociedade preocupada com o luxo e, ao mesmo tempo, voltada para as crenças do passado. Espelhos, baixelas de bronze, tapetes, esculturas, peças de terracota (argila modelada e cozida na forno) e objetos decorativos de laca (resina extraída de plantas).

A escrita ideográfica chinesa
Os primeiros caracteres da escrita chinesa eram desenhos que representavam objetos relacionados ao cotidiano dos chineses. Lentamente, a escrita perdeu a função de representar objetos e se transformou em uma escrita ideográfica, onde cada símbolo ou combinação deles representava uma ideia.
5. Atividades econômicas
A agricultura era uma das atividades econômicas mais importantes da China antiga. Cultivavam-se cevada, arroz, trigo, melão, abóbora, pepino, cebola, alho e painço. Outras culturas importantes também eram a da amoreira, pois as folhas serviam de alimento para as criações de bicho-da-seda, e do cânhamo, utilizado na produção de tecidos.
Bois cavalos eram criados para o trabalho nos campos e para o transporte. No período Zhou, o uso de bovinos para arar a terra e da prática da rotação de culturas, que permitiu o aumento da produção agrícola.
Os chineses também se destacaram na produção de tecidos de seda e na fabricação de objetos de madeira, bronze e ferro. Muitas das peças produzidas pelos artesãos do período Zhou e Han baseavam-se nas técnicas desenvolvidas no antigo período Shang.

6. Religião
Os chineses cultuavam uma infinidade de deuses: o deus dos Mortos, o deus do Céu, os deuses das Montanhas, os dos Quatro Mares, os dos Rios. Cada um deles possuía um templo próprio construído nos arredores das cidades.

O culto dos antepassados
A maioria dos chineses antigos estava ligada ao seu grupo familiar: o nome da família era transmitido de pais para filho por muitas gerações. Por causa disso, os ancestrais mais antigos eram cultuados e venerados como se fossem deuses.
Tanto no campo quanto nas cidades, os chineses mantinha, suas casa um ambiente reservado ao culto dos antepassados. Apesar de perder a condição de deuses durante a dinastia Han, os antepassados continuaram sendo reverenciados pelos chineses, que construíam pequenos altares, onde queimavam o incenso ao lado das oferendas de comida e bebida.

7. A muralha da China
A Muralha da China, também denominada de Grande Muralha, corresponde a uma intrigante construção arquitetônica edificada na época da China Imperial com finalidade militar. O objetivo militar da Muralha da China era de impedir a entrada de tribos nômades oriundas do Norte (Mongólia e da Manchúria), essa construção pretendia defender o norte do país contra tais invasores.
A construção da Muralha foi realizada no decorrer de dois milênios. Teve início durante o império de Qin Shi Huang e abrangeu muitas dinastias, não é constituída somente por uma estrutura e sim composta por várias muralhas. A construção da Muralha teve início no ano 220 A.C. e sua conclusão ocorreu somente no século XVI, na dinastia Ming.
Os chineses já dominavam diversos assuntos como matemática, astronomia, artes, cartografia e possuíam domínio pleno em técnicas de engenharias destinadas à construção de edificações tais como a muralha. Um dos principais, senão o mais importante, exemplos de aplicação de conhecimentos de engenharia é a Muralha, imensa construção arquitetônica que possui aproximadamente 8.851,8 quilômetros de extensão, 7,5 metros de altura e 3,75 metros de largura, é considerada como uma das mais fantásticas obras construídas pelo homem, hoje é reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário