A Formação e o Povoamento do Brasil
As
fronteira brasileiras sofreram alterações ao longo da história. Entender o
processo de formação de nossas fronteiras é fundamental para compreendermos a
nossa configuração e organização atual.
1. Início das fronteiras
Para entendermos o início da fronteira brasileira é necessário irmos até a Europa do século XV. No ano de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que estipulava um meridiano em que dividiria as terras a serem descobertas. Com isto todas as terras com até 370 léguas de distância da Ilha de Cabo Verde ficaria com os portugueses e a partir daí o restante ao oeste ficaria com os espanhóis. Como esta demarcação acaba justamente no meio do território brasileiro, a primeira configuração de fronteira é em linha reta ao lado oeste.
2. A
primeira divisão do território brasileiro
A coroa
portuguesa, a pós a tomada de posse do Brasil, fez investigações para verificar
se existiam ouro e prata em nossas terras. Tal investigação mostrou que não
existia esses minerais, por conta disto não mostrou-se disposta a investir na
colonização do Brasil. Já tinham se passado 30 anos desde sua “descoberta” e o
Brasil estava “intocado”.
Com medo de
perder suas terras para Franceses, ingleses e holandeses, Portugal decide
colonizar as novas terras. Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João
III resolveu privatizar o território. Dividiu em 15 lotes, em faixas retas, que
partiam ao norte da linha do equador, a leste do litoral até a linha imaginária
do Tratado de Tordesilhas ao oeste. Seus ocupantes, eram os donatários,
geralmente vindo de uma nobreza de segunda classe, que vieram com a
responsabilidade de defender o território e torná-lo rentável e produtivo. A
primeira atividade econômica, ao longo dos séculos XVI e XVII, no Brasil foi à
produção da cana-de-açúcar, no litoral nordestino, tendo uma concentração
populacional nestes locais somente.
A ocupação
e ampliação do território
A partir do
século XVI, por conta das frentes de penetração (Entradas e Bandeiras) rumo ao
oeste, facilitado pela da União Ibérica (1580-1640), o território começa a
tomar os contornos que conhecemos hoje. O desbravamento das terras do interior
e a consequente descoberta de jazidas de ouro, em especial no estado de Minas
Gerais, reconfigura um novo eixo de povoamento do litoral para o interior. As
novas vilas e cidades mineradoras recebem colonos atraídos pela atividade
mineradora, a qual se interligava com os portos do rio de Janeiro, pelo Caminho
Real, percurso exclusivo para escoamento da produção.
3. As
conquistas territoriais no século XVIII
Após a
restauração da soberania lusa, emergem na América Latina conflitos entre
portugueses e espanhóis na região do Rio da Prata, e no Amapá, e, com os
franceses que buscavam ocupar toda a margem esquerda do Rio Amazonas.
A fundação
pelos portugueses (1680) da Colônia do Santíssimo Sacramento (atualmente terras
uruguaias) tem como contrapartida espanhola a fundação jesuítica dos Sete Povos
das Missões (1687) e a ocupação da Colônia do Sacramento. A tentativa de
amenizar os conflitos na América do Sul dão origem ao Tratado de Utrecht
(1713), onde a França reconhece, no extremo Norte, o Oiapoque como limite entre
a Guiana e o Brasil. No Sul os espanhóis devolvem a Colônia do Sacramento aos portugueses
(1715). O Tratado de Madri (1750), onde Alexandre de Gusmão garantiu para
Portugal, pelo princípio do usucapião (Uti Possidetes - a posse pelo uso), a
legalização das incorporações territoriais luso-brasileiras, definindo o atual
contorno do Brasil. Por este tratado, foi assegurada à Espanha a posse da
Colônia do Sacramento, tendo sido garantida para os portugueses os Sete Povos
das Missões.
A
permanência dos conflitos na Região Platina, levam a alterações em 1761 do
Tratado de Madri, com a assinatura do Tratado de Santo Idelfonso, cujos limites
nunca foram demarcados, arrastando-se até 1801 (após a Guerra Ibérica entre
Portugal e Espanha), quando o Tratado de Badajós incorpora definitivamente os
Sete Povos das Missões à Portugal.
4. Da
agricultura ao desenvolvimento urbano-industrial
Na metade
do século XIX, a produção de café começou a ser produzido entre os Estados do
Rio de Janeiro e São Paulo (Vale do Paraíba), rumando apara o interior destes
estados, fazendo surgir diversas vilas e cidades. O café ficou conhecido no
Brasil como o ouro negro, pelos grandes lucros obtidos com a exportação. Esta
concentração de lucros obtidos pelos fazendeiros cafeicultores possibilitou a
industrialização no início do século XX do estado de São Paulo. Nos estados do
nordeste e no Rio Grande Sul desenvolveu-se a criação de animais de corte. Em
especial no estado da Bahia as plantações de cacau também era uma fonte de
riqueza exportadora da fruta que é matéria prima para o chocolate. Na floresta
amazônica era extraído o látex, matéria prima para fabricação da borracha até
então, gerando grandes lucros em especial para o estado do Amazonas. A partir
do ano de 1930 o país começa o processo de industrialização, saindo de uma
economia voltada ao mercado exterior, em que exporta produtos primários para
uma economia industrial nacional
5. O
Território brasileiro no século XX
Com uma das
maiores secas ocorridas no estado do Ceará e atraídas pelos lucros da extração
do látex, o território onde hoje é o estado do Acre, era até 1903 era
território boliviano. Os seringalistas brasileiros exigiam a anexação do
território ao Brasil. Houve embates no campo diplomático para aquisição das
terras. Por meio de acordos diplomáticos e indenizações o Brasil incorporou o
novo território e a integração territorial, dando o contorno final em
seus limites fronteiriços. Neste processo destaca-se a atuação do Barão de Rio
Branco, grande estadista que evitou uma guerra entre Brasil e Bolívia.
Em acordos
semelhantes o Brasil já havia ampliado seu território: Uruguai (1850),
Venezuela (1859), Bolívia (1857), Paraguai (1870), Argentina (1893/1895), Amapá
(1899/1900) e Guiana Francesa (1901). A pós a questão do Acre, mais trechos
foram anexados ao território brasileiro por meio de acordos: Equador (1904),
Suriname (1906), Colômbia (1907) Uruguai e (1908).
Integração
territorial
Até o
início do século XX, as atividades econômicas desenvolvidas no território eram
praticamente autônomas. Como grande parte da produção se voltava para a
exportação, as zonas produtoras interligavam-se aos portos, o que possibilitou
o desenvolvimento das cidades litorâneas. A falta de integração interna dos
mercados regionais caracterizou o Brasil como economia de arquipélago.
Com o processo
de industrialização, houve criações de rodovias, interligando diversas partes
do Brasil, assim a nação começou a troca entre diversas formas de culturas de
suas diversas regiões. Com este intercâmbio o país voltou-se para o mercado
interno ao invés de preocupar-se somente com a exportação. Contudo com a
industrialização houve um rearranjo populacional, a maioria da população passou
a viver nas cidades ao invés do campo.
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