Muito antes do período das grandes migrações, os francos já habitavam algumas partes do território europeu. Depois das defesas romanas sucumbirem no século V estabeleceram-se na área onde hoje é a França, a antiga Gália dos tempos de Roma, construindo um grande império e expandindo o cristianismo.
1. Dinastia Merovíngia
Durante o século V, as tribos dos francos, com o processo de invasão do Império Romano do Ocidente, passaram a ocupar o norte da Gália. A contínua expansão militar e as alianças políticas seladas pelos líderes fizeram com que os francos se destacassem entre os povos germânicos. Praticamente todos os territórios do antigo Império Romano do Ocidente foram incorporados ao domínio dos chefes guerreiros francos.
No governo de Clóvis (482-511), a expansão franca ganhou impulso. Em 494, os exércitos reais empreenderam uma investida militar contra os visigodos que assegurou o domínio sobre toda região gaulesa. Clóvis estabeleceu a capital de seus domínios em Lutetia Parisiorum, uma antiga cidade romana, que daria origem a cidade de Paris.
Transformando-se em rei dos francos, Clóvis converteu-se ao cristianismo e, empreendeu uma sólida associação com a Igreja Católica, já bastante poderosa, recebendo assim, seu apoio. Com o apoio da Igreja, Clóvis continuou expandindo o território em direção à atual Alemanha, região que não tinha sido dominada pelos romanos. Os francos diziam que seu rei era descendente de um antigo chefe, Meroveu. Por isso, passaram a chamar Dinastia Merovíngia.
2. Os reis indolentes
Com os merovíngios, as regras de sucessão hereditária permaneceram muito fortes. Com a morte d e um rei, era comum dividir a administração do reino entre seus filhos. Por isso, ao longo do século VII os vários reis que assumiram o trono não conseguiram assegurar a unidade dos territórios.
Os sucessores de Clóvis deram continuidade às conquistas, embora de forma irregular. Muitos tornaram-se governantes fracos, ficando conhecidos como “reis indolentes”, tais autoridades passaram a conceder poderes políticos a um grupo de funcionários públicos composta por aristocratas mais importantes da corte o que permitiu desempenhar as funções reais de defender, ampliar e administrar domínios. Esses aristocratas eram conhecidos como major domus, mordomos ou prefeito do palácio.
A importância desses mordomos ficou clara quando o cargo deixou de ser uma indicação real e passou a ser transmitido de pais para filho. O mais conhecido deles foi Carlos Martel.
3. Dinastia Carolíngia (715-987)
Carlos Martel no ano de 732 liderou os francos na chamada Batalha de Poitiers, que impediu a expansão árabe rumo à Europa Central, expulsando-os da Gália. Com essa conquista, Carlos abriu portas para que seu filho, Pepino, o Breve, garantisse a condição de rei dos francos, destronando o último monarca merovíngio e deu início a dinastia carolíngia.
Aliança entre reis e papas
Apoiado pelos nobres e pela Igreja Católica, que lhe outorgou o título de “rei pela graça de Deus”. Pepino empreendeu a conquista contra os lombardos nos territórios da Península Itálica, tomados dos bárbaros e bizantinos, que posteriormente teve parte de suas terras doadas ao alto clero. Dominada diretamente pela Santa Sé, essa região ganhou o nome de Patrimônio de São Pedro ou Estado Pontifícios. Assim a Igreja detinha o poder espiritual e temporal, das regiões e em troca, o papa reconheceu Pepino como rei dos francos (751-768) e legitimou a dinastia carolíngia.
O império de Carlos Magno
Carlos Magno, filho de Pepino, sucedeu seu pai no ano de 768. Coroado rei, Carlos consolidou e expandiu os territórios francos e fortaleceu os laços com a Igreja. Em 773, Carlos Magno subjugou os lombardos e recebeu a coroa de ferro da Lombardia. Dominou os bávaros e saxões, obrigando-os a se converterem ao cristianismo. Anos mais tarde empreendeu campanhas no Leste Europeu, dominando uma parcela dos povos eslavos.
Estreitando laços com a Igreja, o chamado Império Carolíngio vislumbrou a disseminação do cristianismo da Europa e restringiu o avanço da Igreja Bizantina. No natal do ano de 800, o papa Leão III nomeou Carlos Magno imperador na cidade de Roma. Com esse gesto, o papa reafirmava a autoridade da Igreja sobre os homens e os reis, ao mesmo tempo, declarava que o poder vinha de Deus. Acreditava-se naquele momento que estava renascendo o Império Romano do Ocidente, pela imensidão do Reino Franco e pelo poder conquistado por seu soberano.
Para manter a unidade de seus territórios, foi necessário que ele distribuísse terras em diversas áreas, aos funcionários de confiança. Nas fronteiras do império, estabeleceram as marcas que eram dirigidas por e marqueses, e os ducados, governados pelos duques. Nessas regiões, os servidores do rei tinham grande liberdade para manter exércitos formados pelos aristocratas locais e também para administrar a justiça. Os demais territórios, dirigidos pelos condes, eram chamados de condados.
Para evitar s agitações e traições que marcaram a dinastia merovíngia, Carlos magno estimulou o costume germânico das relações de fidelidade e honra entre senhor e servidores, estabelecendo as relações de vassalagem. Ao conseguirem a posse dos condados e das marcas (tipos diferentes de possessão de terra), esses grupos sociais estabeleciam um sólido laço de fidelidade com a autoridade de Carlos Magno. Além disso, o imperador criou um grupo de fiscais, chamados de missi dominici (emissários do senhor) que eram obrigados a fiscalizar os territórios reais.
Para regimentar suas terras, Carlos ainda criou as capitulares, primeiro conjunto de leis do mundo medieval. Regulavam os costumes, o comércio, a educação, a religião, a concessão de terras e a punição para os crimes.
As conquistas deste império que se formou na Idade Média foram responsáveis por um período de intensa atividade cultural. Patrocinado do rei, escolas foram fundadas, várias obras greco-romanas foram traduzidas com o auxílio da Igreja que preservou boa parte deste conhecimento. Preservou graças a atuação de dos monges copistas, que dedicavam toda sua existência a essa atividade. Suas cópias eram adornadas com belos desenhos que acompanhavam o texto, as iluminaduras.
A divisão do império
Com a morte de Carlos Magno, em 814, todo o apogeu do Império Carolíngio foi posto à prova. O poder real foi se enfraquecendo, pois entre o rei e seus servidores surgiram muitos intermediários, que eram os senhores de terras. Em seus territórios eles se tornaram responsáveis por cunhar moedas, aplicar a justiça, estabelecer tributos, punir e chefiar os exércitos locais.
Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno sucedeu-lhe no trono como o imperador cristão do Ocidente. Seu governo caracterizou-se pela interrupção das conquistas territoriais, pelo reforço da cristianização e por novas disputas familiares pelo poder.
Com a morte de Luís, os territórios e o título imperial foram alvo da disputa de seus três filhos Lotário, Carlos o Calvo e Luís, o Germano. Depois de intensas disputas, o Tratado de Verdun (843) fixou a divisão do império em três novos reinos. Carlos, o Calvo, tornou-se o rei da França ocidental; Luís, o Germânico, deteve controle sobre a França Oriental; e Lotário tornou-se rei da França Central. Com a divisão, o poderio militar dos francos não conseguiu fazer frente à invasão dos normandos, magiares e árabes.
Nesse processo, as disputas por territórios e poder enfraqueceram os reis. Durante o século IX, várias regiões da Europa Ocidental foram saqueadas pelos vikings, o que também contribuiu para reforçar os poderes dos nobres locais, que ganharam prestígio mediante seu sucesso militar.
Em 987, Hugo Capeto controlou a região da França Ocidental. Com sua ascensão teve início a chamada dinastia capetíngia. Na porção oriental, os duques da Francônia, da Saxônia, da Baviera e da Suábia tomaram conta da região fundando o Reino Germânico. A queda do Império Carolíngio deu fim ao reino dos francos, que foi substituído pelo poder político dos nobres proprietários de terra, senhores feudais. E pela a Igreja em toda a região.
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