sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939 ou Guerra das Guerras), é o resultado da corrida imperialista iniciada em meados do século XIX pelas potências europeias em busca de novos mercados consumidores na África e Ásia. Envolvendo todas as grandes potências da época, foi um confronto bélico sem precedentes, resultando numa completa mobilização econômica e militar. 

1. Antigas rixas e alianças
Quando a França foi derrotada em 1870 (Guerra Franco-Prussiana), houve o despertar de um espírito nacionalista, de revanche. Ao mesmo tempo, surgia a rivalidade da Inglaterra com relação à Alemanha, pois esta colocava em risco a supremacia inglesa. 

Alemanha
A Alemanha, do Chanceler Otto Von Bismarck adotava em sua política externa adotou um sistema de alianças defensivas, a fim de não isolar a Alemanha. Em 1882, o Segundo Reich alemão firmou a Tríplice Aliança, unindo-se ao Império Austro-Húngaro e à Itália.
Em 1890, o kaiser Guilherme II demitiu o Chanceler, adotando em sua política externa, a tática de “política de expansão pela força”. Com essa política agressiva, o reich alemão, visava disputar com a Inglaterra a liderança marítima e comercial, forçando os ingleses a ceder territórios coloniais na Ásia e África.

Inglaterra
Os ingleses não estavam dispostos a dar aos alemães nenhuma “fatia” de seus domínios e manter sua liderança nos mares. A opinião pública dizia que era inviável a Inglaterra ser próspera com a Alemanha em seu alcance.

França
A França, não gostava da ideia de uma superpotência como vizinho. Antiga rival da Alemanha, desejava recuperar a rica região da Alsácia-Lorena, perdida aos alemães durante a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
A Alemanha era inimiga comum da França e da Inglaterra. Por esta razão, em 1904, firmaram uma aliança, a Entente Cordiale.  Em 1907, a Rússia se aliou à França e à Inglaterra, formando a Tríplice Entente. 
Passavam a existir na Europa dois grandes blocos antagônicos – a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente –, que levaram os países europeus aos preparativos na corrida armamentista sem que ocorresse um conflito armado. Esse período ficou conhecido como a Paz Armada.

A Questão Balcânica
A região dos Bálcãs era alvo de disputa de três grandes impérios: Turco, Russo e Austro-Húngaro. Devido a política de alianças, colocou em campos opostos os países da Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. A intervenção imperialista internacional na região e as lutas nacionalistas dos diversos povos geraram crises locais e internacionais.
A Rússia defendia o pan-eslavismo, pretendendo unificar os eslavos balcânicos, libertando-os do Império Turco. Os russos, entretanto, encontravam resistência do Império Austro-Húngaro, protetor do Império Turco, e da Alemanha que pretendia construir a estrada de ferro Berlim-Bagdá, barrando a descida russa para o sul, e permitindo o acesso alemão as áreas petrolíferas do golfo Pérsico.
Em 1908, o Império Austro-Húngaro incorporou a vizinha Bósnia-Herzegovina. A Sérvia se opôs a anexação encabeçou o movimento pan-eslavista, buscando a independência do domínio turco e idealizando a construção da Grande Sérvia. A Sérvia, então, passou a fomentar agitações nacionalistas na região, pois ambicionava incorporar a Bósnia-Herzegovina e conseguir uma saída para o Mar Adriático.
2. Desejo por um conflito
Desde a vitória alemã, contra a França Guerra Franco-Prussiana em 1871, a Europa vivia um momento de paz. Contudo, era uma “paz armada”, quase a totalidade das potências europeias profissionalizaram seus exércitos e adotaram o serviço militar obrigatório. Os avanços tecnológicos da II Revolução Industrial fomentaram a indústria armamentista.
A Europa em 1914 promovia uma mentalidade bélica, e para a excitação gerada pela declaração de guerra. Em agosto de 1914, os jovens clamavam por serem convocados. Não só na Alemanha, mas também na Grã-Bretanha, na França e na Rússia, considerava-se que a guerra oferecia uma fuga pitoresca de uma vida aborrecida, dando oportunidade ao heroísmo individual e aos atos de rebelde bravura.
As teorias da evolução e as noções populares a respeito da sobrevivência dos mais aptos derramavam-se sobre o pensamento nacionalista. Os países precisavam expandir sua influência, ou entrariam em decadência. Havia uma competição aguda entre todas as grandes potências europeias pela influência e domínio sobre o mundo menos civilizado, por motivos tanto políticos quanto econômicos.
Os países entraram em guerra porque acreditavam que podiam conseguir melhores resultados por meio da guerra do que por negociações diplomáticas, e achavam que, se permanecessem de fora, seu status de grandes potências seria gravemente abalado. Esse foi seu maior equívoco.

A deflagração do conflito
Em 23 de junho de 1914, o Império Austro-Húngaro publica uma Nota à Sérvia, que demonstra o ambiente sócio-político conflitante entre as duas nações e a própria política imperialista da Áustria-Hungria.
Em 1914, Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, viajou a região para esfriar os ânimos. Entretanto, os sérvios planejaram um atentado através da organização Mão Negra. Em 28 de junho de 1914, o jovem nacionalista Gravilo Princip matou a tiros Francisco Ferdinando e sua esposa, desencadeando a guerra.
Em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com a Sérvia e declarou guerra ao mesmo dia. Em 28 de Julho, começando o bombardeio à Belgrado (capital da Sérvia). 

O desencadeamento em cadeia dos sistemas de alianças
No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinha sido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães, que tinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra, mandaram um ultimato ao governo russo, no dia 31, para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas. No primeiro dia de agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou guerra aos russos. 
Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra à França. A Turquia e Bulgária, entraram na guerra ao lado da Alemanha. Grécia, Romênia e Portugal aderem a Tríplice Entente.
3. Fazes da guerra
A Primeira Guerra mundial é dividida em três fazes: 
1ª A guerra de movimento
Apenas um mês depois do atentado, os exércitos marchavam para tomar posições nos territórios adversários. Entre agosto e novembro de 1914, as tropas se deslocavam pelos territórios europeus. 
A Alemanha enviou um ultimato à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, a Alemanha declarou guerra à Bélgica. Em 4 de Agosto a Alemanha invadiu a Bélgica e ocupou Luxemburgo. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir, fez com que o Império Britânico saísse de sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de agosto. Os alemães continuaram com sua invasão à França e marcharam até as vizinhanças de Paris. Os franceses, com a ajuda dos ingleses conseguiram parar o avanço alemão na batalha do Marne, estacionando a guerra na frente ocidental.
Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no Oceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações europeias. Em agosto de 1914 um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de agosto, as forças alemãs baseadas na Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico.

2º) A guerra de trincheiras (1914-1917)
A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com o romantismo das tácticas do século XIX.
Como as tropas não conseguiam avançar, então se entrincheiravam para não perder campo ao inimigo. Os exércitos de ambos os lados ficavam em suas posições desde o Mar do Norte até a fronteira com a Suíça. Nas trincheiras, milhares de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra ou defendê-lo. 
As trincheiras consistiam em canais cavados no solo protegidos por arame farpado e sacos de terra ou areia, chegando a ter quilômetros de extensão, formando, ligações entre os exércitos aliados.  Esses canais foram a solução para as linhas de defesa, já que as novas armas de guerra, como metralhadoras e granadas, destruíam facilmente os ataques de infantaria. Dentro das trincheiras, centenas de milhares de soldados enfrentavam durante meses seguidos chuvas e inundações, lama, piolhos, ratos e doenças. Os exércitos imaginavam que essa guerra “sem ação” iria durar pouco, porém a tática persistiu por 3 anos.
Em 1915, a Itália, com promessas de territórios, troca de lado, rompe com a Alemanha e adere a Tríplice Entente e entra na guerra. A partir de 1917, o conflito também começou a se desenrolar no mar. Já que a guerra de trincheiras não permitia grandes avanços, a Alemanha optou por atacar qualquer navio inimigo. Começou então a se utilizar um dos maiores eventos da época como arma de guerra: o submarino.
A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção Hague de 1907.
Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artificio, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.
Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha depois se expandido para ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças. Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelos alemães e pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado Zeppelins para bombardeamento aéreo.
Em 1917 os EUA entram na guerra ao lado dos franceses e ingleses após os alemães afundaram o navio estadunidense Lusitânia. O Brasil, também entra no conflito após ter seu navio Paraná, afundado pelos alemães.
No final de 1917, a Rússia esgotada com as derrotas para Alemanha na guerra e em meio a Revolução Socialista, assina a paz em separado com a Alemanha e se retira da guerra em 1918.


3ª) Uma nova guerra de movimento (1918)
Em 1918, depois de se livrar dos russos na frente oriental, a Alemanha, utilizando de pesada artilharia e apoiados pela aviação concentra todas suas forças na frente ocidental. Contudo, a ofensiva da Tríplice Entente, sobretudo após a entrada dos EUA se tornava mais eficiente.
O Império Alemão foi agitado por problemas internos. Manifestações em várias cidades contestavam o governo e a guerra. Greves nas fábricas de munições também se multiplicavam na França e na Inglaterra. A crise fez com que o imperador alemão renunciasse, instaurando-se um a república. A Alemanha já não tinha mãos condições materiais nem humanas de permanecer no conflito. 
Em novembro de 1918, a Alemanha e seus aliados reconheceram sua derrota. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de novembro de 1918. Às 11h do 11º dia do 11 mês.

4. Tratado de paz
Terminada as operações militares, em janeiro de 1917, foi realizado a Conferencia de Paris, com a finalidade de negociar as bases para o acordo de paz. O presidente dos EUA, Woodrow Wilson, propôs um acordo de paz “sem vencedores”, baseados nos “14 princípios para equilibrar as relações internacionais, sem indenizações e anexações. Propunha também a criação da liga das nações, a fim de assegurar a paz mundial.
A Liga das Nações foi criada, contudo os franceses e ingleses não aceitaram a proposta dos EUA e a conferência estabeleceu que as nações assinassem os tratados de paz individualmente. Foi feito o Tratado de Versalhes, que considerava a Alemanha a culpada da guerra, criando determinações para enfraquecer e desmilitarizar o país. A devolução da Alsácia-Lorena para a França, a perda de suas colônias, a indenização as potências aliadas pelos danos causados.

5. Os estragos da Primeira Guerra
A primeira Guerra Mundial, anunciada como a “guerra para terminar com as guerras”, além de preparar conflitos posteriores ainda mais graves, deixou fixa a imagem de devastações morticínios: perto de13 milhões foram mortos, 20 milhões feridos e mutilados e milhares de órfãos e refugiados. 
As despesas bélicas não apresentam termo de comparação com as das guerras precedentes e as devastações infligidas aos países, em cujos territórios se desenvolveram as operações ou devido à campanha submarina, alcançam números vertiginosos. Levando em conta a alta dos preços, o custo total do conflito representa 30% da riqueza nacional francesa, 22% da alemã, 32% da inglesa, 26% da italiana e 9% da americana. 
Muitas das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluíam: Ypres, Vimy Ridge, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

6. A nova geopolítica
Após o fim da I Guerra Mundial, houve um rearranjo no mapa político europeu. Acabaram o II Reich Alemão, o Império Turco-Otomano, o Império Austro-Húngaro e o Império Russo, que cederam lugar a novos países europeus: Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Rússia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia.
Os EUA passaram a ser a maior potência mundial. Além de ter participado pouco da guerra (ingressou praticamente no final, em 1917) não teve estragos em seu território, ao contrário dos países europeus. Por outro lado, de credores, as potências europeias passaram a ser devedores dos EUA, que os emprestaram dinheiro para reconstruir seus países. O eixo geopolítico se retirava da Europa e se transferia para a América.

O último batalhão


-Imperialismo
-II Guerra Mundial

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