A Expansão das Fronteiras Coloniais
Deixando o
litoral, os colonizadores desbravaram e ocuparam novas terras no interior do
continente. Uma das figuras mais importantes nesse processo foi os
bandeirantes.
1. Expansão das fronteiras
Até 1580 a
ocupação feita por Portugal tinha o limite traçado pelo meridiano de
Tordesilhas. Durante o período da união Ibérica, porém, este tratado foi
desconsiderado, uma vez que tudo passou a ser domínio espanhol, facilitando a
entrada dos portugueses ao interior do continente.
Expedições
religiosas, civis e militares se deram rumo ao interior e ao sul com vários
objetivos. Missionários dedicaram-se a catequese indígena, fundando aldeamentos
chamados de missões ou reduções. Exploradores buscavam riquezas ouro, prata ou
diamantes e terras para serem cultivadas. Criadores de gado levaram seus
rebanhos para o centro, Norte, interior do Nordeste e Sul.
Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, perdeu efeito em 1580. |
Os
bandeirantes paulistas, em suas expedições de caça aos indígenas ou à procura
de ouro, conheceram novas terras e ajudaram Portugal a se apossar do sul e
centro-oeste da colônia. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras
minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
A conquista
do Norte e as Drogas do Sertão
Os
portugueses verificaram, na Amazônia, a existência de uma grande variedade de
recursos naturais que incluíam raízes, frutas e diversos tipos de plantas.
Estas plantas atendiam ao interesse europeu pelas especiarias das índias. Os
portugueses, ao verificarem a presença destes produtos na Amazônia, acabaram
encontrando uma solução para substituir as especiarias das Índias
Uma das
formas com que os colonizadores aumentavam o conhecimento destas “especiarias”
era o contato com os nativos da terra, que já faziam uso e sabiam do potencial
culinário e curativo de vegetais, que ficaram conhecidos como drogas do sertão.
O valor
destas especiarias era tão grande que também estimulava atividades ilegais. A partir do
século XVI os traficantes chegaram à Amazônia pelo rio Amazonas e
comercializavam com os indígenas. Foi para combatê-los, aliás, que as
autoridades portuguesas mandaram construir o forte do Castelo e a cidade de
Belém do Pará, em 1616, e o forte São José do Macapá, no Amapá, em 1764”.
Para a
extração destes recursos, as missões de jesuítas utilizavam o conhecimento e o
trabalho dos nativos. Entre todas as drogas encontradas na Amazônia, a mais
importante foi o cacau, que chegou, até mesmo, a ser utilizado como moeda. Após
algum tempo, o marquês de Pombal inicia um programa de cultivo da agricultura
que incentivava a atividade por meio das companhias comerciais.
A conquista
do interior do nordeste
Na Paraíba
as primeiras tentativas foram feitas, sem êxito, por Frutuoso Barbosa. Mais
tarde, ele e Felipe de Moura com uma expedição por terra e Diogo Flores Valdés,
chefiando uma expedição marítima, fundaram o Forte de São Felipe, depois
abandonado por causa dos ataques dos índios potiguares. A conquista da Paraíba
foi efetivada por Martim Leitão, que se aliou ao chefe indígena Piragibe,
surgindo a cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584), depois chamada
de Paraíba, atual João Pessoa.
A conquista
de Sergipe foi efetuada Cristóvão de Barros, em 1590, que derrotou os índios
chefiados por Boiapeba e fundou São Cristóvão.
Manuel
Mascarenhas Homem conquistou o Rio Grande do Norte, com auxílio de Feliciano
Coelho e Jerônimo de Albuquerque. Em 1597, foi fundado o Forte dos Reis Magos,
que a partir de 1599, passou a se chamar Natal.
Pero Coelho
de Souza tentou, sem êxito, através de duas investidas, ocupar o Ceará. Os
padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira também não conseguiram. A
ocupação do Ceará foi realizada por Martim Soares Moreno, ajudado pelo índio
Jacaúna. Fundou o Forte de Nossa Senhora do Amparo (1613) que deu origem à
atual cidade de Fortaleza.
O Maranhão
foi conquistado por Alexandre de Moura e o mameluco Jerônimo de Albuquerque
(1615), do interior para o litoral, graças à atividade pastoril.
A conquista
do Pará foi efetuada por Francisco Caldeira Castelo Branco, que fundou o forte
Presépio, origem da cidade de Belém (1616).
Os
bandeirantes
Os
bandeirantes podem ser classificados como os desbravadores do Brasil. Entre
alguns famosos, pode-se citar Bartolomeu Bueno da Silva, Antônio Raposo
Tavares, Manuel de Borba Gato, Fernão Dias Pais e Domingos Jorge Velho. Eram
homens que usavam roupas simples e foram utilizados pelos portugueses para
capturar e lutar contra indígenas e escravos foragidos.
Os
bandeirantes exploravam territórios de norte à sul do Brasil. As expedições ao
interior do país eram nomeadas de Entradas ou Bandeiras. Uma das principais
rotas utilizadas por eles foi o Rio Tietê. No entanto há uma diferença entre
essas terminologias. Entradas eram empreitadas financiadas pelo governo, ou
seja, oficiais; as particulares levavam o nome de Bandeiras, pagas por senhores
de engenhos e comerciantes.
Os
bandeirantes Fernão Dias e Manuel Borba Gato seguiram em uma empreitada por
Minas Gerais atrás de pedras preciosas, a partir do século XVII, quando
Portugal iniciou o seu interesse por ouro. Antes disso as expedições tinham
como objetivo capturar índios e escravos fugitivos.
Alguns
bandeirantes, como Francisco Bueno, seguiram a sua expedição e exploração além
do território brasileiro, tendo missões no Sul até o Uruguai.
A expansão
e o descobrimento de muitas áreas brasileiras se devem aos bandeirantes, que em
determinados momentos agiam violentamente contra os índios.
Existiram
três tipos de expedições efetuadas pelos bandeirantes. A primeira classificada
como tipo apresador para prender índios que seriam vendidos como escravos; a
segunda seria rotulada do tipo prospector, onde a finalidade seria explorar as
terras brasileiras a procura de pedras preciosas e ouro e por fim, a terceira
expedição voltada para combater os quilombos (tipo sertanismo de contrato).
Ocupação do
Extremo Sul
O Extremo
Sul foi a última região incorporada ao território brasileiro. Isto ocorreu só
no final do século XVIII com a expulsão dos jesuítas espanhóis das missões em
1767 pelos bandeirantes. Antes disso, para garantir o domínio luso dos
territórios próximos ao rio da Parta, o governo português fundou em 1680, a
Colônia de Sacramento, hoje no Uruguai, em frente à cidade colonial espanhola
de Buenos Aires.
Vários
conflitos ocorreram entre espanhóis e portugueses. Para assegurar a dominação
lusa na região, desenvolveram-se as estâncias, granas fazendas de gado. O êxito
dessas fazendas deu-se também na região dos pampas, grande planície meridional
coberta por excelente vegetação rasteira de pastagem, onde os primeiros
tropeiros puderam se servir dos animais já criados pelos jesuítas e índios em
suas reduções.
As
estâncias passaram abastecer com carne a região das Minas Gerais, envolvida com
a mineração. Os paulistas compravam o gado gaúcho, levava-os até a Feira de
Sorocaba e de lá eram revendidos. Com a pecuária gaúcha desenvolveu-se o
charque, mais fácil de transportar e armazenar. A criação e gado se tornou a
base da economia gaúcha por muito tempo.
Apesar da
ênfase na criação e gado, várias fazendas do atual Rio Grande do Sul, por causa
da variada conformação geográfica, dedicaram-se também à agricultura. Muitas
propriedades rurais plantavam trigo, feijão, aipim, milho.
Como
resultado dessas atuações de colonos e da Coroa portuguesa, no final do século
XVIII boa parte do Sul estava integrada ao território colonial português,
servindo, se não diretamente ao domínio metropolitano, ao menos ás partes
centrais dos territórios coloniais.
2. Tratados
e limites
Na prática,
a expansão territorial invalidou o Tratado de Tordesilhas, o que ocasionou o
conflito no sul do Brasil entre espanhóis e portugueses. Para regularizar esta
situação, foi assinado em 1750, entre as duas metrópoles, o Tratado de Madri.
Nas negociações, Portugal foi representado por Alexandre Gusmão, que conseguiu
para a Coroa lusitana boa parte do território que possuímos hoje.
O tratado
baseou-se no conceito “uti possidetis”. Assim, com os esforços da expansão
empreendidos pelos bandeirantes, todos os territórios ocupados pelos colonos
portugueses seriam legalmente da Coroa portuguesa.
Algumas
possessões portuguesas mantinham-se em meio a regiões espanholas. Assim, foi
estabelecido que Portugal entregaria a Colônia de Sacramento à Espanha e
receberia a região dos Sete Povos das Missões.
Os padres
jesuítas aceitaram a ordem de abandonar a região, contudo, os indígenas Guarani
e alguns padres se opuseram ao tratado. Ocorreu a chamada guerra guaranítica,
em que os índios enfrentaram as tropas luso-espanholas. Ao final da guerra, a
quase totalidade dos 30 mil indígenas dos Sete Povos estava morta.
As disputas
entre os reinos ibéricos por territórios na América agravaram-se a partir do
início na Europa da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre Inglaterra e França.
Portugal apoiou a Inglaterra enquanto que a Espanha apoiara a França. Os
espanhóis, invadiram com apoio francês o sul da capitania de São Pedro e a ilha
de Santa Catarina.
Em 1777, a
Espanha chegou a um acordo com Portugal, assinando o Tratado de Santo
Idelfonso, cujos
limites nunca foram demarcados. Pelo acordo, a Colônia de Sacramento e os Sete
Povos da Missões ficariam com a Espanha, e a região do Rio Grande do Sul e a
ilha de Santa Catarina, para Portugal. O Tratado arrastou-se até arrastando-se
até 1801 (após a Guerra Ibérica entre Portugal e Espanha), quando o Tratado de
Badajós incorpora definitivamente os Sete Povos das Missões à Portugal, que na
prática, era a consolidação do tratado de Madri..
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