segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A Expansão das Fronteiras Coloniais

Deixando o litoral, os colonizadores desbravaram e ocuparam novas terras no interior do continente. Uma das figuras mais importantes nesse processo foi os bandeirantes.
1. Expansão das fronteiras
Até 1580 a ocupação feita por Portugal tinha o limite traçado pelo meridiano de Tordesilhas. Durante o período da união Ibérica, porém, este tratado foi desconsiderado, uma vez que tudo passou a ser domínio espanhol, facilitando a entrada dos portugueses ao interior do continente.
Expedições religiosas, civis e militares se deram rumo ao interior e ao sul com vários objetivos. Missionários dedicaram-se a catequese indígena, fundando aldeamentos chamados de missões ou reduções. Exploradores buscavam riquezas ouro, prata ou diamantes e terras para serem cultivadas. Criadores de gado levaram seus rebanhos para o centro, Norte, interior do Nordeste e Sul.
Tratado de Tordesilhas, assinado
 em 1494,  perdeu efeito em 1580.
Os bandeirantes paulistas, em suas expedições de caça aos indígenas ou à procura de ouro, conheceram novas terras e ajudaram Portugal a se apossar do sul e centro-oeste da colônia. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
A conquista do Norte e as Drogas do Sertão
Os portugueses verificaram, na Amazônia, a existência de uma grande variedade de recursos naturais que incluíam raízes, frutas e diversos tipos de plantas. Estas plantas atendiam ao interesse europeu pelas especiarias das índias. Os portugueses, ao verificarem a presença destes produtos na Amazônia, acabaram encontrando uma solução para substituir as especiarias das Índias
Uma das formas com que os colonizadores aumentavam o conhecimento destas “especiarias” era o contato com os nativos da terra, que já faziam uso e sabiam do potencial culinário e curativo de vegetais, que ficaram conhecidos como drogas do sertão.
O valor destas especiarias era tão grande que também estimulava atividades ilegais. A partir do século XVI os traficantes chegaram à Amazônia pelo rio Amazonas e comercializavam com os indígenas. Foi para combatê-los, aliás, que as autoridades portuguesas mandaram construir o forte do Castelo e a cidade de Belém do Pará, em 1616, e o forte São José do Macapá, no Amapá, em 1764”.
Para a extração destes recursos, as missões de jesuítas utilizavam o conhecimento e o trabalho dos nativos. Entre todas as drogas encontradas na Amazônia, a mais importante foi o cacau, que chegou, até mesmo, a ser utilizado como moeda. Após algum tempo, o marquês de Pombal inicia um programa de cultivo da agricultura que incentivava a atividade por meio das companhias comerciais.
A conquista do interior do nordeste
Na Paraíba as primeiras tentativas foram feitas, sem êxito, por Frutuoso Barbosa. Mais tarde, ele e Felipe de Moura com uma expedição por terra e Diogo Flores Valdés, chefiando uma expedição marítima, fundaram o Forte de São Felipe, depois abandonado por causa dos ataques dos índios potiguares. A conquista da Paraíba foi efetivada por Martim Leitão, que se aliou ao chefe indígena Piragibe, surgindo a cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584), depois chamada de Paraíba, atual João Pessoa.
A conquista de Sergipe foi efetuada Cristóvão de Barros, em 1590, que derrotou os índios chefiados por Boiapeba e fundou São Cristóvão.
Manuel Mascarenhas Homem conquistou o Rio Grande do Norte, com auxílio de Feliciano Coelho e Jerônimo de Albuquerque. Em 1597, foi fundado o Forte dos Reis Magos, que a partir de 1599, passou a se chamar Natal.
Pero Coelho de Souza tentou, sem êxito, através de duas investidas, ocupar o Ceará. Os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira também não conseguiram. A ocupação do Ceará foi realizada por Martim Soares Moreno, ajudado pelo índio Jacaúna. Fundou o Forte de Nossa Senhora do Amparo (1613) que deu origem à atual cidade de Fortaleza.
O Maranhão foi conquistado por Alexandre de Moura e o mameluco Jerônimo de Albuquerque (1615), do interior para o litoral, graças à atividade pastoril.
A conquista do Pará foi efetuada por Francisco Caldeira Castelo Branco, que fundou o forte Presépio, origem da cidade de Belém (1616).
Os bandeirantes
Os bandeirantes podem ser classificados como os desbravadores do Brasil. Entre alguns famosos, pode-se citar Bartolomeu Bueno da Silva, Antônio Raposo Tavares, Manuel de Borba Gato, Fernão Dias Pais e Domingos Jorge Velho. Eram homens que usavam roupas simples e foram utilizados pelos portugueses para capturar e lutar contra indígenas e escravos foragidos.
Os bandeirantes exploravam territórios de norte à sul do Brasil. As expedições ao interior do país eram nomeadas de Entradas ou Bandeiras. Uma das principais rotas utilizadas por eles foi o Rio Tietê. No entanto há uma diferença entre essas terminologias. Entradas eram empreitadas financiadas pelo governo, ou seja, oficiais; as particulares levavam o nome de Bandeiras, pagas por senhores de engenhos e comerciantes.
Os bandeirantes Fernão Dias e Manuel Borba Gato seguiram em uma empreitada por Minas Gerais atrás de pedras preciosas, a partir do século XVII, quando Portugal iniciou o seu interesse por ouro. Antes disso as expedições tinham como objetivo capturar índios e escravos fugitivos.
Alguns bandeirantes, como Francisco Bueno, seguiram a sua expedição e exploração além do território brasileiro, tendo missões no Sul até o Uruguai.
A expansão e o descobrimento de muitas áreas brasileiras se devem aos bandeirantes, que em determinados momentos agiam violentamente contra os índios.
Existiram três tipos de expedições efetuadas pelos bandeirantes. A primeira classificada como tipo apresador para prender índios que seriam vendidos como escravos; a segunda seria rotulada do tipo prospector, onde a finalidade seria explorar as terras brasileiras a procura de pedras preciosas e ouro e por fim, a terceira expedição voltada para combater os quilombos (tipo sertanismo de contrato).
Ocupação do Extremo Sul
O Extremo Sul foi a última região incorporada ao território brasileiro. Isto ocorreu só no final do século XVIII com a expulsão dos jesuítas espanhóis das missões em 1767 pelos bandeirantes. Antes disso, para garantir o domínio luso dos territórios próximos ao rio da Parta, o governo português fundou em 1680, a Colônia de Sacramento, hoje no Uruguai, em frente à cidade colonial espanhola de Buenos Aires.
Vários conflitos ocorreram entre espanhóis e portugueses. Para assegurar a dominação lusa na região, desenvolveram-se as estâncias, granas fazendas de gado. O êxito dessas fazendas deu-se também na região dos pampas, grande planície meridional coberta por excelente vegetação rasteira de pastagem, onde os primeiros tropeiros puderam se servir dos animais já criados pelos jesuítas e índios em suas reduções.
As estâncias passaram abastecer com carne a região das Minas Gerais, envolvida com a mineração. Os paulistas compravam o gado gaúcho, levava-os até a Feira de Sorocaba e de lá eram revendidos. Com a pecuária gaúcha desenvolveu-se o charque, mais fácil de transportar e armazenar. A criação e gado se tornou a base da economia gaúcha por muito tempo.
Apesar da ênfase na criação e gado, várias fazendas do atual Rio Grande do Sul, por causa da variada conformação geográfica, dedicaram-se também à agricultura. Muitas propriedades rurais plantavam trigo, feijão, aipim, milho.
Como resultado dessas atuações de colonos e da Coroa portuguesa, no final do século XVIII boa parte do Sul estava integrada ao território colonial português, servindo, se não diretamente ao domínio metropolitano, ao menos ás partes centrais dos territórios coloniais.
2. Tratados e limites
Na prática, a expansão territorial invalidou o Tratado de Tordesilhas, o que ocasionou o conflito no sul do Brasil entre espanhóis e portugueses. Para regularizar esta situação, foi assinado em 1750, entre as duas metrópoles, o Tratado de Madri. Nas negociações, Portugal foi representado por Alexandre Gusmão, que conseguiu para a Coroa lusitana boa parte do território que possuímos hoje.
O tratado baseou-se no conceito “uti possidetis”. Assim, com os esforços da expansão empreendidos pelos bandeirantes, todos os territórios ocupados pelos colonos portugueses seriam legalmente da Coroa portuguesa.
Algumas possessões portuguesas mantinham-se em meio a regiões espanholas. Assim, foi estabelecido que Portugal entregaria a Colônia de Sacramento à Espanha e receberia a região dos Sete Povos das Missões.
Os padres jesuítas aceitaram a ordem de abandonar a região, contudo, os indígenas Guarani e alguns padres se opuseram ao tratado. Ocorreu a chamada guerra guaranítica, em que os índios enfrentaram as tropas luso-espanholas. Ao final da guerra, a quase totalidade dos 30 mil indígenas dos Sete Povos estava morta.
As disputas entre os reinos ibéricos por territórios na América agravaram-se a partir do início na Europa da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre Inglaterra e França. Portugal apoiou a Inglaterra enquanto que a Espanha apoiara a França. Os espanhóis, invadiram com apoio francês o sul da capitania de São Pedro e a ilha de Santa Catarina.

Em 1777, a Espanha chegou a um acordo com Portugal, assinando o Tratado de Santo Idelfonso, cujos limites nunca foram demarcados. Pelo acordo, a Colônia de Sacramento e os Sete Povos da Missões ficariam com a Espanha, e a região do Rio Grande do Sul e a ilha de Santa Catarina, para Portugal. O Tratado arrastou-se até arrastando-se até 1801 (após a Guerra Ibérica entre Portugal e Espanha), quando o Tratado de Badajós incorpora definitivamente os Sete Povos das Missões à Portugal, que na prática, era a consolidação do tratado de Madri..

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