Semana de Arte Moderna
A Semana de Arte Moderna também chamada de Semana de 22, ocorreu em São
Paulo no ano de 1922, no período entre 11 de fevereiro e 18 de fevereiro no
Teatro Municipal de São Paulo, na mesma cidade. Durante os sete dias que de
exposição, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto
artístico e cultural urbano. Foram expostos quadros e artes consideradas
modernista, em relação a época, foram apresentadas poesia, música e palestras
sobre a modernidade, que deixou alguns ilustres escritores e artistas de renome
indignados.
1. Modernismo pelo mundo
A industrialização, os avanços tecnológicos do final do século XIX e
início do XX, contribuíram para a urbanização de muitas nações. As populações
das grandes cidades mudaram seus costumes e as artes acompanharam estas
mudanças.
As inovações da II
Revolução Industrial, estimularam o consumo capitalista ainda mais. A
fabricação em série diminuiu os custos do produto final, estimulando o
comércio. Inventos como como o telégrafo, telefone, rádio, cinema, navio a
vapor, estradas de ferro e automóvel aproximaram as pessoas. A fotografia,
substituía os quadros de retrato. Além de ser novidade, mais barata
representava uma realidade maior que a pintura. Neste contexto, os pintores
tiveram que inovar, pararam de tentar imitar a realidade e sim interpretara a
realidade, um grande exemplo é o pintor espanhol Pablo Picasso.Em Guernica, Pablo Picasso demonstra os horrores do bombardeio de sua cidade durante a Guerra Civil Espanhola, ao mesmo tempo que expõe os avanços tecnológicos do período. |
Picasso é um pintor que adotou o estilo chamado de cubismo, devido suas
formas geométricas. Contudo surgiram outras formas de expressão de arte, como o
impressionismo e o dadaísmo. Estas novos estilos, são chamados de
vanguardistas, pois trouxeram uma nova forma de representar a realidade.
O surgimento das grandes cidades, com suas características, juntamente
com o contato entre as diversas classes sociais, foram um prato cheio para os
artistas da época. Estes novos modos de vida, trouxeram novas percepções da
realidade, muito bem captada pelos artistas. Os artistas da época se
interessavam pelo presente, descrevendo as mudanças sociais e pelo futuro, por
aquilo que era moderno, por isto ficaram conhecidos como modernistas.
Outro fato inovador, do movimento modernista, foi a forma com que
trataram a cultura "periférica", produzida fora do eixo Europa-EUA. O
que antes era tratado como arte primitiva, recebeu atenção especial pelos
vanguardistas.
O movimento modernista surgiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas idéias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
Anita Malfatti, que chegara da Europa, vivenciou no velho continente experiências vanguardistas que marcaram intensamente seu trabalho. Em 1917, ela realizou, o que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de grandes críticas de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna, que se realizaria 5 anos depois.
Uma nova forma de arte
Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas brasileiros. Tarsila do Amaral juntou-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, formando o "Grupo dos Cinco", que lançou a Semana de Arte Moderna e demostrou toda esta inovação ao público brasileiro.
Anita Malfatti, que chegara da Europa, vivenciou no velho continente experiências vanguardistas que marcaram intensamente seu trabalho. Em 1917, ela realizou, o que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de grandes críticas de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna, que se realizaria 5 anos depois.
Uma nova forma de arte
Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas brasileiros. Tarsila do Amaral juntou-se a Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, formando o "Grupo dos Cinco", que lançou a Semana de Arte Moderna e demostrou toda esta inovação ao público brasileiro.
Abaporu, de Tarcila do Amaral |
A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de
novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade
artística brasileira própria e de uma maneira mais livre de expressão. Sob a
inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade
criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. Novos conceitos
foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na
literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura. Contudo, como toda inovação, não foi bem aceita pela elite econômica da época.
Uma semana de exposições
A Semana de Arte Moderna, foi realizada no Theatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Cada dia correspondia a um festival: pintura e escultura; literatura e poesia; música.
A Semana de Arte Moderna, foi realizada no Theatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Cada dia correspondia a um festival: pintura e escultura; literatura e poesia; música.
No dia 13, Graça Aranha proferiu a conferência A emoção estética na arte, elogiando os trabalhos expostos, ao mesmo tempo que criticava a Academia Brasileira de Letras e exaltava os artistas expositores, como agentes atuantes na "libertação da arte".
Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.
Entre os pintores e desenhistas, encontravam-se: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros. Entre os arquitetos, encontravam-se: Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel. Entre os escultores, encontravam-se: Victor Brecheret, Hildegardo Leão
Velloso e Wilhelm Haarberg.
Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros.
Daisy , de Victor Brecheret |
Literatura e poesia
No dia 15, Oswald de Andrade leu alguns de seus poemas e Mário de Andrade fez uma palestra, chamada de A escrava que não é Isaura, onde se evocava o "belo horrível" e evocava a necessidade do abrasileiramento da língua portuguesa e a volta ao nativismo. Contudo, as maiores emoções ocorrem quando Ronald de Carvalho lê um poema de Manuel Bandeira, o qual não
comparecera ao teatro por motivos de saúde, estava com tuberculose, Os sapos, gerando várias manifestações manifestação contrárias do público. Trata-se de uma ironia
corrosiva aos parnasianos, que ainda dominavam o gosto do público que reagiu com vaias e gritos interrompendo a sessão.
Entre os escritores encontravam-se: Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX.
Entre os escritores encontravam-se: Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX.
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
'- Meu pai foi à guerra
- Não foi! - Foi! - Não foi!' O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado
Diz: - 'Meu cancioneiro
É bem martelado*.'
Berra o sapo-boi:
'- Meu pai foi à guerra
- Não foi! - Foi! - Não foi!' O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado
Diz: - 'Meu cancioneiro
É bem martelado*.'
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento* sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Frumento* sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhe dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma. Clame a sapataria
Em críticas céticas:
'Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...'
Que lhe dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma. Clame a sapataria
Em críticas céticas:
'Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...'
Brada de um assomo
O sapo-tanoeiro:
'A grande arte é como
Lavor de Joalheiro'
O sapo-tanoeiro:
'A grande arte é como
Lavor de Joalheiro'
Urra o sapo-boi:
'- Meu pai foi rei - Foi!
- Não foi! - Foi! - não foi!'
Os sapos, de Manuel Bandeira
'- Meu pai foi rei - Foi!
- Não foi! - Foi! - não foi!'
Os sapos, de Manuel Bandeira
Música
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