quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Grande Cisma do Ocidente

Esse acontecimento quebrou a unidade da Igreja, e há enfraqueceu, e se desmoralizou politicamente. Durante 40 anos houveram 2 papas no Ocidente, um em Roma e outro em Avignon e cada um deles reivindicava o direito de ser reconhecido como sucessor legítimo de São Pedro. A unidade só foi recuperada em 1417, com o Concílio de Constança, pelo qual se restabeleceu o poder de um único papa com a cidade de Roma como sede do papado.

Antecedentes
Felipe IV, o Belo
Papa Bonifácio VIII
O papa Bonifácio VIII (23/01/1295 a 11/10/1303), reivindicou para o papado o poder espiritual e temporal. Com a bula papal Clerics laicos proibiu o clero de pagar impostos aos reis. Emitiu, ainda outra bula papal Unam sanctam, que entre outras coisas afirmava que “fora desta Igreja (Católica) não há salvação” e “é absolutamente necessário para a salvação toda criatura humana sujeitar-se ao pontífice romano”.
Filipe IV, o Belo, soberano francês, estabeleceu tributos sobre os bens da Igreja. O papa Bonifácio VIII, por sua vez proibiu os bispos franceses de pagar esses impostos e preparou a excomunhão do rei Felipe. Em resposta ao papa, o rei francês iniciou uma série de ataques à Igreja Católica e prendeu o papa, de quase 70 anos, em agosto de 1303. A população de sua cidade natal (Anagni) se organizaram e libertaram-no. Bonifácio VIII, bastante debilitado pelos acontecimentos, morreu poucas semanas depois.
Papa Bento XI, Bem-aventurado
Para sucedê-lo foi eleito Bento XI. Em seu curto papado (22/10/1303 a 7/07/1304) foi fortemente influenciado pelo rei francês. O papa revogou todas as censuras e penalidades feitas por Bonifácio VIII.

O “Cativeiro de Avignon”
Após a morte de Bento XI, ocorreu um intenso debate entre os cardeis pró-Bonifácio (italianos) e anti-Bonifácio (não italianos). Devido as divergências no grupo pró-Bonifácio, foi eleito papa francês Clemente V (05/06/1305 a 20/04/1314).
Papa Clemente V, com ele teve
início o "cativeiro de Avignon"
A coroação do papa ocorreu na cidade francesa de Lyon, na presença do rei francês em 15 de novembro de 1305. Após coroado decidiu transferir a sede da Igreja Católica de Roma para Avignon, cidade ao Sul da França, mais próxima da influência de Filipe IV. O papado ficou em Avignon por 70 anos.
Após 1 mês no trono de Pedro, Clemente V nomeou 10 novos cardeais, sendo 9 franceses de sua confiança, tendo assim maioria no colégio cardinalício.  Durante o papado de Clemente V, o rei Felipe, de olho na riqueza, pressionou-o para dissolver a Ordem dos Templários. Forjou documentos e acusações contra a ordem, o papa cedeu e a Ordem foi desfeita, seus componentes foram presos e mortos e Felipe ficou com a fortuna.
Após a morte de Clemente V, sucederam-no: João XXII, francês, papa de 7 de agosto de 1316 a 4 de dezembro de 1334; Bento XII, francês, papa de 8 de janeiro 1335 a 25 de abril 1342; Clemente VI, francês, papa de 7 de maio de 1342 a 6 de dezembro de 1352; Inocêncio VI, francês, papa de 18 de dezembro de 1352 a 12 de setembro de 1362;
O sexto papa de Avignon, o francês Urbano V, Bem-Aventurado foi papa de 6 de dezembro de 1362 a 19 de dezembro de 1370. Urbano levou o papado de volta para Roma e lá ficou durante 3 anos, retornando a Avignon pouco antes de morrer. O último papa de Avignon, o francês Gregório XI (04/01/1371 a 27/031370), levou de volta o papado para Roma.

A ruptura
A partir de 1378, houveram duas Igrejas latinas, uma com
sede em Roma, outra com sede em Avignon, ambas
 com seus respectivos papas
Criou-se deste então, uma rixa entre os defensores da sede em Roma e os defensores do reino francês. A situação agravou em 1378, quando Urbano VI foi eleito papa (08/04/1378 a 15/10/1389). Com temperamento difícil (intransigente e irracional), levaram os cardeais franceses publicarem uma declaração em 2 de agosto de 1378, alegando nulidade do conclave realizado em abril e convidaram Urbano VI a renunciar. Em 9 de agosto, expediram uma nota ao cristianismo, afirmando que haviam deposto o papa por ele incompetente e intruso.
Os cardeais franceses mudaram-se para a cidade italiana de Fondi, onde receberam proteção da nobreza local. Ali elegeram como papa o cardeal Roberto Genebra, primo do rei francês. A coroação dele como Clemente VII ocorreu em 3 de outubro de 1378 e desencadeou o Cisma Ocidental.
A Europa ficou dividida: França, Borgonha, Sabóia, Nápoles e Escócia aceitaram Clemente VII; Inglaterra, Alemanha, maior parte da Itália, Escandinávia, Portugal, Hungria e Polônia, declararam-se apoiadores de Urbano VI. A Espanha ficou temporariamente neutra.
Quando sua cúria original passou para o lado de Clemente, Urbano organizou outra, nomeando 29 cardeais em 17 de setembro de 1378. Urbano não tinha dúvidas sobre a sua legitimidade no trono de Pedro, por isto não fez questão alguma de aproximação com Clemente.
Avignon, sede do papado na França
Os dois papas, então, começaram a se enfrentar. Primeiro ocorreu excomunhão de ambos os lados. Posteriormente organizaram exércitos de mercenários e travaram várias batalhas. Na batalha decisiva, Urbano venceu Clemente em abril de 1379 garantindo o controle sobre Roma. Clemente se retirou para Nápoles e em junho para Avignon, onde criou uma outra corte cheia de luxo e pompa, semelhante como a corte romana.
Urbano VI morreu em 15 de outubro de 1389. Para seu sucessor foi eleito Bonifácio IX (09/11/1389 a 01/10/1404), que conseguiu uma vitória importante sobre Clemente, reconquistando o reino de Nápoles e outros territórios, perdidos durante o pontificado anterior.
Bonifácio pouco fez para solucionar a divisão. Propôs nomear Clemente VII, como núncio apostólico para a França e Espanha e permitir que eles e seus cardeais continuassem com seus cargos cardinalício, em troca da abdicação de Clemente. O antipapa morreu em 16 de setembro de 1394 sem nunca concordar com Bonifácio.
Gregório XII, eleito papa com 80 anos
Os cardeais de Avignon elegeram para suceder a Clemente VII, o cardeal Pedro Luna, que adotou o título de Bento XIII. O novo papa de Avignon tentou abrir diálogo com Bonifácio IX, que rejeitou diálogo. Neste momento, até o rei francês havia tirado seu apoio a Bento XIII, por este não ter honrado o juramento, que todos os cardeais fizeram no conclave, de abdicar se a maioria assim julgasse correto.
Representantes do Bento XIII, tentaram encontrar-se com Bonifácio IX, em 22 de setembro de 1404, para discutir o fim do Cisma, com a possibilidade de abdicação mútua. Contudo o estado de saúde Bonifácio impediu o encontro. Em 29 de setembro ocorreu o encontro, que foi marcado com ofensas recíprocas. Bonifácio morreu dois dias após e os enviados de Bento foram responsabilizados pela morte do papa. Foram presos e soltos após pagarem um resgaste de 5 mil florins (equivalente a US$ 200.000,00).
Como sucessor de Bonifácio, foi eleito Inocêncio VII (17/10/1404 a 06/11/1406), apesar das súplicas de Bento XIII, que estava em Roma, de adiar o conclave. Inocêncio negou-se a negociar pessoalmente com Bento, mas aceitou marcar um Concílio, para tratar do cisma, que até sua morte em maio de 1406 realizou.
Para suceder a Inocêncio VII, foi eleito Gregório XII (19/12/1406 a 04/06/1415). Gregório inicia tratativas para conversar pessoalmente com Bento, com a intensão de o antipapa abdicar. Após as conversas com os enviados de Bento, Gregório conclui que Bento não irá renunciar e quebra a promessa do conclave de não nomear novos cardeais, gerando assim o Concílio de Piza em 1409.

Antipapa João XXIII
Concílio de Piza
O Concílio reuniu-se em 25 de março de 1409, reunia cardeais ligados a ambos os papas, os próprios Bento XIII e Gregório XII foram convidados, mas não compareceram. De imediatamente Bento e Gregório foram acusados de má-fé e de conspiração. Em 5 de junho, os dois papas foram depostos de seus tronos, acusados de “cismáticos e hereges incorrigíveis e perjuros”. A santa Sé foi declarada vaga e em 26 de junho de 1409 foi eleito como papa Alexandre V. Agora o catolicismo tinha 3 papas!
Alexandre V morreu de repente em 3 de maio de 1410. O Concílio de Piza elegeu como sucessor o cardeal Cossa, que adotou o nome de João XXIII.

Concílio de Constança e a unificação da Igreja Ocidental
O Concílio de Constança depôs João XXIII em 29 de maio de 1415. Depois procurou negociar com Gregório XII, que só aceitou participar, se ele convocasse o Concílio, pois não reconhecia a autoridade de João XXIII, que fora quem tinha convocado o Concílio. O pedido foi aceito, Gregório XII convocou o concílio e ao mesmo tempo renunciou ao seu mandato papal. Os colégios cardinalícios de Avignon e Roma se unificaram, os atos papais de Gregório foram mantidos e ele foi nomeado cardeal-bispo, mas seus direitos a eleger-se papa foram retirados.
Concílio de Constança
Bento XIII se recusou a renunciar, o Concílio declarou-o herege, e retirou-lhe todos os direitos pontifícios. Após a morte de Bento os poucos cardeis cisistas elegeram Clemente VIII como seu sucessor.
Papa Martinho V, unificou a Igreja
Foi realizado um Conclave composto pelos dois colégios cardinalícios (Roma e Avignon) compondo 22 cardeais, juntamente com mais 30 pessoas representantes de 5 nações, que elegeram Martinho V, como novo papa, por unanimidade, em 11 de novembro de 1417, foi o único conclave deste tipo contando com cardeiais e leigos.  Clemente III renunciou ao seu papado e juntamente com seus cardeais se submeteram as ordens de Martinho V, acabando assim com o Cisma da Igreja Ocidental.


Nenhum comentário:

Postar um comentário