O Grande Cisma do Ocidente
Esse acontecimento quebrou a unidade da Igreja, e há enfraqueceu, e se desmoralizou politicamente. Durante 40 anos houveram 2 papas no Ocidente, um em Roma e outro em Avignon e cada um deles reivindicava o direito de ser reconhecido como sucessor legítimo de São Pedro. A unidade só foi recuperada em 1417, com o Concílio de Constança, pelo qual se restabeleceu o poder de um único papa com a cidade de Roma como sede do papado.
Antecedentes
Felipe IV, o Belo |
Papa Bonifácio VIII |
Filipe IV, o Belo, soberano francês, estabeleceu tributos sobre os bens da Igreja. O papa Bonifácio VIII, por sua vez proibiu os bispos franceses de pagar esses impostos e preparou a excomunhão do rei Felipe. Em resposta ao papa, o rei francês iniciou uma série de ataques à Igreja Católica e prendeu o papa, de quase 70 anos, em agosto de 1303. A população de sua cidade natal (Anagni) se organizaram e libertaram-no. Bonifácio VIII, bastante debilitado pelos acontecimentos, morreu poucas semanas depois.
Papa Bento XI, Bem-aventurado |
O “Cativeiro de Avignon”
Após a morte de Bento XI, ocorreu um intenso debate entre os cardeis pró-Bonifácio (italianos) e anti-Bonifácio (não italianos). Devido as divergências no grupo pró-Bonifácio, foi eleito papa francês Clemente V (05/06/1305 a 20/04/1314).
Papa Clemente V, com ele teve início o "cativeiro de Avignon" |
Após 1 mês no trono de Pedro, Clemente V nomeou 10 novos cardeais, sendo 9 franceses de sua confiança, tendo assim maioria no colégio cardinalício. Durante o papado de Clemente V, o rei Felipe, de olho na riqueza, pressionou-o para dissolver a Ordem dos Templários. Forjou documentos e acusações contra a ordem, o papa cedeu e a Ordem foi desfeita, seus componentes foram presos e mortos e Felipe ficou com a fortuna.
Após a morte de Clemente V, sucederam-no: João XXII, francês, papa de 7 de agosto de 1316 a 4 de dezembro de 1334; Bento XII, francês, papa de 8 de janeiro 1335 a 25 de abril 1342; Clemente VI, francês, papa de 7 de maio de 1342 a 6 de dezembro de 1352; Inocêncio VI, francês, papa de 18 de dezembro de 1352 a 12 de setembro de 1362;
O sexto papa de Avignon, o francês Urbano V, Bem-Aventurado foi papa de 6 de dezembro de 1362 a 19 de dezembro de 1370. Urbano levou o papado de volta para Roma e lá ficou durante 3 anos, retornando a Avignon pouco antes de morrer. O último papa de Avignon, o francês Gregório XI (04/01/1371 a 27/031370), levou de volta o papado para Roma.
A ruptura
A partir de 1378, houveram duas Igrejas latinas, uma com sede em Roma, outra com sede em Avignon, ambas com seus respectivos papas |
Os cardeais franceses mudaram-se para a cidade italiana de Fondi, onde receberam proteção da nobreza local. Ali elegeram como papa o cardeal Roberto Genebra, primo do rei francês. A coroação dele como Clemente VII ocorreu em 3 de outubro de 1378 e desencadeou o Cisma Ocidental.
A Europa ficou dividida: França, Borgonha, Sabóia, Nápoles e Escócia aceitaram Clemente VII; Inglaterra, Alemanha, maior parte da Itália, Escandinávia, Portugal, Hungria e Polônia, declararam-se apoiadores de Urbano VI. A Espanha ficou temporariamente neutra.
Quando sua cúria original passou para o lado de Clemente, Urbano organizou outra, nomeando 29 cardeais em 17 de setembro de 1378. Urbano não tinha dúvidas sobre a sua legitimidade no trono de Pedro, por isto não fez questão alguma de aproximação com Clemente.
Avignon, sede do papado na França |
Urbano VI morreu em 15 de outubro de 1389. Para seu sucessor foi eleito Bonifácio IX (09/11/1389 a 01/10/1404), que conseguiu uma vitória importante sobre Clemente, reconquistando o reino de Nápoles e outros territórios, perdidos durante o pontificado anterior.
Bonifácio pouco fez para solucionar a divisão. Propôs nomear Clemente VII, como núncio apostólico para a França e Espanha e permitir que eles e seus cardeais continuassem com seus cargos cardinalício, em troca da abdicação de Clemente. O antipapa morreu em 16 de setembro de 1394 sem nunca concordar com Bonifácio.
Gregório XII, eleito papa com 80 anos |
Representantes do Bento XIII, tentaram encontrar-se com Bonifácio IX, em 22 de setembro de 1404, para discutir o fim do Cisma, com a possibilidade de abdicação mútua. Contudo o estado de saúde Bonifácio impediu o encontro. Em 29 de setembro ocorreu o encontro, que foi marcado com ofensas recíprocas. Bonifácio morreu dois dias após e os enviados de Bento foram responsabilizados pela morte do papa. Foram presos e soltos após pagarem um resgaste de 5 mil florins (equivalente a US$ 200.000,00).
Como sucessor de Bonifácio, foi eleito Inocêncio VII (17/10/1404 a 06/11/1406), apesar das súplicas de Bento XIII, que estava em Roma, de adiar o conclave. Inocêncio negou-se a negociar pessoalmente com Bento, mas aceitou marcar um Concílio, para tratar do cisma, que até sua morte em maio de 1406 realizou.
Para suceder a Inocêncio VII, foi eleito Gregório XII (19/12/1406 a 04/06/1415). Gregório inicia tratativas para conversar pessoalmente com Bento, com a intensão de o antipapa abdicar. Após as conversas com os enviados de Bento, Gregório conclui que Bento não irá renunciar e quebra a promessa do conclave de não nomear novos cardeais, gerando assim o Concílio de Piza em 1409.
O Concílio reuniu-se em 25 de março de 1409, reunia cardeais ligados a ambos os papas, os próprios Bento XIII e Gregório XII foram convidados, mas não compareceram. De imediatamente Bento e Gregório foram acusados de má-fé e de conspiração. Em 5 de junho, os dois papas foram depostos de seus tronos, acusados de “cismáticos e hereges incorrigíveis e perjuros”. A santa Sé foi declarada vaga e em 26 de junho de 1409 foi eleito como papa Alexandre V. Agora o catolicismo tinha 3 papas!
Alexandre V morreu de repente em 3 de maio de 1410. O Concílio de Piza elegeu como sucessor o cardeal Cossa, que adotou o nome de João XXIII.
Concílio de Constança e a unificação da Igreja Ocidental
O Concílio de Constança depôs João XXIII em 29 de maio de 1415. Depois procurou negociar com Gregório XII, que só aceitou participar, se ele convocasse o Concílio, pois não reconhecia a autoridade de João XXIII, que fora quem tinha convocado o Concílio. O pedido foi aceito, Gregório XII convocou o concílio e ao mesmo tempo renunciou ao seu mandato papal. Os colégios cardinalícios de Avignon e Roma se unificaram, os atos papais de Gregório foram mantidos e ele foi nomeado cardeal-bispo, mas seus direitos a eleger-se papa foram retirados.
Concílio de Constança |
Papa Martinho V, unificou a Igreja |
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