Governo de Jânio Quadros (1961)
O
início da década de 1960 foi marcado por conturbações na política brasileira. O
presidente Jânio Quadros e seu sucessor João Goulart não eram bem vistos pelos
grupos conservadores, que temiam a participação política dos setores populares.
1.
A eleição de Jânio Quadros
As
eleições de 1960, pela primeira vez se utilizou a televisão em campanha
eleitoral. Três candidatos concorreram: Ademar Pereira de Barros, do PSP, desta
vez apoiado por Plínio Salgado que, após sucessivas derrotas, desistiu de
candidatar-se; o general Henrique Duffles Teixeira Lott, do PSD, apoiado também
pelo PTB, que lhe deu o vice, na pessoa de João Belchior Goulart (Jango); Jânio
da Silva Quadros, lançado pelo PTN do líder marmiteiro Hugo Borghi, mas
recebendo apoio também da UDN, do PDC e do PR.
A
economia brasileira em 1960 não estava nada bem. A inflação chegava a 25% ao
ano. Para construir Brasília, JK recorreu a empréstimos estrangeiros, fazendo
subir vertiginosamente a dívida externa. Na construção da nova capital,
pairavam acusações de corrupções com super faturamento das obras e na compra de
terrenos.
A
campanha de Jânio era pautada na moralização da política, com o lema varre
varre, vassourinha. O símbolo de sua campanha foi a vassoura, os apoiadores
Jânio Quadros, andavam com as vassouras nas mãos. Com ela, prometia ao povo
varrer a corrupção que se alastrava pelo país.
Jânio
foi o típico político populista. Seu método político de ação consistia no
contato corpo a corpo com a massa de eleitores. Carismático, falava a linguagem
que o povo queria ouvir. Jânio afirmava ser independente dos políticos
tradicionais e das forças poderosas (capital internacional). Se fosse eleito
faria um governo popular.
Os
eleitores compraram a ideia de limpar a política e Jânio Quadros venceu as
eleições presidenciais de 1960 com cerca de 6 milhões de votos. Para vice
presidente foi eleito Jango, da chapa de oposição, que obteve 4 milhões 547 mil
votos, contra 4 milhões 237 mil dados a Milton Campos e 2 milhões 137 mil a
Ferrari.
2.
A presidência de Jânio Quadros
Jânio
Quadros foi o primeiro presidente a assumir a presidência da República em
Brasília, no ano de 1961. Apesar do apoio da UDN, não integrava os principais
círculos políticos da época.
Política
interna
Ao
assumir, Jânio adotou medidas polêmicas, como a proibição das brigas de galo, o
uso maiôs cavados nos concursos miss e
de biquínis. Proibiu também o uso de lança-perfume, utilizados nos
bailes de carnaval, demonstrando que seu governo tinha perfil moralizador que
intervinha diretamente na vida das pessoas. Ao mesmo tempo, investiu numa
campanha moralista de investigação de escândalos de corrupção.
Política
econômica
Jânio
adotou uma política de combate à inflação que agradava ao FMI. Para controlar
os gastos públicos, reduziu a
participação do Estado na economia. Ao assumir, cancelou os subsídios que o
Estado brasileiro concedia, para abater parte das despesas com a importação de
trigo e petróleo, resultado: logo no início de seu mandato, os preços do pão e
combustíveis aumentaram em 100%. Entre as medidas econômicas impopulares de seu
governo estavam o congelamento dos salários e a diminuição do crédito como
forma de restringir o consumo e frear a elevação dos preços.
A opinião pública
comentava as práticas do presidente em seu cotidiano, que atraía a atenção ao
dar ordens a seus assessores e ministros por meio de bilhetes. Além disso,
Jânio não conquistou o apoio da maioria no Congresso. Suas medidas polêmicas e
contraditórias colaboravam para
Política
internacional
No
plano internacional, Jânio adotou um conjunto de medias denominado Política
Externa Independente (PEI). Por meio desta política, o Brasil deveria ter um
comportamento autônomo no cenário internacional. Assim, o governo restabeleceu
relações diplomáticas com a URSS e com a República Popular da China
(comunista), o que desagradou os EUA.
Um
dos gestos mais polêmicos do seu governo, foi a condecoração do líder
revolucionário Ernesto Che Guevara com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Os conservadores brasileiros, de orientação anticomunista, temiam a aproximação
do governo brasileiro de países socialistas.
O
medo do comunismo
No
contexto da Guerra Fria, as divisões políticas internacionais se repetiam internamente
no Brasil. Os setores liberais, alinhados com os princípios da economia
capitalista, eram favoráveis à política norte-americana. Os setores que
defendiam um projeto nacional-desenvolvimentista e estavam vinculados aos
trabalhadores eram associados aos comunistas.
3.
A renúncia de Jânio Quadros
Jânio
não possuía uma linha política definida. Desgravada tanto a sua base, ameaçava
criar uma lei para controlar as remessas de lucros das multinacionais para o
exterior, quanto sua oposição, adotando medidas liberais. Assim, em poucos
meses, o presidente perdeu boa parte de sua base parlamentar no Congresso
Nacional. Seu próprio partido, e a UDN, o abandonou. A oposição, representada
pelo PTB-PSD, controlava o Congresso Nacional. Por esses motivos, Jânio não
conseguia aprovar suas propostas.
Sob
muitas críticas contra o seu governo, com menos de sete meses na presidência,
em 25 de agosto de 1961 (uma sexta-feira), em um bilhete manuscrito dirigido ao
Congresso Nacional, anunciou sua renúncia à Presidência da República. Alegou
forças ocultas o que impediam do governar.
O
“tiro que saiu pela culatra”
Acredita-se
que Jânio escolheu aquele dia porque não haveria quórum para votar a medida. O
fato seria explorado pela imprensa, e o povo sairia às ruas clamando sua
permanência. Mantido no poder, Jânio poderia governar sem depender do
Congresso. Até a viagem de Jango, para o local mais longe possível (China), foi
planejado. O vice-presidente não estaria no país para assumir a presidência.
Mas
não foi o que aconteceu. O Congresso aceitou o pedido de renúncia, e população
reagiu com indiferença à decisão do presidente.
E o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu a
presidência, devido a ausência do vice-presidente, que estava em a China
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