sábado, 3 de outubro de 2015

Governo de Jânio Quadros (1961)
O início da década de 1960 foi marcado por conturbações na política brasileira. O presidente Jânio Quadros e seu sucessor João Goulart não eram bem vistos pelos grupos conservadores, que temiam a participação política dos setores populares.

1. A eleição de Jânio Quadros
As eleições de 1960, pela primeira vez se utilizou a televisão em campanha eleitoral. Três candidatos concorreram: Ademar Pereira de Barros, do PSP, desta vez apoiado por Plínio Salgado que, após sucessivas derrotas, desistiu de candidatar-se; o general Henrique Duffles Teixeira Lott, do PSD, apoiado também pelo PTB, que lhe deu o vice, na pessoa de João Belchior Goulart (Jango); Jânio da Silva Quadros, lançado pelo PTN do líder marmiteiro Hugo Borghi, mas recebendo apoio também da UDN, do PDC e do PR.
A economia brasileira em 1960 não estava nada bem. A inflação chegava a 25% ao ano. Para construir Brasília, JK recorreu a empréstimos estrangeiros, fazendo subir vertiginosamente a dívida externa. Na construção da nova capital, pairavam acusações de corrupções com super faturamento das obras e na compra de terrenos.

A campanha de Jânio era pautada na moralização da política, com o lema varre varre, vassourinha. O símbolo de sua campanha foi a vassoura, os apoiadores Jânio Quadros, andavam com as vassouras nas mãos. Com ela, prometia ao povo varrer a corrupção que se alastrava pelo país.

Jânio foi o típico político populista. Seu método político de ação consistia no contato corpo a corpo com a massa de eleitores. Carismático, falava a linguagem que o povo queria ouvir. Jânio afirmava ser independente dos políticos tradicionais e das forças poderosas (capital internacional). Se fosse eleito faria um governo popular.

Os eleitores compraram a ideia de limpar a política e Jânio Quadros venceu as eleições presidenciais de 1960 com cerca de 6 milhões de votos. Para vice presidente foi eleito Jango, da chapa de oposição, que obteve 4 milhões 547 mil votos, contra 4 milhões 237 mil dados a Milton Campos e 2 milhões 137 mil a Ferrari.
2. A presidência de Jânio Quadros
Jânio Quadros foi o primeiro presidente a assumir a presidência da República em Brasília, no ano de 1961. Apesar do apoio da UDN, não integrava os principais círculos políticos da época.

Política interna
Ao assumir, Jânio adotou medidas polêmicas, como a proibição das brigas de galo, o uso maiôs cavados nos concursos miss e  de biquínis. Proibiu também o uso de lança-perfume, utilizados nos bailes de carnaval, demonstrando que seu governo tinha perfil moralizador que intervinha diretamente na vida das pessoas. Ao mesmo tempo, investiu numa campanha moralista de investigação de escândalos de corrupção.

Política econômica
Jânio adotou uma política de combate à inflação que agradava ao FMI. Para controlar os gastos públicos,  reduziu a participação do Estado na economia. Ao assumir, cancelou os subsídios que o Estado brasileiro concedia, para abater parte das despesas com a importação de trigo e petróleo, resultado: logo no início de seu mandato, os preços do pão e combustíveis aumentaram em 100%. Entre as medidas econômicas impopulares de seu governo estavam o congelamento dos salários e a diminuição do crédito como forma de restringir o consumo e frear a elevação dos preços.
A opinião pública comentava as práticas do presidente em seu cotidiano, que atraía a atenção ao dar ordens a seus assessores e ministros por meio de bilhetes. Além disso, Jânio não conquistou o apoio da maioria no Congresso. Suas medidas polêmicas e contraditórias colaboravam para 

Política internacional
No plano internacional, Jânio adotou um conjunto de medias denominado Política Externa Independente (PEI). Por meio desta política, o Brasil deveria ter um comportamento autônomo no cenário internacional. Assim, o governo restabeleceu relações diplomáticas com a URSS e com a República Popular da China (comunista), o que desagradou os EUA.

Um dos gestos mais polêmicos do seu governo, foi a condecoração do líder revolucionário Ernesto Che Guevara com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul. Os conservadores brasileiros, de orientação anticomunista, temiam a aproximação do governo brasileiro de países socialistas.

O medo do comunismo

No contexto da Guerra Fria, as divisões políticas internacionais se repetiam internamente no Brasil. Os setores liberais, alinhados com os princípios da economia capitalista, eram favoráveis à política norte-americana. Os setores que defendiam um projeto nacional-desenvolvimentista e estavam vinculados aos trabalhadores eram associados aos comunistas.


3. A renúncia de Jânio Quadros
Jânio não possuía uma linha política definida. Desgravada tanto a sua base, ameaçava criar uma lei para controlar as remessas de lucros das multinacionais para o exterior, quanto sua oposição, adotando medidas liberais. Assim, em poucos meses, o presidente perdeu boa parte de sua base parlamentar no Congresso Nacional. Seu próprio partido, e a UDN, o abandonou. A oposição, representada pelo PTB-PSD, controlava o Congresso Nacional. Por esses motivos, Jânio não conseguia aprovar suas propostas.
 Sob muitas críticas contra o seu governo, com menos de sete meses na presidência, em 25 de agosto de 1961 (uma sexta-feira), em um bilhete manuscrito dirigido ao Congresso Nacional, anunciou sua renúncia à Presidência da República. Alegou forças ocultas o que impediam do governar.

O “tiro que saiu pela culatra”
Acredita-se que Jânio escolheu aquele dia porque não haveria quórum para votar a medida. O fato seria explorado pela imprensa, e o povo sairia às ruas clamando sua permanência. Mantido no poder, Jânio poderia governar sem depender do Congresso. Até a viagem de Jango, para o local mais longe possível (China), foi planejado. O vice-presidente não estaria no país para assumir a presidência.
Mas não foi o que aconteceu. O Congresso aceitou o pedido de renúncia, e população reagiu com indiferença à decisão do presidente.  E o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu a presidência, devido a ausência do vice-presidente, que estava em a China

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