terça-feira, 6 de outubro de 2015

Segundo Governo Vargas (1951-1954) 

A década de 1950 é marcada pela organização de setores militares e da alta sociedade brasileira, que já estavam se organizando par dar um golpe de Estado, a primeira tentativa ocorreu no governo Vargas, que só não se concretizou, devido ao suicídio do presidente.

Eleições de 1950
A forte propaganda política de Getúlio durante seus 15 anos de governo, muitos deles como ditador, criou uma imagem positiva. Mas não só a simples propaganda era a causa de suas popularidade. Foi vargas que iniciou o processo de industrialização do país, criou as leis trabalhistas e gerou emprego e renda para as classes inferiores, desassentidas no decorrer da história do país. Já nas eleições de 1945 mostrou-se todo a popularidade de Getúlio, pois seu candidato a presidente fora eleito (Eurico Gaspar Dutra), além de ter sido eleito senador por dois estados: Rio Grande do Sul e São Paulo. 
Para as eleições de outubro de 1950 haviam 3 candidatos: Getúlio, PTB; Cristiano Machado, PSD-apoiado pelo presidente Dutra; brigadeiro Eduardo Gomes, UDN. Cerca de 8,2 milhões de eleitores compareceram às urnas e Vargas venceu com 48,7% do votos e, voltou a comandar a nação “através dos braços do povo”.


A presidência de Vargas
Em seu mandato constitucional, Vargas aproximou-se de diferentes partidos, com a intenção de diminuir a oposição e colocar-se acima dos conflitos políticos. No poder, conseguiu contornar alguns graves problemas econômicos do país. Em 1951, a inflação caiu, houve superávit comercial, a indústria de base foi ampliada e o crescimento econômico atingiu 7% a.a. Porém, nos anos seguintes, esses avanços econômicos sofreram certa redução em virtude dos EUA diminuírem os recursos para investir no Brasil. Apesar das dificuldades, Vargas propôs uma modernização econômica, com crescimento industrial de caráter nacionalista.




Política econômica
No plano econômico, Vargas enfrentou o desafio de promover o desenvolvimento da indústria brasileira e, ao mesmo tempo controlas a inflação. O governo incentivou as importações necessárias ao desenvolvimento do parque industrial, facilitou investimentos estrangeiros e aumentou a competitividade das exportações.
Com o objetivo de diversificar a produção industrial, em 1951, cria a Comissão Mista para Desenvolvimento econômico, entre EUA e Brasil, por meio da qual os americanos propunham quase um Plano Marshall para o país.
A Comissão Mista deu origem, em 1952, ao BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). Tinha, o banco, a tarefa de financiar novos projetos públicos e privados para o desenvolvimento econômico do Brasil, como o de reaparelhamento de portos e ferrovia e ampliação do potencial elétrico.
Ainda em 1952, Vargas cria IBC (Instituto Brasileiro do Café), cria o Ministério da Saúde (desligando-o da Educação), formula o Plano Geral da Industrialização; cria o Serviço de Bem Estar Social, Instituto de Migração e Colonização, o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, o serviço Social Rural e o parque Nacional do Xingu.
Em 1953, Vargas assinou a lei que criou a Petrobras, desagradando as companhia petrolíferas estrangeiras. No ano seguinte, o presidente propôs a criação da Eletrobrás com o objetivo de construir usinas geradoras para suprir a energia elétrica do país. Porém, o projeto enfrentou forte oposição e a empresa só foi instalada em 1962.
Também, em 1953, nomeou como ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, o presidente nacional do PTB, João Goulart, home de sua confiança nos meios sindicais. Contudo os oposicionistas viam em Jango, uma tendência sindicalista, ao estilo Perón.
Goulart concede um aumento de 100% ao Salário Mínimo e é praticamente canonizado pelos trabalhadores brasileiros e crucificado pelo empresariado multinacional. Jango causava profundo descontentamento entre os militares que em 8 de fevereiro de 1954 entregaram um manifesto ao Ministério da Guerra (Manifesto dos Coronéis). Getúlio pressionado e buscando a conciliação, opta por afastar João Goulart.

Vargas entra em constantes atritos com empresas estrangeiras acusadas de enviar excessivas remessas de lucro ao exterior. Em 1954 um decreto institui o limite de 10% para as tais remessas e o restante deveria ser reinvestido no Brasil. Evidenciava-se, assim, o caráter nacionalista e populista de seu governo. Empresários interessados na entrada de capital estrangeiro não aprovavam as medidas intervencionistas do Estado na economia e protestavam contra o nacionalismo da administração getulista.

Crescimento da oposição Vargas
A paralisação de cerca de 300 mil trabalhadores paulistas, ocorrida em 1953, que reivindicavam melhores salários desgastaram o governo, junto aos trabalhadores.
Carlos Lacerda (tinha o  apelido de
"O Corvo") falando sobre o "mar de
lama que  estava no Palácio do Catete.
A grande imprensa, pressiona o Congresso Nacional ao impeachment do presidente, tendo como principal representante de oposição e jornalista Carlos Lacerda ligado a UDN, da tribuna da Imprensa denuncia “corrupção” no governo e acusando-o de comunista, o que na verdade não procedia. O não alinhamento entre Brasil e EUA estava mais ligado a estratégias de proteção da indústria nacional do que alguma discordância ideológica profunda. O presidente norte-americano Eisenhower, mostra-se favorável a uma derrubada de Vargas, e tendo o petróleo como desculpa, suspende a Comissão Mista.
O chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato, tentou livrar Vargas da oposição feita por Lacerda articulando uma tentativa de assassinato do jornalista. A tentativa frustada, acabou por criar maiores complicações para Vargas: Lacerda sobreviveu, mas o major da aeronáutica Rubens Vaz, que o acompanhava, foi assassinado. O episódio ficou conhecido como o atentado da Rua Toneleiro.


O suicídio de Vargas
Pressionado por todos os lados, Vargas encontrou uma saída trágica e inesperada: na noite de 24 de agosto de 1954, no palácio do catete, deu um tiro no peito. Antes redigiu uma carta-testamento, em que acusava os grupos estrangeiros, aliados aos inimigos internos, de serem os responsáveis pelas dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro:
“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim (...).
Tenho lutado mês a Mês, dia a dia, hora a hora, resistindo à pressão constante (...). E aos que pensam que me derrotaram respondo com minha vitória (...).
(...) E vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”
A comoção e reação popular ao suicídio de Vargas foi imediata. Até mesmo pessoas que não apoiavam Getúlio, saíram às ruas para lamentar a morte do presidente e protestar contra a oposição. 
Quebra quebra em Porto Alegre após o suicídio de Getúlio
No Rio de janeiro, jornais que faziam oposição a Vargas e a embaixada dos EUA, sofreram ataques. Em Porto Alegre,  pela manhã, centenas de pessoas reuniam-se pacificamente, tomando a Praça da Matriz e as ruas próximas. À tarde, deputados se encontravam nas sacadas e calçadas do Palácio Piratini e da Assembleia Legislativa, assistindo à chegada da barulhenta passeata de estudantes e operários que se aproximavam com uma enorme faixa: “Contra o golpe! Todos à Assembleia!”. Estima-se que duas mil pessoas ocuparam a praça, temendo um golpe militar. Estabelecimentos comerciais eram saqueados, prédios depredados. A Rádio Farroupilha, que fazia oposição ao presidente morto foi invadida e destruída, assim como alguns bancos e outros órgãos locais.
Essas manifestações populares impediram que a primeira tentativa do golpe militar, de 1964, se concretizasse. Assim, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência, garantindo a realização das eleições em 1955.





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