quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Guerra de Canudos

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX e início do XX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e ausência do Estado afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais.

Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel, nasceu entre 1827 e 1830 em Quixeramobim (CE), de tradicional família que vivia nos sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem. Na infância teve aulas de português, francês e latim, estudos necessários para se tornar padre. Quando adulto trabalhou no comércio, foi professor e advogado entre os sertões de Ipu e Sobral.
População simples e humilde do sertão nordestino via
em Conselheiro e no arraial de Canudos um refúgio
dos desmandos dos coronéis e uma vida sem fome
Em 1871, após dois casamentos, iniciou sua peregrinação no sertão nordestino. Andou pelos estados de Pernambuco, Bahia e Sergipe, vestindo um camisolão azul e barba e cabelo longo. Por onde passava pregava a fé cristã, aconselhava os sertanejos, construía e reformava igrejas e cemitérios, organizava mutirões para construções de casas, açudes e colheita.  Antônio Maciel ficou conhecido pelo sertão, por onde passava arregimentava seguidores, passaram a acompanhá-lo e logo foi apelidado de “Antônio Conselheiro”.

Canudos
Os seguidores de Antônio Conselheiro não paravam de aumentar. Em 1893, decidiram fixar-se nas terras da antiga fazenda Canudos, ao norte da Bahia, perto do rio Vaza-Barris. O povoado começou a crescer rapidamente, atraindo pessoas que fugiam das explorações dos coronéis, sertanejos fugindo da fome devido a seca e fiéis em busca de respostas. A população do arraial chegou em torno de 30 mil, em sua maioria pobre, que se sentiram acolhidos pela comunidade.
A base econômica do povoado era o trabalho comunitário, todos trabalhavam para o bem comum. Para organizar toda esta população, Conselheiro (chamado de pai ou pastor ou chefe) dispunha de seus 12 apóstolos (conselheiristas), que chefiavam os diversos setores do comunidade.
O Estado brasileiro envia exército para Canudos ao invés
de oferecer ajuda social
O arraial não seguia as regras do Estado, da Igreja e nem interferência dos coronéis. Para proteção do povoado, havia um grupo de jagunços, chamada de Companhia do Bom Jesus.

Guerra de Canudos
Antônio Conselheiro, por ser católico era defensor da monarquia e adepto do direito divino dos reis. Portanto pregava contra a república e suas leis civis, por desconsiderar a religião, sendo assim ilegítima. O tamanho da população e a defesa do beato pela restauração monárquica no Brasil, fez com que as autoridades locais se preocupassem com o arraial. Além do mais o sistema republicano estava em processo de consolidação e qualquer ameaça não era bem aceita. Sem contar os coronéis locais, que temiam perder sua mão de obra barata, para o arraial.
Gaúchos também combateram em Canudos, reforçando o
exército brasileiro. O Rio Grande do Sul, também esteve
envolvido em um conflito interno entre os anos de
1893 e 1895, a Revolução Federalista
Es expedições militares se iniciaram em 1896, após um comerciante de Juazeiro não entregar uma compra de madeira feita pela comunidade. Os moradores foram cobrar a entrega de madeira e o governador da Bahia enviou, ao arraial, uma tropa com 113 homens para prender Conselheiro e dispersar a população,contudo foram derrotados pelos jagunços de Conselheiro. 
Uma segunda expedição foi enviada em janeiro de 1897. Comandada pelo major Febrônio de Brito, agora contando com 600 homens, mais bem armados, inclusive com metralhadoras. Porem foram novamente vencidos por Conselheiro.
No Rio de Janeiro, o governo federal via em Canudos um perigoso foco monarquista. Os jornais "denunciavam" que Canudos fazia parte de um complô contra a república, pressionando o presidente Prudente de Moraes, a tomar a iniciativa contra Conselheiro.
Antônio Conselheiro morre vítima das péssimas
condições de vida do local
O governo federal assumiu para sí a repressão. preparando a primeira expedição do exército brasileiro, cujo comando confiou a cargo do coronel Antônio Moreira César, contando com 1300 homens e 6 canhões. Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas, Moreira César foi mortalmente ferido e assumiu o comando o coronel Pedro Nunes Batista Ferreira Tamarindo. Abalada, a expedição foi obrigada a recuar.
Em abril de 1897 ocorreu a segunda expedição do exército, sendo a quarta e última expedição. Sob o comando do general Artur Oscar de Andrade Guimarães, contou com 10 mil homens. Após quatro meses de confronto, com várias batalhas, a tropa conseguiu dominar os jagunços. Depois da morte de Conselheiro devido a uma desinteira, em 22 de setembro, muitos jagunços abandonaram a luta. O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro ultimos defensores. A população local foi massacrada, até mesmo aqueles que se rendiam eram degolados. O Estado brasileiro, matou seus filhos, que se organizaram em uma comunidade, porque o próprio estado os desassistiu por séculos.
Guerra de Canudos



-República da Espada
-Política do Café com Leite
-Revolução Federalista do Rio Grande do Sul

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