Período Regencial
O
Período regencial brasileiro (1831-1840) foi o intervalo político entre os
mandatos imperiais de d. Pedro I e d. Pedro II. Apesar de ser um período curto (9 anos), foi
um dos momentos mais conturbados Brasil, sendo marcado por forte instabilidade
institucional, devido as revoltas regionais.
1. A Regência Trina Provisória
Dom
Pedro I não conseguiu suportar a pressão, e se viu obrigado a abdicar do seu
posto como Imperador do Brasil. No dia 7 de abril de 1831, d. Pedro I abdicou
do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II, que tinha pouco mais de
cinco anos, e assim estava impedido de ser coroado Imperador do Brasil. Para
cuidar da educação de Pedrinho, como era chamado o príncipe, foi designado o
padre Diogo Feijó.
Como
previa a Constituição de 1824, seria eleito uma regência composta por 3
pessoas, a Regência Trina, para
governar o Brasil. Quando o d. Pedro I renunciou, a Câmara dos Deputados estava
em recesso, foram escolhidos os senadores Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e
José Joaquim Carneiro de Campos e o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, em caráter
provisório, que juntos formaram a Regência
Trina Provisória.
2. A Regência Trina
Permanente
D. Pedro I, abdicou do trono brasileiro para assumir o trono português |
Cerca
de dois meses depois, em 17 de julho de 1831, foram feitas eleições na Câmara
dos Deputados, para composição da Regência
Trina Permanente, por um mandato de quatro anos, que ficou composta pelos
deputados José da Costa Carvalho (marquês de Monte Alegre), representante das
províncias do sul do país; João Bráulio Muniz, representante das províncias do
norte do país; novamente pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. A
composição da regência representava, por um lado, uma tentativa de equilíbrio
entre as forças do norte e do sul do país; por outro lado, a permanência do
brigadeiro Francisco de Lima e Silva representava a busca pelo controle da
situação e manutenção da ordem pública.
Os
regentes, não tinham o poder Moderador, que permitia dissolver a Câmara dos
Deputados e vetar leis. Não poderiam também declarar guerra, distribuir títulos
de nobreza. Isto representava que o poder legislativo teria realmente força,
ficando muito próximo de um regime parlamentarista.
Padre Diogo Feijó, Ministro da Justiça e depois eleito Regente Uno |
As correntes
políticas
No
início do período regencial, o Brasil estava dividido em 3 correntes políticas:
Restaurador ou Caramuru: defendiam a volta de D. Pedro I ao
governo do Brasil. Era formado por comerciantes portugueses. Eram liderados por
José Bonifácio de Andrada. Divulgavam suas ideais no jornal O Caramuru.
Liberal moderado ou
Chimango: defendiam
a estrutura existente, especialmente a monarquia centralizada no Rio de Janeiro
e a escravidão. Era formada pela aristocracia brasileira, que buscava mante seus
privilégios. Eram liderados pelo padre Feijó, o jornalista Evaristo de Veiga e
o político Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Liberal Exaltado ou
Farroupilha:
defendiam a liberdade da imprensa, maior autonomia das províncias, fim do
Senado Vitalício do Conselho de Estado, do Poder Moderador e até mesmo da
monarquia. Era formada por proprietários rurais marginalizados pela corte
imperial, membros de classes médias urbanas e o exército. Eram liderados pelo major
Miguel, estanceiro e político Bento Gonçalves e o jornalista Cipriano Barata.
Criação da Guarda
Nacional
Guarda Nacional, criada em 1831, pelo então Ministro da Justiça, padre Diogo Feijó |
O
exército não aspirava confiança das elites, para conter agitações locais, em
muitas das vezes os soldados se juntavam aos manifestantes. Então, no dia 18 de
agosto de 1831, foi criada a Guarda Nacional, pelo ministro da Justiça, o padre
Diogo Feijó, que ficaria subordinada ao Ministério da Justiça.
Poderiam
participar cidadãos brasileiros que cumprissem as exigências eleitorais
estabelecidas na Constituição de 1824. Eram distribuídos títulos de patente de
coronel e major, a determinados latifundiários, pelos presidentes das províncias
ou pelo governo central, que ficavam no cargo durante o período, que por quem
os escolheu, achasse necessário. Os postos mais baixos eram eletivos, sendo ocupados
por um período de quatros anos.
O ato adicional de
1834
Em
1834, devido a pressões dos exaltados, foi feito um Ato Adicional que reformou
a Constituição de 1824. Desagradando a aristocracia conservadora. Estabeleceu
também a cidade do Rio de Janeiro, como o Município Neutro, como território
destacado do império.
A
Regência Trina, eleita na Câmara dos Deputados foi substituída pela Regência Uma,
em que o regente passou a ser eleito por voto censitário, com mandato
temporário (quatro anos). A eleição e a
alternância do chefe do poder executivo permitiram, entre 1835 e 1840, uma
experiência considerada republicana e presidencialista no Brasil.
Araújo de Lima, II Regente Uno |
O
Ato Adicional também, transformou
os Conselhos Gerais Provinciais, em Assembleias Legislativas Provinciais, compostas
por deputados eleitos, também por voto censitário e com poder deliberativo no
campo civil, judiciário, eclesiástico, educacional, policial, econômico e
tributário. Desta forma, as províncias ganharam uma relativa autonomia
legislativa. Portanto, a experiência republicana, além de presidencialista,
teve um aspecto federalista (que se constituem em elementos fundamentais do
regime político dos EUA).
2. Regência Una
Conforme
estipulado pelo ato adicional, realizou-se, a 7 de abril de 1835, a eleição
para o cargo de Regente Único. Duas candidaturas destacaram-se logo de início,
sendo ambos os candidatos do Partido Moderador: o paulista Diogo Antônio Feijó, apoiado pelas forças políticas do sul e,
também, pela Sociedade Defensora do Rio de Janeiro; e o pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda
Cavalcanti de Albuquerque, cuja família era dona de cerca de um terço dos
engenhos de açúcar de Pernambuco, legítimo representante da aristocracia
nordestina.
Regência de Diogo
Feijó
Pedro de Alcântara, apesar de jovem seria o único capaz de assegurar a unidade territorial de Império do Brasil |
Feijó
venceu por pequena diferença de votos (600), dos cerca de seis mil eleitores do
país que, nessa época, tinha aproximadamente cinco milhões de habitantes.
Segundo a Constituição brasileira de 1824, os eleitores (cidadãos ativos) eram
aqueles que votavam e podiam ser votados. O regente tomou posse no dia 12 de
outubro de 1835, enfrentando oposição até dentro do próprio partido e uma grave
situação de agitação no país.
Novo quadro político
Com
a morte de d. Pedro I em 1835, o grupo político denominado Restauradores se dissolveu. O Ato Adicional de 1834 desagradou os
mais conservadores, contrários a qualquer medida em favorecimento as províncias.
Isto ocasionou um rearranjo no cenário político regencial. Sugiram então duas
forças políticas:
Regressistas
(chimangos): contrários
aos Ato Adicional, composto pelo grupo conservador dos moderados e pelos
restauradores.
Progressistas
(farroupilhas): defensores
do Ato Adicional, composto pelo grupo favorável às reformas liberais e pelos
exaltados.
Diogo
Feijó compôs então, o grupo progressista. Durante seu governo, desagradou todos
os grupos políticos e sociais, inclusive da Igreja Católica, ao defender o fim
das ordens religiosas e do celibato.
Nas eleições para a Câmara dos Deputados, os Regressistas
obtiveram ampla maioria dos votos, dificultando a aprovação de leis por Feijó. Várias
rebeliões estouraram no Brasil, ameaçando a unidade territorial. Notícias das
províncias falavam de revoltas nos "sertões" do extremo-norte: a
Cabanagem no Grão-Pará; a dos escravos Malês, na Bahia; e no extremo-sul, a
Farroupilha.
Feijó
renunciou ao cargo de regente no meio do seu mandato em 1837. Em seu lugar
assumiu interinamente o presidente da Câmara, o latifundiário regressista
pernambucano Araújo Lima.
Aclamação da maioridade de d. Pedro, dia 23 de julho de 1840 |
Regência Araújo Lima
Araújo
Lima, partidário dos conservadores, nas eleições que se seguiram ele foi
confirmado no cargo, com um mandato de cinco anos, até 1842. Em seu governo,
inaugurou o período de Regresso,
fortalecendo a centralização do poder. Em 1840 foi aprovado a lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que na prática cancelou o Ato Adicional de 1834.
3. O golpe da
maioridade
Ao
final de Período Regencial os grupos políticos deram origem a dois grandes
partidos:
Partido Conservador: formado pelos regressistas.
Composto por altos funcionários públicos, grandes comerciantes e
latifundiários. Era constituído pelas províncias do Nordeste.
Partido Liberal: formado pelos progressistas.
Composto por latifundiários e classe média urbana. Era constituído pelas
províncias do Centro-Sul.
Coroação de Pedro de Alcântara, em 18 de julho de 1841 com o título de d. Pedro II |
O
mandato de Araújo Lima deveria estender-se até 1842. Contudo, os liberais,
excluídos do governo, procuraram retirar os regressistas do governo e fundaram,
em 25 de abril de 1840, o Clube da Maioridade,
que defendia a coroação antecipada de d. Pedro, na época com 14 anos, lançando
uma campanha pública para a antecipação da maioridade do príncipe. Segundo a
Constituição, d. Pedro só teria condições de reinar a partir de 1843.
Segundo
eles, a presença de um imperador daria fim as revoltas regionais e afastaria o
fantasma da fragmentação territorial, pois a figura de um monarca daria um
aspecto de segurança a todos. Pedrinho, tinha simpatia da elite brasileira, por
tem nascido no Brasil. Esse argumento convenceu a elite política e proporcionou
a vitória do Clube.
Um
requerimento assinado por 18 senadores e 40 deputados, foi entregue ao príncipe
no dia 22 de julho de 1840 para o príncipe assumir o governo. No dia 23 foi
aclamado imperador do Brasil, sendo coroado imperador dia 18 de julho de 1841.
O Xangô de Baker Street
http://www.brasilonline.tv/assistir-o-xango-de-baker-street-nacional-2011-online/
- I Reinado
- Revolução Farroupilha
- II Reinado
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