segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A Vinda da Família Real

D. João VI foi o primeiro rei europeu a pisar na América. A chegada da família real portuguesa no Brasil, em 1808, iria mudar o destino da colônia para sempre.

1. Agitações ma Europa

Na primeira década do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte varreram a Europa. Decidido a dominar o continente, o imperador francês, decretou o Bloqueio Continental em 1806,   a fim de sufocar economicamente a Inglaterra, sua grande rival. Os países europeus, ficava então proibidos de estabelecer relações comerciais com a ilha britânica. Casa algum países desobedecesse a lei napoleônica, seria declarado inimigo da França, e teria seu território invadido pelo exército francês.

Portugal era dependente economicamente da Inglaterra. A França, possuidora de um exército forte lhe pressionava a romper com a Inglaterra. Os ingleses possuíam a maior marinha do planeta. Portugal possuía um vasto império ultramarino. Caso Portugal desobedecesse os franceses, teria seu reino invadido. Caso obedecesse os franceses, teria suas colônias invadias, perderia o apoio financeiro dos bancos ingleses e poderia ter seu litoral bombardeado pela marinha britânica. 

O príncipe regente de Portugal, d. João então, "negocia" com os franceses para ganhar tempo e por em prática um antigo estudo da monarquia portuguesas: transferir-se para o Brasil. Em 1807, Napoleão dá um ultimato para d. João. em outubro, ingleses e portugueses negociam a transferência da Corte portuguesa. A marinha inglesa aceita acompanhar os navios portugueses em troca de acordos comerciais. Os navios da marinha britânica tinham ordens de bombardear Lisboa, caso d. João não embarcasse.

Napoleão dá ordens para o exército francês invadir Portugal. Em 29 de novembro, d. João raspa todo o dinheiro do tesou real português, e, juntamente com toda a corte portuguesa, cerca de 15 mil pessoas, embarca para o Brasil. 

1. Primeiras medidas de D. João

No dia 24 de janeiro de 1808, a frota portuguesa aportou em Salvador que decretou a abertura dos portos as "nações amigas" para o livre-comércio entre o Brasil e as demais nações não aliadas da França, logicamente eram os requisitos que a Inglaterra possuía. D. João, assim cumpria seu acordo com os ingleses. 
O príncipe regente dava fim ao sistema colonial. Fábricas e Manufaturas passam a ser permitidas no Brasil, contudo era praticamente impossível competir com os produtos ingleses.
Em 1810, foi assinado o Tratados de Comércio e Navegação, uma aliança  com a Inglaterra. Os ingleses receberam vários privilégios, além das vantagens econômicas. Poderiam praticar a religião anglicana, e, se cometessem algum crime, seriam julgados por juízes e leis inglesas. Como pagamento pela aliança com a Inglaterra e dos empréstimos, os produtos ingleses teriam impostos de 15%, inferior aos dos portugueses (16%) e os demais países, pagariam 24%.
Com esta medida, a Inglaterra pode comercializar seus produtos livremente no Brasil. Assim pode escoar sua produção industrial, enquanto estava impedida aos demais países europeus que aderiram ao Bloquei Continental, imposto por Napoleão.

2. O Rio de Janeiro

No dia 8 de março de 1808, os navios que transportavam a família real, atracou no Rio de Janeiro. O príncipe d. João, a princesa, Carlota Joaquina e a rainha d. Maria I, foram recebidos com festa.
Para abrigar tanta gente que chegou junto com a corte, fez com que D. João VI, revogasse a lei contra a instalação de manufaturas. As melhores casa eram requisitadas como moradia da corte. Em frente as casa eram postas as letras “PR”, para indicar a Propriedade Real.
Com a abertura dos portos, o dinamismo econômico tomou conta do Rio de Janeiro. Só em 1808 atracaram 855 navios, sendo 90 estrangeiros, trazendo todo tipo de mercadorias. Vinham também todo o tipo de serviços e profissionais. Era um grande choque de cultura. Novos costumes novas línguas, novos interesses, novas necessidades. Os estrangeiros, se espantavam com o calor, luminosidade, com as paisagens, mas também sentiam receito de tantos negros e pelo mau cheiro.

3. A administração de D. João
D. João instituiu diversos órgão públicos, em 1808 criou a Casa da Moeda e o Banco do Brasil para ser o agente financeiro do governo. Além de ter liberado a indústria manufatureira.
A transferência da Corte entre os anos de 1807 e 1808, transpôs para a colônia os principais órgãos do Estado português, fazendo do Brasil o centro do império lusitano e o Rio de Janeiro sua capital. Portugal perderia sua autonomia, enquanto que o Brasil se tornaria o centro do império lusitano.
Pra reproduzir o ambiente cultural da Europa, criou o Jardim Botânico, Teatro Real, Imprensa Real, Academia Real Militar, Academia Real de Belas Artes, Biblioteca Real (que tinha vindo de Portugal e era o maior acervo da época) e as Escolas médico-cirúrgicas, fundadas em Salvador e no Rio de Janeiro. Convidou para vir ao Brasil artistas franceses, dentre eles, Jean Baptiste Debret. Em 1808 foi publicado a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro do Brasil.
Essa reestruturação urbana e administrativa tinha o objetivo de criar postos de trabalho para a elite portuguesa. Ao mesmo tempo, atraía interesse das elites locais para atuar na vida política da corte.
Em 1815, d. João elevou o Brasil a categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves.

Revolução Pernambucana em Pernambuco, 1817
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro não havia eliminado as dificuldades econômicas do Nordeste e os pesados impostos cobrados pelas autoridades. Com a decisão de ir para o Rio de Janeiro, D. João também destitui o Nordeste como centro político administrativo da este então colônia. A isso somava-se as ideias de liberdade e independência que circulavam na Europa e na América.
A Revolução Pernambucana foi influenciada por ideias progressistas (iluministas) que vinham da Europa pós-revolução francesa. Eles pregavam a liberdade para todos os cidadãos e a independência do Brasil em relação a coroa portuguesa. Eram contra a taxação dos impostos e a exploração colonial. A maioria dos revoltosos eram das classes populares e classe média da época, padres, comerciantes e intelectuais da região.
Em um primeiro momento chegaram a assumir o poder, instalando um governo republicano em Recife. Após serem vencidos pela coroa portuguesa muitos participantes foram presos ou executados, pois a coroa portuguesa quis punir exemplarmente os líderes. Como pena para o vice reino ele fora desmembrado. Foi criado o Vice Reino de Alagoas.

4. Retorno de D. João VI
Após a retirada das tropas francesas de Portugal e a derrota de Napoleão, em 1815, desapareceu o motivo da permanência de d. João, contudo, ele relutava em voltar. Tinha adaptando-se muito bem aos trópicos. 
Em 16 de dezembro de 1815 o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. para que a monarquia portuguesa pudesse participar do Congresso de Viena.
O herdeiro do trono, d. Pedro, teve um casamento, no Brasil, nos moldes das cortes europeias, com uma representante de uma das maiores casa reais da Europa, a Maria Carolina Josefa de Habsburgo, filha do imperador austríaco Francisco I. Por fim é também no Brail, que D. João é aclamado e coroado Rei do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves em 6 de Fevereiro de 1818, no Rio de Janeiro.
Era nítida a vontade de d. João permanecer no Brasil. Em Portugal, na ausência do monarca, o governo era exercido pelo comandante militar inglês Lord Beresford, que não conseguia contornar a crise. Ocorreu então, em Portugal, em 1820, a Revolução Liberal do Porto, um movimento patriótico, liberal, constitucionalista e anti-absolutista, liderada pela burguesia e pelos militares portugueses, que exigiam o retorno do rei à Portugal.
O movimento instalou uma nova Junta Governativa, que convocou as Cortes Gerais Extraordinárias, para elaborar a primeira Constituição portuguesa. Esta Constituição defendia a supremacia das Cortes sobre a realeza. As Cortes eram compostas de deputados, dos diversos países do império ultramarino luso (africanos, asiáticos e americanos), prevalecendo a maioria dos deputados de Portugal. No Brasil tinham sido eleitos 67 deputados, mas apenas 46 seguiram ir para Lisboa representar o Brasil. D. João VI voltou para Portugal em 1821, buscando garantir sua coroa, deixando seu filho d. Pedro na regência no Brasil.

A Assembleia das Cortes 
Uma assembleia de deputados, representada pelo clero, nobreza e povo. Passaram a adotar medidas político-administrativas duras em relação ao Brasil. Uma delas foi a subordinação política e militar de cada província brasileira diretamente a Lisboa e não mais ao Rio de Janeiro. Outra foi o fechamento de importantes órgãos públicos no Brasil. Tudo isto restaurava o velho regime colonial no Brasil.


Dom João

D. João, era o segundo filho de D. Maria I, nascido em 1767 em Portugal. Após a morte de seu irmão, sua mãe adoeceu seriamente, ficando conhecia como d. Maria a louca. A partir de 1792, d. João passou a governar informalmente o reino, em 1799 foi aclamado como príncipe regente de Portugal.
Em 1816, dois anos após a morte de sua mães, foi coroado rei de Portugal e do Brasil. Se adaptou perfeitamente ao Brasil, por vontade própria nunca teria retornado, só o fez por pressão política.
Em uma época em reis eram destronados e alguns mortos, d. João nasceu príncipe, tornou-se rei e nunca perdeu a coroa. Soube avaliar a situação e tomar uma decisão audaciosa que enganou uma das mentes mais brilhantes a da humanidade, Napoleão Bonaparte.
Contudo, tinha uma vida pessoal complicada: era feio, supersticioso e tímido. Vivia em um casamento infeliz, com uma rainha que o traíra conjugalmente.



-Era Napoleônica
-Independência da América Espanhola
-França Após Napoleão

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