Paulistas e
mineiros se alternavam no poder. Até 1930 foram quase quatro décadas de
hegemonia política dos dois partidos, PRP e PRM. A alternância no poder, que
consagrou a hegemonia política dos dois estados, ficou conhecida como República
do café-com-leite.
Prudente de Morais (1894-1898) PRP, fazendeiro paulista |
1. Modelo político
Com a posse do paulista Prudente José de Morais na Presidência, em 1894, o poder passava das mãos dos setores militares para os políticos liberais. A base político-social desses políticos eram as oligarquias agrárias do Sudeste, sobretudo de São Paulo (maior produtor de café) e Minas Gerais (produtora de leite), representadas por seus respectivos partidos, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro).
Oligarquias
Campos Sales (1898-1902) PRP, fazendeiro paulista |
A
supremacia política era exercido pelas oligarquias estaduais. Em cada estado,
uma família ou grupo de famílias muito ricas, ligadas ao latifúndio,
controlavam a política. Para algum político ser eleito, conseguiria mediante
ligação com algumas dessas famílias. O federalismo, foi o modo encontrado para
cada oligarquia estadual ter liberdade de dominar politicamente seus currais.
Cada estado possuía a sua oligarquia, as principais eram:
a) Mineira:
latifundiários ligados a produção de café (2º maior produtor do Brasil) e da
pecuária;
b) Paulista: latifundiários ligados a produção de
café;
c) Gaúcha: latifundiários ligados a criação da
pecuária;
d) Baiana: latifundiários ligados a criação de gado e
de produção de cacau.
Rodrigues Alves (1902-1906) PRP, fazendeiro paulista |
Os partidos
políticos eram estaduais. Cada partido elegia seus deputados, que iriam para a
Capital Federal e lá defendiam os interesses específicos de seus estados. Nos
estados maiores: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, os respectivos
partidos PRR, PRP e PRM também serviam para reunir os homes poderosos até que
chegassem a algum entendimento político. Contudo as elites paulista e mineira
precisavam de apoio de outros estados para governar.
Afonso Pena (1906-1909) PRM, político mineiro, morreu durante o mandato |
A terceira
oligarquia mais importante
Os
deputados gaúchos, estavam ligados aoS estancieiros, que por sua vez estavam
ligados ao mercado interno. Vendiam charque, consumido pela população mais
pobre do Brasil. Eram sensíveis aos problemas da população mais pobre. Por
estar na fronteira com o Uruguai e especialmente Argentina, que voltara a ser a
grande rival brasileira, o estado concentrava 30% do exército nacional. Por
esta razão, e também por serem positivistas, os políticos gaúchos sempre
tiveram um relacionamento bom com os militares, e quase sempre o ministro da
guerra era um militar do Sul.
Os
políticos gaúchos eram os grandes contestadores da política “café com leite”.
Na figura do habilidoso senador Pinheiro Machado, muitos políticos acatavam
suas decisões. Influenciava a Comissão Verificadora. Controlava a “degola” de
políticos eleitos, conseguindo votos de políticos nordestinos, e atrapalhando muito
a vida do PRP.
Política
dos governadores
Durante a
presidência de Campos Sales (1898-1902), os acordos tornaram-se em um grande
pacto de dominação, conhecido como política dos governadores. Tratava-se de um
acordo para garantir o controle do poder, onde o presidente dava seu
reconhecimento e apoio aos candidatos das oligarquias estaduais nas eleições
regionais e recebia em troca o apoio desses governos ao candidato oficial na
eleição presidencial. Além disso, os governos estaduais se comprometiam a eleger
bancadas no Congresso Nacional que apoiassem a política do governo federal.
Nilo Peçanha (1909-1910) político fluminense vice-presidente, assumiu após a morte de Afonso Pena |
Em relação
às eleições, vale lembrar que o voto não era secreto, como hoje. O eleitor
votava sob o olhar do presidente da mesa eleitoral. Assim, o governo dominante
em cada estado ganhava geralmente as eleições porque controlava todo o processo
eletivo, desde o registro de eleitores e candidatos até a apuração dos votos, o
reconhecimento e a diplomação dos candidatos eleitos por meio da Comissão de
Verificação de Poderes, no Congresso Nacional, que era uma comissão especial
controlada pelos governistas que estavam no poder que analisava se o eleito era
a favor ou contra o governo, se fosse contra era impedido de tomar posse, isto
se chamava de degola.
Clientelismo
Hermes da Fonseca (1910-1914) PRC, militar e político gaúcho |
Para o
mecanismo de controle funcionar, era preciso do apoio dos chefes políticos
regionais e locais, os coronéis, que garantiam o voto dos eleitores de sua área
de influência aos candidatos governistas.
Os coronéis
eram os líderes políticos do interior, geralmente grandes proprietários de
terras. Na realidade os coronéis eram as pessoas mais ricas da região onde
moravam, mas entre eles havia também comerciantes, médicos, padres ou
advogados. Eles eram a base de sustentação política das oligarquias,
representantes e beneficiários do governo estadual nos seus municípios.
Controlavam a política nas suas localidades com a autoridade recebida do
partido republicano, com poderes para obrigar o eleitorado a votar nos
candidatos por ele indicado. Seus métodos de ação eram o clientelismo, ou seja,
a relação de dependência entre o eleitor e o coronel por meio de proteção e
favores aos clientes (presentes, emprego, escola, etc.), e a força bruta, com
seus jagunços.
O
sustentáculo da estrutura oligárquica era o pacto entre as elites agrárias,
isto é, a política dos governadores. O mundo que deu origem a essa política era
o agrário rural. Este teve dificuldades para lidar com os problemas nascidos do
processo de crescimento das cidades e do aparecimento de camadas sociais
desligados do mundo rural.
O Brasil
continuava dependendo de capital estrangeiro, com uma economia agroexportadora
e com um industrialização incipiente, o café ainda era o principal produto de
exportação brasileiro, e vai continuar assim até 1929. Contudo outras
atividades agrícolas eram representativas no Brasil. Durante a republica velha
é que vai se dar os primeiros passos para a industrialização brasileira.
Dependência
do capital estrangeiro
Os bancos
ingleses, continuavam emprestando dinheiro tanto ao governo quanto aos
fazendeiros, com juros altíssimos. O banco inglês, aqui instalado, London and
Brazilian Bank, tinha mais capital que o Banco do Brasil.
Os ingleses
se concentraram no setor terciário: eram donos de ferrovias, empresas de gás e
luz elétrica. Eram também os grandes comerciantes, que compravam e revendiam os
produtos primários brasileiros. A partir do início da I Guerra Mundial,
diminuiu o capital inglês e aumentou o capital norte americano, mas ficaram
concentrados nos setores primário: fazendas e minas; e secundário: indústrias.
Delfim Moreira (1918-1919) PRM, vice-presidente, assumiu no lugar de Rodrigues Alves, impedido de tomar posse por doença |
Nos anos de
1920, a Ford e a GM instalam montadoras de automóveis no Brasil. No Sul,
produtores gaúchos tentam criar frigoríficos próprios, mas não conseguem.
Tinham a concorrência dos norte-americanos Armour e Swift. Em 1921, venderam
suas instalações para a companhia Anglo.
Charqueadas
gaúchas
Na região
de fronteira, continuava a criação de gado, para a fabricação de charque, que
abastecia o mercado interno. Durante a I Guerra Mundial, o Sul ira exportar
carne para os países envolvidos no conflito, contudo ficaram dependentes dos
frigoríficos americanos, alemães e ingleses estabelecidos na região. Nas
regiões do Vale dos Sinos e Serra com a colonização alemã e italiana, foi
introduzido o modelo de pequena propriedade familiar, que produziram produtos
voltado ao mercado interno: banha, arroz, milho batata. Porcos, vinhos e
frutas.
Epitácio Pessoa (1919-1922) PRM, político paraibano |
Borracha
A pós a
segunda revolução industrial, começaram a surgir a bicicleta e os automóveis.
Para fabricar os pneus era necessário o látex, sua matéria prima para
fabricação da borracha. Entre 1890 e 1913 o Brasil tornou-se o maior exportador
de borracha do mundo, aproveitando o fato de que as seringueiras, árvores que
fornecem o látex, eram naturais da Amazônia.
Nas cidades
amazônicas de Manaus e Belém, teatros, igrejas, mansões revelam a riqueza
propiciada pela extração do látex. Tinham telefone, eletricidade, bondes e agua
encanada, verdadeiro luxo para a maioria das cidades da época. Grandes artistas
europeus se apresentaram no belos teatros, pala a elite local.
Se os
fazendeiro enriqueciam, e desenvolviam as cidades, os extratores eram pobres e
explorados. Geralmente nordestinos fugidos da crise, chegavam nas fazendas sem
ter dinheiro, compravam fiado no armazém do dono, e o que ganhavam com o trabalho não cobria as dívidas, trabalhavam
em um regime de servidão.
Artur Bernardes (1922-1926) PRM, político mineiro |
Ingleses e
holandeses começaram a investir em grandes plantações em suas colônias
asiáticas, especialmente na Malásia e Indonésia. Frente a concorrência
estrangeira e a baixa nos preços a partir de 1913 começou o declínio do ciclo.
Cacau
Nas
primeiras décadas do século XX, o cacau plantado no sul da Bahia, em ilhéus,
chegou a representar cerca de 4% das exportações. Os fazendeiro e comerciantes
enriqueceram, enquanto que os trabalhadores continuavam em situação miserável.
As mulheres trabalhavam igual aos homens. Salvador, usufruiu das divisas,
grandes construções foram erguidas: palacetes e o teatro municipal. Novamente a
concorrência estrangeira atrapalhou a produção nacional. Plantações
desenvolvidas nas colônias inglesas na África fizeram o preço baixar.
Inicialmente
era voltado para exportação. Contudo, com o início da industrialização
nacional, esta matéria prima apenas conseguiria abastecer as indústrias locais.
Em São Paulo, plantava-se algodão em meio as plantações de café.
Açúcar
O Nordeste
continuou sua plantação de açúcar, iniciado no mercantilismo. Passou por uma
modernização: os antigos engenhos, foi substituído por modernas usinas.
Contudo, além da concorrência estrangeira, sofriam internamente com as
plantações fluminenses e paulistas.
Demais
produtos
Em vários
outros estados se produzia feijão, mandioca, milho etc. Muita coisa era
plantadas em pequenas plantações, ou terras eram arrendadas, com o sistema de
meia. Os camponeses eram subordinados aos coronéis (que detinham as terras
arrendadas) e as comerciantes (que os “financiavam”).
Industrialização
O surgimento
de fábricas brasileiras foi de modo espontâneo, pois o governo federal não
tinha uma política industrial. No século XIX, surgiram poucas fábricas de
tecidos (9 ao total). No século XX algumas indústrias instalam-se no Rio Grande
do Sul e em Minas Gerais, mas as principais estão no Rio de Janeiro e em São
Paulo, aproveitando as divisas deixados pelo café, terem mão de obra e por
serem estados com um mercado consumidor em potencial.
Apesar de
possuir minérios, como aço e ferro, a indústria nacional era essencialmente de
bens de consumo: tecidos, alimentos, bebidas. Uma das raras exceções foi a
instalação da siderúrgica estrangeira belgo-mineira, em 1921. Durante a I
Guerra Mundial, além de não terem os concorrentes europeus, o Brasil eleva suas
exportações de bens de consumo para Europa. Contudo a indústria brasileira era
refém das máquinas importadas da Europa e dos EUA.
-República da Espada
-Semana da Arte Moderna
-Guerra de Canudos
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