terça-feira, 29 de setembro de 2015

Política do Café com Leite

Paulistas e mineiros se alternavam no poder. Até 1930 foram quase quatro décadas de hegemonia política dos dois partidos, PRP e PRM. A alternância no poder, que consagrou a hegemonia política dos dois estados, ficou conhecida como República do café-com-leite.

Prudente de Morais
(
1894-1898)
 
PRP, f
azendeiro paulista
1. Modelo político
Com a posse do paulista Prudente José de Morais na Presidência, em 1894, o poder passava das mãos dos setores militares para os políticos liberais. A base político-social desses políticos eram as oligarquias agrárias do Sudeste, sobretudo de São Paulo (maior produtor de café) e Minas Gerais (produtora de leite), representadas por seus respectivos partidos, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PRM (Partido Republicano Mineiro). 
Oligarquias

Campos Sales
(
1898-1902)

 PRP, fazendeiro paulista
A supremacia política era exercido pelas oligarquias estaduais. Em cada estado, uma família ou grupo de famílias muito ricas, ligadas ao latifúndio, controlavam a política. Para algum político ser eleito, conseguiria mediante ligação com algumas dessas famílias. O federalismo, foi o modo encontrado para cada oligarquia estadual ter liberdade de dominar politicamente seus currais. Cada estado possuía a sua oligarquia, as principais eram:
a) Mineira: latifundiários ligados a produção de café (2º maior produtor do Brasil) e da pecuária;
b) Paulista: latifundiários ligados a produção de café;
c) Gaúcha: latifundiários ligados a criação da pecuária;
d) Baiana: latifundiários ligados a criação de gado e de produção de cacau.
Rodrigues Alves
(
1902-1906)
PRP,
 f
azendeiro paulista
Os partidos políticos eram estaduais. Cada partido elegia seus deputados, que iriam para a Capital Federal e lá defendiam os interesses específicos de seus estados. Nos estados maiores: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, os respectivos partidos PRR, PRP e PRM também serviam para reunir os homes poderosos até que chegassem a algum entendimento político. Contudo as elites paulista e mineira precisavam de apoio de outros estados para governar. 
Afonso Pena
 (
1906-1909)

 PRM,  político mineiro, 
morreu durante o mandato

A terceira oligarquia mais importante
Os deputados gaúchos, estavam ligados aoS estancieiros, que por sua vez estavam ligados ao mercado interno. Vendiam charque, consumido pela população mais pobre do Brasil. Eram sensíveis aos problemas da população mais pobre. Por estar na fronteira com o Uruguai e especialmente Argentina, que voltara a ser a grande rival brasileira, o estado concentrava 30% do exército nacional. Por esta razão, e também por serem positivistas, os políticos gaúchos sempre tiveram um relacionamento bom com os militares, e quase sempre o ministro da guerra era um militar do Sul.
Os políticos gaúchos eram os grandes contestadores da política “café com leite”. Na figura do habilidoso senador Pinheiro Machado, muitos políticos acatavam suas decisões. Influenciava a Comissão Verificadora. Controlava a “degola” de políticos eleitos, conseguindo votos de políticos nordestinos, e atrapalhando muito a vida do PRP.

Política dos governadores

Durante a presidência de Campos Sales (1898-1902), os acordos tornaram-se em um grande pacto de dominação, conhecido como política dos governadores. Tratava-se de um acordo para garantir o controle do poder, onde o presidente dava seu reconhecimento e apoio aos candidatos das oligarquias estaduais nas eleições regionais e recebia em troca o apoio desses governos ao candidato oficial na eleição presidencial. Além disso, os governos estaduais se comprometiam a eleger bancadas no Congresso Nacional que apoiassem a política do governo federal. 
Nilo Peçanha
 (1909-1910)
político fluminense
vice-presidente, assumiu
após a morte de Afonso Pena
Em relação às eleições, vale lembrar que o voto não era secreto, como hoje. O eleitor votava sob o olhar do presidente da mesa eleitoral. Assim, o governo dominante em cada estado ganhava geralmente as eleições porque controlava todo o processo eletivo, desde o registro de eleitores e candidatos até a apuração dos votos, o reconhecimento e a diplomação dos candidatos eleitos por meio da Comissão de Verificação de Poderes, no Congresso Nacional, que era uma comissão especial controlada pelos governistas que estavam no poder que analisava se o eleito era a favor ou contra o governo, se fosse contra era impedido de tomar posse, isto se chamava de degola.

Clientelismo 
Hermes da Fonseca
 (
1910-1914)
 
PRC, militar e político gaúcho
Para o mecanismo de controle funcionar, era preciso do apoio dos chefes políticos regionais e locais, os coronéis, que garantiam o voto dos eleitores de sua área de influência aos candidatos governistas.
Os coronéis eram os líderes políticos do interior, geralmente grandes proprietários de terras. Na realidade os coronéis eram as pessoas mais ricas da região onde moravam, mas entre eles havia também comerciantes, médicos, padres ou advogados. Eles eram a base de sustentação política das oligarquias, representantes e beneficiários do governo estadual nos seus municípios. Controlavam a política nas suas localidades com a autoridade recebida do partido republicano, com poderes para obrigar o eleitorado a votar nos candidatos por ele indicado. Seus métodos de ação eram o clientelismo, ou seja, a relação de dependência entre o eleitor e o coronel por meio de proteção e favores aos clientes (presentes, emprego, escola, etc.), e a força bruta, com seus jagunços.
O sustentáculo da estrutura oligárquica era o pacto entre as elites agrárias, isto é, a política dos governadores. O mundo que deu origem a essa política era o agrário rural. Este teve dificuldades para lidar com os problemas nascidos do processo de crescimento das cidades e do aparecimento de camadas sociais desligados do mundo rural.

Venceslau Brás
(
1914-1918)
PRM, político mineiro
2. A economia estrangeira, rural e industrial
O Brasil continuava dependendo de capital estrangeiro, com uma economia agroexportadora e com um industrialização incipiente, o café ainda era o principal produto de exportação brasileiro, e vai continuar assim até 1929. Contudo outras atividades agrícolas eram representativas no Brasil. Durante a republica velha é que vai se dar os primeiros passos para a industrialização brasileira.

Dependência do capital estrangeiro
Os bancos ingleses, continuavam emprestando dinheiro tanto ao governo quanto aos fazendeiros, com juros altíssimos. O banco inglês, aqui instalado, London and Brazilian Bank, tinha mais capital que o Banco do Brasil.

Os ingleses se concentraram no setor terciário: eram donos de ferrovias, empresas de gás e luz elétrica. Eram também os grandes comerciantes, que compravam e revendiam os produtos primários brasileiros. A partir do início da I Guerra Mundial, diminuiu o capital inglês e aumentou o capital norte americano, mas ficaram concentrados nos setores primário: fazendas e minas; e secundário: indústrias.
Delfim Moreira
 (
1918-1919) PRM, vice-presidente,
 assumiu no lugar
 de Rodrigues Alves,
 impedido de tomar
posse  por doença
Nos anos de 1920, a Ford e a GM instalam montadoras de automóveis no Brasil. No Sul, produtores gaúchos tentam criar frigoríficos próprios, mas não conseguem. Tinham a concorrência dos norte-americanos Armour e Swift. Em 1921, venderam suas instalações para a companhia Anglo. 

Charqueadas gaúchas
Na região de fronteira, continuava a criação de gado, para a fabricação de charque, que abastecia o mercado interno. Durante a I Guerra Mundial, o Sul ira exportar carne para os países envolvidos no conflito, contudo ficaram dependentes dos frigoríficos americanos, alemães e ingleses estabelecidos na região. Nas regiões do Vale dos Sinos e Serra com a colonização alemã e italiana, foi introduzido o modelo de pequena propriedade familiar, que produziram produtos voltado ao mercado interno: banha, arroz, milho batata. Porcos, vinhos e frutas.

Epitácio Pessoa
 (
1919-1922)
PRM, político paraibano
Borracha 
A pós a segunda revolução industrial, começaram a surgir a bicicleta e os automóveis. Para fabricar os pneus era necessário o látex, sua matéria prima para fabricação da borracha. Entre 1890 e 1913 o Brasil tornou-se o maior exportador de borracha do mundo, aproveitando o fato de que as seringueiras, árvores que fornecem o látex, eram naturais da Amazônia.
Nas cidades amazônicas de Manaus e Belém, teatros, igrejas, mansões revelam a riqueza propiciada pela extração do látex. Tinham telefone, eletricidade, bondes e agua encanada, verdadeiro luxo para a maioria das cidades da época. Grandes artistas europeus se apresentaram no belos teatros, pala a elite local.
Se os fazendeiro enriqueciam, e desenvolviam as cidades, os extratores eram pobres e explorados. Geralmente nordestinos fugidos da crise, chegavam nas fazendas sem ter dinheiro, compravam fiado no armazém do dono, e o que ganhavam com o  trabalho não cobria as dívidas, trabalhavam em um regime de servidão.
Artur Bernardes
(
1922-1926)
 PRM, político mineiro
Ingleses e holandeses começaram a investir em grandes plantações em suas colônias asiáticas, especialmente na Malásia e Indonésia. Frente a concorrência estrangeira e a baixa nos preços a partir de 1913 começou o declínio do ciclo. 

Cacau
Nas primeiras décadas do século XX, o cacau plantado no sul da Bahia, em ilhéus, chegou a representar cerca de 4% das exportações. Os fazendeiro e comerciantes enriqueceram, enquanto que os trabalhadores continuavam em situação miserável. As mulheres trabalhavam igual aos homens. Salvador, usufruiu das divisas, grandes construções foram erguidas: palacetes e o teatro municipal. Novamente a concorrência estrangeira atrapalhou a produção nacional. Plantações desenvolvidas nas colônias inglesas na África fizeram o preço baixar.
Washington Luís
(
1926-1930)
PRP, político fluminense,
mas fez carreira
política em São Paulo
Algodão 
Inicialmente era voltado para exportação. Contudo, com o início da industrialização nacional, esta matéria prima apenas conseguiria abastecer as indústrias locais. Em São Paulo, plantava-se algodão em meio as plantações de café.

Açúcar
O Nordeste continuou sua plantação de açúcar, iniciado no mercantilismo. Passou por uma modernização: os antigos engenhos, foi substituído por modernas usinas. Contudo, além da concorrência estrangeira, sofriam internamente com as plantações fluminenses e paulistas.

Demais produtos
Em vários outros estados se produzia feijão, mandioca, milho etc. Muita coisa era plantadas em pequenas plantações, ou terras eram arrendadas, com o sistema de meia. Os camponeses eram subordinados aos coronéis (que detinham as terras arrendadas) e as comerciantes (que os “financiavam”).

Industrialização
O surgimento de fábricas brasileiras foi de modo espontâneo, pois o governo federal não tinha uma política industrial. No século XIX, surgiram poucas fábricas de tecidos (9 ao total). No século XX algumas indústrias instalam-se no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, mas as principais estão no Rio de Janeiro e em São Paulo, aproveitando as divisas deixados pelo café, terem mão de obra e por serem estados com um mercado consumidor em potencial.
Apesar de possuir minérios, como aço e ferro, a indústria nacional era essencialmente de bens de consumo: tecidos, alimentos, bebidas. Uma das raras exceções foi a instalação da siderúrgica estrangeira belgo-mineira, em 1921. Durante a I Guerra Mundial, além de não terem os concorrentes europeus, o Brasil eleva suas exportações de bens de consumo para Europa. Contudo a indústria brasileira era refém das máquinas importadas da Europa e dos EUA.




-República da Espada
-Semana da Arte Moderna
-Guerra de Canudos

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