domingo, 13 de setembro de 2015

China: economia socialista de mercado

A China tem altos índices de crescimento econômico, um dos resultados da abertura econômica para o capitalismo, que transformou a economia do país.

1. Do imperialismo ao socialismo
A China sofreu durante o século XIX, os efeitos do imperialismo das grandes potências, no seu país. A submissão dos dirigentes imperiais chineses a essas potências de origem a um descontentamento popular que resultou na fundação do Partido Nacionalista (1900) e do Partido Comunista (1921), que a princípio, atuou como aliado do partido Nacionalista.
A partir de 1927, iniciou-se uma longa disputa travada entre nacionalistas e comunistas pelo poder, que durou até 1949, com apenas uma trégua para expulsar os japoneses, o inimigo comum do Norte do país, na década de 1930.

A República Popular da China e a República da China Nacionalista
Em 1949, os comunistas liderados por Mao Tse-tung (1893-1976), saíram vitoriosos e proclamaram a república Popular da China, que ocupa a porção continental e é o terceiro maior país do mundo em extensão territorial. Derrotados, os membros do partido nacionalista do Kuomintang, cujo líder era Chang Kai-chek, refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan), a alguns quilômetros do litoral chinês, onde se estabeleceu a República da China Nacionalista, que adotava o modo de produção capitalista. Desde então, o governo chinês considera Taiwan uma “província rebelde”, o que causa constantes atritos entre as duas nações.

A procura do modelo econômico chinês
A pós a Revolução Chinesa de 1949, Mao Tse-tung, o Grande Timoneiro da condução do país, instaurou um regime totalitário controlado pelo Partido Comunista Chinês, do qual era secretário-geral. A princípio, adotou o modelo soviético de economia planificada, cujos principais pontos foram a instalação de fazendas coletivas, que receberam o nome de comunas populares na economia agrária, e o controle do estado sobre os meios de produção.
Em 1957, o governo chinês resolveu investir na indústria, criando toda a infraestrutura necessária para a instalação de um grande parque industrial. As indústrias de base bélica foram prioridades no projeto denominado “Grande salto à Frente” (1958-1962). O plano fracassou, trazendo os mesmo problemas enfrentados mais tarde pela ex-União Soviética: baixa produtividade e pouca competitividade no mercado externo.
Outro ponto foi o grande movimento popular ocorrido na China entre os anos de 1966 e 1976, que ficou conhecido coo Revolução Cultural, acabou por juntar o caos político à crise econômica. A Revolução Cultural perseguiu pessoas, impôs os pensamentos de Mao que estavam expressos no Livro Vermelho e colocou o país no isolamento em escala internacional.
Afastados da URSS desde 1960, por causa da disputa pela hegemonia nuclear no bloco socialista, os chineses romperam definitivamente com os soviéticos em 1965. Isolada após esse rompimento no mundo da guerra fria, a China cedeu ás tentativas de aproximação dos EUA. Em 1972, o presidente Richard Nixon visitou o país. Nesse mesmo ano, a República popular da China ingressou no Conselho de segurança da ONU. Após a morte do Grande Timoneiro, seu substituto, Deng Xiao Ping (1905-1997), realizou uma nova “revolução chinesa”, a revolução para a modernidade.

2. Economia socialista de mercado
O processo de abertura econômica na China começou em 1978. Para contornar os problemas dos país Deng Xiao Ping resolveu introduzir mudanças na economia, como a iniciativa privada, ao mesmo tempo que permitia a entrada do capital estrangeiro, para não perder a corrida pelos mercados mundiais, que estavam sendo tomados pelos seus concorrentes, como Japão e os Tigres asiáticos.
As reformas de Deng Xiao Ping
Deng Xiao Ping realizou reformas em quatro setores da economia: indústria, agricultura, defesa e tecnologia.
Iniciado pela agricultura, transformando o mercado de produtos agrícolas no país. Para isso, foram tomadas as seguintes medidas:
a) Extinção das comunas populares, fazendas coletivas da época de Mao Tse-tung.
b) Permissão para os agricultores venderem a produção após entregar a perte que cabia ao estado, criando um pequeno mercado consumidor.
c) Subsídios para o povo comprara produtos agrícolas, ativando o mercado desses produtos.
d) Criação do trabalho assalariado no campo, dando condições ao camponês de tornar-se consumidor.
Essas medidas trouxeram como consequência o aumento da produtividade e o surgimento de uma abastada classe de agricultores.
A abertura no setor industrial, porém, só começou na década de 1980. Ao permitir a entrada de capital estrangeiro, o governo possibilitou a instalação de empresas de capital misto. As empresas estatais enfrentaram, pela primeira o peso da concorrência.
Foram criadas as Zonas econômicas Especiais (ZEE), verdadeiros “oásis capitalistas”, em que capital, experiência e tecnologia estrangeiros eram muito em recebidos. As exportações tornaram-se prioridade do governo. No entanto, a principal atração para os capitais estrangeiros era a barata e disciplinada mão de obra chinesa, além de incentivos fiscais e da construção de infraestrutura para importação e exportação.
As cinco primeiras ZEE foram abertas até 1988: Zhuhai, Shenzen, Shantou, Xiamen e Hainan, nas provícias de Guangdog, Fufian e Hainan. Em 1990, foi aberta a sexta ZEEE, Pudong, que reúne, além de Xangai, várias cidades da bacia do Yang-tse-king.
Em 1984, foram abertas ao capitalismo 14 cidades costeiras entre elas, Dalian, Tianjian, Nantong e Guagzhou, que ficaram conhecidas como “Cidade Costeiras Abertas”. Entre 1985 e 1990, algumas áreas, chamadas áreas costeiras abertas também receberam os mecanismos do mercado: península de Liaodong, província de Hebei (Pequim), península de Shandong, delta do rio Yang-tse-kiang, triângulo Xiamen-Zhangzhou-Quanzhou no Sul da província de Fujan, delta do rio das Pérolas e Gungxi.
A partir de 1992, para reduzir os desequilíbrios regionais entre o litoral e o interior, algumas capitais de províncias e regiões autônomas e cidades fronteiriças foram abertas à economia capitalista.
Em 1997, a China recebeu Hong Kong, que desde 1842 pertencia a Inglaterra, aumentando ainda mais seus poder econômico, que desde a década de 1980, já vinha crescendo cerca de 10% ao ano. Macau foi devolvida pelos portugueses em 1999. As duas cidades ganharam status de regiões administrativas especiais. Como os chineses se comprometeram em preservar o regime capitalista nas duas regiões, a incorporação reforçou a política de “um país, dois sistemas” de Deng Xiao Ping.
Segundo a OMC, entre janeiro e junho de 2009, a China tronou-se a maior exportadora mundial, superando a Alemanha e os EUA.

As desigualdades regionais
Existem grandes diferenças naturas entre a China Ocidental e Oriental, como:
a) China Ocidental: estão as províncias de Sing-kiang, a Mongólia Interior e o Tibete. Marcada por climas desérticos, semidesérticos e montanhosos, é a parte menos populosa e menos industrializada do país. Além de ser rica em recursos minerais, a parte Ocidental possui áreas irrigadas para a agricultura.
b) China Oriental: é muito mais favorecida do ponto de vista climático e de relevo, para o estabelecimento humano, por isso sempre foi mais povoada. Compreende a Manchúria e as Planícies Orientais.  O clima nessa região varia de Norte para o Sul, de temperado continental e temperado oceânico, subtropical e de monções.
As Planícies Orientais são formadas por terras férteis, compostas de sedimentos amarelos denominados “loess”, e atravessadas pelos principais rios chineses (Yang-tse-kiang e Huang-ho). Rica em recursos minerais é a parte mais desenvolvida do pais. Aí se concentram as áreas industrializadas e estão localizadas as ZEEs.
As mudanças econômicas que levantaram a economia chinesa também agravaram essas diferenças regionais. As ZEEs, beneficiadas por essa abertura, ocupam uma pequena parcela do litoral de território chinês, ao passo que a maior parte da população está concentrada nas áreas rurais do interior do país. Esse fato fez com que a riqueza se localizasse em alguns pontos, o que aumentou as desigualdades regionais já existentes e as migrações internas. O desemprego, que não era motivo de preocupação na economia planificada, passou a ser problema crescente nessa nova fase, pois as indústrias localizadas nas ZEEs não conseguiram absorver toda a mão de obra disponível no país.

A importância da agricultura na China
As atividades agrícolas continuam a ter uma importante participação na economia chinesa. Além de empregar um parcela significativa da população (43%), contribuem com quase 11% do PIB do pais.
A China Orinetal é o celeiro agrícola do país. Aí são cultivados arroz, trigo, beterraba, cana-de-açúcar, aveia, cevada, sorgo, milho, amendoim, frutas, chá e batata. A pecuária é praticada de forma extensiva e intensiva, com destaque para os rebanhos suíno e bovino. Na China Ocidental há áreas irrigadas para o cultivo de algodão e do trigo e é praticada a pecuária extensiva.
Entretanto, alguns problemas precisam ser resolvidos em relação à agricultura. Entre eles o desemprego gerado pela mecanização, a falta de locais adequados para o armazenamento dos produtos, a rede de transportes insuficiente, que dificulta a distribuição da produção, a diminuição das áreas cultivadas e a erosão do solo.

Recursos minerais e industriais
A China possui, além de fontes de energia como o carvão (45% do carvão mundial), gás natural, petróleo e inúmeros recursos minerais: ferro, mercúrio, tungstênio, antimônio, manganês, molibdênio, vanádio, bauxita, zinco, chumbo, urânio, tório e estanho.
A produção de ferro e de carvão favoreceu a existência da indústria siderúrgica. Os dois recursos são bastante explorados na Manchúria e no Norte das Planícies Orientais. O petróleo é explorado nas regiões Norte, Noroeste e Nordeste do país, além da plataforma continental do litoral sudeste. Sua exploração deu origem a um rápido desenvolvimento da indústria petroquímica.
Favorecidas pela existência de matérias-primas e de fontes de energia, além de grande potencial de energia hidrelétrica, as indústrias chinesas concentram-se principalmente nas regiões litorâneas, as áreas abertas ao capitalismo. Entre os principais centros industrializados estão Pequim, Xangai, Tianjin e Cantão.
Destacam-se as indústrias químicas, de transporte, mecânicas, têxteis, siderúrgicas, metalúrgicas, de cimento, navais, de eletrodomésticos, de aparelhos de precisão e agroindústrias. Têm sido incentivados novos ramos industriais tanto de bens de consumo quanto de tecnologia de ponta.
Altos índices de crescimento econômico
Desde que abriu a sua economia para o capitalismo, a China tem sido a economia que mais cresce no mundo, mesmo tendo passado por dois períodos de crise: a crise asiática de 1998-1999 e a crise mundial de 2008. Em 2007, a China passou a ser a terceira economia do mundo, ultrapassando a Alemanha.

A maior população do mundo
Mesmo com uma rígida política de controle demográfico, a China é o país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes.
 A política de folho único foi criada no país na década de 1970 para evitar a explosão demográfica, uma vez que a população havia passado 582 milhões, em 1953, para 927 milhões de habitantes, em 1975. Em 202 foi reformado para permitir que as 56 maiores etnias chinesas pudessem ter mais outro filho e que os camponeses pudessem ter mais outro também, caso fosse o primeiro casamento.
Problemas, sociais, ambientas e geopolíticos
A China tem sérios problemas com seus cidadãos. Os direitos humanos não são respeitados no país. Prisões de dissidentes, perseguições a religiosos e execuções sem julgamento adequado de presos políticos e criminosos comuns são frequentes no país. Além disso, desde 1950, a China domina politicamente o Tibete e reprime duramente o movimento separatista da província muçulmana de Xinjiang, no Oeste do país.
Potência nuclear, achina tem atualmente como principal ponto de tensão as relações com Taiwan, que os chineses pretendem reintegrar ao seu território.
A China enfrenta sérios problemas com a poluição do e das águas. É o maior emissor de gases do efeito estufa, causados pela queima de carvão nas termoelétricas. As aguas são poluídas devido as emissões de dejetos industriais e da poluição agrícola, além das cidades extremamente populosas, poluem as águas com esgotos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário