terça-feira, 8 de setembro de 2015

As Cruzadas

De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o comando da Igreja, a fim de recuperar Jerusalém e reunificar o mundo cristão, dividido com a “Cisma do Oriente”. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas somente em meados do século XIII, quando entrou em declínio, até então eram chamadas de peregrinação ou guerra santa. O nome surgiu devido as cruzes das roupas dos guerreiros.

1. Causas que antecederam as cruzadas
Muitos foram os fatores que contribuíram para que a Europa invadisse o Oriente Médio. Desde a causa religiosa, busca por rotas comerciais, até a procura de riqueza e terra por parte da nobreza.

Excesso de população na Europa
A Europa do século XI prosperava. Com o fim das invasões bárbaras, teve início um período de estabilidade e um crescimento do comércio. Consequentemente, a população também cresceu. A produção agrícola aumentou devido a novas técnicas, que ajudou a atenuar as crises de fome. No mundo feudal, apenas o primogênito herdava os feudos, o que resultou em muitos homens para pouca terra. Os homens, sem-terra para tirar seu sustento, ou tronavam-se sacerdotes ou cavaleiros, que muitas vezes, se lançaram na criminalidade, roubando, saqueando e sequestrando. Algo precisava ser feito.

Fator econômico
Comerciantes das cidades de Gênova e Veneza monopolizavam as atividades comerciais no Mar Mediterrâneo. Esses homens procuravam formas de também controlar os portos do Oriente. Para eles, as Cruzadas representavam a oportunidade ideal para ampliar e defender as áreas de comércio.

Fator religioso
O mundo cristão se encontrava dividido. Por não concordarem com alguns dogmas da Igreja Romana (adoração a santos, cobrança de indulgências, etc.), os católicos do Oriente fundaram a Igreja Ortodoxa. Jerusalém, a Terra Santa, pertencia ao domínio árabe e até o século XI eles permitiram as peregrinações cristãs à Terra Santa. Mas no final do século XI, povos da Ásia Central, os turcos seldjúcidas, tomaram Jerusalém. Convertidos ao islamismo, os seldjúcidas eram bastante intolerantes e proibiram o acesso dos cristãos a Jerusalém.



2. Convocação do papa
Em 1076, Jerusalém, cidade sagrada para os cristãos, foi tomada por turcos muçulmanos. Em 1095, o papa Urbano II, no Concílio de Clermont, convocou expedições com o intuito de retomar a Terra Sagrada. Os cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam esse nome por carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas vestimentas. Em troca da participação, ganhariam o perdão de seus pecados. Os cruzados, visavam combater os infiéis e convertê-los ao cristianismo. Por isso diziam se tratar de uma “guerra santa”.

A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente oito Cruzadas.

A primeira cruzada (1096 – 1099) - a atitude do papa foi motivada em parte pelo imperador Aleixo I Comneno, de Constantinopla (1081-1118), que temia uma investida muçulmana contra seus territórios, dada a proximidade de seus domínios com a cidade santa de Jerusalém. Urbano II prometeu aos participantes da expedição, a absolvição dos pecados, além da garantia de terras e riquezas quando da reconquista da Terra Santa.
Não tinha participação de nenhum rei, formada por cavaleiros da nobreza. Sua meta era livrar do domínio islâmico a cidade de Jerusalém, como se acredita, era onde Jesus fora crucificado e enterrado, em julho de 1099, tomaram Jerusalém. Com isto quatro reinos foram criados na região da Palestina: o Condado de Edessa, o Principado de Antióquia, o Condado de Trípoli e o Reino de Jerusalém.
A segunda cruzada (1147 – 1149) - fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi retomada pelo sultão muçulmano Saladino. A Segunda Cruzada não obteve o sucesso esperado. A expedição acabou por complicar a relação entre os reinos cruzados, bizantinos e governantes muçulmanos. A única vitória cristã foi a reconquista de Lisboa sob a solicitação de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.  O condado de Edessa estava definitivamente perdido e o principado de Antioquia ficou reduzida à metade do seu antigo território.
A terceira cruzada (1189 – 1192) - conhecida como “Cruzada dos Reis”, pois contou com a participação dos  três reis mais importantes da época: rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império Romano-Germano. 
Estes reis buscavam, além de toda a glória e a honra propiciadas pela guerra santa, conquistar riquezas que pudessem servir de meios para afirmar seus poderes sobre os nobres feudais. Nessa cruzada foi firmado um acordo de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a Jerusalém.
A quarta cruzada (1202 – 1204) - foi a cruzada de cristãos contra cristão. Ela foi financiada pelos comerciantes venezianos, interessados nas relações comerciais com o oriente. Contudo,  a rica cidade de Constantinopla servia de ponto de parada para chegar ao Oriente Médio. Ficou conhecida por um desvio radical de seus planos originais. Quando os navios dos cruzados venezianos aportaram na cidade cristão, saquearam a cidade. 
A quinta (1217 – 1221) - a tomada de terras egípcias era cogitada desde a terceira cruzada, para os cristãos terem com que negociar com os muçulmanos. Liderada por João de Brienne, considerado o rei de Jerusalém, por mais que Jerusalém fosse o alvo dos cruzados, a cruzada concentro-se em tomar o porto egípcio de Damietta, assim  eles decidiram atacar primeiro a cidade de Cairo, no Egito. mas fracassou ao ficar isolada pelas enchentes do Rio Nilo. 
A sexta (1228 – 1229) - ficou marcada pelo fatos dos cruzados terem retomado o controle das três cidades sagradas de Jerusalém, Belém e Nazaré, que tinham sido invadidas pelos turcos. Frederico II, imperador do sacro Império Romano-Germano, também foi coroado rei de Jerusalém, graças a sua conquista. Porém, teve que retornar a Europa, devido algumas desavenças com o Papa Gregório IX. Mesmo assim, no Oriente os cristãos mantinham a soberania no território mesmo com o rei não presente, todavia em 1244 foram atacados em Gaza, e apesar da resistência, não conseguiram suportar a vantagem numérica dos inimigos e ao certo, e acabaram por render-se e por perder seus territórios definitivamente. 


A sétima (1248 – 1250) - foi comandada pelo rei francês Luís IX e pretendia, novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada pelos turcos. Os cristãos foram surpreendidos por uma inundação do Nilo, a partir da qual os muçulmanos aproveitaram para se apoderar das provisões alimentares dos cruzados, gerando fome e doenças como o escorbuto entre os cristãos.
A consequência dessa derrota foi muito negativa, o exército sucumbiu a várias doenças. Luís IX preferiu bater em retirada, mas também não conseguiu o fazer da forma desejada. Ainda no mesmo ano o monarca francês foi tomado como prisioneiro em Mansurá pelos muçulmanos. Para poder ser libertado, foi pago um grande volume em ouro de forma de resgate.
A oitava (1270) - uma peste que assolava a região do Túnis atacou o exército francês, inclusive chegando a matar o rei Luís IX, o qual rei canonizado, ficando conhecido como São Luís.
Além do rei, grande parte do exército francês caiu com a peste, incluindo um de seus filhos. O outro herdeiro, Filipe, o Audaz, tratou de negociar a paz com os sultões e retornou à França, onde foi coroado rei em 1271. Pela falta de conhecimento do local e pelas estratégias mal traçadas na tentativa de converter os líderes muçulmanos ao Cristianismo, foi um fracasso total. Os cristãos não criaram raízes entre a população local e sucumbiram.

A nona cruzada (1271) - pode-se dizer que está cruzada é quase um extensão da anterior. O príncipe inglês Eduardo I mobiliza seus seguidores até a região do Acre, na Galileia, para reforçar o exército enviado anteriormente, na tentativa de converter os sultões ao Cristianismo para manter a hegemonia cristã em Jerusalém, tida como Terra Santa. Eduardo chegou lá e tentou amenizar o conflito entre sultões e cristãos, com o apoio do papa Nicolau II. Com algumas alianças na região, Eduardo conseguiu vencê-lo em 1272.
Poderoso, o sultão enviou um contingente de 200 mil soldados muçulmanos até Jerusalém para expulsar os italianos e ingleses que dominaram a região. Sem forças, os europeus não resistiram e tiveram que se retirar do Oriente Médio, fazendo com que a influência ocidental em Jerusalém fosse totalmente dissipada.
As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real, a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.

Os cavaleiros templário se o surgimento dos bancos
Em 1118, foi criado em Jerusalém uma Ordem de Cavalaria chamada de Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, a qual ficou conhecido como Ordem dos Templários. Em sua formação inicial era composta por nove cavaleiros franceses. Os cavaleiros que fundaram a Ordem realizaram, na época, um voto de pobreza. 
A recém-nascida instituição passava a ter como símbolo um cavalo montado por dois cavaleiros. Seu objetivo, pelo menos aparentemente, era velar pelas conveniências e pela proteção dos peregrinos cristãos no território sagrado. A sede da ordem estava instalada em um edifício vizinho da Mesquita de Al-aqsa, em um prédio do que sobrara do Templo de Salomão, conseguido através de uma doação do rei Balduíno II.
Ao passar do tempo, a ordem se tornou um braço poderoso da Igreja nas esferas política, bélica. Com o tempo adquiriu um grande poder econômico, obtendo grande número de territórios europeus, doados por benfeitores cristãos os mais diversos, dominando, desta forma, grande parte da Europa. Através dos saques e espólios acumularam riqueza incontável.
Com os templários surgiram os bancos, afim de proteger seu patrimônio, eles depositavam suas moedas e através de um documento semelhante aos cheques, poderia ser trocado por moeda corrente com os companheiros de outras cidades. Era uma forma segura de manter suas riquezas, pois eram alvos constantes de roubos e ataques durante suas viagens. Passaram a conceder empréstimos a reis, nobres e ao clero, semeando assim o futuro intercâmbio bancário. 

O gigantismo dos templários levou um sentimento de temor.  No século XIV um complô foi armado pelo Papa Clemente V e o rei francês Filipe IV.  O Papa forjou uma série de acusações e os monges guerreiros são declarados culpados. Na noite de 12 para 13 de outubro de 1307, edifícios e todas as sedes dos templários são invadidos, os soldados são presos, torturados e condenados a morte nas fogueiras. A ordem é extinta, o rei tenta se apoderar dos tesouros da Ordem, mas estes desaparecem sem nenhuma explicação. A esquadra dos templários, com a suposta riqueza, nunca mais é vista.
Os resultados das Cruzadas
Os cruzados conquistaram Jerusalém e fundaram pequenos Estados no Oriente. Na metade do século XIII, porém, Jerusalém foi reconquistada pelos muçulmanos e os Estados cristãos desapareceram. Apesar do insucesso religioso, as Cruzadas contribuíram para acelerar s mudanças sociais que já estavam ocorrendo na Europa desse período.
Ocorreu o enfraquecimento do sistema feudal, já que, de um lado, os senhores endividaram-se para montar seus exércitos e, de outro, muitos servos que partiram para as Cruzadas com seus senhores não retornaram. Com isso, muitas terras no norte da Europa ficaram praticamente despovoadas em razão da partida de seus habitantes para a luta.
Comercialmente, o Mar Mediterrâneo recuperou a importância de antes, pois, com as Cruzadas, aumentou o movimento de embarcações que transitavam por ele. O aumento do comércio entre Oriente e Ocidente, deu-se principalmente pelos portos de Gênova e Veneza, usados pelos cruzados para embarcar para o Oriente.
O contato com os muçulmanos possibilitou ampliar o acesso dos europeus ao conhecimento produzido na Antiguidade greco-romana, preservado pelos árabes, em áreas como a filosofia e a matemática. Além disso, com as Cruzadas, os europeus tiveram mais contato com o próprio conhecimento produzido pela cultura muçulmana, que era infinitamente mais avançada que as europeia, nas áreas da matemática, astronomia e da arquitetura.





-Feudalismo
-Poder da Igreja na Idade Média
-O Grande Cisma do Ocidente
-Cisma Oriental
-Guerra dos Cem Anos

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