O Crash de 1929
Nos EUA, as
questões mais importantes durante a presidência democrática de Thomas Woodrow
Wilson (1913-1921) foram a Primeira Guerra Mundial e a assinatura da paz em
1919, com o Tratado de Versalhes. Com as eleições celebradas em 1920, inicia-se
um período de domínio republicano, caracterizado pelo estabelecimento do
isolacionismo e do liberalismo econômico. A quebra da Bolsa de valores de Nova
York expôs a fragilidade deste modelo econômico.
1. A
sociedade de consumo
Superprodução
e consumo são duas palavras que caracterizam muito bem a sociedade
norte-americana do pós-guerra. O desenvolvimento tecnológico permitiu a
produção em larga escala de diversos utensílios domésticos como fogões,
geladeiras, rádios e toca-discos. A indústria automobilística também aumentou
sua produtividade.
Além de seu
próprio país, a indústria norte-americana abastecia a Europa enquanto o
continente se recuperava da guerra. Os EUA passaram a dominar também o mercado
latino americano, até então controlado pelos ingleses.
Esse
aquecimento econômico não favorecia todos os grupos sociais norte-americanos.
Os salários pagos a boa parte dos trabalhadores eram baixos. Parte
significativa da população vivia em condições miseráveis, sem possibilidade de
consumir os novos produtos.
Superprodução
e problemas
Em poucos
anos, os países europeus começaram a recuperara sua economia e indústria. Já em
1922, Inglaterra e França começaram a pagar aos EUA parte de sua dívida. Essa
retomada industrial diminui a quantidade de importação de produtos
norte-americanos.
Com a queda
das exportações, os EUA passaram por uma crise de superprodução, ou seja,
produzia-se mais do que os mercados consumiam. A consequência foi a queda dos
preços e o aumento de estoque de produtos, que estavam sem compradores. Com
isso, as vendas não cobriam mais os custos da produção.
Esse
problema também ocorria no campo. Por acusa da superprodução, muitos
trabalhadores rurais foram dispensados e não havia emprego nas cidades.
2. A quebra da Bolsa de Valores de Nova Yorque em 1929
À medida que as economias europeias se recuperavam, os EUA sofriam cada vez mais com a superprodução e o consequente desemprego, provocando a queda dos níveis de consumo.
A Bolsa de valores de Nova York foi a solução encontrada por muitos produtores e empresários que pretendiam evitar a falência. Eles vendiam ações de suas empresas e também compravam ações de outras com boa reputação no mercado e que estivessem com as cotações em alta.
Outros investidores fizeram o inverso. Compraram ações de empresas endividadas, na esperança de que seus valores aumentassem. Porém, essa recuperação não ocorreu.
Em setembro de 1929, os acionistas começaram a perceber uma grande variação nos preços das ações. No dia 24 de outubro, procupados em não perder mais dinheiro, os investidfores tentaram vender ações a qualquer custo. Como havia muita gente vendendo e ninguém comprando, os preços despencaram e as cotações das empresas também. Essa situação causou a ‘quebra da Bolsa de 1929”.
A grande depressão (1929-1933)
As consequências dessa quebra foram catastróficas. Milhares de empresas faliram, o que provocou índices de desemprego jamais vistos na história dos EUA: 14 milhões de desempregados, segundo dados de 1933.
Ao período anterior de crescimento seguiu-se, assim, uma fase de recessão. A produção industrial e agrícola decaíram gravemente, assim como as transações comerciais com outros países. A crise atingiu direta ou indiretamente todos os países que tinham algum tipo de ralação comercial com os EUA.
Isso ocorreu porque os país diminuiu drasticamente sua oferta de empréstimos e as importações. Havia uma grande pressão para que os países devedores quitassem seus débitos, o que injetaria dinheiro nos EUA. O Brasil também foi atingido pela crise porque os norte-americanos eram os maiores compradores do café brasileiro. Em 1932, havia mais de 30 milhões de desempregados pelo mundo, vítimas dessa crise, e outros milhões em subempregos.
Roosevelt e o New Deal
O então presidente norte-americano, Herbert Hoover, não pretendia realizar grandes reformas para resolver a crise. Ele era um defensor do liberalismo econômico e acreditava que as forças do mercado se autorregulariam, o que levaria a uma solução para o problema sem a intervenção do Estado.
Essa teoria, porém, não se concretizou. Em 1932, o povo norte-americano elegeu Franklin Delano Roosevelt, que tinha propostas contrárias aos preceitos de Hoover. Apoiando-se nas ideias do economista John Keynes, Roosevelt fez campanha defendendo a intervenção do Estado na economia para limitar os efeitos da crise e evitar seu aprofundamento. Seu programa de governo focou conhecido como New Deal (Novo Acordo) porque propunha uma nova maneira de conduzir a economia capitalista.
As medidas de New Deal
Em 1933, Roosevelt tomou posse e colocou em prática seu plano de governo, que consistia basicamente nos seguintes pontos:
a) Criação de empregos em grandes obras públicas do Estado. Dessa maneira, o presidente esperava aumentar a oferta de empregos e consequentemente os níveis de consumo.
b) Controle da produção e dos preços dos principais produtos agrícolas.
c) Criação de um salário-desemprego, que consistia em um auxílio financeiro pago ao desempregado durante um período.
d) Diminuição da jornada de trabalho e legalização dos sindicatos de trabalhadores e criação de um salário mínimo.
e) Abertura de créditos para ajudar os produtores falidos a retomarem a sua produção.
Roosevelt sofreu forte oposição dos liberais americanos. Eles afirmavam que as suas medidas possuíam tendências comunistas porque, ao controlar preços e quantidade de produção, ele impediria o mercado de funcionar livremente. Mas Roosevelt conseguiu minimizar bastante os efeitos da crise e, por isso, ganhou popularidade ao ponto de conseguir se reeleger por mais três mandatos.
3. A lei Seca
No dia 16 de janeiro de 1920, a Constituição americana ganhara sua 18ª emenda, proibindo a fabricação, o comércio, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas. Era a Lei Seca, adotada com o objetivo de salvar o país de problemas que iam da pobreza à violência. Muitos americanos acreditavam que todos esses males tinham apenas uma raiz: o álcool.
Válida por 13 anos, a emenda se tornou um dos maiores fracassos legislativos de todos os tempos. Em vez de acabar com os problemas sociais atribuídos à bebida, a Lei Seca fez o contrário. A medida desmoralizou as autoridades e foi um estímulo à corrupção. Cidades como Chicago e Nova York viram a criminalidade explodir, enquanto a máfia enriquecia com o contrabando de álcool.
Alphonse Capone
Nenhum gângster se tornou tão lendário quanto Alphonse Capone. Filho de napolitanos, ele nasceu em 1899, em Nova York. Conheceu Johnny Torrio aos 14 anos e, com a Lei Seca, passou a auxiliá-lo no contrabando de bebidas em Chicago.
Quando o rival O'Banion resolveu enfrentá-los, foi morto em sua floricultura. Em 1925, Torrio se aposentou, deixando Chicago inteira para "Al" Capone, que expandiu o império illegal para cidades como Saint Louis e Detroit. Apesar de todos os assassinatos e outros crimes atribuídos a Capone, foi a sonegação de impostos que o pôs na cadeia.
Em 1931, graças às investigações conduzidas pelo agente fiscal Eliot Ness, líder dos "Intocáveis" (grupo de agentes que combatia a máfia), Capone passou cinco anos na penitenciária de Alcatraz, na Califórnia. Morreria em liberdade, no dia 25 de janeiro de 1947 - apenas cinco dias antes de Andrew Volstead, o "pai" da Lei Seca.
Fim da Lei
A crise com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 foi decisiva para que a Lei Seca acabasse. Seus inimigos começaram a dizer que legalizar as bebidas criaria empregos, estimularia a economia e aumentaria a arrecadação de impostos. Em março de 1933, dias depois de assumir a presidência, Franklin Roosevelt pediu ao Congresso que legalizasse a cerveja. Foi atendido.
Finalmente, em 5 de dezembro, a Lei Seca se tornou a única emenda da Constituição americana a ser revogada. O país viveu um clima de Réveillon antecipado, com fabricantes e bebedores saindo das sombras.
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