Movimentos migratórios
O
Brasil é caracterizado pela intensa mobilidade e sua população. Muitas das
pessoas hoje não moram nos municípios que nascem. Isto ocorre porque muitos
cidadãos saem de suas localidades natais em busca de melhores condições e vida.
Os efeitos migratórios ao longo da história sempre estiveram atrelados ou aos
ciclos econômicos ou foram incentivados pelo governo.
1.
Migrações internas
A
região Nordeste do Brasil, tem se caracterizado como a região fornecedora de
migrantes. Contudo a mobilidade interna esteve ligada aos diversos ciclos
econômicos brasileiros ou as dificuldades impostas pelo clima de alguma região.
Histórico
das migrações
a)
Séc. XVI e XVII: saída e nordestinos da Zona da Mata rumo
ao Sertão, atraídos pela expansão da pecuária;
b)
Séc. XVIII: saída de nordestino e paulista rumo à
região mineradora, Minas Gerais (ciclo o ouro);
c)
Séc. XIX: saída de mineiros rumo ao interior
paulista, atraídos pela expansão do café (ciclo o café);
d)
Séc. XIX: saída de nordestinos rumo a Amazônia
atraídos pela extração do látex (ciclo da borracha);
e)
Séc. XX: 1950-saída de nordestinos rumo ao
Centro-Oeste (Goiás) para trabalhar na construção e Brasília. Este período
ficou conhecido como a “Marcha para o Oeste” e os migrantes ficaram conhecidos
como candangos;
f)
Séc. XX: 1950 e 1960- saída principalmente de
nordestinos rumo ao Sudeste, motivados pela industrialização. As cidades e São
Paulo e Rio de Janeiro receberam maior fluxo de migrantes;
g)
Séc. XX: 1960 e 1970- saída de nordestinos do
sertão castigados pela seca para o Sudeste e Centro Oeste (Mato Grosso) e Sul
(Paraná). A partir de 1967, com a criação da Zona Franca de Manaus, ocorreu
intensa migração de nordestinos para a Amazônia. Em grande parte, foi orientado
pelo Governo Federal;
h)
Séc. XX: 1970 a 1990- saída de sulistas, gaúchos,
rumo ao Oeste paranaense e ao Centro-Oeste e região amazônica (Tocantins),
atraídos pela agropecuária e nordestina para a região amazônica atraída pela
agropecuária e garimpos.
O
Oeste do Brasil foi à região que mais apresentou crescimento populacional os
últimos anos. Estes surtos migratórios estiveram sempre ligados às
transformações econômicas e urbanas brasileiras.
Principais
tipos e migrações internas
As
migrações internas no Brasil caracterizam-se por dois tipos principais: a intrarregional
e a inter-regional. O êxodo rural é o maior motivador da mobilidade interna
brasileira.
Como
êxodo rural, houve um aumento da população urbana, e consequentemente um
inchaço das grandes cidades, acarretando um crescimento acelerado desordenado com
a falta de infraestrutura para acomodar todos corretamente, ocasionando o
surgimento de favelas.
Há,
também, os trabalhadores que se deslocam de uma cidade para outra para o
trabalho. São comuns nas grandes cidades ou capitais serem rodeados e cidades dormitórios.
Também há o deslocamento de pessoas que moram nestas grandes cidades, mas em
locais mais afastados, em zonas periféricas. Nos dois exemplos os trabalhadores
se deslocam de sua localidade durante a jornada de trabalho retornando para
suas casas no final dela.
Outro
tipo de movimento populacional ocorre no interior das regiões Sudeste e
Nordeste é o deslocamento de boias-frias. São trabalhadores que moram na zona
urbana de pequenas cidades do interior e são levados para trabalhar no campo.
Migrações
intrarregionais
São
migrações que ocorrem dentro de uma mesma região. Caracterizado a partir da
década e 1990 por duas formas:
a)
pela saída de pessoas das pequenas cidades do interior para suas respectivas
capitais, ocorre muito na região Nordeste do país;
b)
pela saída de pessoas das grandes metrópoles da região Sul e Sudeste, para
cidades de porte médio, desenvolvidas de suas regiões, em busca de melhor
qualidade de vida. Porto Alegre- Caxias do Sul, Novo Hamburgo e São Leopoldo;
São Paulo- Ribeirão Preto, Campinas, São José dos Campos, São Carlos; Rio de
Janeiro- Petrópolis; Belo Horizonte- Uberlândia e Juiz de Fora;
c)
pela atração e novos polos industriais, fora o eixo tradicional da região
Sudeste, como Londrina e Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Salvador (BH).
Migrações
inter-regionais
A
migração inter-regional é a que mais tem se caracterizado no Brasil ao decorrer
e sua história. A região Nordeste é a que mais contribuiu para o deslocamento
populacional, principalmente atraído por melhores condições de vida.
2.
Imigração estrangeira
Os imigrantes europeus vieram para o Brasil, ora
incentivados pelo governo brasileiro, ora pelos fazendeiros ou por iniciativa
de europeus fugindo de conflitos e crises que a Europa vivia a pós Napoleão, fazia com que a América, ou
novo mundo, fosse procurado para uma possível ascensão social.
1. Imigrações para o Brasil
O Brasil foi o quarto país da América a receber
pessoas de outros países do mundo, ficando a trás dos EUA, Argentina e Canadá.
O marco inicial foi o decreto de 1808, de D. João VI, permitindo a estrangeiros
posse de terras. A partir de então muitos estrangeiros vieram para o Brasil. O
maior período de entrada de imigrantes foi durante os anos de 1850 – 1930.
Perfil dos imigrantes
Eram em sua maioria jovens, pobres, de sexo masculino,
em idade produtiva e com habilidade técnicas e manuais que desenvolveram ao
trabalhar nas lavouras em seus países de origem. Alguns traziam também a
mentalidade empresariam, uma vez que vinham de potencias industrializadas, o
que foi fundamental, alguns anos depois, para as primeiras experiências
industriais no Brasil.
Do total de imigrantes, 31,06% foram portugueses,
29,9% italianos, 12,9% espanhóis, 4,87% alemães, 4,17 japoneses e 17,10% com
outras etnias (espanhóis, russos, poloneses, ucranianos, árabes, chineses,
etc.). Do total destes imigrantes, 55,3% foram para o estado de São Paulo,
12,4% Rio de Janeiro, 7,6% Minas Gerais, 7,3% Rio Grande do Sul, 4,5% Paraná,
3% Santa Catarina, 2,2% espírito Santo e 7,7% distribuídos nos demais estados.
A imigração estrangeira no Sul
Iniciado em 1824, com a primeira colônia alemã, em São
Leopoldo (RS), muitos outros imigrantes dirigiram-se para a região Sul,
fundando ainda Novo Hamburgo, que hoje possui um grande parque industrial e
Erechim.
Em 1850 e 1851,
fundaram importantes colônias no estado de Santa Catarina, como a que deu
origem a Blumenau, importante centro industrial do estado. A outra foi a
colônia Dona Francisca, que deu origem a atual cidade mais populosa de Santa
Catarina Joinville. A cidade de Brusque também é de colonização alemã.
Os italianos se estabeleceram nas regiões de
Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, onde se dedicaram ao cultivo da uva
e produção de vinho. Também se estabeleceram em santa Catarina, nas cidades de
Orleans, Nova Veneza, Urussanga e Criciúma.
O Paraná recebeu. Principalmente povos eslavos, que se
fixaram em Rio Negro, Ivaí e nas proximidades de Curitiba.
Um fator peculiar desta leva de imigrantes europeus no
Sul do país, eram as terras que recebiam do governo brasileiro e as técnicas
agrícolas empreendidas nela. Todas foram caracterizadas pela policultura, de
pequena propriedade e de mão de obra familiar.
A imigração estrangeira no Sudeste
Devido a falta de mão de obra para as lavouras de café
incentivou a vinda de imigrantes para estas áreas. Contudo as atividades
urbanas e outros tipos de cultivo agrícola também foram implantadas por estes
estrangeiros. Porém, pode-se atribuir características diferentes a cada tipo de
nacionalidade.
a) Portugueses: os
portugueses foram os maiores imigrantes que se estabeleceram no Brasil.
b) Espanhóis e sírio-libaneses:
instalaram-se na Amazônia, Rio de Janeiro e São Paulo exercendo atividades
comerciais.
c) Italianos:
dedicaram-se nos primeiros anos a lavoura de café paulistas. Cidades como
Tietê, Orlândia, Ribeirão Preto e Araraquara receberam maior número de
imigrantes. No Espírito Santo se estabeleceram na região da cidade de Colatina.
d) Japoneses: a partir
de 1908, se fixaram nos estados de São Paulo, dedicaram-se ao cultivo de arroz,
no vale do Paraíba, cultivo de chá e banana no Vale do rio Ribeira do Iguape,
hortaliças na grande São Paulo e arredores e bicho da seda em Alta Paulista e
Alta Sorocaba. No Paraná dedicaram-se a criação do bicho da seda e ao plantio
da soja. No Mato Grosso somente a atividades agrícolas. No Pará cultivaram o
plantio da pimenta do reino e da juta.
A partir da década de 1930, a vinda de imigrantes
começou a diminuir devido:
-O não cumprimento das promessas feitos por seus
agenciadores;
-Crise de 1929, em que a economia cafeeira, principal
fonte de divisas para o Brasil, foi afetada;
-Instabilidade política, devido a Revolução de 1930;
-Lei das Cotas da Imigração: limite de 2% de cotas de
imigrantes de cada nacionalidade, os portugueses eram a única exceção a essa
lei. Entre outar exigências. Era a obrigação de os colonos serem agricultores.
- A reestruturação econômica europeia do pós-guerra,
desestimulou a vinda de europeus;
- A instabilidade política e econômica após o golpe
militar de 1964 enfraqueceu ainda mais a já inexistente vinda de europeus.
As novas imigrações
No final das décadas do século XX e início do XXI, o
Brasil vem recebendo uma nova característica de imigrantes: imigrantes de
países pobres e refugiados.
Imigrantes
O Brasil vem recebendo bolivianos e coreanos. A
maioria dos bolivianos entram clandestinamente pelo estado de Mato Grosso, indo
especialmente para a cidade de São Paulo, onde trabalham e condições de semiescravidão
em oficinas de costura nos bairros do Bom retiro, Brás, Pari, Barra Funda,
Cambuci e Moca.
Refugiados
Em 1999, o Brasil afirmou com a ONU um acordo para
receber refugiados de vários países. Desde então chegaram 4 183 refugiados de
76 nacionalidades diferentes. Destacam-se: Angola, Colômbia, Rep. Do Congo,
Libéria, Iraque e Haiti.
Em 1951, a ONU organizou uma convenção e estabeleceu o
Estatuto de Refugiados. No ano de 1960 o Brasil foi o primeiro país do Cone Sul
a ratificar a Convenção de 1951. No ano de 1997, foi o primeiro país do Cone Sul
a referendar uma lei nacional de refúgio.
O Conare (Comitê Nacional para Refugiados) é o
organismo público responsável por receber as solicitações de refúgio,
determinar e acolher os refugiados.
3. A emigração de brasileiros
A emigração de brasileiro começa na segunda metade da
década de 1960 e toda a década de 1970, devido as perseguições políticas
empreendidas pela Ditadura Militar. No início da década de 1980, apesar do
início da abertura política, os baixos índices de desenvolvimento econômico
fizeram com que muitos brasileiros, fossem para os países dos seus
antepassados, como o Japão (dekasseguis), Alemanha e Itália. Para países
industriais desenvolvidos, como: EUA, Canadá, Austrália e demais países
europeus.
Muitos brasileiros optaram a atravessar a fronteira e
colonizar terras paraguaias. Durante a década de 1970, muitos trabalhadores
rurais foram expulsos de suas terras devido a criação de barragens para as
hidrelétricas. Como o preço das terras ao lado paraguaio era mais barato que no
Brasil, muitos paranaenses decidiram ir para o lado Oeste da Ponte da Amizade,
que facilitou a emigração. Outro ponto que atraiu foi o cultivo da soja
implantado a agroindústria. Entretanto, os brasileiros sofreram preconceitos e discriminações,
no final dos anos de 1990 e início dos anos 2000 geraram conflitos locais. Em
2002, foi aprovado uma lei que proíbe qualquer estrangeiro a adquirir terras a
uma faixa de 50 Km da fronteira.
Uma nova leva de imigrantes brasileiros deu-se durante
o período neoliberal iniciada em 1990 com Collor e expandida com Fernando
Henrique Cardoso até o ano de 2002. Este período foi caracterizado pelas altas
taxas de desemprego e baixo crescimento econômico.
Infelizmente, esses movimentos envolvem aspectos
preocupantes, como o tráfico de mulheres, crianças e órgãos e imigrações
irregulares. Mulheres atraídas por altos salários como modelos, que na
realidade tornam-se escravas do sexo. De crianças, que em algumas vezes são levadas
a adoção por famílias de países de primeiro mundo, que na realidade vão para o
mercado negro de tráfico de órgãos.
Uma modalidade de migração que tem crescido no Brasil
são de atletas, principalmente jogadores de vôlei e futebol. Segundo a CBF, em
2008 houve 1 176 transferência de jogadores brasileiros para o exterior, onde
vão para a Europa e Arábia Saudita. Segundo a CBV há no exterior 348 jogadores,
onde atuam principalmente na Espanha, Portugal e Itália.
Destino dos brasileiros
Em 2009, foi estimado que aproximadamente 3,1 milhão
de brasileiros viviam no exterior, sendo que 30% deles de forma irregular.
Brasileiros no exterior
|
|
EUA
|
1,3 milhão
|
Paraguai
|
300 mil
|
Japão
|
280 mil
|
Portugal
|
137 mil
|
Alemanha
|
89 mil
|
Espanha
|
125 mil
|
Reino Unido
|
180 mil
|
Canadá
|
26 mil
|
Austrália
|
18 mil
|
O maior fornecedor de emigrantes é o estado do Minas
Gerais. O número de brasileiros não para de aumentar nos EUA, apesar das duras
leis para impedir a entrada de estrangeiros. Cerca de 300 mil estão na região
de Nova Iorque, 200 mil na região de Boston (Massachusetts), 150 mil na
Flórida, além de 25 mil na Califórnia. Grande parte entra clandestinamente pelo
México.
O Brasil recebeu, segundo dados da ONU, U$ 3,2
bilhões, em remessas de emigrantes que estão trabalhando pelo mundo. Entre os
países que mais recebem recursos está o México, com U$ 25 bilhões. Seguido por Índia, Filipinas,
China, Indonésia e Egito. A Guatemala, o dinheiro enviado representa 50% de
comércio exterior. Em El Salvador o recebimento de remessas representa a 65% de
entrada de dinheiro no país. O Haiti recebe U$ 1 bilhão, de seus emigrantes,
maior que os lucros gerados por suas exportações.
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