sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Movimentos migratórios

O Brasil é caracterizado pela intensa mobilidade e sua população. Muitas das pessoas hoje não moram nos municípios que nascem. Isto ocorre porque muitos cidadãos saem de suas localidades natais em busca de melhores condições e vida. Os efeitos migratórios ao longo da história sempre estiveram atrelados ou aos ciclos econômicos ou foram incentivados pelo governo.
1.  Migrações internas
A região Nordeste do Brasil, tem se caracterizado como a região fornecedora de migrantes. Contudo a mobilidade interna esteve ligada aos diversos ciclos econômicos brasileiros ou as dificuldades impostas pelo clima de alguma região.
Histórico das migrações
a) Séc. XVI e XVII: saída e nordestinos da Zona da Mata rumo ao Sertão, atraídos pela expansão da pecuária;
b) Séc. XVIII: saída de nordestino e paulista rumo à região mineradora, Minas Gerais (ciclo o ouro);
c) Séc. XIX: saída de mineiros rumo ao interior paulista, atraídos pela expansão do café (ciclo o café);
d) Séc. XIX: saída de nordestinos rumo a Amazônia atraídos pela extração do látex (ciclo da borracha);
e) Séc. XX: 1950-saída de nordestinos rumo ao Centro-Oeste (Goiás) para trabalhar na construção e Brasília. Este período ficou conhecido como a “Marcha para o Oeste” e os migrantes ficaram conhecidos como candangos;
f) Séc. XX: 1950 e 1960- saída principalmente de nordestinos rumo ao Sudeste, motivados pela industrialização. As cidades e São Paulo e Rio de Janeiro receberam maior fluxo de migrantes;
g) Séc. XX: 1960 e 1970- saída de nordestinos do sertão castigados pela seca para o Sudeste e Centro Oeste (Mato Grosso) e Sul (Paraná). A partir de 1967, com a criação da Zona Franca de Manaus, ocorreu intensa migração de nordestinos para a Amazônia. Em grande parte, foi orientado pelo Governo Federal;
h) Séc. XX: 1970 a 1990- saída de sulistas, gaúchos, rumo ao Oeste paranaense e ao Centro-Oeste e região amazônica (Tocantins), atraídos pela agropecuária e nordestina para a região amazônica atraída pela agropecuária e garimpos.
O Oeste do Brasil foi à região que mais apresentou crescimento populacional os últimos anos. Estes surtos migratórios estiveram sempre ligados às transformações econômicas e urbanas brasileiras.
Principais tipos e migrações internas
As migrações internas no Brasil caracterizam-se por dois tipos principais: a intrarregional e a inter-regional. O êxodo rural é o maior motivador da mobilidade interna brasileira.
Como êxodo rural, houve um aumento da população urbana, e consequentemente um inchaço das grandes cidades, acarretando um crescimento acelerado desordenado com a falta de infraestrutura para acomodar todos corretamente, ocasionando o surgimento de favelas.
Há, também, os trabalhadores que se deslocam de uma cidade para outra para o trabalho. São comuns nas grandes cidades ou capitais serem rodeados e cidades dormitórios. Também há o deslocamento de pessoas que moram nestas grandes cidades, mas em locais mais afastados, em zonas periféricas. Nos dois exemplos os trabalhadores se deslocam de sua localidade durante a jornada de trabalho retornando para suas casas no final dela.
Outro tipo de movimento populacional ocorre no interior das regiões Sudeste e Nordeste é o deslocamento de boias-frias. São trabalhadores que moram na zona urbana de pequenas cidades do interior e são levados para trabalhar no campo.
Migrações intrarregionais
São migrações que ocorrem dentro de uma mesma região. Caracterizado a partir da década e 1990 por duas formas:
a) pela saída de pessoas das pequenas cidades do interior para suas respectivas capitais, ocorre muito na região Nordeste do país;
b) pela saída de pessoas das grandes metrópoles da região Sul e Sudeste, para cidades de porte médio, desenvolvidas de suas regiões, em busca de melhor qualidade de vida. Porto Alegre- Caxias do Sul, Novo Hamburgo e São Leopoldo; São Paulo- Ribeirão Preto, Campinas, São José dos Campos, São Carlos; Rio de Janeiro- Petrópolis; Belo Horizonte- Uberlândia e Juiz de Fora;
c) pela atração e novos polos industriais, fora o eixo tradicional da região Sudeste, como Londrina e Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Salvador (BH).
Migrações inter-regionais
A migração inter-regional é a que mais tem se caracterizado no Brasil ao decorrer e sua história. A região Nordeste é a que mais contribuiu para o deslocamento populacional, principalmente atraído por melhores condições de vida.
2. Imigração estrangeira
Os imigrantes europeus vieram para o Brasil, ora incentivados pelo governo brasileiro, ora pelos fazendeiros ou por iniciativa de europeus fugindo de conflitos e crises que a Europa vivia a  pós Napoleão, fazia com que a América, ou novo mundo, fosse procurado para uma possível ascensão social.

1. Imigrações para o Brasil
O Brasil foi o quarto país da América a receber pessoas de outros países do mundo, ficando a trás dos EUA, Argentina e Canadá. O marco inicial foi o decreto de 1808, de D. João VI, permitindo a estrangeiros posse de terras. A partir de então muitos estrangeiros vieram para o Brasil. O maior período de entrada de imigrantes foi durante os anos de 1850 – 1930.

Perfil dos imigrantes
Eram em sua maioria jovens, pobres, de sexo masculino, em idade produtiva e com habilidade técnicas e manuais que desenvolveram ao trabalhar nas lavouras em seus países de origem. Alguns traziam também a mentalidade empresariam, uma vez que vinham de potencias industrializadas, o que foi fundamental, alguns anos depois, para as primeiras experiências industriais no Brasil.
Do total de imigrantes, 31,06% foram portugueses, 29,9% italianos, 12,9% espanhóis, 4,87% alemães, 4,17 japoneses e 17,10% com outras etnias (espanhóis, russos, poloneses, ucranianos, árabes, chineses, etc.). Do total destes imigrantes, 55,3% foram para o estado de São Paulo, 12,4% Rio de Janeiro, 7,6% Minas Gerais, 7,3% Rio Grande do Sul, 4,5% Paraná, 3% Santa Catarina, 2,2% espírito Santo e 7,7% distribuídos nos demais estados.

A imigração estrangeira no Sul
Iniciado em 1824, com a primeira colônia alemã, em São Leopoldo (RS), muitos outros imigrantes dirigiram-se para a região Sul, fundando ainda Novo Hamburgo, que hoje possui um grande parque industrial e Erechim.
Em 1850 e 1851, fundaram importantes colônias no estado de Santa Catarina, como a que deu origem a Blumenau, importante centro industrial do estado. A outra foi a colônia Dona Francisca, que deu origem a atual cidade mais populosa de Santa Catarina Joinville. A cidade de Brusque também é de colonização alemã.
Os italianos se estabeleceram nas regiões de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, onde se dedicaram ao cultivo da uva e produção de vinho. Também se estabeleceram em santa Catarina, nas cidades de Orleans, Nova Veneza, Urussanga e Criciúma.
O Paraná recebeu. Principalmente povos eslavos, que se fixaram em Rio Negro, Ivaí e nas proximidades de Curitiba.
Um fator peculiar desta leva de imigrantes europeus no Sul do país, eram as terras que recebiam do governo brasileiro e as técnicas agrícolas empreendidas nela. Todas foram caracterizadas pela policultura, de pequena propriedade e de mão de obra familiar.

A imigração estrangeira no Sudeste
Devido a falta de mão de obra para as lavouras de café incentivou a vinda de imigrantes para estas áreas. Contudo as atividades urbanas e outros tipos de cultivo agrícola também foram implantadas por estes estrangeiros. Porém, pode-se atribuir características diferentes a cada tipo de nacionalidade.
a) Portugueses: os portugueses foram os maiores imigrantes que se estabeleceram no Brasil.
b) Espanhóis e sírio-libaneses: instalaram-se na Amazônia, Rio de Janeiro e São Paulo exercendo atividades comerciais.
c) Italianos: dedicaram-se nos primeiros anos a lavoura de café paulistas. Cidades como Tietê, Orlândia, Ribeirão Preto e Araraquara receberam maior número de imigrantes. No Espírito Santo se estabeleceram na região da cidade de Colatina.
d) Japoneses: a partir de 1908, se fixaram nos estados de São Paulo, dedicaram-se ao cultivo de arroz, no vale do Paraíba, cultivo de chá e banana no Vale do rio Ribeira do Iguape, hortaliças na grande São Paulo e arredores e bicho da seda em Alta Paulista e Alta Sorocaba. No Paraná dedicaram-se a criação do bicho da seda e ao plantio da soja. No Mato Grosso somente a atividades agrícolas. No Pará cultivaram o plantio da pimenta do reino e da juta.

Principais causas da redução da imigração
A partir da década de 1930, a vinda de imigrantes começou a diminuir devido:
-O não cumprimento das promessas feitos por seus agenciadores;
-Crise de 1929, em que a economia cafeeira, principal fonte de divisas para o Brasil, foi afetada;
-Instabilidade política, devido a Revolução de 1930;
-Lei das Cotas da Imigração: limite de 2% de cotas de imigrantes de cada nacionalidade, os portugueses eram a única exceção a essa lei. Entre outar exigências. Era a obrigação de os colonos serem agricultores.
- A reestruturação econômica europeia do pós-guerra, desestimulou a vinda de europeus;
- A instabilidade política e econômica após o golpe militar de 1964 enfraqueceu ainda mais a já inexistente vinda de europeus.

As novas imigrações
No final das décadas do século XX e início do XXI, o Brasil vem recebendo uma nova característica de imigrantes: imigrantes de países pobres e refugiados.

Imigrantes
O Brasil vem recebendo bolivianos e coreanos. A maioria dos bolivianos entram clandestinamente pelo estado de Mato Grosso, indo especialmente para a cidade de São Paulo, onde trabalham e condições de semiescravidão em oficinas de costura nos bairros do Bom retiro, Brás, Pari, Barra Funda, Cambuci e Moca.

Refugiados
Em 1999, o Brasil afirmou com a ONU um acordo para receber refugiados de vários países. Desde então chegaram 4 183 refugiados de 76 nacionalidades diferentes. Destacam-se: Angola, Colômbia, Rep. Do Congo, Libéria, Iraque e Haiti.
Em 1951, a ONU organizou uma convenção e estabeleceu o Estatuto de Refugiados. No ano de 1960 o Brasil foi o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção de 1951. No ano de 1997, foi o primeiro país do Cone Sul a referendar uma lei nacional de refúgio.
O Conare (Comitê Nacional para Refugiados) é o organismo público responsável por receber as solicitações de refúgio, determinar e acolher os refugiados. 

3. A emigração de brasileiros
A emigração de brasileiro começa na segunda metade da década de 1960 e toda a década de 1970, devido as perseguições políticas empreendidas pela Ditadura Militar. No início da década de 1980, apesar do início da abertura política, os baixos índices de desenvolvimento econômico fizeram com que muitos brasileiros, fossem para os países dos seus antepassados, como o Japão (dekasseguis), Alemanha e Itália. Para países industriais desenvolvidos, como: EUA, Canadá, Austrália e demais países europeus.
Muitos brasileiros optaram a atravessar a fronteira e colonizar terras paraguaias. Durante a década de 1970, muitos trabalhadores rurais foram expulsos de suas terras devido a criação de barragens para as hidrelétricas. Como o preço das terras ao lado paraguaio era mais barato que no Brasil, muitos paranaenses decidiram ir para o lado Oeste da Ponte da Amizade, que facilitou a emigração. Outro ponto que atraiu foi o cultivo da soja implantado a agroindústria. Entretanto, os brasileiros sofreram preconceitos e discriminações, no final dos anos de 1990 e início dos anos 2000 geraram conflitos locais. Em 2002, foi aprovado uma lei que proíbe qualquer estrangeiro a adquirir terras a uma faixa de 50 Km da fronteira.
Uma nova leva de imigrantes brasileiros deu-se durante o período neoliberal iniciada em 1990 com Collor e expandida com Fernando Henrique Cardoso até o ano de 2002. Este período foi caracterizado pelas altas taxas de desemprego e baixo crescimento econômico.
Infelizmente, esses movimentos envolvem aspectos preocupantes, como o tráfico de mulheres, crianças e órgãos e imigrações irregulares. Mulheres atraídas por altos salários como modelos, que na realidade tornam-se escravas do sexo. De crianças, que em algumas vezes são levadas a adoção por famílias de países de primeiro mundo, que na realidade vão para o mercado negro de tráfico de órgãos.
Uma modalidade de migração que tem crescido no Brasil são de atletas, principalmente jogadores de vôlei e futebol. Segundo a CBF, em 2008 houve 1 176 transferência de jogadores brasileiros para o exterior, onde vão para a Europa e Arábia Saudita. Segundo a CBV há no exterior 348 jogadores, onde atuam principalmente na Espanha, Portugal e Itália.

Destino dos brasileiros
Em 2009, foi estimado que aproximadamente 3,1 milhão de brasileiros viviam no exterior, sendo que 30% deles de forma irregular.
Brasileiros no exterior
 EUA
1,3 milhão
Paraguai
300 mil
Japão
280 mil
Portugal
137 mil
Alemanha
89 mil
Espanha
125 mil
Reino Unido
180 mil
Canadá
26 mil
Austrália
18 mil

O maior fornecedor de emigrantes é o estado do Minas Gerais. O número de brasileiros não para de aumentar nos EUA, apesar das duras leis para impedir a entrada de estrangeiros. Cerca de 300 mil estão na região de Nova Iorque, 200 mil na região de Boston (Massachusetts), 150 mil na Flórida, além de 25 mil na Califórnia. Grande parte entra clandestinamente pelo México.

O Brasil recebeu, segundo dados da ONU, U$ 3,2 bilhões, em remessas de emigrantes que estão trabalhando pelo mundo. Entre os países que mais recebem recursos está o México, com  U$ 25 bilhões. Seguido por Índia, Filipinas, China, Indonésia e Egito. A Guatemala, o dinheiro enviado representa 50% de comércio exterior. Em El Salvador o recebimento de remessas representa a 65% de entrada de dinheiro no país. O Haiti recebe U$ 1 bilhão, de seus emigrantes, maior que os lucros gerados por suas exportações. 

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