América Portuguesa: Economia Açucareira
Por mais de
três séculos, o açúcar foi a maior riqueza produzida na colônia portuguesa na
América e o principal produto exportado para a sua metrópole.
1. Um negócio lucrativo
Durante os
dois primeiros duzentos da colonização portuguesa em terras americanas, muitas atividades econômicas foram
praticadas. Contudo, a produção de açúcar tornou-se o
negócio mais rentável na colônia.
Devido ao clima, na Europa não se cultivava a cana-de-açúcar, por isto o preço era elevado no continente, sendo um excelente negócio a produção no Brasil. Na parte litorânea do Nordeste da colônia, o plantio da cana-de-açúcar apresentou os melhores resultados, especialmente em Pernambuco e na Bahia. Essas capitanias foram favorecidas pela maior proximidade da metrópole, pela disponibilidade de terras aráveis, pelo clima e pela existência de rios navegáveis, que facilitavam o transporte do açúcar.
Devido ao alto rendimento, as terras litorâneas ficaram exclusivamente para o cultivo de açúcar. Os engenhos de açúcar eram abastecidos, com produtos vindos de outras localidades como e a produção de alimentos, a criação de gado bovino e vários serviços artesanais, desenvolveram-se para atender às suas necessidades.
A
organização da produção açucareira
Na criação das capitanias hereditárias, Portugal deixou a cargo dos donatários a
distribuição aos colonos sesmarias, que eram lotes de terra que deveriam ser explorados
economicamente. As sesmarias ou parte delas ocupavam grandes áreas, chamadas
latifúndios. Quando o detentor da sesmaria não tinha condições de explorá-la
totalmente, ele podia terceirizar o uso de suas terras em troca de pagamento. Esse regime
ficou conhecido como arrendamento.
Poucos latifundiários possuíam recursos próprios para montar uma plantação de cana e
arcar com os custos de instalação do equipamento utilizado na fabricação de
açúcar. Por isso, a atividade açucareira esteve estreitamente ligada a
financistas europeus, principalmente holandeses. Eles emprestavam dinheiro para
os investimentos necessários ás propriedades coloniais, como aquisição e
manutenção de maquinário, compra de escravos e aumento da área de cultivo.
2. Os engenhos
O engenho
era o espaço complexo da economia açucareira colonial. Era nele que a produção
de açúcar ocorria. Porém, como centro econômico na colônia, corria além de
trabalho, as festas, as atividades religiosas e os encontros de negócios.
O engenho
Existia
dois modelos de engenho: o engenho trapiche, era o tipo de engenho em que se
usava força humana ou animal e a moenda era movida pela força hidráulica.
A produção
açucareira ocorria nos engenhos. O engenho era composto pela plantação de cana,
pelas instalações para obter o açúcar e pelas residências de proprietários,
colonos e trabalhadores. Aqueles que possuíam engenhos eram chamados de
senhores de engenho.
Os fazendeiros que não tinham engenhos eram
chamados lavradores de cana. Havia basicamente duas categorias de lavrador: os
proprietários de terra e os arrendatários.
Os
proprietários cultivavam a cana em suas próprias terras. Entre eles havia
lavradores de cana obrigada, que eram obrigados a moer a cana em um determinado
engenho, e lavradores de cana livre, que podiam moer a cana em qualquer engenho.
Os arrendatários, em geral, eram lavradores de cana obrigada, e seus lucros
tendiam a ser menores.
Casa-Grande
A casa-grande era a cede do latifúndio, a residência do senhor de engenho. A maioria eram de um pavimento, porém existiam algumas de dois pavimentos e estas eram mais apreciadas. Os quartos das filhas do casal ficava no centro do prédio, sem janelas, para controlar a filha. Devido a forte da presença da Igreja católica, na colônia, eram comum oratórios e até mesmo um cômodo ser destinado a ser uma capela particular.
Nela viviam toda a família do latifundiário e de lá era administrado o engenho. As esposas do senhor de engenho, não faziam praticamente tarefa alguma, ficando a cargo das escravas. As senhoras eram mal vestidas, comparadas as que viviam na metrópole, além de pouco saírem de casa.
Era o local onde os escravos habitavam. Era um prédio rudimentar, com paredes de barro e telhado de sapé. Era praticamente um prédio único, sem divisórias. as divisões eram feitas de madeira ou palha. Sua vestimenta era feito de tecidos rudimentares. A comida era diferente do que se comia na casa-grande.
Os senhores
de engenho
Em seu dia
a dia, ocupavam-se com a aquisição de terras, o comércio do açúcar, a compra, a
venda e o controle dos escravos, a administração da propriedade e o pagamento
dos salários aos trabalhadores livres. Eles também cuidavam dos assuntos
relacionados aos rebanhos e ás lavouras, lidavam com problemas domésticos e
familiares e com a acomodação dos hóspedes.
3.
Trabalhadores na economia açucareira
Para a
produção do açúcar, em todas as etapas de sua produção, havia a presença maciça
de escravos. Contudo, o trabalho na colônia não se resumia somente ao trabalho
escravo, tinha também, trabalhadores livres que realizavam diversas tarefas
especializadas.
O feitor do
eito (plantação que os escravos trabalhavam) escolhia as terras para o plantio,
o tipo de cana utilizado na lavoura e determinava os momentos adequados para o
cultivo e a colheita. O feitor da moenda recebia os feixes de cana e controlava
a produção do caldo. Antes deles havia o feitor-mor (uma espécie de gerente), que tinha a responsabilidade de cuidar do ritmo da produção e tinha poderes para substituir e castigar os escravos quando achasse necessário, além de ser responsável pelos equipamentos utilizados.
Os escravos
Os escravos
de origem africana realizavam a maior parte das atividades nos engenhos. Eles
participavam quase integralmente do processo de produção de açúcar e também
trabalhavam como carpinteiros, serralheiros, marceneiros, barqueiros, ferreiros
e pedreiros. As escravas, além do trabalho no eito, realizavam uma série de
atividades domésticas para os senhores de engenho.
A vida do
escravo de origem africana caracterizou-se sobretudo pela violência. A retirada
forçada da terra natal, os trabalhos pesados e insalubres, a alimentação
precária, os castigos físicos e a desagregação das famílias foram traços
marcantes da escravidão africana na América portuguesa.
No engenho,
os escravos africanos eram separados de acordo com algumas características:
a) Escravos
boçais: eram os que tinham dificuldade para se adaptar aos
trabalhos, à língua e aos costumes da colônia. Eram destinados às tarefas
cansativas, repetitivas tanto no eito, quanto na casa das máquinas.
b) Escravos
ladinos: eram considerados mais capazes para aprender as novas
técnicas e manusear equipamentos mais complexos. Eles estavam presentes nas
moendas, nas caldeiras, na casa de purgar, na casa-grande e nas oficinas
(olarias, carpintarias e ferrarias).
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