domingo, 27 de setembro de 2015

União Ibérica


A União Ibérica ocorreu entre os anos de 1580 e 1640 quando Portugal e Espanha foram governados por um único rei. Com ela o Tratado de Tordesilhas deixou de existir, pois Portugal e Espanha passaram a ser um único reino.

1. Caos dinástico
Dom Sebastião de Avis, nasceu em Lisboa no ano de 1557, neto de d. João III de Avis. Foi coroado rei aos três anos de idade, devido a sua menor idade, ficou sob tutela de seu tio avô paterno, o cardeal d. Henrique e por sua avó d. Catarina, sendo educado por padres jesuítas.
Em 1568, assumiu o trono lusitano, com a ambição de ampliar o império português e o cristianismo contra os infiéis mouros. Devido ao seu comprometimento com a Igreja Católica, foi lhe concedido uma bula papal, consagrando-o como cruzado. 
Comandou pessoalmente as campanhas portuguesas na África. Desembarcou em 1574 no Marrocos, não obtendo sucesso. Em 1578 desembarcou novamente no Marrocos com um exército de mais de 15.000 homens, para o segundo enfrentamento. Em 4 de agosto de 1578, durante a batalha de Alcácer-Quibir, seu exército foi derrotado pelo sultão Abd al-Malik, e, d. Sebastião acabou desaparecendo misteriosamente com 24 anos de idade. O desaparecimento do rei, gerou um sentimento de messianismo na população portuguesa, a partir de então acreditou-se que o jovem rei, a qualquer momento, retornaria à Portugal, assumindo o trono novamente.
Em seu lugar assumiu o trono português, seu tio avô o ex-tutor, cardeal d. Henrique de Avis, falecendo em seguida sem deixar herdeiros diretos. Durante seu reinado, o cardeal-rei instituiu um conselho de cinco governadores que, em seguida ao seu sepultamento, assumiu interinamente o governo. 
A dinastia de Avis que reinava desde a consolidação do Estado Nacional português em 1385, desaparecia vítima da falta de herdeiros, ocasionada pela morte prematura do jovem rei em uma batalha e pelas imposições das leis canônicas que impediam o cardeal de ter filhos. O próprio d. Henrique, depois de consagrado rei solicitou ao papa a dispensa do voto do celibato para poder casar-se e deixar um herdeiro dinástico para Portugal, sendo negado pelo o papa.
Vários pretendentes surgiram reclamando o direito da coroa portuguesa: dona Catarina de Médicis, rainha da França, que se dizia descendente de dom Afonso III (que havia governado Portugal no século XV); dona. Catarina, duquesa de Bragança e sobrinha do cardeal d. Henrique (a que reunia maiores direitos); Manuel Felisberto, duque de Savóia e dom Antônio, Prior do Crato, ambos, sobrinhos do rei; Alberto de Parma e Felipe II, rei da Espanha, bisnetos de dom Manuel, o Venturoso.

2. União de Portugal e Espanha
Contando com o apoio da nobreza e burguesia portuguesa, d. Felipe, ordenou a invasão de Portugal. Tropas espanholas chegaram a Lisboa, comandadas pelo duque de Alba, lutaram e venceram o  Prior do Crato, que fugiu para a Inglaterra e d. Felipe foi considerado legítimo sucessor de d. Henrique.

Rei Felipe I de Portugal 

Devido a epidemia da Peste Negra em Lisboa, os Estados Gerais (assembleia que reunia representantes do clero, nobreza e povo) reuniram-se na cidade do Tomar (antiga cede da Ordem de Cristo, versão portuguesa dos Cavaleiros Templários franceses) entre os dias de 16 a 23 de abril de 1581. Felipe II, foi corado rei português sob o título de Felipe I de Portugal. Perante a assembleia aceitou o princípio de ser um rei com duas coroas, jurando manter autonomia jurídica e administrativa aos portugueses.
Portugal passou a ser governado por um vice-rei, nomeado por d. Felipe, contudo os cargos públicos e as administrações das posses coloniais seriam feitos por portugueses. Em 24 de abril de 1581, d. Felipe desembarcou em Lisboa, sendo recebido com festa pelos seus novos súditos.

A Era de Ouro
Por um período de aproximadamente 100 anos, a Espanha viveu seu apogeu, tornando-se o reino mais poderoso da Europa. Seus navios saíam abarrotados de ouro e prata da América. Especiarias chegavam pra os europeus vindos de suas rotas comerciais do oriente. Surgiram grandes artistas.

3. O fim da União Ibérica
O gigantismo do Império espanhol e o comprometimento com a Igreja de Roma trouxeram desgastes econômicos à Espanha. A Espanha estava em guerra com quase todos os países europeus que adotaram religiões protestantes. Toda a riqueza oriunda das Américas foi gasta para a criação de um exército que tinha como principal arma uma Esquadra Naval que ficou conhecida como Invencível Armada Espanhola. O reino lutava ao mesmo tempo em três frentes de batalhas:
- Mediterrâneo: enfrentava o avanço do Império Turco Otomano, o infiel muçulmano;
- Atlântico: enfrentava as poderosas Inglaterra e Holanda, refúgio da heresia protestante; 
- América: o paganismo e o fetichismo dos povos indígenas. 
O espanhol, além de soldado  era um  defensor e vingador da fé católica. Usado como agente para conversão religiosa. Estes esforços de guerra levaram a ruína das finanças espanholas. Após a morte de Felipe II, subiram ao trono outros dois Felipes, o III e o IV, que não conseguiram reorganizar o reino.

Desgastes com as guerras
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), abalaram os recursos da dinastia Habsburgo (los Áustrias, como os espanhóis os chamam). Em março de 1640, a frota do real espanhola foi batida pelos holandeses na batalha das Dunas. Em junho, aproveitando-se da debilidade de Madri, a Catalunha, liderada por Paul Claris, presidente da Generalitat, rebela-se e expulsa os castelhanos. No ano seguinte, em janeiro de 1641, os catalães batem o exército do rei em Montjuic. 

Consequência da União Ibérica  
O Tratado de Tordesilhas deixou de existir e os colonos portugueses da América passaram a transpor a Linha imaginária de Tordesilhas. 
Os reinos que eram inimigos da Espanha, passaram imediatamente a serem inimigos de Portugal. A Espanha que estava em guerra contra Holanda, fez com que os portugueses cortassem relações comerciais com os Holandeses. Com isto foi quebrado o acordo açucareiro entre Portugal e Holanda, ocasionando a invasão do território brasileiro por parte da Companhia das Índias Ocidentais dando inicio as invasões Holandesas no Brasil. 
Os esforços de guerra levaram a Espanha e Portugal foi para uma crise econômica , devido aos altos gastos.

Rebelião dos Bragança
Cansados dessa situação os portugueses se rebelaram contra o dominação espanhola. Em 1º de dezembro de 1640, o Duque de Bragança em Portugal, apoiado pelo Cardeal Richelieu da França, proclamou-se Rei de Portugal, com o título de  d. João IV,dando início a dinastia dos Bragança. 
Portugal recuperara a autonomia, após 60 anos, em que estivera ligado à Espanha. Anos depois os Holandeses seriam expulsos do Brasil com ajuda de nativos e colonos brasileiros já descontentes com a administração holandesa.

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